Manipulações midiáticas em perspectiva histórica / Revista Brasileira de História da Mídia / 2018

A Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM), agora em sua 13ª edição, é parte do importante legado do professor José Marques de Melo, que nos deixou no último dia 20 de junho, cinco dias após completar 75 anos. Um dos criadores da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar), Marques de Melo foi protagonista na construção e consolidação desse campo de pesquisa no Brasil.

São inúmeras as suas contribuições para a área: a vasta e qualificada bibliografia, referência obrigatória para quem deseja estudar o tema; a criação de instituições de referência – além da Alcar, a Intercom, a Folkcom, entre outras tantas sociedades e grupos; a formação de professores e pesquisadores espalhados pelo Brasil e atuando também no exterior; e a internacionalização das pesquisas brasileiras são apenas algumas delas.

O primeiro artigo de Marques de Melo na RBHM foi publicado já na segunda edição da revista, em 2012, com o título Contribuições historiográficas de Douglas Apprato ao pensamento comunicacional alagoano [1]. Em 2013, no primeiro número do ano, saiu a resenha [2] do livro História do Jornalismo – Itinerário crítico, mosaico contextual, assinada por Maria Cristina Gobbi. O livro ganhou o Prêmio Jabuti daquele ano. Em 2015, a revista deu destaque para o artigo Difusão dos processos comunicacionais na Revista do IHGSP – Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, entidade precursora das Ciências da Comunicação no Brasil [3], de autoria de Marques de Melo. Desde 2016, o professor integrava o Conselho Científico da RBHM.

É também em sua homenagem o título do Prêmio José Marques de Melo de Estímulo à Memória da Mídia, criado pela Alcar em 2010. Trata-se de uma exposição de trabalhos científicos de graduação e de um concurso cultural vinculado ao Encontro Nacional de Pesquisadores de História da Mídia, que acontece a cada dois anos. É tarefa árdua mapear as contribuições de Marques de Melo aos estudos de história da mídia, pois ela está em toda parte, direta ou indiretamente.

É com um sentimento de vazio, mas também de muita gratidão, que trazemos a público este que é o primeiro número de 2018 da RBHM. Reunimos no Dossiê Manipulações Midiáticas em Perspectiva Histórica trabalhos e palestras apresentados no XI Encontro Nacional de História da Mídia, realizado em 2017, na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também nesse evento, contamos com a presença e participação do professor Marques de Melo, que ministrou palestra na mesa História do Campo Comunicacional – Brasilianistas e Brasileiríssimos.

Integram o dossiê os textos Manipulating the media: a historian’s view, de Peter Burke; Censura, mentira e manipulação midiática. Um apunte historiográfico, de Jaume Guillamet; Manipulaciones del fascismo português: diplomacia, censura y propaganda salazarista en la comunidad lusa de Estados Unidos, de Alberto Pena-Rodríguez; Considerações teórico-metodológicas sobre a história do campo da Economia Política da Comunicação e da Cultura, de César Ricardo Siqueira Bolaño e Verlane Aragão Santos; (Dis)funções da Publicidade e da Propaganda nos campos social, político e ambiental, de Maria Berenice da Costa Machado; “Qual é o jornalista mais crápula, mais mistificador do Rio de Janeiro?” – História, Jornalismo e Literatura em Lima Barreto, de Denilson Botelho; “Cinema independente” no Brasil, de Anita Simis; Rádio e memória do cotidiano, de Nelia Del Bianco; A era da testemunha: uma história do presente, de Igor Sacramento; e A imagem da Revolução Russa pela mídia regional no Paraná, de Sergio Luiz Gadini. Ainda relacionada ao evento, há uma entrevista com o professor Peter Burke realizada por Aline Strelow.

Em artigos gerais, os trabalhos contemplam assuntos diversos: Jornal das Senhoras – a interatividade no primeiro jornal feminino editado no Brasil, de Marco Aurélio Reis e Cláudia de Albuquerque Thomé; O comentário esportivo no rádio de Porto Alegre: uma proposta de periodização histórica, de Carlos Gustavo Soeiro Guimarães e Luiz Artur Ferraretto; Os diversos usos de jogos olímpicos na imprensa carioca nas décadas de 1890 a 1910, de Fausto Amaro; “O Super 8 está aqui”: aspectos da publicidade para popularizar o formato cinematográfico amador nos anos 1960 e 1970, de Ana Clara Campos dos Santos, Maria de Oliveira Barra Costa e Christina Ferraz Musse; Ethos discursivo e produção de sentidos: representações de infâncias nos anúncios de organizações bancárias, de Pâmela Caroline Stocker; e A construção da história oficial a partir de periódicos: análise discursiva da História de Monte Alegre nas páginas de O Tibagi, de Ana Flávia Braun Vieira e Miguel Archanjo de Freitas Júnior.

Que tenhamos força, conhecimento e energia para levarmos adiante o trabalho do professor Marques de Melo!

Notas

1. O artigo está disponível em https: / / bit.ly / 2IubXIz

2. A resenha está disponível em https: / / bit.ly / 2ItH8U8.

3. O artigo está disponível em https: / / bit.ly / 2KcUI4j

Boa leitura.

As editoras

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Editorial. Revista Brasileira de História da Mídia. Teresina, v.7, n.1, 2018. Acessar publicação original [DR]

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