O socialismo de Oswald de Andrade: cultura/ política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930 | Marcio Luiz Carreri

Obra originária de pesquisa para obtenção do título de doutor em história-social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP no ano de 2017. O livro “O socialismo de Oswald de Andrade: cultura, política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930”, partindo da capa e seus contraste em preto e branco em que o autor destaca seus personagens principais que compõe sua narrativa histórica, como a Pagú, Mario de Andrade e sobretudo o Oswald tendo por base a foice e o martelo em vermelho, e acima de todos a figura emblemática de Marx.

Trata-se de escrita leve e fluente, sem o peso do academicismo que se exige para uma tese de doutorado em história, porém com o rigor metodológico dela. Marcio em seu trabalho consegue perfeitamente trafegar entre duas linhas tênues e belas que é a da confluência entre literatura e história, com o mérito de trafegar por essa zona quente sem se esquecer do metier, do construto da história. Dessa forma a literatura entra como pano de fundo para o fazer historiográfico de uma época de “tensões na modernidade de São Paulo” como diz o título.

Márcio recupera parte da historicidade da pauliceia em uma época muito fértil em que as correntes políticas ali estão se digladiando em praça pública; tais como o anarquismo, integralismo e sobretudo o socialismo, muito bem localizadas e descritas pelo autor em que analisa essas três matrizes ideológicas e seus expoentes convivendo naquele espaço e tempo. As fontes por ele privilegiadas trás para os amantes de literatura e história um pouco do trabalho jornalístico do Oswald, em “O homem do povo” OHP, com grande sensibilidade ao estudar também os depoimentos do professor Antonio Candido sobre a figura de Oswald.

A obra está organizada em quatro capítulos assim distribuídas no livro: O capítulo um intitulado “Oswald de Andrade e as experiências de modernidade em São Paulo: sociabilidade e política” aborda a verticalização urbana da capital paulista e suas relações com as ideias modernistas, como numa simbiose São Paulo e se desenvolvia assim como crescia as contradições entre os intelectuais de vanguarda. O autor, ainda traça um breve perfil dos editores do jornal de Oswald “OHP”. O segundo capítulo “A linguagem oswaldiana: do social, do popular, do humor” mostra a personagem central Oswald tecendo seus escritos em formato de teatro e linguagem política voltada para um certo tipo de socialismo, bem como retrata com humor o cenário brasileiro dessa época juntamente com sua companheira Pagú. No terceiro capitulo “O socialismo de Oswald de Andrade” o autor analisa o perfil socialista em que o literato se envolveu com a filiação ao PCB no ano de 1831 e suas leituras de Marx.

Por fim o quarto capítulo “’O ‘homem do povo’ e o PCB”’ fecha a obra analisando o jornal em que Oswald trabalhou e dirigiu com detalhes para a diagramação e o corpus constitutivo desse periódico. Por fim, o livro tem como palco a cidade de São Paulo, mas a ultrapassa, trata da história do Brasil da Primeira República no limiar da chamada Revolução de 1930. É um livro de história em que as personagens não obstante se encontram em São Paulo e no campo da literatura, fizeram história e esse momento foi captado com grande maestria, sensibilidade e muita competência e dessa forma narrada nesta obra de fundamental relevância que vem para se juntar a tantas outras que compõe o campo da história e da literatura.

---

Resenhista

Eduardo Martins – Doutor em História pela Unesp. Docente do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Nova Andradina – UFMS/CPNA.

---

Referências desta Resenha

CARRERI, Marcio Luiz. O socialismo de Oswald de Andrade: cultura, política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930. Curitiba: CRV, 2017. Resenha de: MARTINS, Eduardo. Fronteira: Revista de História. Dourados, v.19, n.33, p.194-195, jan./jun. 2017. Acessar publicação original [DR]