From the Kingdom of Kongo to Congo Square: Kongo Dances and the Origins of the Mardi Gras Indians | Jeroen Dewulf

Em seu último livro, Jeroen Dewulf, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, pretende compreender as origens dos Mardi Gras Indians, performance negra central no carnaval da cidade de Nova Orleans, Luisiana, EUA. Sua tese central fica evidenciada logo no título do livro: Do Reino do Kongo, na África Central, à Congo Square, em Nova Orleans. Ou seja, as Kongo Dances (danças do Congo) – performances negras descritas nas fontes desde o final do século XVIII – podem ser rastreadas até às danças de guerra simuladas no antigo Reino do Congo, que ficava a noroeste da atual Angola, nos séculos XVI e XVII, e seriam a base para reinvenções até a criação dos Mardi Gras Indians da atualidade.1 Essas reinvenções e adaptações respondiam aos desafios sociais que os africanos e seus descendentes enfrentavam nas Américas. Performances congolesas, portanto, devem ser entendidas como atos entre a tradição e a adaptação. “Eram mais tradições ‘inventivas’ do que ‘inventadas’” (p. 17). Leia Mais

Slave Traders by Invitation: West Africa’s Slave Coast in the Precolonial Era | Finn Fuglestad

“Traficantes de escravos por convite”: esse é o título do livro de Finn Fuglestad, professor da Universidade de Oslo. Antes desse trabalho, Fuglestad era mais conhecido por seu livro A History of Niger, publicado em 1983.1 Entre as duas obras, o autor publicou diversos capítulos de livros e textos de referência sobre história africana. Ou seja, estamos falando de alguém bastante experimentado nos meandros desse campo de estudos. Leia Mais

An African Slaving Port and the Atlantic World: Benguela and its Hinterland | Mariana P. Candido || The Atlantic Slave Trade from West Central Africa/1780-1867 | Daniel B. Domingues da Silva

O comércio transatlântico de escravos é um campo de estudos já bastante desenvolvido, e de crescente interesse, pelo menos nas últimas três décadas. Um número significativo de pesquisadores tem enfatizado o papel dos comerciantes de escravos do Atlântico Norte no tráfico de seres humanos, do século XVII ao XIX, bem como o impacto da escravização e exportação de cativos sobre as sociedades africanas. No entanto, o tráfico no Atlântico Sul, principalmente entre o Brasil e a África Central – nomeadamente Congo e Angola – atraiu menos atenção do que merece, dado que quase a metade dos escravos deportados através do Atlântico para as Américas veio daquela região, nos cerca de cem anos entre meados do século XVIII até a abolição do tráfico escravista, em meados do século seguinte. Leia Mais

A elite do atraso: da escravidão à lava jato | Jessé Souza

Jessé de Souza constrói seu livro: A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato, da Editora Leya, como resposta crítica ao clássico de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, publicado em 1936. Não obstante, analisa vários outros autores, como Roberto DaMatta, Gilberto Freyre, dentre outros, para formar sua convicção e justificar sua teoria. Leia Mais

Sobre o autoritarismo brasileiro | Lilia Moritz Schwarcz

É lugar comum a divulgação da imagem do Brasil e dos brasileiros como amigáveis, respeitosos, hospitaleiros e, acima de tudo, pacíficos. A imagem de uma nação pacífica, detentora de uma natureza edênica, terra do samba, da mulata sensual e do futebol, tornou-se, por assim dizer, cartão postal do país, a qual definiria nosso lugar em um mundo pretensamente civilizado e heteronormativo. Uma propaganda, sem dúvida, que naturaliza o Brasil como uma terra cheia de alegrias e prazeres exóticos. Leia Mais

Lacan para historiadores | Danieli Machado Bezerra

Se buscássemos um tema constantemente presente na trajetória de pesquisa da historiadora Danieli Bezerra, certamente a psicanálise seria logo destacada. Sua tese de doutoramento, publicada pela editora Appris em 2018 com o título de Lacan para historiadores, aprofunda seu interesse debruçando-se nas teorias de Jacques Lacan (1901 – 1981), e nos leva a um diálogo interdisciplinar entre história e psicanálise2. Esta desafiadora obra vem enriquecer estudos de teoria da história, e será aqui apresentada ao leitor. Leia Mais

Estranho à nossa porta | Zygmunt Bauman

O presente trabalho de Zygmunt Bauman, é muito rico e capaz de nos informar e, mais que isto, capaz de tornar compreensível um tema contemporâneo, que clama por uma atenção e solução. O tema abordado pelo eloquente sociólogo e filósofo polonês (1925- 2017) se refere à questão da “crise migratória”, que em suas próprias palavras “inunda os noticiários” que comunica seu “avanço sobre a Europa”. Leia Mais

