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Non-Western International Relations Theory: perspectives on and beyond Asia | Amitav Acharya e Barry Buzan

Non-Western International Relations Theory: perspectives on and beyond Asia, dos editores Amitav Acharya 2 e Barry Buzan 3 é uma leitura para conhecer diferentes perspectivas sobre o internacional. Ao abordar uma crítica à hegemonia do ocidente em Teoria de Relações Internacionais (TRI), o livro expõe:

  1. a) as dificuldades no desenvolvimento de teorias originais, fora da área de influência das teorias tradicionais, em locais que não sejam a Europa e os Estados Unidos;
  2. b) as possíveis fontes para novas abordagens teóricas;
  3. c) o modo como as Relações Internacionais, enquanto área do conhecimento, têm crescido na Ásia. O objetivo primeiro, no entanto, parece ser inquietar.

Partindo de análises não ocidentais das relações internacionais4, o livro indica a não existência de uma teoria além das provindas do ocidente, mas revela um grande potencial dos analistas asiáticos em mudar essa situação. Existem, na Ásia, vários níveis de sistematização do entendimento das relações internacionais. Alguns se aproximam mais, outros menos, do que se convém chamar de teoria. Apesar de terem potencial para constituírem abordagens não ocidentais de Relações Internacionais, esses novos olhares originários da Ásia não têm força para ser conhecidos e reconhecidos amplamente. A ideia do livro é, segundo os editores, trazer aos ocidentais uma introdução ao pensamento não ocidental de Relações Internacionais.

A questão “Por que não há Teoria não ocidental de Relações Internacionais?” é o fio condutor desse livro. A fim de encontrar uma resposta, o livro se fundamenta na crítica à hegemonia ocidental dentro das Relações Internacionais. Essa hegemonia, baseada na elaboração de Antônio Gramsci, impõe obstáculos à construção e utilização de novos modelos para a compreensão das relações internacionais, diferentes dos propagados pela Europa e pelos Estados Unidos. Por isso, os textos que compõem o livro constroem seus argumentos desconstruindo a TRI ocidental como modelo ideal e chamam a atenção para exemplos históricos locais como fontes de novos modelos de análise. Isso é feito a partir da alegação de Robert Cox, leitor de Gramsci, de que toda teoria é feita para alguém e com algum propósito.

Os editores iniciam o livro pelo principal pressuposto: TRI ocidental é incompleta e, por isso, não suficiente à compreensão do mundo de onde quer que se fale. As particularidades de cada país ou região colaboram para uma melhor compreensão do “internacional”. A Ásia é composta por uma diversidade de tradições e culturas.

Na China, Japão e Índia, países com maior peso na região e cujas tradições ofereceram maior resistência à influência ocidental, o desenvolvimento de análises originais em Relações Internacionais é maior, há maior inclusão de elementos locais. Nesses países a área do conhecimento está mais consolidada e institucionalizada. Nos outros casos, como Coreia do Sul, Indonésia e países do Sudeste Asiático (como Cingapura), a influência da visão e do modelo ocidental de entendimento das relações internacionais, ou seja, a TRI ocidental, ainda é forte. Isso implica na inibição de ensaios analíticos originais que poderiam dar forma a TRI não ocidental.

Mesmo sem explicitar e sem discutir a utilização dos termos ocidente e oriente, o livro tende a não utilizar “oriente” para se referir à Ásia. Predominantemente, os autores utilizam apenas “não ocidente”. Essa mensagem que fica nas entrelinhas também pode ser entendida como uma crítica à construção de um bloco, o “oriente”, apenas em oposição ao outro, o “ocidente”. A Ásia é tomada como fonte plural, mas não única fora do ocidente.

Publicado em 2010, pela editora Routledge, o livro é resultado de uma iniciativa não muito recente. De acordo com os próprios editores, Acharya e Buzan, nos anos 1990 a questão central do livro era recorrente nos diálogos entre eles. Em 2005, o tema do livro foi objeto de uma conferência em Cingapura, na Universidade Tecnológica de Nanyang, realizado pelo Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos, hoje, chamado de Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam. Em 2007, seis artigos, que fazem parte desse livro, foram publicados pela revista International Relations of the Asia-Pacific5 em uma edição especial. O longo processo de criação e amadurecimento explica o trabalho consolidado de reflexão necessária para se abrir as mentes pensantes.

