Escrever pode ser um ato de resistência. Como afirmou Gloria Anzaldúa (2000, p. 232) “escrevo para registrar o que os outros apagam quando falo, para reescrever as histórias mal escritas sobre mim, sobre você” (ANZALDÚA, 2000). A escrita do livro Mujer, Saber, Feminismo de Teresa Díaz Canals (2018) é também uma forma de contestar as tentativas de silenciamento que, emergentes numa sociedade sexista, advertiram à autora “não mexer com estes assuntos” (Teresa DÍAZ CANALS, 2018, p. 3). O volume assume o compromisso de historicizar a trajetória de mulheres cubanas submetidas ao epistemicídio (Ramón GROSFOGUEL, 2013). Ao fazê-lo, o livro não só enuncia uma ausência epistêmica, mas produz reflexões sobre os estudos de gênero e feministas, enquanto uma matriz de pensamento e de luta política fundamental na sociedade cubana.
Para resenhar este livro adotei uma política de localização (Adrienne RICH, 2002 [1984]), frisando minhas posições sociais enquanto feminista, pesquisadora do campo dos estudos de gênero em Cuba, mulher negra e cisgênero que pertence a uma geração de cubanas/os que nasceu no seio de importantes conquistas sociais revolucionárias, as que criaram várias agendas políticas não isentas de paradoxos. Uma política de localização implica considerar que os conhecimentos que produzimos são afetados pelos lugares que habitamos, começando pelo nosso próprio corpo enquanto território mais próximo. Atenta a essas questões optei por aderir ao conceito de epistemicídio enunciado pelo porto-riquenho Ramón Grosfoguel (2013), considerando quem subscreve que “o conhecimento produzido pelas mulheres (ocidentais e não ocidentais) também é inferiorizado e marginalizado pelo cânone do pensamento” (GROSFOGUEL, 2013, p. 35, tradução minha)1. Assim nomeia-se um tipo específico de apagamento de saberes, o sexismo epistêmico. Foi a partir desta formulação que mergulhei na obra Mujer, saber, feminismo.
A autora, Teresa Díaz Canals, é doutora em Filosofia, professora titular da Universidade da Havana e uma das figuras mais destacadas dentro do panorama feminista cubano contemporâneo. Tal visibilidade é decorrente da sua frutífera atuação como pesquisadora e ativista feminista, e arriscaria dizer que os territórios de pertença da autora – a capital do país – e a branquitude, são lócus de enunciação que também comparecem para garantir que seus trabalhos fossem notados.
O livro, lançado em 2018 pela Editorial de Ciências Sociais da Havana, tem uma extensão de 170 páginas, sendo composto por uma introdução e três capítulos. Seu foco são histórias de mulheres cujo legado feminista precisa ser reposicionado no pensamento social cubano contemporâneo. Ao recuperar essas trajetórias a autora mostra-se interessada em tecer alguns debates alinhados com os estudos de mulheres, feministas e de gênero – ainda que englobem diversas perspectivas teóricas e geopolíticas, podemos certificar sua legitimidade no campo das Ciências Sociais e Humanas (Marília MOSCHKOVICH, 2018). É nesta linha que Teresa Díaz define as suas inquietações para produzir esse livro:
o que farei é uma espécie de síntese da filosofia e biografia, com a possibilidade que nos oferece a sociologia do conhecimento. As vidas e obras das pessoas que nomeamos interpelam os modos de fazer das ciências sociais. As histórias das mulheres escolhidas são únicas […]. É preciso nomeá-las, visibilizá-las, embora sabemos muito bem que isso não é suficiente (Teresa DÍAZ CANALS, 2018, p. 3, tradução minha) 2.
A partir dessa aposta da autora, perguntei-me: O que essas biografias têm a nos dizer em torno desse eixo: mulher-saber-feminismo? Qual a contribuição das histórias destas mulheres para os estudos de gênero em Cuba? Assim sendo, minha chave de leitura foca em alguns acontecimentos históricos ligados a estas figuras e suas contribuições teórico-políticas para o campo dos estudos feministas e de gênero em Cuba.