A Revolução Russa | Sheyla Fitzpatrick

No ano de 2017, houve uma profusão de obras historiográficas pela ocasião do centenário de um dos maiores acontecimentos do Século XX, a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia. Uma dessas obras reeditada neste ano, de suma importância para a compreensão dos primeiros 20 anos do processo revolucionário soviético, foi A Revolução Russa, de uma das pesquisadoras mais destacadas entre os sovietólogos na atualidade, a australiana Sheyla Fitzpatrick. A autora, que atualmente leciona História da Rússia Moderna na Universidade de Sydney, expõe as primeiras duas décadas da primeira e mais duradoura revolução socialista, que abriu as portas para dezenas de outros processos revolucionários em todo o mundo. Leia Mais

Angola Janga: uma história de Palmares | Marcelo D’Salete

Há muito tempo, os primeiros homens e mulheres foram pegos… Levados nos tumbeiros, pelo calunga… até esta terra. Cansados, marcados e amedrontados. Abandonados pra trabalhar e morrer no engenho. Parecia não haver saída. Apesar de tudo, um grupo fugiu! Cheios de gana… Eles caminharam muitas noites pelo cafundó… Alguns sonhavam ainda voltar pra terra além do Calunga, em Matamba… Outros sabiam ser impossível. Depois de muitos dias… chegaram numa terra protegida, vistosa e fértil… Mata repleta de palmeiras pra comer e construir mocambos. Terra onde sementes de massango, guando e muito mais… podem brotar e florescer… (D’SALETE, 2017, p. 196-197) Leia Mais

O Brasil e Cuba, 1889/1902- 1929: o debate intelectual sobre as relações raciais | Pedro Alexander Cubas Hernández

Em 28 de novembro de 1939, no anfiteatro Enrique José Varona da Universidade de Havana, Fernando Ortiz encerrava um ciclo de conferências que tinha sido organizado pelo grêmio estudantil Iota Eta. O título da última palestra não poderia ser mais revelador: “Os fatores humanos da cubanidade”. Nela, Ortiz sintetizava que o cubano não podia ser definido pelo fator étnico, mas sim “pela peculiar qualidade de uma cultura, a [cultura] de Cuba”.1 Leia Mais

Racismo em português: o lado esquecido do colonialismo | Joana Gorjão Henriques

Entre os séculos XVIII e XIX, vários viajantes estrangeiros que passaram por Lisboa descreveram, frequentemente com grande incômodo, o que lhes parecia uma característica extravagante da capital do Reino de Portugal: uma presença considerável de gente negra. Só para destacar um, entre tantos registros expressivos, o italiano Giuseppe Barreti, que esteve em Lisboa em 1760, não escondeu sua perturbação diante da quantidade de negros e mulatos que “formigavam em todo canto” da cidade. A multidão de gente de cor permanecia numericamente expressiva no início do século XIX. Segundo cálculos coevos, em 1801, os negros eram cerca de 15.000, de um total de 220.000 moradores da cidade de Lisboa. Isso de fato particularizava a capital de Portugal em comparação com outras grandes cidades e capitais da Europa, cuja presença negra não alcançava proporções semelhantes.1 O fenômeno, menos expressivo em termos demográficos, também podia ser observado em outras cidades do reino, como Porto, Faro e Évora. Entretanto, a história dos descendentes de africanos no sul da Europa em geral, e particularmente em Portugal, começa muitos séculos antes. Embora, em termos cronológicos e geográficos, as pesquisas sobre o tráfico de escravos e a escravidão em Portugal2 ainda sejam modestas e circunscritas, investigações recentes têm demonstrado que, já no início do século XVI, algo entre 15% e 20% da população de Lisboa “tinha nascido na África ou era de origem africana”.3 Leia Mais

Before Boas: The Genesis of Ethnography and Ethnology in the German Enlightment | Han F. Vermeulen

Before Boas é daqueles livros cuja leitura produz diferentes efeitos e reverberações, não apenas quanto ao material, cenários e interpretações propostas pelo autor, mas também pelos desafios e implicações teóricas e analíticas daquilo que é apresentado e na maneira pela qual se o faz. Leia Mais

Human Trafficking and Slavery Reconsidered: Conceptual Limits and States’ Positive Obligations in European Law | Vladislava Stoyanova

É tanto um assunto da atualidade quanto um corpus jurídico em vias de desenvolvimento que Vladislava Stoyanova, professora adjunta de Direito Internacional Público na Universidade de Lund (Suécia), pretende abordar nesta obra dedicada à questão — ou melhor, às questões, para ser fiel ao posicionamento da autora — do tráfico e das formas severas de exploração de seres humanos. Versão condensada, e algo remanejada, da tese de doutorado defendida na mesma universidade em abril de 2015, este livro apresenta, portanto, o conjunto das reflexões desenvolvidas sobre o assunto pela professora Stoyanova. Autora prolífica, ela desenvolveu alguns elementos de sua problemática em diversas publicações anteriores. Leia Mais

Diagonais do Afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana | Alexandre Almeida Marcussi