O livro é composto por dez artigos que se complementam. Três deles podem ser classificados como textos de reflexão mais ampla (o primeiro, o nono e o décimo). Os outros sete são análises específicas sobre China, Japão, Coréia do Sul, Índia, Sudeste asiático, Indonésia e mundo islâmico.

O primeiro capítulo, “Why is there no non-Western international relations theory? An introduction” de Amitav Acharya e Barry Buzan, demonstra a origem da questão central do livro. Os autores fazem analogia ao questionamento de Martin Wight, 40 anos atrás, sobre a real existência de uma teoria internacional. Acharya e Buzan também questionam se haveria, hoje, uma teoria internacional não ocidental. A hipótese dos autores é a de que a ausência de uma TRI não ocidental está relacionada à hegemonia, ao etnocentrismo e a políticas de exclusão ocidentais. Partindo da percepção de Cox, os autores argumentam que na Ásia faltam teorias próprias que contenham perspectivas do próprio interesse dos asiáticos. Mesmo que as teorias se proponham universalistas, isso não é possível. Por isso, há necessidade de dar destaque a novos olhares. O realismo e o liberalismo, correntes teóricas tradicionais nas Relações Internacionais, não são, segundo os autores, paradigmas suficientes para explicar o mundo não ocidental.

“Why is there no Chinese international relations theory?” de Yaqing Qin6, tenta explicar que apesar da não existência de uma teoria chinesa para explicar as relações internacionais, há substrato para isso no país. O autor desenvolve um debate com autores ocidentais e demonstra uma reflexão profunda sobre a necessidade de ser original nas análises internacionais. Yaqing descreve que a inserção no país das Relações Internacionais, enquanto disciplina, ocorreu por meio de traduções de textos ocidentais. A partir de 1979, o autor acredita que houve um grande desenvolvimento da área na China. A abertura econômica do país, desde então, colaborara para o aumento da demanda por estudos internacionais. Dividindo os períodos do desenvolvimento das Relações Internacionais, o autor indica que a China já teria passado pelo período da pré-teoria, pelo período de aprendizado de TRI, mas não pelo processo de criação. A principal explicação para o não desenvolvimento mais profundo é a de que a China sempre foi muito voltada para o doméstico. Aos poucos os chineses estão criando uma consciência do que seria o internacional. As potenciais fontes de uma escola chinesa de TRI seriam elementos essencialmente particulares do país, que não podem ser traduzidos por nenhuma prática ocidental. Dentre outros fatores, o modo de pensar chinês é predominantemente holístico, enquanto que o do ocidente é dualístico. Sinteticamente, na China o raciocínio não ocorre por oposição, algo corrente a elaboração das teorias de matriz ocidental, e sim pela análise do todo. Por fim, Yaqing identifica que uma maior participação internacional da China deve levar a uma criação original de TRI no país.

Em “Why are there no non-Western theories of international relations? The case of Japan”, Takashi Inoguchi7 destoa dos demais textos. Diferentemente dos outros autores, Inoguchi defende que há TRI do Japão, mas está desencorajada. Isso porque o país fora um Estado hegemônico e, como tal, criador de teorias. Argumenta que a área está sendo beneficiada pela crescente profissionalização dos acadêmicos no país. Inoguchi faz referência a autores que chama de teóricos japoneses. Esses teriam dado origem a teorias que hoje contam com audiências universais e cujos textos foram traduzidos para o inglês. Os teóricos são Nishida Kitaro, Tabata Shigejiro e Hirano Yoshitaro. Os três são caracterizados, respectivamente, como construtivista, teórico da soberania popular do direito internacional e teórico marxista da integração regional. Todos eles fogem do ocidental positivismo, ao estilo americano, o que os tornaria originais. As teorias desses autores nos levam a pensar que não seriam pensamentos originais, mas similares aos desenvolvidos no ocidente. De qualquer forma, seriam TRI desenvolvidas com uma percepção diferente, não ocidental.

