Pan-Amazônia | Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará | 2021

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará publica sua nova atual, com temas da realidade brasileira e amazônica, mantendo a continuidade de canal de expressão científica e cultural com a sociedade paraense. Na presente edição, além de textos com diferentes temas da realidade brasileira, um conjunto de artigos organizados em formato de dossiê sobre a Pan-Amazônia compõem este número.

A edição inicia com o artigo de Luís Pedro Dragão Jerônimo “Símbolos de riqueza e modernidade: teatros no Pará, Rio de Janeiro e São Paulo”, no qual reflete sobre o edifício teatral não apenas enquanto local de entretenimento, mas como símbolo econômico e de prestígio. Analisando aspectos materiais e simbólicos em cidades que viveram momentos de expansão econômica nos períodos de construção de seus palcos, o autor estabelece o contato entre as construções e os ideais cosmopolitas nas paisagens urbanas.

A seguir, Andreza Barbosa Trindade, Michel Pacheco Guedes e, Shirley Capela Tozi no artigo “A educação ambiental e a água na porção da região das ilhas de Belém como artifício e fomento ao ensino da geografia” apresentam um estudo acerca da compreensão da temática das aguas no interior da disciplina de Educação Ambiental.

Um olhar sobre a realidade de uma metrópole amazônica é entregue por Fredson Bernadino Araújo Silva da Silva e Marcos Castro de Lima no artigo “Careiro da Várzea e Iranduba: casos de metropolização seletiva no contexto da Região Metropolitana de Manaus”, no qual expõem as dinâmicas de seletividade espacial na RMM a partir de uma análise comparativa dos municípios de Iranduba e Careiro da Várzea, que compõe a região metropolitana, bem como a realidade do processo de metropolização na Amazônia Ocidental.

Gabriel Augusto N. dos Santos e Ricardo José Batista Nogueira nos transportam para outra das metrópoles amazônicas em “Dispersão urbana e transporte público na Região Metropolitana de Belém: uma análise de Castanhal e Santa Izabel do Pará”, no qual contrapõem a existência de uma configuração espacial da RMB caracterizada pela dispersão. As cidades de Castanhal e Santa Izabel do Pará apresentam um contexto diferenciado em relação a cidade núcleo, Belém, pois apesar das relações de dependência, os municípios construíram redes e relações formais e informais que se tornaram presentes na mobilidade urbana.

Helena Doris de A. Barbosa, Sidney C. de Souza, Thiliane Regina B. Meguis e Vânia Lúcia Q. Nascimento nos trazem o artigo Políticas públicas de lazer em uma periferia amazônica: o Bairro da Terra Firme (Belém/PA) no qual discutem sobre a natureza das políticas de lazer na oferta de bem-estar aos moradores de uma cidade ao lhes proporcionar prazer e satisfação. A partir da experiência de um bairro periférico, verificam que em muitos lugares essas políticas são inexistentes ou insuficientes, ainda que se considere as iniciativas locais de lazer dos moradores, que tem alcance restrito e aquém de suas necessidades.

O texto “A influência dos potentados locais na estrutura administrativa brasileira”, de Vinicius Tadeu V. C. dos Santos retrata como a historiografia nacional abordou a questão da relação entre o poder público e privado na construção do Estado brasileiro. E como foi majoritária a visão de que a formação do Estado no Brasil teve como característica a centralização administrativa, dificultando a participação e a influência de grupos locais nas diretrizes estatais. Partindo de outra perspectiva, o autor analisa o domínio dos potentados locais na ordem pública.

Tainara Lúcia Pinheiro e Carmem Izabel Rodrigues em “Por acaso sou negra? na Amazônia, em Belém, no encontro com outrem” compreendem as influências dos processos de colonização na Amazônia brasileira nas identificações raciais de mulheres negras. O texto reflete sobre as maneiras como a negritude amazônida é invisibilizada, partindo da crença na existência de uma morenidade local, e fora da região, por não amazônidas que compartilham a frustração com as expectativas por uma representação do que é Amazônia e como isso contribui para a deslegitimação da identificação racial da população negra em âmbito regional.

Rafael Alves de Freitas em “Eurocentrismo e a pandemia de Covid-19 no continente africano: afinal, o que sabemos?” descreve sobre como a mídia hegemônica brasileira informou sobre a pandemia de Covid-19 no continente africano, com base nos primeiros meses de ocorrência do evento. A partir de matérias dos principais sites de formação de opinião, analisou os textos noticiados e, a partir disso, construiu um quadro traçando paralelos entre o Eurocentrismo com a pandemia na África e de que forma esses textos refletiram uma visão eurocêntrica, reforçando estereótipos e normalizando o continente como palco de desastres.

Hilton P. Silva e Gilberto F. S. Aguiar “Pacoval, an amazonian mocambo: A trip revisited”, fazem um texto-retorno a uma viagem acontecida no ano 1989, na qual um grupo de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi conheceu o município de Alenquer, Estado do Pará, para conduzir o primeiro trabalho de campo em Bioantropologia entre os quilombolas da comunidade do Pacoval.

“Risco hidroclimático e impacto das precipitações em planícies urbanas de Belém” de José Edilson C. Rodrigues e Luziane M. da Luz apresenta pesquisa acerca da combinação de alto índice pluviométrico com o adensamento urbano na cidade de Belém, e como essas variáveis podem ocasionar inundações em áreas de planície, onde a dinâmica do escoamento superficial é lenta com grande o número de famílias afetadas e significativas perdas materiais e problemas de saúde. O texto nos presenteia com a elaboração de mapas temáticos que auxiliam a entender os processos descritos por meio de análise espacial.

Na seção Dossiê, a edição traz o tema “Sociedade, espaço e políticas territoriais na Pan-Amazônia”. Produzido a partir de um conjunto de seis artigos que tem como objetivo considerar as características socioambientais que integram esse importante território transnacional. O dossiê analisa algumas das experiências e atividades que se destacam na execução de políticas territoriais (públicas e privadas) e que têm como palco a Pan-Amazônia, como por exemplo as atividades voltadas para a atividade mineral, portuária, rodoviária, hidroviária, ferroviária, de geração de energia e os empreendimentos agropecuários.

O dossiê, que tem como Coordenadores os geógrafos Christian Nunes da Silva, Gilberto de Miranda Rocha e João Márcio Palheta da Silva (PPGEO/UFPA) é um importante eixo de compreensão temática das recentes investidas territoriais ocorridas com maior intensidade na região no final da década de 2010.


Editor

Tiago Veloso dos Santos – Sócio Efetivo do IHGP, Cadeira N. 54 (Catharina Vergolino Dias).


Referências desta apresentação

SANTOS, Tiago Veloso dos. [Apresentação]. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Belém, v.8, n.1, p.1-2, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [IF]

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