Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC | Revista Práticas de Linguagem | 2017

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é o tema deste número da Revista Práticas de Linguagem. Sem dúvidas, a relevância das discussões em torno desse Programa não pode ser minimizada. Foi a primeira vez no Brasil que o Ministério da Educação, Redes de Ensino e Universidades públicas se articularam institucionalmente com um objetivo comum: melhorar o atendimento das crianças nas escolas e garantir o direito à alfabetização. Juntos, gestores, pesquisadores e professores puderam dialogar e construir estratégias coletivas para enfrentar as dificuldades do cotidiano do alfabetizador.

Juntos, puderam explicitar dificuldades, angústias, modos de pensar. Em meio às diferenças, puderam construir coletividades e singularidades em um programa que não buscou unificar práticas docentes, mas sim problematiza-las.

O reconhecimento da variedade de saberes mobilizados na ação docente foi marca no PNAIC, sob uma perspectiva de respeito, valorização, sem perder a busca pela ressignificação, problematização, busca de mudanças rumo a práticas cada vez mais inclusivas e efetivas de alfabetização. A defesa dos direitos imprescritíveis das crianças terem acesso à leitura e à escrita foi reincidentemente presente nos quatro cantos do país.

A defesa da autonomia dos professores na escolha das atividades e recursos didáticos, no planejamento do seu trabalho estava presente no discurso dos que integravam essa rede de profissionais. Sem materiais estruturados, sem controle da atividade dos professores, o Pacto enfatizou a necessidade de haver diversidade de materiais pedagógicos e atividades de planejamento conjunto que viabilizava um crescimento dos docentes como pesquisadores de suas próprias ações pedagógicas. A teorização da prática foi concebida como estratégia formativa central nos encontros de estudo.

Muitas foram as dificuldades, mas o sentimento de coletividade ajudava a pensar em como superá-las. A quase totalidade de municípios brasileiros que pactuou com o Ministério da Educação e pesquisadores / professores de 39 universidades estiveram dispostos a enfrentar as tensões que naturalmente acontecem em ações grandiosas como essa. As universidades se dispuseram a pesquisar a escola por dentro dela e agir em parceria, saindo do lugar de observatório distante da realidade e assumir a responsabilidade de buscar soluções.

Esse Programa, então, marcou um momento importante da história da alfabetização no Brasil. Sem dúvidas, requer um olhar diferenciado e indagador. Nesta revista, algumas dessas indagações, modos de vivenciar e pensar a alfabetização estão estampados nas páginas cheias de vida que se seguem a esta Apresentação.

Atores autores escreveram sobre o que viram e viveram ao realizarem ações no âmbito do PNAIC. Profissionais de diferentes espaços sociais, sobretudo das universidades que foram responsáveis pela formação dos docentes e das escolas que foram responsáveis pela formação dos estudantes, dedicaram-se a escrever textos que divulgam e problematizam esta política de formação continuada.

Artigos com resultados de pesquisas e relatos de experiências docentes compõem este número. Todos eles voltados para a socialização de processos vivenciados. Os temas são variados, contemplam desde a reflexão sobre as concepções de alfabetização no Pacto Nacional pela Alfabetização, os direitos de aprendizagem na alfabetização, relacionando as aprendizagens infantis às intencionalidades docentes, até narrativas de situações de ensino de conhecimentos particulares dos diferentes componentes curriculares.

A avaliação em larga escala e suas relações com o PNAIC, os saberes docentes e os próprios processos de formação do professor alfabetizador foram discutidos em artigos que buscavam entender os entraves e avanços do Programa.

A caracterização das ações desenvolvidas e a busca pela compreensão dos princípios fundamentais difundidos que permearam o trabalho dos professores está presente neste periódico. Narrativas sobre a formação de leitores infantis evidenciam uma das prioridades do Pacto pela Alfabetização, que foi a inserção das crianças em práticas sociais de leitura e escrita variadas, que aproximassem os eventos de letramento escolares aos eventos não escolares. A literatura ganhou espaço nesta etapa de escolaridade.

O pressuposto da interdisciplinaridade como eixo da alfabetização também foi tematizado nesta revista. Algumas narrativas contam como o ensino da leitura e da escrita foi conduzido em atividades de apropriação de conhecimentos de outros componentes curriculares, que, muitas vezes, dialogaram entre si.

As experiências contadas também revelaram modos diversos de organização do trabalho pedagógico. As sequências e projetos didáticos que ocuparam grande parte do tempo de formação também aparecem nos relatos expostos, evidenciando a emergência de variedade de tipos de planejamentos.

Enfim, diferentes modos de olhar esta política grandiosa e complexa que marcou a nossa história compõe o número desta revista. Desejamos que ela seja lida, discutida e que impulsione novos escritos que possam ajudar a pensar a educação brasileira.


Editoras

Ana Claudia Rodrigues Gonçalves Pessoa

Ester Calland de Sousa Rosa

Telma Ferraz Leal

 


Referências desta apresentação

PESSOA, Ana Claudia Rodrigues Gonçalves; ROSA, Ester Calland de Sousa; LEAL, Telma Ferraz. Apresentação. Revista Práticas de Linguagem. Juiz de Fora, v. 7, n. 1, p. 7-8, jan./ jun. 2017. Acessar publicação original [DR]

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