Logo no início da leitura, percebi que o livro tratava de uma problemática que eu já havia muitas vezes incluído em cursos e que adoraria ter dedicado maior atenção em alguma publicação. A simpatia foi quase imediata pela iniciativa de um jovem historiador em seu trabalho de Mestrado. Leitura mais do que recomendada a todos que se dedicam ao estudo das culturas africanas na diáspora. Leia Mais

Mercados minas: africanos ocidentais na Praça do Mercado do Rio de Janeiro (1830-1890) | Juliana Barreto Farias

O livro de Juliana Barreto Farias sobre os africanos de nação “mina” na praça do mercado da Praia do Peixe (ou da Candelária) apresenta um estudo histórico sistemático sobre o principal mercado público do Rio de Janeiro no século XIX, assim como sobre as famosas quitandeiras que nele e em torno dele se ocupavam da venda de gêneros alimentícios. Em um momento em que diversas pesquisas começam a tratar das praças de mercados e de quitandeiras em outros períodos e regiões, sua publicação se mostra bem vinda, e abre possibilidades de diálogo mais amplo entre tradições historiográficas diferentes. Leia Mais

Escravos e senhores na terra do cacau: alforrias/compadrio e família escrava (São Jorge dos Ilhéos/1806-1888) | Victor Santos Gonçalves

Até pouco tempo atrás, escravos que trabalhavam fora das grandes lavouras de cana de açúcar e café, ou em regiões mineiras, mereciam pouca atenção dos historiadores. Ficou, então, possível negar a importância da mão de obra escrava em tais circunstâncias. Nos últimos vinte anos, a historiografia mudou e os pesquisadores começaram a prestar mais atenção às experiências dos cativos do que ao modo de produção e, com esta mudança, os escravizados em zonas de menor porte econômico, ou em lavouras menos conectadas à economia de exportação, começaram a atrair mais interesse. O livro aqui resenhado é uma das mais recentes e benvindas contribuições a esta nova historiografia. Leia Mais

The Color of Law: A Forgotten History of How Our Government Segregated America | Richard Rothstein

O desenvolvimento e a persistência de vizinhanças racialmente segregadas é um dos grandes temas na história americana e afro-americana, especificamente. Até as décadas finais do século XX, a maioria dos estudos sobre segregação residencial enfatizava o papel nefasto das associações de moradores brancos hostis aos negros, a violência das turbas brancas e as práticas e políticas discriminatórias de bancos e agências imobiliárias. Essas pesquisas reforçaram o argumento de que o governo não era um agente intencional e proativo no estabelecimento de demarcações de cor no mercado habitacional nacional. Ao contrário, vizinhanças racialmente estratificadas deveriam sua existência principalmente às ações individuais dos cidadãos, à pobreza dos afro-americanos e, em alguma medida, à propensão da população negra, bem como de outros grupos raciais e étnicos, a buscar e construir comunidades com moradores de seu próprio grupo. O analista e historiador das políticas públicas Richard Rothstein, pelo contrário, argumenta, persuasivamente, que todos os níveis do sistema federal dos Estados Unidos contribuíram para construir a ordem imobiliária da segregação racial. Leia Mais

Lima Barreto: triste visionário | Lilia Moritz Schwarcz

A escolha de Lima Barreto como autor homenageado pela 15ª edição da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), ocorrida em 2017, ensejou uma série de publicações que o tomaram como tema central. Nascido em 1881, ainda sob a vigência da escravidão e do regime monárquico, o negro carioca que ousou tornar-se escritor viveu numa época de transições cruciais para a história do Brasil e produziu, com sua literatura, um testemunho precioso que se oferece como um rico acervo documental para todos aqueles que desejam compreender melhor os significados de nossas primeiras décadas republicanas. Leia Mais

Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social | Juremir Machado da Silva

Em linguagem ágil, narrativa vertiginosa, Juremir Machado da Silva, em 38 capítulos, leva o leitor às páginas de jornais que interpretavam os significados dados por autores de notícias acerca do dia da abolição definitiva da escravidão no Brasil, e também eventos variados que ajudariam a compreender o 13 de maio de 1888. Contudo, os capítulos, cuja organização não compreendi o sentido, falam de tudo um pouco em termos de notícias da defesa ou ataque ao regime escravista. Como o livro não tem uma hipótese a ser trabalhada, uma questão a ser respondida, então, o leitor se depara com um circuito aberto de idas e vindas a jornais do século XIX: notícias sobre escravidão e situações ocorridas em anos posteriores, como o golpe militar-empresarial de 1964, e a ditadura então instalada, constituem boa parte do estilo narrativo da obra. Comentários para lá de genéricos e senso comum completam o quadro, como o da abertura do capítulo dezesseis: Leia Mais

Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil | Beatriz G. Mamigonian

A recente tentativa de flexibilização da fiscalização do trabalho escravo no Brasil, defendida por parte do empresariado e encampada pelo atual governo sinaliza uma fragilidade da legislação antiescravista e da cidadania brasileira.1 Muitos não imaginavam que ainda veriam o ataque aberto aos direitos do trabalhador ou a defesa da relativização do conceito de trabalho exaustivo e degradante. Este livro é resultado do esforço de entender historicamente como a questão da mão de obra escrava foi tratada no Brasil. Ele chega, portanto, em momento bem apropriado. Leia Mais

