“Power, Interdependence and Nonstate Actors in World Politics”, organizado por Andrew Moravicsik e Helen V. Milner (não traduzido para o português), procura homenagear Robert O. Keohane, um dos fundadores da corrente Neoliberal ou Liberal Institucionalista das Relações Internacionais (RI), junto a Joseph S. Nye Jr.
O livro se divide em três partes: Institutions and Power, The Role of Institutions across Issue Areas e Power and Interdependence in a Globalized World, além da introdução de Milner, que descreve as premissas neoliberais, e a conclusão de Moravicsik, que sumariza e coloca a obra em perspectiva histórica.
Randall W. Stone inaugura a primeira parte ao tratar de Institutions, Power and Interdependence no Sistema Internacional (SI). Para o autor, as instituições têm tentado resolver problemas de governança em um SI essencialmente anárquico, sem sucesso, devido à manipulação de regras, tratamento privilegiado e controle de agenda pelos Estados influentes.
Michael J. Gilligan, em The Transaction Costs Approach to International Institutions, busca medir custos de transação e responder por que os Estados buscam instituições (que possuem tais custos), no lugar de simplesmente realizarem acordos (que não possuem custos de transação). Se a primeira tarefa mostrou-se impossível, segundo o próprio autor, o segundo problema, ao menos, teve uma resposta (se bem que insatisfatória): Estados participam de instituições porque os custos de transação são relativamente baixos.
The Influence of International Institutions: Institutional Design, Compliance, Effectiveness, and Endogeneity, por Ronald B. Mitchell, é o capítulo que encerra a primeira parte do livro. Mitchell busca responder como o problema de estrutura influencia o design institucional. Conclui que, apesar da influência do comportamento de Estados nas instituições, os processos e constrangimentos legítimos que ocorrem dentro destas fazem com que a relação entre o comportamento dos Estados e o desenho institucional seja epifenomenal.
A segunda parte, The Role of Institutions across Issue Areas, é iniciada por V. Page Fortna and Lisa L. Martin, com Peacekeepers as Signals: The Demand for International Peacekeeping in Civil Wars. Os autores sugerem mudança metodológica – da oferta para a demanda – para missões de paz. O modelo desenvolvido a partir desse novo foco aponta benefícios da paz, custos de manutenção de peacekeepers, confiança dos rebeldes no governo em questão e vulnerabilidades.
Women and International Institutions: The Effects of the Women’s Convention on Female Education, por Beth A. Simmons, busca demonstrar que, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), os governos têm procurado construir uma ampla rede de proteção de direitos básicos a partir de instituições como seu estudo de caso (Convention on the Elimination of Discrimination against Women – CEDAW), além de destacar as benesses que tais esforços trazem às populações no interno dos Estados.
Layna Mosley, em Private Governance for the Public Good? Exploring Private Sector Participation in Global Financial Regulation, parte da hipótese que o envolvimento do setor privado pode aumentar a efetividade de regras globais, para concluir que a disciplina do mercado não é suficiente pela falta de confiança de agentes plurais neste.
O dilema do prisioneiro é tomado como arcabouço analítico por Elizabeth E. DeSombre no capítulo relativo à Power, Interdependence, and Domestic Politics in International Environmental Cooperation. Para a autora, altas doses de cooperação são necessárias para levar a cabo quaisquer projetos ecológicos em um ambiente de auto-ajuda como o SI.
The Dynamics of Trade Liberalization são abordadas por Vinod K. Aggarwal no último capítulo da segunda parte. Seu programa de pesquisa em liberalização comercial inclui foco tanto na cooperação quanto no conflito. A partir da análise dessas dinâmicas, Aggarwal sugere que estratégia internacional, interesse econômico, tipo de governo e valores são variáveis que afetam a formulação e a evolução dos acordos de comércio.
A terceira e última parte do livro, Power and Interdependence in a Globalised World, é iniciada por Jonathan D. Aronson com International Intellectual Property Rights in a Networked World. Segundo Aronson, o impasse entre defensores e críticos do regime pode ser resolvido com bom senso, o que inclui: (i) propriedade intelectual sustentável; (ii) sua promoção; (iii) assistência; e (iv) atitude honesta, simples, transparente e consistente.
Timothy J. McKeown busca delinear uma teoria que compreenda as relações transnacionais e transgovernamentais para além do realismo em The Big Influence of Big Allies: Transgovernmental Relations as a Tool of Statecraft. Para o autor, tal teoria deve considerar: (i) o fato de que qualquer governo pode manter tais relações; (ii) o controle de seus reforços contigenciais; (iii) o interesse dos tomadores de decisão; (iv) as idéias de Wendt e Friedheim; (v) pesquisa em áreas sensíveis.
Por fim, em On Talking Religious Worldviews Seriously, J. Ann Tickner investiga valores e contraculturas de grupos islâmicos e cristãos partidários da violência religiosa. Segundo a autora, essas visões extremistas são reflexo de frustrações mais gerais, relacionadas à modernidade secular e ao capitalismo liberal, suportadas por políticas e instituições que remontam à Westphalia e ao seu grupo de Estados formuladores, notadamente seculares.
O livro organizado por Milner e Moravcsik prima pela diversidade de assuntos e fornece quadros, ferramentas e variáveis de análise que abordam temas caros não apenas ao Neorealismo, mas também a outras correntes teóricas e partes interessadas em temas das Relações Internacionais contemporâneas.
Resenhista
Katiuscia Moreno Galhera Espósito – Mestranda pelo Progama de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas – PPGRI San Tiago Dantas. Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. E-mail: kgalhera@yahoo.com.br
Referências desta Resenha
MORAVCSIK, Andrew; MILNER, Helen V. (Orgs.). Power, Interdependence and Nonstate Actors in World Politics. New Jersey: Princeton University Press, 2009. Resenha de: ESPÓSITO, Katiuscia Moreno Galhera. Meridiano 47, v.12, n.128, p.50-51, nov./dez. 2011. Acessar publicação original [DR]
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