#vidas negras importam: racismos, violências e resistências nas dinâmicas do tempo | Revista Brasileira de História da Mídia | 2021
O ano de 2021 foi marcado pela crise sanitária provocada pela Covid-19. Mesmo assim, destacamos a centralidade do conhecimento científico em momento tão crucial para a história da Humanidade. Apesar das dificuldades, tivemos a oportunidade de conviver e aprender com as atividades remotas, inclusive aulas, assegurando o acesso à educação no ensino superior e na pós-graduação. Houve uma atenção à cultura científica em termos de produção acadêmica, com a continuidade das pesquisas, e quanto a sua divulgação, por meio de congressos e eventos ocorridos on-line.
Foi nesse contexto que a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) realizou, de forma remota, o XIII Encontro Nacional de História da Mídia, com a temática #vidas negras importam: racismos, violências e resistências nas dinâmicas do tempo. A ideia para a temática era possibilitar que os participantes do evento refletissem sobre o racismo estrutural e as suas interfaces com a mídia.
Para documentar esse momento e registrar as “dinâmicas do tempo”, a Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM) publica nesta edição o Dossiê referente à temática do Encontro Nacional – como já tem sido feito após os eventos nacionais anteriores – com textos representativos de parte das discussões realizadas. No primeiro texto do Dossiê, Louis M. Maraj discute a produção de significado pelos ativistas do movimento “Vidas Negras Importam” no mundo Ocidental. No artigo seguinte, Marialva Carlos Barbosa parte da ausência de autobiografias de escravizados, no Brasil, para refletir sobre a possibilidade de escrita sobre as suas vidas passadas. Juremir Machado da Silva, por sua vez, enfoca racismo, imprensa e imaginário, no passado e no presente no país, enquanto Liv Sovik aborda imaginários universais, racismo e branquitude no Brasil. No último artigo do Dossiê, Elson de Assis Rabelo discute sobre as imagens e trajetórias de fotógrafos negros contemporâneos na Bahia e a afirmação das práticas culturais negras.
Os artigos gerais contêm uma diversidade de temáticas resultantes de estudos desenvolvidos por pesquisadores de várias instituições e regiões do Brasil, relacionadas à história da mídia. Mário Messagi Jr discute a emergência do jornalismo profissional e do texto jornalístico no Brasil nos debates intelectuais da década de 1950, enquanto Jarlene Rodrigues Reis e Denise Costa Oliveira Siqueira se voltam para as performances de gênero em narrativas midiáticas sobre D. Pedro I e Leopoldina. No artigo de José Tarcísio Oliveira Filho, o interesse são o jornalismo e a televisão regional no Brasil, com o intuito de uma sistematização em períodos históricos.
Sérgio Luiz Gadini, Felipe Adam e Nadine Bianca Sansana buscaram a memória do rádio em Ponta Grossa, Paraná, a partir de entrevistas, no âmbito da história oral. Tal recurso metodológico também esteve presente no estudo de Christina Ferraz Musse e Talita Souza Magnolo, que enfocaram a revista Intervalo, da Editora Abril.
Há um grupo de estudos relacionados aos meios impressos, sob diversas perspectivas. Adriana Barsotti estudou a primeira página de cinco jornais brasileiros, de 1875 a 1925, e Luiza Francisca Alves Flores e Andrea Chiachi, as tragédias anônimas nos faits divers, na capital do Brasil no início do século XX. No artigo de Leandro José Brixius, o autor traz as relações entre o governo do Rio Grande do Sul e a imprensa apartidária, na Primeira República. Já Thays Assunção e Rodrigo Nascimento Reis, no quadro dos estudos sobre imprensa no interior, buscaram traçar parte da trajetória do jornal Progresso do Tocantins, que circulou na cidade de Araguaína, Tocantins, mas tendo como matriz a cidade vizinha Imperatriz, no Maranhão. Encerrando os artigos gerais, Alvaro Daniel Costa apresenta mapeamento sobre os periódicos paulistas, com enfoque naqueles de língua estrangeira, a partir do Inventário de Affonso A. de Freitas, elaborado por ocasião das comemorações do centenário da imprensa periódica de São Paulo.
Em 2022, mais uma mudança será efetivada na RBHM. No segundo semestre de 2021, a Revista passou a solicitar que, nas novas submissões, haja pelo menos um autor com titulação de doutor entre os autores. Contudo, estamos, ainda, em processo de conclusão da publicação dos artigos de autores não doutores submetidos anteriormente à decisão tomada, como se vê nesta edição. Com os encaminhamentos, a RBHM se propõe a continuar atuando como um espaço de publicização para a comunidade acadêmica no que diz respeito aos estudos de história da mídia, na interface da Comunicação e da História, procurando também aperfeiçoar a qualidade da publicação. E que 2022 seja um ano melhor, com mais Ciência e produção do conhecimento reconhecidos no país.
Boa leitura!
Organizadores
As editoras
Referências desta apresentação
As editoras. Editorial. Revista Brasileira de História da Mídia. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 8-9, jul./dez. 2021. Acessar publicação original [DR]