Un Apartamento em Urano: Crónicas del cruce | Paul Beatriz Preciado
O filósofo uranista, Paul Beatriz Preciado, convida os leitores a conhecerem um planeta que desfruta do fim do regime político da diferença sexual: a superação da taxonomia binária e hierárquica que procurou garantir o domínio do tecnopatriarcado1 sobre a reprodução da vida. Depois de ter vivido em apartamentos e hotéis em vários lugares da Terra, Preciado anuncia Urano como uma possível residência onde retrata a utopia de um mundo habitável, no qual é possível inventar novas gramáticas de organização da vida distantes da Terra. A anunciação de novas ficções políticas e a análise crítica de regimes de poder e seus efeitos é o que retrata o livro Un Apartamento em Urano: Crónicas del cruce, lançado em 2019, em Barcelona, pela Editora Anagrama.
O livro é uma reunião de 73 crônicas publicadas em colunas do jornal francês Libération e outras mídias. O prólogo foi realizado pela escritora Virginie Despentes com quem Paul compartilhou muitos apartamentos e epistemologias. Ela conta sobre os inúmeros e constantes trânsitos de Paul que costuma não assumir atividade fixa, residência oficial, abandonou a língua materna e a ideia de nacionalidade. Preciado prefere ser um clandestino, um dissidente de um mundo que encarcera as possibilidades e produz cicatrizes na subjetividade do que eventualmente se poderia ser. Como Despentes mesmo afirma Un apartamento en Urano é o livro mais autobiográfico de Preciado (2019:11), embora possa se estabelecer conexões com pensamentos e conceitos também presentes em Testo Yonqui (2008), Pornotopia (2010), Terror Anal (2009) e Manifesto Contrassexual (2017).
De Testo Yonqui, Preciado tira o tom mais autoral para descrever seu “apartamento” onde compartilha as inúmeras camadas dele mesmo que são transformadas pelo nanopoder dos fármacos e da engenharia genética, motores para mudar o que se entende como natureza. A ideia de criar um livro sobre um “apartamento” revela o apreço de Preciado pela relação entre arquitetura e subjetividade que também está presente em Pornotopia. Em Un apartamento em Urano, Preciado pensa as cidades, quartos e apartamentos por onde circula e os efeitos de poder que se acumulam e sobrepõe. Influenciado por sua ex-professora Beatriz Colomina (1992), que mudou o olhar sobre a arquitetura moderna quando mostrou que ela também produz sujeitos sexuais, Preciado pensa as estratégias dos regimes políticos e seu conjunto de imposição de normas nas quais criam tecnologias que tentacularmente mantêm relações entre espaço e gênero. O anúncio revolucionário de novas epistemologias uranistas que despontam sobre a Terra, também deflagram a ficção de um mundo que abdica o regime da diferença sexual, como ele fez em Manifesto Contrassexual. E finalmente, como em Terror Anal, Preciado nos apresenta personagens dissidentes, movimentos, teorias, modos de ação, histórias e resistências ao regime político da heterossexualidade.
O subtítulo Crónicas del cruce narra detalhes sobre seu processo de experimentação e transição de gênero. Esses textos e crônicas reunidos foram escritos em trânsitos transnacionais entre 2010 e 2018, quando Paul ainda era Beatriz, uma lésbica radical queer. Desse modo, ele analisa os processos de transformação política global, onde se inclui como personagem que ao mesmo tempo é sujeito e objeto da arquitetura política. Para Preciado, ser frequentemente clandestino e mudar de sexo são faces da cruz que impõe a gramática do colonialismo patriarcal2, da diferença sexual e do Estado Nação. Nesse sentido, ele também é um migrante de gênero, uma vez que teve seu passaporte questionado em diversas fronteiras nacionais onde perdia o privilegio da invisibilidade social e precisava performatizar o gênero do seu documento, para que não fosse considerado um criminoso. É o corpo, carregado de significados semióticos-políticos, que se inscrevem os limites da cidadania e onde se sente as dores das cruzes.
