Haruf Salmen Espindola possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1981), Mestrado em História pela Universidade de Brasília (1988) e Doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professor titular da Universidade Vale do Rio Doce.
O livro é resultante de sua tese de doutorado em história econômica pela Universidade de São Paulo que tem por título original O Sertão do Rio Doce. Navegação Fluvial e incorporação do território de Floresta tropical por Minas Gerais 1800-1845, obtida em 2000, orientada pelo professor Dr. José Eduardo Marques Mauro e aborda a guerra de conquista empreendida pela Coroa Portuguesa e depois pelo Império do Brasil, buscando transformar o Rio Doce num canal de ligação com um porto marítimo e, assim, integrar a economia de Minas Gerais ao mercado mundial.
Destacando o fato de as investidas na região terem sido motivadas pelo interesse econômico, o autor analisa as ações de natureza política e social necessárias para a realização do objetivo econômico do governo.
O autor inicia analisando o processo do auge e da queda da mineração em Minas Gerais especialmente da região central, o que fez com que fossem buscadas alternativas econômicas para a crise que se instalou devido à falta de domínios técnicos e capitais suficientes, para prosseguir com a extração do ouro. Dentre elas, foi fortemente considerada a possibilidade de abertura à navegação do Rio Doce, com o objetivo de integrar a economia mineira ao mercado mundial, o que motivou a abertura das áreas de floresta na região conhecida como Sertão do Rio Doce.
O autor também discute o significado do conceito de sertão e como foi o início do processo de exploração das áreas de floresta. Ele destaca que durante o processo de exploração, as autoridades não estavam interessadas no conhecimento científico, mas sim na busca de produtos de origem natural que pudessem ser economicamente aproveitados.
O sertão do Rio Doce foi apresentado como solução para a crise econômica que se instalava e o rio Doce teria papel importante nesse processo já que de acordo com as perspectivas mais otimistas, sua navegação dinamizaria a economia mineira aumentando as rendas para cobrir os custos com importações. Porém, para que este empreendimento se tornasse possível, seria necessária a eliminação dos índios Botocudos, considerados um empecilho para a realização do empreendimento.
Em 1808, mesmo ano da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, o príncipe regente D. João declara a guerra ofensiva contra os Botocudos. O sertão do rio Doce foi dividido em sete circunscrições militares, denominadas Divisões Militares do Rio Doce (DMRD) que tinham como objetivo principal, ocupar o território e abrir o rio Doce à navegação. O livro descreve em detalhes como se deu este processo, mas pode-se dizer que o projeto de tornar o rio Doce uma alternativa viável para solucionar os problemas da economia mineira não obteve sucesso por diversos fatores abordados com mais detalhes na publicação.
Pode-se dizer que o livro é uma contribuição científica de extrema importância e uma referência para estudos posteriores sobre a região leste do estado de Minas Gerais, especialmente quando se leva em conta que esta é uma região pouco conhecida do ponto de vista historiográfico.
Leitores não familiarizados com economia podem achar a leitura um pouco maçante, mas não cremos que isto seja um grande impedimento para sua leitura. Pelos fatores anteriormente mencionados e para aqueles que se interessam pelo estudo da região leste de Minas Gerais, especialmente do ponto de vista econômico, este é um livro que pode ser considerado obrigatório e de leitura altamente recomendável.
Resenhista
Pedro Mota Byrro – Licenciado em História – UNIVALE (MG).
Referências desta Resenha
ESPÍNDOLA, Haruf Salmen. Sertão do Rio Doce. Bauru: Edusc, 2005. Resenha de: BYRRO, Pedro Mota. Revista de Economia política e História Econômica. São Paulo, ano 07, n. 20, p. 144-145, janeiro, 2010. Acessar publicação original [DR]
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