A virada epistemológica da historiografia na segunda metade do século XX, marcada por diversos movimentos sociais e uma grande ebulição política, econômica e cultural, possibilitou a emergência de uma categoria polissêmica, multifacetada e diretamente ligada às questões que discutem as relações de poderes na sociedade: os chamados estudos de gênero, categoria analítica cunhada por Joan W. Scott em seu ensaio “Gênero: uma categoria útil de análise histórica (1995). Em meio a essa renovação analítica, os estudos culturais na historiografia avançaram e propuseram mudanças epistemológicas fundamentais para a escrita da História. Tendo como ponto de reflexão as discussões de pesquisadoras como Joan Scott, Judith Butler, Joana Maria Pedro, Maria Izilda Matos, Rachel Soihet e Margareth Rago, a História precisou caminhar para um novo escrever e narrar sobre os corpos, os desejos, as emoções e as sexualidades. Dentro da perspectiva de uma então recente História cultural emergiram análises e críticas fundamentais aos alicerces de poderes, saberes e narrativas sobre o passado, provida de um olhar que entendia que “o pessoal é político” e histórico e, portanto, do ofício das/dos historiadoras/es.
A categoria das relações de gênero inicialmente identificada com uma lógica muito voltada aos estudos das Mulheres criticou duramente uma narrativa histórica ligada a um apagamento de corpos e sujeitos, como parte das estruturas do patriarcado e da manutenção das desigualdades de poderes entre mulheres e homens.
O termo “relações de gênero” ganhou sentidos e formas políticas únicas em cada país em que foi adotado, e hoje, apesar de todas as críticas é um campo teórico sólido, mesmo que envolto em polêmicas. Através de suas lentes e análise, pode-se perceber o caráter relacional e as estruturas subjetivas e desiguais na história.
Enquanto categoria relacional, gênero ela precisa dialogar intimamente com as questões de raça, classe, geração, orientação sexual, identidades e emoções, essa parte da vida humana relegada a um plano meramente descritivo nas narrativas historiográficas tradicionais. Entender que a vida humana é mais permeada por questões emocionais que racionais é revolucionar a maneira de se entender a História e sua construção. Sentimos antes de falarmos, logo, as palavras e suas decisões acontecem posteriormente aos sentimentos e emoções. Essa renovação temática dialógica implica em uma nova metodologia possibilitando a descoberta de temas, histórias, testemunhos, espacialidades e documentos. Essa maneira de entender a História a torna parte da vida cotidiana de uma maneira renovada e que se interessa pelas pessoas, suas formas de agir e pensar com base em estratégias metodológicas, que mantém a discussão a sobre a desnaturalização biológica, os universalismos sobre a humanidade e colocando a Diferença no centro daquilo que nos une.
Organizadores
Ana Carolina Eiras Coelho Soares – UFG
Maria Izilda Santos de Matos – PUC\SP
Referências desta apresentação
SOARES, Ana Carolina Eiras Coelho; MATOS, Maria Izilda Santos de. Apresentação. Projeto História. São Paulo, v. 72, p. 3- 4, set/dez. 2021. Acessar publicação original [DR]
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