A primeira seção corresponde à introdução na qual Díaz (2018) ressalta a relevância do movimento feminista em geral, enquanto ferramenta política e ética que auxilia na tarefa de lidar com opressões que historicamente vêm sofrendo mulheres de distintas latitudes e, às quais, ela mesma não escapa. Precisamente a frase que dá título à introdução, “Mexer com isso”3 (DÍAZ CANALS, 2018, p. 1) é uma resposta da autora às tentativas de silenciamento que sofreu na ocasião de comentar a ideia deste livro. Assim, nos relata:
Quando comentei com alguém alguns dos aspectos dos que trataria na pesquisa […] me pediu de forma categórica “não mexas com isso” […] Eu terei que mexer com isso, vou tocar em algumas questões preocupantes, não há outra alternativa (DÍAZ CANALS, 2018, p. 4, tradução minha)4.
O posicionamento de Teresa Díaz (2018) dialoga com o da historiadora estadunidense Joan Scott (1990) quando postula que é preciso tomar o gênero como uma categoria de análise para denunciar situações de opressão impostas às mulheres. Assim, gostaria de convidá-las a irem conhecer na introdução, outras situações envolvendo a autora que compartilham esse tom dos discursos hegemônicos que tentam nos calar enquanto pesquisadoras de questões sociais complexas. Para além do incômodo com esses relatos, a leitura desta seção me trouxe outros. Na abertura, menciona a ablação feminina e o uso do véu como metáforas da opressão sexista de mulheres africanas e orientais. Encontro ecos de um olhar colonizador nestes exemplos que julgam as culturas situadas fora de Ocidente como selvagens.
O primeiro capítulo, intitulado “Estar de uma outra maneira”5, trata de três tópicos: as trajetórias de mulheres que têm ousado habitar o mundo de forma diferente de como ditam certos estereótipos da feminilidade convencional; alguns posicionamentos da autora sobre o feminismo e a presença de mulheres cubanas nas universidades do país. Para desenvolver o primeiro tópico Teresa Díaz (2018) menciona figuras como Olympe de Gouges, Mary Wollstonecraft, e outras menos conhecidas como Hrostvitha de Gandersheim, primeira mulher a se tornar dramaturga na Europa. Como leitora me incomodam, neste capítulo, os ecos do eurocentrismo que povoam as referências da autora, recriando a lógica já gasta que toma o Ocidente como o ponto de partida de todas as histórias, ainda que se pense desde um país do Sul Global.
Na sequência, Teresa Díaz (2018) documenta a presença de mulheres cubanas nas universidades do país, mostrando seu papel na emergência de disputas políticas, questão que avalio como sendo de maior relevância neste capítulo. Ainda no fechamento desta seção, são recuperados alguns marcos históricos do movimento feminista cubano. Dentre eles, o pronunciamento da feminista Ana Betancourt, quando participou da Assembleia Constituinte de 1869. No histórico discurso de Ana Betancourt proclamou que tanto sexo, como raça e classe eram fontes de discriminação em Cuba, e que os direitos das mulheres deviam ser um ponto fundamental nas agendas de liberação nacional.
Como parte dos programas feministas que emergiram na época, Díaz (2018) ressalta o papel das mulheres negras, trabalhadoras, trabalhadoras sexuais, na disputa de direitos coletivos. As referências que são colocadas neste capítulo permitem tanto uma viagem pelas biografias de pioneiras do feminismo em Cuba como Ana Betancourt e María Luisa Dolz, quanto uma aproximação a um número importante de fontes documentais que o feminismo contemporâneo em muito ganharia se dialogasse com elas. Pautas de classe, antirracistas e anti-proibicionistas estavam no horizonte desse movimento feminista do século XX.O capítulo seguinte é dedicado a quatro figuras femininas cuja atuação é fundamental para o pensamento social cubano. São elas Dulce María Borrero (1883-1945), pedagoga e escritora em vários jornais e revistas; Lydia Cabrera (1900-1991) antropóloga pioneira nos estudos afro-cubanos; María Zambrano (1904-1991) espanhola radicada em Cuba desde 1936 que contribuiu com debates filosóficos no âmbito universitário cubano; e Zayda Capote (1967), crítica literária e feminista. Não me parece muito interessante reproduzir trechos dessas histórias no limitado espaço de uma resenha, tendo em conta que elas podem ser mais bem aproveitadas no contexto da obra de Díaz (2018), em que se apresenta o pano de fundo que possibilitou a trajetória dessas feministas cubanas. Para tanto, as notas que compartilho visam auxiliar na reflexão acerca de como essas biografias podem funcionar de espelho para políticas feministas em Cuba.