Why is there no non-Western international relations theory? Reflextions on and from Korea”, de Chaesung Chun8, é um texto que começa se justificando. TRI não poderia ter se desenvolvido na Coreia do Sul, pois o país passou por muitas rupturas históricas. Devido a isso, os estudiosos não tiveram tempo de ponderar sobre o assunto. O internacional passou efetivamente a ser pensado a partir de 1945, quando o país se libertou do imperialismo japonês. Antes disso, a maior influência do pensamento na Coreia era proveniente da China. Com a libertação do Japão, o país começou a ser muito influenciado pelo ocidente, principalmente pelos Estados Unidos. A dominação norte-americana nos estudos internacionais, como um todo, é evidente, mas na Coreia do Sul parece ser mais forte. A área de Relações Internacionais foi construída, em grande parte, com intercâmbio estudantil e com o intercâmbio de alta política entre Coreia e Estados Unidos. Chun acredita que nos anos 1960 houve ensaios de originalidade de TRI coreana, mas não pode ser observado um grande avanço. À medida que os debates ocorriam no ocidente, assim também caminhavam na Coreia. Nos anos 1970 houve uma tentativa de acompanhar os movimentos do Terceiro Mundo, e a Teoria da Dependência teve uma grande influência no país. Com o fim da Guerra Fria, a influência dos Estados Unidos diminuíra, mas de acordo com o autor, ainda hoje não se pode observar TRI não ocidental no país. Um dos fatores para isso acontecer é o fato de que as TRI ocidentais colaboram na explicação da realidade coreana, especialmente o realismo e os estudos de segurança. Contudo, Chun argumenta que as TRI são induzidas a partir de realidades históricas. O autor indica, como solução, que atingir a pós-modernidade nos estudos das relações internacionais facilitará a inclusão do olhar não-ocidental. Isso porque, “ao contrário da modernidade que compartimentaliza, a pós-modernidade inclui”. O desafio para os acadêmicos coreanos seria participar da criação do conhecimento pós-moderno. Esse texto é muito interessante por abordar expressamente a supremacia dos Estados Unidos na área de Relações Internacionais. Talvez por isso, inclusive, o autor não tenha conseguido levantar possíveis fontes para a criação de uma TRI original na Coreia, e tenha baseado seu argumento em uma possibilidade de reestruturação geral das ciências.

“Re-imagining IR in India”, de Navnita Chadha Behera9, defende claramente que não há uma escola de Relações Internacionais indiana e, portanto, nenhuma TRI não ocidental criada na Índia. A área do conhecimento no país é pobre no que se refere a produção de conceitos. Porém, a ideia principal da autora não é criar uma TRI indiana, mas partir para uma reflexão sobre uma redefinição de Relações Internacionais como um todo. O desafio não é descobrir ou produzir uma TRI não ocidental na Índia, mas fazer com que a comunidade indiana da área trabalhe para estabelecer uma TRI pós-moderna. A TRI não deve ser nacionalista. Por isso, são necessárias alternativas para a construção do pensamento “fora da caixa” do ocidente. Behera traz uma percepção bastante interessante. Além de indicar os elementos nacionais e locais para um novo olhar, se preocupa também com uma reflexão mais complexa. Para a construção de uma TRI original não são necessárias expressões de nativismo. Para isso, é necessário criar espaços alternativos onde as vozes não ocidentais possam ser ouvidas. Será possível aprender com elas e passar a utilizar os insights locais associados às vozes do hemisfério ocidental, para então criar as Relações Internacionais sob uma perspectiva pós-ocidental. Para a autora, as contribuições indianas seriam possíveis a partir da releitura de historiadores e filósofos locais, pois somente por meio do entendimento do passado é que se pode fazer uma boa reflexão do presente. Fundamentalmente, como já exposto no segundo capítulo por Yaqing Qin, não se deve pensar o mundo de forma dualística, ou binária. Exemplo disso seria a oposição “dominante-dominado” ou “eu-outro”. A ideia é criar espaços não hegemônicos onde diferentes tradições possam dialogar e coexistir. Para isso, é preciso desmantelar a hierarquia entre o ocidente e o não ocidente.

“Southeast Asia: Theroy between modernization and tradition?”, de Alan Chong10 , acaba sendo um texto genérico, por abarcar experiências de muitos países. O Sudeste Asiático, do qual Chong fala, compreende Brunei, Birmânia/Myanmar, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã. O autor defende que, mesmo que as correntes ocidentais sejam hegemônicas, há possibilidades para o pluralismo nas Relações Internacionais. Para isso, seriam utilizados como fontes estudos híbridos e em transição, que sejam compostos por elementos tanto ocidentais como originais (do mundo não ocidental), além de tradições resultadas da interação política do período anterior à colonização nesses países. Historicamente são territórios que foram explorados pela colonização e, portanto, são Estados fracos. Por serem fracos, hoje são espaços em disputa pelas potências. Ainda que não sejam mais colônias, o processo de modernização pelos qual todos os países passaram é como se fosse uma continuação da colonização. Para o autor, a influência do ocidente se mantém forte, o que ajuda a entender a não ocorrência de TRI não ocidental nos países da região. Assim como no caso da Coreia do Sul, os estudantes vão à “metrópole” estudar, promovendo e facilitando a reprodução do modelo ocidental. Chong faz um estudo quantitativo da produção das pesquisas realizadas no sudeste asiático entre 1979-2005 e chega à conclusão de que não existe TRI não-ocidental porque são países raramente livres da influência ocidental. A saída seria a contribuição dos teóricos do sudeste asiático para democratização e expansão do conhecimento da disciplina.