Da senzala ao palco: canções escravas e racismo nas Américas (1870-1930) | Martha Abreu

O livro Da senzala ao palco, ao investigar e comparar como os cantos e as danças dos negros escravizados nos Estados Unidos e no Brasil transitaram das senzalas para a indústria cultural, entrega informações importantes, faz reflexões interessantes e aponta caminhos instigantes. Em edição digital, o livro oferece aos leitores cerca de 200 ilustrações, fotos, capas de partituras, cartazes e jornais da época, além de 48 fonogramas e cinco vídeos com canções e danças. Ou seja, é uma obra que não só pode ser lida, mas também vista e — muito importante — escutada. Recorro à aguda observação de Shane e Graham White, citada por Martha Abreu logo no início de seu livro: “A cultura escrava foi feita para ser ouvida”. (cit. p. 83) Leia Mais

The Quest for a Moral Compass: A Global History of Ethics | Kenan Malik

A Ética é uma das áreas da filosofia de relevância mais direta para nossa vida cotidiana, chegando mesmo a definir o que alguns filósofos, dentre eles I. Kant, denominaram de ³filosofia prática´. É também por isso mesmo uma de suas áreas mais interdisciplinares, com importantes intersecções com a antropologia, o direito, a sociologia, a ciência política, a história, e as ciências naturais e biológicas, apenas para destacar algumas. Leia Mais

Health Equity in Brazil: Intersections of Gender/Race/and Policy | Kia Lilly Caldwell

No livro Health Equity in Brazil: Intersections of Gender, Race, and Policy (Equidade em saúde no Brasil: intersecções de gênero, raça, e política Pública), Kia Caldwell, professora da Universidade da Carolina do Norte, procura analisar como fatores estruturais e institucionais contribuíram e continuam a contribuir para a precarização da saúde de milhares de mulheres e homens negros. Caldwell chama a atenção para o insucesso do Brasil em desenvolver políticas que resolvam as questões de saúde que impactam desproporcionalmente a população negra até o início do século XXI. Ela enfatiza, ainda, o fato de o país não apresentar longa tradição de pesquisas ou de políticas em saúde focadas nas desigualdades raciais ou étnicas. Discorre, por um lado, sobre os esforços do Brasil no que se refere ao enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS, e, por outro, sobre os desafios para assegurar equidade em saúde para a população afrodescendente. No que se refere à questão da garantia de saúde de qualidade para seus cidadãos, em particular para negras e negros, Caldwell examina o fato de o país ter sido bem-sucedido em certos desafios, mas ter falhado em confrontar outros. Leia Mais

Espanca | Luz Ribeiro

Um novo fenômeno de poesia oral e performática cresce no mundo contemporâneo: são os chamados slams — competições ou batalhas de poesias que dão vez e voz a poetas da periferia, os quais versam sobre as adversidades do seu cotidiano, abordando temas como racismo, violência, drogas, machismo, sexismo, sempre de teor crítico e engajado, que requerem a escuta, a reflexão e a politização do seu público-ouvinte.1 Leia Mais

Esse cabelo: a tragicomédia de um cabelo crespo que cruza fronteiras | Djaimilia Pereira de Almeida

Esse cabelo: a tragicomédia de um cabelo crespo que cruza fronteiras. Rio de Janeiro: Leya, 2017. 144 p. A minha mãe cortou-me o cabelo pela primeira vez aos seis meses. O cabelo, que segundo vários testemunhos e escassas fotografias era liso, renasceu crespo e seco. Não sei se isto resume a minha vida, ainda curta. […] Nasce daquele primeiro corte a biografia do meu cabelo. […] A verdade é que a história do meu cabelo crespo cruza a história de pelo menos dois países e, panoramicamente, a história indireta da relação entre vários continentes: uma geopolítica. (p. 9) Leia Mais

Guayrá | Marco Aurélio Cremasco

Marco Aurélio Cremasco é um escritor paranaense, engenheiro químico de formação e professor da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Como escritor de literatura já publicou cinco livros de poesia: Vampisales (1984), Viola caipira (1985), A criação (1997), Fromlndiana e as coisas de João Flores (2000); um livro de contos: Histórias prováveis (2004); e um romance: Santo Reis da luz divina (2007), com o qual foi Prêmio Sesc de Literatura e finalista do Prêmio Jabuti. Leia Mais

Reel bad arabs: how Hollywood vilifies a people | Jack G. Shaheen

Questões políticas geralmente influenciam o cinema, logo, desde o início do século XX, embates desta natureza são refletidos por esta indústria. Atualmente, acompanhamos a luta de alguns grupos por representatividade neste meio, assim, homossexuais, mulheres e negros, por exemplo, tem lutado por mais espaço e por uma representação digna em Hollywood. Dentre tais grupos podemos citar os árabes, e é justamente sobre a representação desta etnia que trata o livro intitulado Reel Bad Arabs: how Hollywood vilifies a people, de Jack G. Shaheen. Leia Mais

