Artesanato intelectual: moldagens e construções de saberes/Das Amazônias/2022
Progressivamente voltando à normalidade, ainda sob as consequências e reflexos da pandemia do COVID-19, diante de um momento em que, por efeitos dos resultados legítimos das eleições presidenciais, a esperança torna a alcançar os corações dos(as) pesquisadores(as) brasileiros(as) engajados(as) na defesa do ensino, pesquisa e extensão, a Revista Discente da Área de História, Das Amazônias, e toda sua equipe tem a honra de conceber mais uma edição: V.5, N.2 (2022) – Artesanato intelectual: moldagens e construções de saberes.
Neste volume contemplamos nossos leitores e leitoras com oito artigos, sendo um deles em língua estrangeira, três entrevistas, duas resenhas e uma tradução. Estes trabalhos adentram diferentes eixos das Ciências Humanas, abordando assuntos que vão desde à ditadura civil-militar, correntes historiográficas, metodologias aplicadas ao Ensino, relações étnico-raciais perpassando à discussões concernentes ao patrimônio, identidade e memória, bem como análises de estudos que contribuem para a construção da ciência jurídica.
A partir do exposto, em grande alegria abrimos esta edição com o artigo “‘Entre bola e bala’: ditadura militar e a conquista da copa de 1970”, escrito pelo licenciado em história Lucas de Souza do Nascimento. O texto alude como a ditadura civil-militar, sob o comando de Emílio Garrastazu Médici, utilizou-se do triunfo da seleção brasileira na Copa de 1970 para a legitimação do sistema de opressão vigente na época, objetivando o apoio popular através do futebol. De igual forma, Giovanna Vitoria Andrade Castro da Silva, Camila Pontes Pereira e Luciney Araújo Leitão contribuem a este volume com a produção “A aplicação da noção de paradigma desenvolvida por Thomas Kuhn na construção da ciência jurídica” discorrendo acerca da completude e a funcionalidade da concepção de Thomas Kuhn no tocante a Revolução Científica dentro da Ciência Normal e a noção de Paradigma em concordância com a construção da ciência jurídica.
Baseada em metodologias de ensino, a licenciada em história e acadêmica de Direito, Yane da Rocha Magalhães nos contempla com o artigo “‘Solta a batida, dj’: a utilização do funk no Ensino de História” no qual se desconstrói preconceitos existentes contra o gênero musical em pauta e busca aproximá-lo ao Ensino de História nas escolas públicas visando a valorização da cultura local. Semelhantemente, trabalhando na temática de educação, María Emilía Landaeta Silva nos apresenta uma produção em espanhol, com título “De la educación como proyecto capitalista a la educación como proyecto de transformación social”, abordando a inferência do capitalismo nos projetos de ensino e a implementação da Lei 10.639/2003 como contraponto a essa educação monetarizada.
Seguindo com os artigos científicos, a Das Amazônias oportuniza a leitura de duas obras referentes à temática étnico-racial. O primeiro diz respeito à ação política e organização coletiva de mulheres quilombolas da região amazônica, tendo por título “Mulheres quilombolas da Amazônia e ação política: uma revisão de literatura”, partindo de um reexame de bibliografias, redigido por Daylan Maykiele Denes e Jaume Ferran Aran Cebria. O segundo, intitulado “Comissão de Heteroidentificação: mecanismo necessário em processos seletivos” se trata de uma partilha de experiências que as estudantes Fabiana Santos Souza e Josileide Veras de Sousa, escritoras da obra ora comentada, obtiveram ao comporem a Comissão de Heteroidentificação para acesso aos cursos de graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Em uma perspectiva pautada na memória como construto identitário, Juliana Cristina da Silva e Luís Francisco Munaro apresentam seu escrito “A restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo de Boa Vista-RR e a busca pela identidade católica” no qual enuncia o papel da Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo, ao passo que esta se transfigura em um monumento das características de Boa Vista/Roraima. Na mesma pegada supracitada, o trabalho “Patrimônio material no ensino de história: o caso do solar do Barão de Santarém” de Adrielle de Araujo concebe sobre construções históricas e sua utilização para o ensino de História, tomando como exemplo o caso do Solar do Barão de Santarém.
Além destes artigos, o atual volume v.5 n.2 do periódico, em caráter inaugural abre o segmento de entrevistas e neste sentido conta com três delas realizadas a profissionais do Colégio de Aplicação da Ufac. A apresentação destas tem por título “Histórias de vida e trabalho na construção do CAp/Ufac”, fruto do trabalho de pesquisa de integrantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), sob orientação do professor de sociologia Luciney Araújo Leitão, focando nos profissionais atuantes no Colégio de Aplicação da Ufac. A primeira entrevista, promovida em ambiente virtual por Gabrielle Vitória de Lima Souza, Minory Cerqueira de Lima e Thalita Janaina Vasconcelos da Costa teve como interlocutor o Prof. Dr. Gilberto Francisco Alves de Melo, foi nomeada como “Docência como construção prático-reflexiva”. Na terceira e última entrevista, “Um olhar sobre a comunidade do Colégio de Aplicação”, o entrevistado foi Áureo Azevedo, biólogo e técnico administrativo do CAp – Ufac. A quarta e última entrevista foi feita com a professora Eva Clementina Gomes, lotada no CAp/Ufac, sendo intitulada “A gente não pode deixar morrer a semente das coisas que plantamos dentro da instituição”.
Apresentamos também duas resenhas: “Lendo Devulsky para entender o Colorismo” redigida pela editora chefe deste periódico Professora Doutora Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque, docente de História do Brasil nas graduações de História e Educação para as relações étnico-raciais do PPGPEH/Ufac, pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, na qual podemos ter uma compreensão concernente ao colorismo, com base no livro “Colorismo” de Alessandra Devulsky da Silva Tisescu, datado de 2021 e presente na coleção Feminismos Plurais de Djamila Ribeiro. Finalizando a exposição das resenhas desta edição com chave de ouro, Danilo Rodrigues do Nascimento, professor substituto da área de História do CFCH/UFAC e doutorando do Programa de Pós-Graduação Linguagem e Identidades (PPGLI/UFAC), nos presenteia com uma brilhante análise do livro “A escola dos Annales (1929-1989): a revolução francesa da historiografia” de Peter Burke, em alusão aos oitenta e cinco anos do importante historiador inglês que teve atuação intensa no Brasil.
Para fechar esta edição, disponibilizamos uma tradução na língua inglesa titulada “Ethno-Historiography Of Translation: The Case Of Black Populations In Brazil” traduzida por Kathryn Batchelor e Cibele de Guadalupe Sousa Araújo, de autoria do Professor Doutor Dennys Silva-Reis, docente de Literatura de Expressão Francesa na Universidade Federal do Acre (Ufac). Este trabalho suscita debates relativos aos estudos historiográficos da tradução, discutindo a questão da etnohistoriografia, cuja abordagem traz um recorte interseccional, feminista e antirracista.
Desejamos a todos, todas e todes uma ótima leitura!
Organizadora
Geovanna Moraes de Almeida – Licenciada em História, neabiana e membro do corpo editorial da Revista Das Amazônias.
Referências desta apresentação
ALMEIDA, Geovanna Moraes de. Editorial. Das Amazônias. Rio Branco, v.5, n.2, p. 08-10, jul./dez. 2022. Acessar publicação original [DR/JF]