“Perceiving Indonesian approaches to international relations theory”, de Leonard C. Sebastian11 e Irman G. Lanti12, procura defender que hoje existe grande possibilidade de inovação teórica e renovação do pensamento em Relações Internacionais, e a Indonésia pode ser fonte desse processo. Essa expansão dos horizontes pode ser também emancipatória. Porém, as fontes originais na Indonésia se dividem entre as tradições de Java, a capital e principal ilha do país (origem do maior e mais antigo grupo étnico do país, e de onde vem a elite), e as tradições das demais localidades. A cultura do país é sincrética e os líderes são muito ligados ao mundo místico. Apesar de utilizar estudos ocidentais sobre sua própria história, o autor tenta indicar pontos que colaborariam para a criação de uma TRI não ocidental. O conceito de harmonia seria muito relevante em uma análise originária no país, pois, segundo os autores, é essencial no entendimento da vida social javanesa. Sebastian e Lanti se referem, principalmente, à facilidade em lidar com diferentes costumes e agrega-los como seus. Outra fonte seria o comportamento dos líderes. De acordo com os autores o estudo de Relações Internacionais na Indonésia é incipiente, o país não conta com nenhum programa de doutorado na área, e os acadêmicos que se profissionalizam não buscam o exercício de atividade docente. Afirmam ainda que, além de não haver incentivo à pesquisa, aquela que existe no país é orientada politicamente. Para os pesquisadores o doméstico é mais importante que o internacional, e Relações Internacionais é uma área essencialmente ocidental, portanto, não veem necessidade de questionar as interpretações tradicionais.

“International relations theory and the Islamic worldview”, de Shahrbanou Tadjbakhsh13, é o texto que mais destoa do conjunto organizado por Acharya e Buzan. A ideia do autor é mostrar as fontes de TRI não ocidental a partir de um ponto de partida não estatal. Esse capítulo dá destaque às possíveis fontes para análises a partir de uma visão do Islã. O autor sustenta que é possível usar o islamismo como base para teorizações, as quais proporcionam diferentes formas de ver o mundo. Uma TRI islâmica é possível, só é preciso colocá-la em prática. O Islã, para Tdjbakhsh, é como uma visão de mundo, uma variante cultural, religiosa e ideacional, que, diferente do ocidente, parte de fundamentos diferentes do que seria verdade e good life. Segundo o autor, o atual contato entre o Islã e o ocidente tomou formas muito ruins, o que prejudica a propagação de sua visão pelo mundo. Para ele, as fontes para a TRI islâmica seriam encontradas nos livros fundamentais (Corão, Hadith, Sunnah e ijtihad) e nos discursos dos líderes islâmicos.

O nono capítulo, “World history and the development of non-Western international relations theory”, de Barry Buzan e Richard Little14, traz o foco para a necessidade de olhar para o caminho percorrido pela História. Os historiadores não ocidentais tiveram um importante papel em ajudar a história mundial a romper a hegemonia do pensamento eurocêntrico. Da mesma maneira, os teóricos de Relações Internacionais não ocidentais devem colaborar para escapar da ocidentalização. E para isso, a perspectiva histórica é a saída. A ideia é que a TRI não ocidental siga a trajetória da História. A ambição dos autores é que desse modo não haverá apenas transformação do entendimento das Relações Internacionais no mundo não ocidental, mas também será possível reconstruir o desenvolvimento da área no mundo ocidental.