História da África e do Brasil Afrodescendente | Ynaê Lopes dos Santos

Estudar a história da África, ou melhor, algumas histórias desse vasto continente é um dos objetivos do livro História da África e do Brasil Afrodescendente de Ynaê Lopes dos Santos. A autora optou por estruturar a obra de acordo com a clássica divisão da História (Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea). No decorrer do livro Ynaê procura mostrar como ao longo do tempo o continente africano se interagiu com sociedades de outros continentes, reafirmando a concepção de que havia uma rede de relações comerciais, culturais, religiosas entre os povos da antiguidade. Leia Mais

Uma feminista na contramão do colonialismo: Olive Schreiner/literatura e a construção da nação sul-africana/1880-1902 | Raquel Gryszczenko Alves Gomes

Quais são os caminhos para o estudo de África para além da lusofonia? Existe espaço para a publicação e pesquisa de temas distantes dos países de língua portuguesa? A pergunta anteriormente enunciada revela não somente o itinerário dos estudos africanos no Brasil, como nos deixam pistas de leitura para o texto da historiadora Raquel Gomes. Leia Mais

As Artes de Curar em um Manuscrito Inédito de Setecentos: O Paraguay Natural Ilustrado do Padre José Sánchez Labrador (1771-1776) | Eliane Cristina Deckmann Fleck

O livro As artes de curar em um manuscrito jesuítico inédito do setecentos é fruto do trabalho de Eliane Cristina Deckmann Fleck e seus colaboradores, no âmbito do projeto “As ‘artes de curar’ em dois manuscritos jesuíticos inéditos do século XVIII”. O volume em questão constitui-se em duas partes distintas. Ocupando lugar central, está a transcrição de parte substancial da obra Paraguay Natural Ilustrado escrita pelo padre jesuíta José Sánchez Labrador, entre 1771 e 1776. Junto ao documento histórico transcrito encontra-se uma introdução, na forma de um longo artigo analítico. Esta resenha ocupar-se-á de ambos os elementos, abordando-os de forma crítica, tanto em seus aspectos formais como analíticos. Sendo assim, esta análise será composta de duas partes. Primeiro, um resumo descritivo do conteúdo da obra. Depois, uma breve análise, na qual se procurará fazer um balanço a respeito da contribuição por ela oferecida, principalmente em relação ao campo de estudos da História da Ciência. Leia Mais

Pensadores negros – pensadoras negras: Brasil séculos XIX e XX | Sidney Chalhoub, Ana Flávia Magalhães Pinto

Resenhista

Joaze Bernardino Costa – Universidade de Brasília. E-mail: joazebernardino@gmail.com Leia Mais

Escravos e rebeldes nos tribunais do Império: uma história social da lei de 10 de junho de 1835 | Ricardo Pirola

Resenhista

Douglas Guimarães Leite – Universidade Federal Fluminense. E-mail: douglas.leite@gmail.com Leia Mais

História moderna | Paulo Miceli

Na introdução do livro, Paulo Miceli começa com uma divagação sobre a distância, mencionando a vagareza com a qual as notícias corriam ao longo do século XVI, mesmo que para reportar eventos grandiosos. Na sequência, o autor discorre sobre as grandes navegações, referindo-se à empreitada inicial dos portugueses na conquista de Ceuta, ocorrida em agosto de 1415. Em termos estratégicos, esta conquista implicava a posse de um “miradouro natural”, pois através dele seria possível vigiar a navegação que cruzava o estreito, na direção do Mediterrâneo e do Atlântico. A manutenção do território recém ocupado foi dispendiosa, devido ao estado de guerra constante, tornando-o pouco atrativo aos olhos dos portugueses. Em 1434, Gil Eanes foi responsável por ultrapassar o cabo Bojador, avançado rumo à tão mal afamada Zona Tórrida, que despertou temores na Antiguidade e Idade Média, por tratar-se de um limite a partir do qual as águas do mar ferviam, impossibilitando a manutenção da vida. Como bem lembra Paulo Miceli, a superação destas fronteiras possibilitava o aprimoramento do “desenho da Terra”: as novas rotas oceânicas ofereciam a possibilidade de se desbravar o desconhecido e de vencer antigos temores. Ao ultrapassar o cabo das Tormentas no ano de 1488, Bartolomeu Dias, pressionado pela tripulação que vivia maus bocados, retornou a Portugal, naufragando em sua segunda tentativa de ultrapassá-lo, no ano de 1500, comandando um dos navios da esquadra de Cabral. Leia Mais