A primeira crônica em que ele já se identifica como Paul foi escrita em janeiro de 2015, quando paralelamente se muda para Atenas e percebe uma transformação planetária com o fim das democracias ocidentais e o neoberalismo em regimes autoritários. Essa questão é amplamente discutida por Ian Bruff (2019). Segundo Bruff, diferente do que muitas correntes teóricas defendem, o neoliberalismo não se desenvolve num contexto de ausência de um Estado forte, de autorregulação do mercado, mas ao contrário, ele precisa de um projeto de poder autoritário, precisamente não democrático que pauta a desigualdade como forma de reorganização da sociedade a partir de seus próprios interesses.
Para Preciado, a revolução industrial que está acontecendo atualmente coloca a sexualidade no centro do modo de produção no lugar da fábrica. O “cinematic mode of production” é o modo de produção que emergiu com o cinema e suas vertentes como identificou Jonathan Beller (2006). Segundo Beller, o cinema interiorizou os modos de produção pegando as propriedades formais da linha de montagem e introjetando na consciência. De acordo com Preciado, a sexualidade, principal linguagem capturada por esse capitalismo cognitivo, transformou a pornografia em cultura de massa. Foi através da pornografia mainstream que se negociou modelos regulatórios sobre gênero, sexualidade, raça, nacionalidade, assim como mostrou Linda Willians (1989) uma das pioneiras nos estudos sobre pornografia que influenciaram a Teoria Queer. Na obra de Preciado, a influência da pornografia, e dos avanços da engenharia genética e da farmacologia no modo de ação do capitalismo contemporâneo permitiram a operacionalização do modo de reprodução e produção da vida, que o autor apresenta através do conceito de farmacopornografia3.
Embora existam inúmeras gaiolas que o poder e seus efeitos operacionalizam em modelos normativos, há também uma gramática protagonizada pelos dissidentes que pode superar a epistemologia da diferença racial e sexual, permitindo com que se crie novos regimes cognitivos que contemplem as inúmeras possibilidades de vida. Na primeira crônica do livro, chamada “Decimos Revolución”, Preciado incita a invenção de uma nova imaginação política que confronte a lógica heterocolonial e a hegemonia do mercado. Para ele, a imaginação pode ser recombinada com uma modificação na produção de signos, da sintaxe e da subjetividade. Essa transformação nos imaginários seria a solução para os conflitos neofascistas que atuam através da política de morte dos “fracassados da Terra” (2019:43) aqueles com problemas funcionais diversos, de moradia, de cidadania, os trabalhadores informais, os precarizados, as pessoas gordas e idosas.
O debate sobre o Estado-nação e os limites políticos da cidadania são temas recorrentes nos textos de Preciado. Na crônica “Goteras diplomáticas: Julian Assanje y los limites sexuales del Estado-nación”, o autor entende que os Estados nacionais estão comprometidos com a difusão do neoliberalismo organizado de maneira global, apesar disso, continuam garantindo a ilusão da nacionalidade. Para o autor, a ideia de nacionalidade é ficcional, visto que está amparada em sistemas de representação aos quais se imaginam ter experiências compartilhadas e também em práticas históricas onde produzem essa diferença que foi representada e inventada. A nacionalidade é formadora de identidades coletivas, marcadas por práticas que reproduzem atributos de gênero. A discussão sobre o Estado e a manutenção das identidades nacionais como regime de verdade é também presente no texto “El culo de la historia”, onde fala sobre a crise da soberania política da masculinidade branca e seus monopólios das técnicas de violência. Segundo Preciado, Trump, Le Pen e o Brexit são reflexos de uma mesma gramática assentada sobre a pureza da raça e a violação nacional. A crônica “Mal nacidos” pensa o Estado-nação como o limite para a realização da democracia. Para Preciado, a constituição impede a realização da democracia, uma vez que apoia e autoriza a violência não somente como garantia democrática, mas também de uma ferramenta para defesa de uma democracia a ser conquistada.