Por fim, no capítulo de conclusão “Conclusion: On the possibility of a non-Western international relations theory”, dos editores Amitav Acharya e Barry Buzan, os autores chegam à conclusão de que a corrente construtivista das Relações Internacionais tem sido a melhor maneira de olhar a realidade não ocidental. Isso no curto prazo. À medida que incitam o debate, Buzan e Acharya parecem pretender que o não ocidente possua ferramentas novas, originais, para analisar a dinâmica internacional. Mesmo que China, Índia e Japão, enquanto centros estejam mais próximos de uma TRI não ocidental, os autores defendem que pensar autonomamente uma TRI, em termos de conceitos tradicionais históricos e culturais, não precisa ser tarefa exclusiva de grandes países ou centros de civilizações. Porém, a dificuldade de tornar isso realidade fica evidente ao longo do livro. A visão ocidental do mundo não deve ser substituída por uma visão não ocidental, isso seria trocar uma hegemonia por outra. São necessárias mais vozes. O papel de TRI não ocidentais é mudar a balança de poder dentro dos debates, e assim, mudar as prioridades, perpectivas e interesses.

A Ásia pode ser fonte de muitas perspectivas diferentes para a análise das relações internacionais. Alguns autores ofereceram maior destaque às possibilidades de novos olhares, enquanto outros destacaram mais as dificuldades desse processo. O livro ajuda a compreender o quanto a área de Relações Internacionais está suscetível ao jogo de poderes, uma vez que as análises provenientes de países centrais e dominantes acabam tendo mais facilidade em ser predominantes. A ideia é, não obstante, colocar essa realidade na frente daqueles que pensam o internacional e induzir que o status quo seja desafiador. Considera-se, após inúmeras reflexões, que a história acaba sendo mais importante para pensar o internacional que a própria sistematização de uma teoria. Entretanto, é curioso pensar que um livro tão inquietador, até desafiador da supremacia ocidental, seja uma iniciativa do ocidente. Mais ainda, as críticas contidas em suas páginas têm sua origem na teoria crítica de Robert Cox, também um ocidental.

Fica, no entanto, um anseio ao final desse livro: o de que surjam iniciativas para revelar possíveis fontes de TRI em outros lugares do “não ocidente” e de que elas aqueçam esse importante debate para o desenvolvimento na área das relações internacionais.

Notas

2 Amitav Acharya é professor de Relações Internacionais e chefe do Centro de Estudos sobre ASEAN da American University, Estados Unidos.

3 Barry Buzan é professor da London School of Economics and Political Science, Reino Unido.

4 Ao longo do texto será trabalhada a expressão Relações Internacionais, com iniciais maiúsculas, para se referir à área do conhecimento e disciplina de estudos. Já a expressão relações internacionais, com iniciais minúsculas, para se referir aos processos e à dinâmica do meio internacional.

5 A revista International Relations of the Asia-Pacific é uma revista da Oxford Journals cujos editores-chefes são, atualmente, Yoshihide Soeya, professora da Keiko Universisty, no Japão, e G. John Ikenberry, professor da Princeton University, nos Estados Unidos. É uma revista que foca nas discussões atuais sobre as transformações de poder mundial e a influência da Àsia nesse novo mundo em formação.

6 Yaqing Qin é professor de Relações Internacionais na Universidade de Relações Exteriores da China (CFAU, na sigla em inglês) e vice-presidente da Associação Nacional da China para Estudos Internacionais.

7 Takashi Inoguchi é professor emérito da Universidade de Tóquio – Japão.

8 Chaesung Chun é professor adjunto no departamento de Relações Internacionais da Universidade Nacional de Seul – Coreia do Sul.

9 Navnita Chadha Behera é professora do departamento de Ciência Política da Universidade de Delhi – Índia.

10 Alan Chong é professor assistente da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam da Universidade Tecnológica de Nanyang – Cingapura.

11 Leonard C. Sebastian é professor adjunto da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, na Universidade Tecnológica de Nanyang – Cingapura.

12 Irman G. Lanti é gerente do programa “Deepening Democracy” do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Indonésia.

13 Shahrbanou Tadjbakhsh é diretor do Programa de Paz e Segurança Humana no Instituto de Estudos Políticos da Science Po – Paris.

14 Richard Little é professor Emérito de Sociologia, Política e Estudos Internacionais da Universidade de Bristol – Grã-Bretanha.


Resenhista

Tainá Dias Vicente – Mestranda em Relações Internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP-UNICAMP-PUC/SP) e bolsista CAPES.


Referências desta Resenha

ACHARYA, Amitav; BUZAN, Barry (Eds.). Non-Western International Relations Theory: perspectives on and beyond Asia. London: Routledge, 2010. Resenha de: VICENTE, Tainá Dias. Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD. Dourados, v.1, n.1, p.225-234, jan./jun. 2012. Acessar publicação original [DR]

Itamar Freitas

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