Wilhelm Ostwald: The Autobiography | Robert Smail Jack, Fritz Scholz

A despeito de um prestígio reduzido entre os químicos de hoje, Wilhelm Ostwald (1853-1932) foi um dos mais importantes nomes da Química entre o final do século XIX e o início do século XX. Sua relevância deve-se não apenas aos seus trabalhos sobre equilíbrio químico, catálise e cinética química, mas principalmente à sua atuação para o estabelecimento e popularização da Físico-Química e configuração moderna do ensino da Química, que em certa medida, permanece até os dias de hoje. Contudo, Ostwald é mais conhecido por ter sido adepto do Energeticismo e como consequência disso, por sua forte rejeição à teoria atômica, divulgada em inúmeros livros e artigos. Leia Mais

Velas ao Mar – U.S. Exploring Expedition (1838-1842). A viagem científica de circum-navegação dos norte-americanos | Mary Anne Junqueira

O livro de Mary Anne Junqueira, produto de sua tese de livre-docência no Departamento de História da Universidade de São Paulo, é um relato expressivo da U.S. Exploring Expedition (1838-1842) chefiada pelo capitão Charles Wilkes da Marinha norte-americana. Segundo a autora, esta viagem teve pouca repercussão nos anos subsequentes, fato que talvez explique a razão da restrita historiografia sobre esta empreitada. O motivo desse “esquecimento” poderia estar no caráter explosivo e violento de Wilkes para com sua tripulação, que teve que encarar uma corte marcial quando voltou aos Estados Unidos. Só a narrativa dos acontecimentos ligados aquela expedição vale a leitura do livro de Mary Anne Junqueira. Cabe registrar o ótimo capítulo que explora a vida dos marinheiros a bordo, ricamente ilustrado, dando voz a um setor comumente negligenciado pelas narrativas históricas. Leia Mais

Soccer Empire: The World Cup and the Future of France | Laurent Dubois

Laurent Dubois, um belga que com três semanas de vida foi viver nos Estados Unidos, escreveu um livro prazeroso, resultante de sua paixão pelo futebol e o conhecimento acumulado nos seus quinze anos de estudos sobre o esporte na sua versão francesa. É um texto envolvente, não linear, com onze capítulos, além de prefácio, introdução e epílogo, todos importantes, o que me conduziu a abordar o seu conteúdo por uma seleção dos principais temas. Leia Mais

No God but Gain: The Untold Story of Cuban Slavery/the Monroe Doctrine & the Making of the United States | Stephen Chambers

O livro de Stephen Chambers traz uma contribuição impressionante e relevante para a história dos Estados Unidos (EUA) e sua relação com a América Latina, especificamente com Cuba. A historiografia das relações econômicas e diplomáticas dos EUA com a América Latina durante o século XX é vasta e diversa; mas não foi senão recentemente que os historiadores começaram a prestar mais atenção ao estudo das atividades comerciais e do comércio exterior dos EUA dentro dos territórios hispano-americanos, e como tais práticas influenciaram aquelas relações no período 1790-1830. Esses historiadores trouxeram novas perspectivas sobre como o comércio de reexportação com a América Espanhola proporcionou a negociantes, banqueiros e investidores grandes lucros e importantes remessas de capital que foram usados nos primórdios da industrialização dos EUA.1 Leia Mais

Njinga of Angola: Africa’s Warrior Queen | Linda M. Heywood

Uma vasta literatura tem abordado a vida e os feitos de Njinga (também grafada Jinga, Nzinga etc) desde 1668, quando sua primeira biografia foi publicada.1 Mais de três séculos após sua morte, ela ganha sua primeira biografia em língua inglesa, que vem se juntar aos esforços de outros historiadores americanos, no sentido de resgatar a sua história.2 Linda M. Heywood, professora da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, é estudiosa do passado angolano e possui uma vasta gama de publicações acerca da presença centro-africana na diáspora e da formação de uma sociedade crioula em Angola. Para escrever o presente livro, Heywood acessou um extenso acervo documental espalhado por arquivos e bibliotecas na Europa, Angola e Brasil. Além de revisitar fontes já exploradas, a autora usa registros inéditos, tais como documentação da Companhia das Índias Ocidentais e cartas escritas por missionários capuchinhos e pelos secretários de Njinga, os quais adicionam novas informações acerca da trajetória da personagem. Apesar de ter conduzido entrevistas em Luanda e Malange, as fontes orais foram pouco exploradas pela autora ao longo da obra. Neste livro, Heywood apresenta a história de Njinga desde o período que antecede ao seu nascimento até sua morte e finaliza com um epílogo que trata da construção da memória em torno da figura da rainha do Ndongo. O livro se insere no campo da biografia; no entanto, apesar de sua importância para a história das mulheres e de gênero, a autora não faz uso dos aportes teóricos dessas disciplinas em sua análise. Leia Mais