No texto “La nueva catástrofe de Asia Menor” o autor debate o que se entende como “território grego” depois da influência de 400 anos de dominação otomana. Para inventar as ficções nacionais tanto o Estado grego como turco separaram os territórios, para inventá-los como nacionais e diferenciar os corpos que neles habitavam. Em “Necropolítica à la francaise” ele volta a criticar o nacionalismo, o patriotismo, a família tradicional, Igreja e as linguagens nacionais cristãs que operam na lógica necropolítica capturando úteros, expulsando estrangeiros e fechando as fronteiras.
O útero como objeto de expropriação do Estado é tema de discussão do artigo “Huelga de úteros”, a partir dele, Preciado, trata da produção e reprodução do corpo nacional no qual cada útero leva dentro de si um laboratório do Estado que busca a manutenção da pureza racial. Esse laboratório experimental pode também ser privatizado ou estatizado, esse é o tema do texto “Derecho al trabajo…sexual” crônica que discute a extração das práticas sexuais femininas da esfera econômica a partir do leite, fluido corporal materno, que passou a ser comercializado pelas mulheres proletárias no século XVIII. Através do leite materno se transmite o pedigree nacional, tornando-se um líquido biopolítico de alto valor simbólico. Essa leitura entende que os fluidos corporais deixam de ser da mulher tornando-se também parte da gestão do Estado, uma vez que através deles se produz a identidade nacional e racial. O útero e sua função no processo de acumulação capitalista também é tema da crônica “Procreación politicamente asistida y heterossexualismo de Estado”, onde Preciado mostra como a genética e a bioinformação estão mudando o que se entende como natureza e a transmissão do patrimônio biológico negando o caráter natural da heterossexualidade. Na brecha do regime político da binaridade sexual se constroem novas formas de criar parentesco, experimentação sexual, política e inventar novas ficções para os subalternos, assim como apontou Anna Carolina Amorim (2019) mostrando como é possível criar filiação através da reprodução assistida em casais lésbicos.
Como um teórico queer, influenciado pelos Estudos Culturais estadunidenses em mídia e cultura de massa, Preciado também debate as tecnologias e sistemas de representação semiótico-políticos. Em “Candy Crush”, ele aborda as formas digitais e a realidade virtual são questionadas a partir da gestão da memória afetiva, capturando as necessidades cognitivas e tomando os recursos libidinais. Em “Cine y sexualidade” Preciado se aproxima do tema da representação cinematográfica da sexualidade. Para ele, o cinema e a fotografia são tecnologias de gênero e da sexualidade, como sinalizou Teresa de Lauretis (1989) produzidas na sala de montagem, portanto são convenções visuais e políticas que a sociedade busca regular. Em “Soberanía Snuff” Preciado discorre sobre os filmes que mostram assassinatos e torturas a um público que paga por isso, afinal para administrar a subjetividade política necessita-se ritualizar a espetacularização do pânico. No texto “Tecnoconciencias”, Preciado debate como as telas de artefatos tecnológicos se tornaram a nova pele do mundo. Para ele, no Ocidente a tecnologia também pode ser chamada de xamanismo, uma vez que é a exteriorização compartilhada da consciência coletiva. Igualmente na crônica “Imprimir la carne” discute-se a possibilidade de imprimir a genitália com uma bioimpressora 3D. Apesar dos laboratórios ainda não falarem disso, Preciado convida a considerar como mesmo a estética da diferença sexual coloca limites éticos para o corpo humano e como também é preciso inventar novas linguagens que repensem a anatomia moderna. Desta forma, ele provoca a debater a ideia de natureza como fez Donna Haraway (2009:36), pensando como as formas protéticas podem ser consideradas uma evolução da “natureza” através da tecnologia.