Nos relatos sobre Dulce María Borrero, admiramos uma atuação feminista que protagonizou um dos acontecimentos mais relevantes na história da nação: “La Protesta de los Trece”. Importa salientar que a historiografia cubana tem apagado o papel do Clube Feminino de Cuba nessa mobilização. O programa político deste Clube, reconhecido como uma das primeiras organizações feministas cubanas atuantes desde 1918, incluiu: a fundação de uma escola para trabalhadoras, a demanda ao governo da época de um horário de descanso para as empregadas domésticas, política que se conheceu como a lei da cadeira. Também reivindicou uma lei destinada a garantir o 50% das vagas de emprego para mulheres. Um desafio que este legado coloca às feministas cubanas de hoje é como mobilizarmos para favorecer políticas para minorias sociais que estejam inspiradas no feminismo (Yarlenis MESTRE MALFRÁN; João Manuel OLIVEIRA; Mara LAGO, 2020).
Na continuidade deste capítulo nos deparamos com Lydia Cabrera, María Zambrano e Zayda Capote, figuras das que ressaltam seus papéis enquanto intelectuais que, no século XX, atuaram no campo de saberes da antropologia, da filosofia, da literatura e do feminismo. Destes saberes nota-se uma ausência na agenda curricular dos cursos das Ciências Sociais. Zayda Capote, a única figura viva dentre todas as apresentadas, conta com um importante trabalho sobre o eixo gênero-nação. No entanto, também não faz parte das referências dos cursos de Literatura, Sociologia e outros (DÍAZ CANALS, 2018). Os apontamentos críticos de Díaz (2018) permitem concluir que o apagamento das propostas contra-hegemônicas contidas no trabalho destas intelectuais, configuram um epistemicídio. Importa salientar que, com o triunfo da revolução cubana, ganharam força retóricas como as da unidade nacional e a eliminação de qualquer vestígio de racismo estrutural. A partir daí se entende que obras como as da antropóloga Lydia Cabrera, centradas na cultura afro-cubana, não tenham ganhado visibilidade nos currículos oficiais, uma vez que iam na contramão de narrativas oficiais.
O último capítulo trata da institucionalização dos estudos feministas e de gênero no contexto social cubano, processo que se localiza nos anos noventa do século passado com a criação dos Núcleos de Estudos da Mulher em todas as universidades cubanas, o Programa de Estudos da Mulher oferecido pela instituição cultural “Casa das Américas”, a incorporação da temática de gênero em vários programas de pós-graduação das Ciências Sociais e Humanas, entre outros acontecimentos. Um ponto que salienta Díaz (2018), nesse seu esforço de denunciar o epistemicídio, é que a institucionalização dos estudos de gênero em Cuba não tem significado necessariamente uma total legitimidade do campo. A esse respeito comenta que o curso de Filosofia da Universidade da Havana ainda não tem uma disciplina oficial de estudos de gênero.
São vários os exemplos que ao longo da obra ilustram a atuação dos sistemas de saber/poder que, de forma seletiva, produzem zonas de silêncio.
Tal questão faz desta obra um ato político, no entanto, é importante frisar alguns dos seus limites. Na contramão do que afirma Dolores Vilá (2018, p. XIII) escritora do prólogo quando expressa que “este é um livro em que qualquer pessoa pode se sentir representada”, considero paradoxal que a grande maioria das mulheres visibilizadas na obra seja de brancas, intelectuais, de classe média, cisgêneros e da capital do país. Por outro lado, o título e a capa do livro parecem transluzir uma perspectiva universal, homogeneizadora e identitária do sujeito mulher. A autora não é explícita enquanto à vertente feminista na qual se posiciona, o que me causa a impressão de que o feminismo poderia estar sendo pensado distante de uma lógica de multiplicidade.
A armadilha do universalismo é sua conivência com o sujeito hegemônico, a saber, a mulher branca, de classe média, cisgênero e sem deficiências. Este último é um sujeito estreito demais para se considerar como centro da luta política feminista. É nas intersecções de gênero, raça, classe (entre outros marcadores sociais) e na hifenização dos feminismos (João Manuel OLIVEIRA, 2010) que, os feminismos contemporâneos reivindicam uma multidão de pessoas a ser acolhida no seio das políticas feministas, para tecer focos de resistência aos sistemas de saber/poder que tentam nos manter no nosso lugar.
Espero que a leitura crítica deste livro possa ser mais um impulso para mexer com políticas cis-sexistas, lgbtfóbicas, racistas e regionalistas que ainda pairam no ar em Cuba a través de ficções tais como o “homem revolucionário”, o “povo viril”, a “unidade nacional” (MESTRE MALFRÁN; OLIVEIRA, 2020). Confio que o encontro com a obra seja uma possibilidade de mobilizarmos para fraturar o sistema colonizador do gênero (Oyèronkè OYEWÙMÍ, 2017) e, assim, encontrar linhas de fuga às ficções nacionais que insistem em uma perspectiva monolítica das sexualidades, mulheridades, gêneros e políticas feministas.