Insubmissas lágrimas de mulheres | Conceição Evaristo

São alarmantes as estatísticas que contabilizam mulheres negras agredidas e mortas por seus parceiros e travestis, pessoas trans e lésbicas vitimadas por suas opções sexuais e ou escolhas de gênero.1 A travesti Dandara dos Santos, torturada e assassinada por mais de quatro homens que filmaram toda a ação e a postaram em redes sociais é exemplo do sentimento de impunidade e a desumanidade desse tipo de crime. 2 A mulher, negra, lésbica, Luana dos Reis, que faleceu após ser espancada por três policiais homens em São Paulo, depois de se recusar a abrir as pernas no ato de uma revista, diz da conivência estatal com tais crimes. 3 Leia Mais

A reprodução do racismo: fazendeiros/negros e imigrantes no oeste paulista/1880-1914 | Karl Monsma

Domingo de carnaval de 1894. Na Fazenda Sant’Anna, município de São Carlos, no Oeste paulista, cinco colonos italianos festejavam no terreiro da fazenda a folia de momo, embalados pela música, dança e bebida. Num determinado momento, o grupo decidiu ir para uma estação ferroviária, onde, em frente a uma venda, continuou a pândega em meio a transeuntes que circulavam pelo local. O “crioulo” Narciso, de aproximadamente 30 anos, fazia uma visita de cortesia ao proprietário da venda, o brasileiro branco Guilherme Hopp. Por volta das seis horas da tarde, Guilherme, com a ajuda de Narciso, começou a fechar a venda. Os italianos pediram mais vinho, e Narciso transmitiu o pedido a Guilherme, mas este se negou, dizendo que a venda estava fechada. Quando o “crioulo” comunicou a recusa aos italianos, obstruindo a porta do estabelecimento, pelo menos quatro deles o atacaram, dando-lhe “tapas e ponta-pés”. Guilherme socorreu Narciso para dentro da casa e fechou a porta. No entanto, os italianos arrombaram a porta e novamente agrediram o “crioulo” com socos e facadas, “sendo que duas foram bem visíveis, pois que a faca entrando enroscou-se, demorando o assassino em tirá-la’’. Guilherme conseguiu puxar Narciso para o interior da casa novamente e o aconselhou que se escondesse na roça de milho, afim de que pudesse escapar da fúria dos italianos. Narciso não resistiu. No dia seguinte, foi encontrado morto no milharal. Os italianos sabiam que Guilherme era quem não queria lhes vender mais vinho, mas atacaram o mensageiro “crioulo”. Algumas semanas depois, Antonio Augusto, um jovem branco brasileiro, deu pancadas num “preto” porque faltou ao trabalho na fazenda onde Antonio atuava como mestre. Em resposta, o “preto” matou Antonio com uma facada. Leia Mais

Um editor no império: Francisco de Paula Brito (1809-1861) | Rodrigo Camargo Godoi

Este retrato de corpo inteiro de Francisco de Paula Brito que Rodrigo Camargo de Godoi nos proporciona ilumina aspectos sociais, culturais e políticos da sociedade brasileira do século XIX. No bem-sucedido esforço de estabelecer a genealogia de Paula Brito, o livro recua ao século XVIII nos fornecendo informações relevantes sobre casamentos entre pessoas livres de cor e sua inserção em determinado substrato da população por meio de suas ocupações: o avô, ourives e capitão; o pai, carpinteiro e senhor de pequeno engenho; o primo, livreiro e encadernador. Figuram também mulheres, como a bisavó escrava que ganhara a liberdade depois de ter tido um filho com seu senhor e que, aos 40 anos, vivia de “sua própria obra”. Se, nesse caso específico, não é clara a ocupação, o fato de ter sido alfabetizado pela irmã e de uma de suas filhas ter se tornado professora, inserem Paula Brito em um estrato social modesto no qual, como demonstra Godoi, havia plena consciência do papel da educação como estratégia de inserção no mundo, inclusive para as mulheres. Leia Mais

“Não tá sopa”: sambas e sambistas no Rio de Janeiro de 1890 a 1930 | Maria Clementina Pereira da Cunha || Uma História do samba: as origens | Lira Neto

Na década de 1970, Flávio Silva desenvolveu uma pesquisa audaciosa. Mergulhando na profundidade dos acervos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BNRJ), ele transformou nosso entendimento da canção “Pelo telefone” e a própria história do samba.1 Registrado na BNRJ em novembro de 1916, “Pelo telefone” se tornou sucesso do carnaval em 1917 e até hoje é chamado, erroneamente, o primeiro samba; na verdade outras canções gravadas antes foram chamadas de sambas e o gênero musical que definiria a chamada Época de Ouro do samba não se consolidaria por mais uma década depois do lançamento daquela canção. Nos anos 1970, quando Silva fez sua pesquisa, nosso conhecimento de tudo isso era incompleto. Graças a ele sabemos, por exemplo, que embora “Pelo telefone” não fosse o primeiro samba, ele todavia representa uma transição importantíssima. Leia Mais

El Caso Morillo: crimen/locura y subjetividad en la España de la Restauración | Ricardo Campos

