Revisitando o 11 de Setembro de 2001: entre a Esfinge e a Fênix | Boletim Historiar | 2021
A segunda torre do World Trade Center é atingida por avião e explode em chamas durante atentado do 11 de Setembro em Nova York — Foto: Chao Soi Cheong/AP/Arquivo / O Globo
Na ocasião de 11 de setembro de 2001, quatro aviões comerciais foram sequestrados por integrantes da rede Al-Qaeda e lançados contra símbolos políticos norte-americanos. Os alvos se construíram nas torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e no Pentágono, localizado em Washington D.C. Responsável por cerca de três mil mortes, os atentados repercutiram globalmente, com transmissão televisionada ao vivo em diversos países; parte desses afetados posteriormente pelas respostas aos ataques dadas pelos Estados Unidos, que, em coalizão internacional, colocaram-se em guerra nos territórios do Afeganistão (2001) e Iraque (2003).
Passadas duas décadas, as repercussões dos ataques de 11 de setembro de 2001 ainda podem ser vistas em produções acadêmicas e culturais. Dentro das universidades e centros de inteligência, por exemplo, os especialistas em terrorismo e movimentos extremistas analisaram os episódios de 11 de setembro de 2001 como o apogeu da jihad global. Na indústria cultural, por outro lado, os filmes, séries e HQ’s trouxeram enredos relacionados ao terrorismo internacional, apresentaram antagonistas muçulmanos e tornaram populares termos como jihad, Al-Qaeda, burca, sharia etc.
Por conta de sua espetacularidade, repercussão e transmissão, os atentados de 11 de setembro de 2001 encaixam-se na concepção de “acontecimento monstro” proposta por Pierre Nora. Além disso, até o início da Pandemia de covid-19 no ano de 2020, os atentados puderam ser projetados como a “última catástrofe”, termo cunhado por Henry Rousso, caracterizado como um evento tão disruptivo e penetrante que inaugura um novo presente. Já François Dosse, em Renascimento do acontecimento (2013), afirmou que os acontecimentos são ao mesmo tempo Esfinge e Fênix: são enigmas que exigem decifração e ao mesmo tempo emergem das cinzas do passado.
As reverberações políticas, sociais e culturais dos atentados de 11 de setembro em diferentes lugares e esferas da vida nos últimos vinte anos são os objetos de pesquisa do presente dossiê. Com base nisso, abrimos a edição com o artigo de Gilvana de Fátima Figueiredo Gomes. A autora analisa a reconfiguração da rede Al-Qaeda após o acontecimento de 2001 até a sua participação no ciberespaço com a revista Inspire. Em seguida, Gilvan Figueiredo Gomes observa o fenômeno do Binladerismo, isto é, da visão extremista do Islã que prega a guerra contra os Estados Unidos e o Ocidente, cunhada por Osama Bin Laden (1951-2011).
Dando sequência às reflexões, Igor Lemos Moreia analisa os escritos de Susan Sontag, mais especificamente as significações atribuídas por ela aos atentados de 2001. A fotografia também será contemplada nesse dossiê e, para tanto, temos o ensaio de Eduardo Yuji Yamamoto, em que se estudará a foto intitulada The falling man, de Richard Drew. A partir disso, aprofundaremos ainda mais nossos conhecimentos sobre os impactos dos ataques em Nova York e Washington D.C na indústria cultural. Primeiramente, Andrey Augusto Ribeiro dos Santos abordará sobre a representação do agente contraterrorista na produção fílmica norte-americana entre os anos de 2005 e 2013, enquanto Caroline Acioli analisará as resignificações do ataque feitas através de canções.
Para finalizarmos o dossiê, temos ainda a resenha fílmica de Official Secrets (2019), escrita por Katty Cristina Lima Sá.
Agradecemos a todas e todos pela atenção e desejamos uma boa leitura!
Atenciosamente,
Organizadores
Gilvan Figueiredo Gomes
Katty Cristina Lima Sá
Referências desta apresentação
GOMES, Gilvan Figueiredo; SÁ Katty Cristina Lima. [Revisitando o 11 de Setembro de 2001: entre a Esfinge e a Fênix]. Boletim Historiar. São Cristóvão, v. 8, n. 03, Jul./Set. 2021. Acessar publicação original [DR]