Notas
1 No original: “el conocimiento producido por las mujeres (occidentales y no occidentales) también es inferiorizado y marginado del canon de pensamiento”
2 No original: “Lo que haré es una especie de síntesis de filosofía y biografía cruzada con la posibilidad que nos brinda la sociología del conocimiento. Las vidas y obras de las personas que nombramos interpelan los modos de las ciencias sociales. Las historias de las mujeres seleccionadas son únicas […]. Es necesario nombrarlas, visibilizarlas, aunque sabemos muy bien que ello no es suficiente” (DÍAZ CANALS, 2018, p. 3).
3 No original: “Caer en eso”.
4 No original: “Le comenté a alguien algunos aspectos que tocaría en la investigación […] me pidió de forma categórica ʽno te metas en esoʼ […]. Tendré que caer en eso, rozaré algunas cuestiones preocupantes, no queda otra” (DÍAZ CANALS, 2018, p. 4)
5 No original “Estar de otra manera” (DÍAZ CANALS, 2018, p. 7).
Referências
ANZALDÚA, Gloria. “Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 229-236, jan./jun. 2000, Disponível em Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880/9106 Acesso em 10/02/2021.
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DÍAZ CANALS, Teresa. Mujer, saber, feminismo La Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 2018.
GROSFOGUEL, Ramón. “Racismo/sexismo epistémico, universidades occidentalizadas y los cuatro genocidios/epistemicidios del largo siglo XVI”. Tábula Rasa, Bogotá. dez. 2013. Disponível em Disponível em https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=39630036002 Acesso em 12/03/2021.
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MESTRE MALFRÁN, Yarlenis; OLIVEIRA, João Manuel; LAGO, Mara. Tránsitos de género en Cuba: políticas públicas y migraciones género-disidentes. Periódicus, v. 1, n. 12, p. 165-182, abr. 2020. Disponível em Disponível em https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/33006 Acesso em 20/01/2021.
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MESTRE MALFRÁN, Yarlenis; OLIVEIRA, João Manuel. “Unidade e coesão nacionais: limites da cidadania para pessoas trans em Cuba”. Psicologia em Estudo, v. 25, e46605, ago. 2020. Disponível em: Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/rNPWQMLyDbdBPKJbJ3Kyb8D/?lang=pt Acesso em 08/04/2021.
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MOSCHKOVICH, Marília. Feminist gender wars: the reception of the concept of gender in Brazil (1980s-1990s) and the global dynamics of production and circulation of knowledge, 2018, 202 f. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 2018.
OLIVEIRA, João Manuel de. “Os feminismos habitam espaços hifenizados – A Localização e interseccionalidade dos saberes feministas”. Ex aequo, Vila Franca de Xira, n. 22, p. 25-39, 2010. Disponível em Disponível em http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602010000200005&lng=pt&nrm=iso Acesso em 12/05/2021.
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OYEWÙMÍ, Oyèronkè. La invención de las Mujeres. Una perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género Colombia: Editorial en la Frontera, 2017.
RICH, Adrienne. “Notas para una política da localização (1984)”. In: MACEDO, Ana Gabriela (Org). Gênero, desejo e identidade Lisboa: Cotevia, 2002, p. 15-35.
SCOTT, Joan. “El género: una categoría útil para el análisis histórico”. In: NASH, Mary; AMELANGS, James. Historia y género: las mujeres en la Europa moderna y contemporánea Valencia: Alfons el Maganim, 1990, p. 23-56.
VILÁ, Dolores. “Prólogo”. In: DÍAZ CANALS, Teresa. Mujer, saber, feminismo La Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 2018, p. XI-XXI.
Resenhista
Yarlenis Ileinis Mestre Malfrán – Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo, SP. E-mail: redesup@usp.br http://orcid.org/0000-0003-1923-4811
Referências desta Resenha
DÍAZ CANALS, Teresa. Mujer, saber, feminismo. La Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 2018. Resenha de: MALFRÁN, Yarlenis Ileinis Mestre. Sobre epistemicídios e outros apagamentos: mulheres e feminismos em Cuba. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 30, n. 2, e84364, 2022. Acessar publicação original [DR]
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