Com certa frequência alguns casos de violência acabam tomando os meios de comunicação e comovendo a sociedade de modo a desencadear novas ou velhas polêmicas. Muitas vezes, o caso atinge proporções maiores e passa a ser discutido também nos meios acadêmicos, no ambiente familiar e nos mais diversos ambientes. Diferentes sujeitos, partindo de diferentes esferas da sociedade, apresentam seu ponto de vista a fim de rotular o autor do crime: Seria ele um louco? Um desfavorecido socialmente? Um herói? Ou simplesmente uma pessoa má? Leia Mais

I Cognomi degli italiani: una storia lunga 1000 anni | Roberto Bizzocchi

Outro livro que fala de cognomi (sobrenomes, em italiano)? É o próprio autor – Roberto Bizzocchi, professor de História Moderna da Universidade de Pisa – que se faz esta pergunta na primeira linha de apresentação deste trabalho, uma reconstrução pontual da história da antroponímia italiana desde a Idade Média até a atualidade. De fato, sobre tal assunto, não faltam textos e contribuições valiosas, que se limitam, contudo, ao esclarecimento do significado linguístico dos vários sobrenomes, por meio de uma impostação principalmente descritiva e tipológica. Este livro, ao contrário, tem um objetivo mais ambicioso, querendo reconstruir os vários acontecimentos históricos relacionados ao nascimento e ao uso dos sobrenomes na Península Itálica. Trata-se acerca de 250 páginas divididas em 44 capítulos tematicamente circunscritos, baseados em documentos de arquivo e em um poderoso material bibliográfico. Leia Mais

A guerra não tem rosto de mulher | Svetlana Aleksiévitch

A primeira versão do livro da bielorrussa Svetlana Aleksiévitch foi publicada em sua língua original na década de 1980 e, no Brasil, em 2016. A publicação brasileira foi, muito provavelmente, uma pronta resposta de nosso mercado editorial ao potencial de vendas atrelado a uma autora agraciada com o Prêmio Nobel, que Svetlana recebera em 2015: com o selo no Nobel estampado na capa, o livro percorreu, rapidamente, as livrarias do país e tornou-se um objeto de interesse para quem pouco (ou nada) sabia sobre a participação feminina na Segunda Guerra Mundial. “A Guerra não tem rosto de mulher” reúne, ao longo de seus dezessete capítulos, relatos de mulheres soviéticas que participaram dos teatros de operação contra a Alemanha Nazista. Trata-se de uma antologia polifônica, construída ao longo de um périplo no qual Svetlana percorreu mais de cem cidades da então União Soviética. Embora seja uma obra que atingiu o grande público, está longe de apresentar uma análise superficial sobre a Segunda Guerra. Pelo contrário, o livro de Aleksiévitch oferece interessantes perspectivas aos estudos das guerras, sobretudo na intersecção com os estudos de gênero. Leia Mais

Como pode um povo vivo viver nesta carestia: o movimento do custo de vida em São Paulo (1973-1982) | Thiago Nunes Monteiro

A emergência dos movimentos sociais diversos e de grande vitalidade é uma das dimensões históricas centrais da conjuntura das lutas de resistência à ditadura civil-militar e de redemocratização do país. Em um ambiente de efervescência, o período registra uma grande diversidade de movimentos e práticas urbanas que se configuram como dimensão fundamental do tecido político e social daquele tempo. Leia Mais

A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo | Demian Bezerra de Melo

Publicado em 2014, o livro organizado pelo historiador Demian Melo tem um título bastante sugestivo que nos faz lembrar, pelo menos, de duas grandes obras inseridas dentro do pensamento crítico: A miséria da filosofia, de Karl Marx (MARX, 2009), publicada originalmente em 1847, contra as formulações do socialista utópico Pierre-Joseph Proudhon, que não se baseava na luta de classes enquanto uma forma de transformação social; e a Miséria da Teoria, de Edward P. Thompson (THOMPSON, 1981), publicada em 1978, contra o teoricismo mecânico e, até mesmo, abstrato do filósofo marxista Louis Althusser. Leia Mais

História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários | Ana Maria Mauad, Juniele Rabêlo de Almeida, Ricardo Santhiago

A tentativa de compreensão e a elaboração da noção de “História Pública” são dois movimentos recentes dentro do campo historiográfico brasileiro, o que, no entanto, não significa que tal debate esteja ausente de outras iniciativas que tangenciam a construção do conhecimento histórico ao longo do tempo produzido no país – inclusive aquelas encabeçadas por sujeitos que não são institucionalmente reconhecidos como historiadores. O livro História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários lançado recentemente, no ano de 2016, segue este percurso que busca trazer à cena a reflexão da história e seus inúmeros públicos – considerando também a multiplicidade de significados desse último termo. Já na apresentação da obra é evidente o desejo de fugir de uma simplificação do que seria a História Pública, buscando assim constituir um campo de estudos que permita desenvolver esta concepção, inclusive, assumindo a sua multi e interdisciplinaridade. Leia Mais