O corpo de Preciado e sua transição de gênero foram tema para uma série de crônicas, especialmente quando tinha que atravessar fronteiras nacionais quando ainda não possuía um documento que verificasse sua nova identidade. Em uma viagem a Kiev, descrita em texto “Enbrazos de la Rodina-Mat”, o agente da imigração questiona o documento com o nome Beatriz. Paul percebe que já é considerado um inimigo público e performatiza um falsete com a voz. A reflexão sobre a potência performativa e protética da voz que também aparece em “Cambiar de voz”, no qual sugere a necessidade de repetição e a reencenação de um conjunto de significados já estabelecidos socialmente, o que Judith Butler chama de “repetição estilizada de atos” (2003:200). “Cidadanía em transición” provoca a respeito das fronteiras se apresentarem como um falo no qual se exercem todas as regulações administrativas e legais. Ele analisa o aeroporto como um espaço de produção de verdade, cidadania e tecnologias de gênero teatralizadas pelo Estado Nação.
Esses protocolos que dão status de cidadania são questionados em “Expediente 34/2016” e “La destrucción fue mi Beatriz” onde fala sobre o processo de reconhecimento legal do nome Paul Beatriz. Antes que fosse reconhecido como Paul Beatriz, ele havia anunciado Beatriz Marcos como novo nome, reconhecendo a força da invenção zapatista do herói Marcos em “Marcos Forever”. Mas após ser criticado, acabou reconsiderando a nova escolha. “Mi cuerpo no existe” discute como não existe representação adequada ao corpo transexual fora da patologia. Por isso, termina o livro com “Carta de um hombre trans al antiguo régimen sexual” criticando a heterossexualidade não só como regime de poder, mas como política do desejo, uma vez que nela se conjuga uma estética necropolítica que põe o homem no lugar do agressor e a mulher “dolorosamente agredida ou alegremente importunada” (2019:309, tradução livre).
A transição de Paul e a constituição das identidades sexuais são relacionadaos também aos seus próprios trânsitos por cidades e espaços onde também se produzem sujeitos sexuais atravessados por marcos de visibilidade. Preciado faz excelentes relações pelos lugares que viaja, no lugar que ocupa enquanto viajante transexual e nas relações políticas que se apresentam. Um exemplo é o texto “Viaje a Lesbos” que foi um lugar importante durante seu processo de identificação como lésbica europeia nos anos 80 e que por conta de processos necropolíticos tornou Eressos uma fronteira militarizada. “Mejor que hijo” é uma crônica feita por Preciado quando volta para a sua cidade natal, Burgos, como homem transexual para cuidar da mãe doente e se depara com velhas cicatrizes provocadas pela ordem heterossexual e a reinvenção de laços com a mãe. Em “Cataluña Trans” ele relata o início do processo de reconhecimento do novo nome simultaneamente ao processo de debate sobre a nova constituição da Cataluña livre. Na crônica “Casa Vacía” Preciado relaciona seu modo de habitar os espaços (sem móveis) como uma forma de abrir mão das convenções tecnoburguesas, assim como habitar um corpo em transição.
Ao trazer notícias sobre as cidades que conhece, Preciado conta sobre os efeitos de poder entre espaço e política. Em “Atenas, teen spirit” ele manda notícias sobre a greve geral e a resistência anarquista que fluía com energia adolescente de protesto e mostra como a Grécia foi inventada em uma tripla exploração que era sexual, racial e de gênero, ou seja, interseccional. Preciado entende que discursos sobre a diferença racial foram constituídos, reproduzidos e (re)significados na Grécia, pensando a diferença como experiência, relação social, subjetividade e identidade como bem indicou Adriana Piscitelli (2008). Para o autor, o Renascimento cultural inventou uma Grécia branca. Consequentemente, ela foi subjetivada, apagou sua realidade misturada (e oriental) e produziu uma ideia de Grécia turística e precarizada. Em “Una cama em outra Babilonia”, ele fala sobre a obra sem edifícios do arquiteto Constant, inspirada nos ciganos e no seu fluxo migratório. Preciado procura a utopia de uma Grécia para os refugiados com um teto mutante. Em “Beirut, mon amour” Preciado conta sobre os 40 mortos e mais de 100 feridos em uma explosão de bomba realizada pelo Estado Islâmico e analisa seu modus operandi “hollywoodiano”. “Noticia del clítoris da América” traz o relato de uma viagem com Annie Sprinkle ex-atriz pornô em São Francisco, onde pensam a cidade como o clitóris da América, em razão das suas redes ultraconectadas de silício. Para “Ocupar las noches” como fazem os jovens nas ruas de Damasco e Paris, Preciado discute a importância de erotizar a vida regular contemporânea como forma de resistência política. Enquanto na crônica “El sur no existe” Preciado refere-se ao “sul” como o resultado de um sistema sexual e racial de classificação, que não é propriamente um lugar, mas o resultado de efeitos de poder, conhecimento e espaço.
