Migrações / Esboços / 2002
A temática relativa aos processos de Migração e Imigração desde longa data fazem parte da pauta de investigação dos historiadores e outros cientistas sociais. Considerando este aspecto, poder-se-ia concluir (apressada e equivocadamente), que o tema pouco tem de novo, visto já ter sido intensamente explorado. Mas, ao contrário das velhas minas de ouro abandonadas por não se encontrar nelas mais nenhum veio ou filão produtivo, o assunto em foco continua sendo uma mina que ainda não se esgotou. Valiosas pepitas e ricos filões estão surgindo.
O labor da pesquisa historiográfica continua detectando novas fontes que passam a ser interrogadas. Fontes antigas são interrogadas. Fontes antigas são interrogadas com novas perguntas e, desta forma, o tema vai sendo mais conhecido.
Neste número, Esboços apresenta o resultado de algumas novas prospecções neste terreno que parece inesgotável.
Em relação à etnia alemã, aborda-se a estratégia das empresas colonizadoras que atuavam entre teutos e ítalos das antigas colônias do Rio Grande do Sul. Da mesma forma, trata-se da complicada língua alemã no contexto de nacionalização e o fantasma do nazismo no município de Marechal Cândido Rondon, considerado o mais germânico do Paraná.
A italianidade em Santa Catarina é abordada através de um estudo a partir de periódicos impressos em italiano, bem como o processo de revigoramento do sentimento de pertença à etnia, por ocasião das comemorações do centenário da imigração italiana em Santa Catarina.
Esboços também contempla a questão relativa à escravidão, uma imigração forçada e pouco estudada na historiografia imigratória do Brasil meridional; através dos estudos que abrangem a baía de Paranaguá.
O movimento imigratório focalizado com muita propriedade pelas lentes do fotógrafo Sebastião Salgado também é objeto de análise neste número, assim como o significado do avanço da estrada de ferro em Guarapuava – PR.
Através deste número, Esboços pretende contribuir para o debate historiográfico do tema proposto, enfatizando que o tema não está esgotado.
João Klug – Professor Doutor. Departamento de História – Programa de Pós-Graduação em História/ UFSC.
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