Pensando nas sociedades neocolonialais marcadas por relações de opressões e classe e raça que separam as múltiplas mães das crianças, Preciado faz uma reflexão sobre o lugar das babás em relação a figura da mãe biológica no texto “Homenaje a la nodriza desconocida”. A infância atravessada por regulações políticas e dispositivos culturais também são tema de “Un colegio para Alan” onde narra a história de Alan, um menino transexual que era intimidado desde os três anos na escola, o que acabou levando-o a cometer suicídio. Segundo Preciado, produzir a masculinidade nacional, moldar a sexualidade feminina com a norma da diferença racial e de classe é a principal ambição da escola. Outro excelente texto é o “Quién defende al niño queer”, onde fala de sua experiência pessoal enquanto “criança viada” frente a garantia doméstica da heterossexualidade.
Portanto, em Un apartamento em Urano, Preciado mostrou através das fronteiras desse mundo como habitar em outros mundos possíveis. Segundo contam os astros, Urano um planeta transpessoal (geracional) anuncia o destino comum a um grupo de pessoas que nasceram sob determinada influência em um período de 7 anos. Urano evoca a revolução, a tecnologia e a criatividade, materializando mundos utópicos. Em 2013, quando Paul iniciava seu “caminho da cruz”, Urano estava sob a influência da constelação de Áries, onde potencializava grandes transformações pessoais e buscava destruir velhas estruturas de poder. Preciado conta que quando Urano novamente passar mais perto da Terra, como fez em 2013 será 2096. Áries será novamente protagonista. Ele espera que a Terra tenha inventado uma nova linguagem política que tenha superado o tecnopatriarcado colonial.
A inspiração revolucionária de Preciado reforça a necessidade de se criar novos imaginários políticos especialmente quando grupos de extrema-direita avançam na regulação da ordem binária, branca, tecnopatriarcal e carregada de cruzes. Para o filósofo, a sexualidade é a base do modo de produção contemporâneo, deste modo, para transformá-lo é preciso produzir novos signos e linguagens políticas. Reunidos em muitos apartamentos, quartos, quitinetes e barracas espalhados pela Terra, convoca-se os dissidentes sexuais, os reprodutores malsucedidos do Estado Nacional, os economicamente precarizados e os rebeldes da epistemologia binária desse mundo, para construir as ficções políticas de um outro, para que nele seja possível habitar. Fracassados de todo o mundo, uni-vos.
Notas
1Tecnopatriarcado se refere a ordem masculinista de poder, que produz como efeito a masculinidade abusiva e violadora. Muitas vezes o autor cria palavras e frequentemente usa tecno como prefixo para provocar a pensar sobre as tecnologias na produção da subjetividade como formas de controle e poder.
2Aqui ele refere-se aos efeitos de poder masculinistas ou “tecnopatriarcais” do colonialismo.
3A farmacopornografia é um regime econômico que incorpora a biotecnologia através da pornografia como cultura de massa, a reconstrução corporal e biosintética como estratégia de subjetivação do poder, como sinaliza em Pornotopia (2010:115).
Referências
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Resenhista
Ana Paula Garcia Boscatti – Pós-doutoranda no PPGICH, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: anaboscatti@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-8463-4099
Referências desta Resenha
PRECIADO, Paul Beatriz. Un Apartamento em Urano: Crónicas del cruce. Barcelona: Editora Anagrama, 2019. Resenha de: BOSCATTI, Ana Paula Garcia. Habitar outras epistemologias. Cadernos Pagu. Campinas, n.62, 2021. Acessar publicação original [DR]