O trabalho historiográfico necessita de teoria e método, mas não se faz apenas um ofício. É necessário a/o historiador/a atribuir sentido ao que pesquisa. Através do engajamento, teoria e prática se encontram, ultrapassando os limites da universidade e, até mesmo, criando uma ponte entre essa e a comunidade.
A História precisa abarcar a todos, sem excluir suas particularidades. Necessita contemplar vários aspectos, incluindo diferentes ângulos, sendo crítica em seus olhares. O fazer histórico deve estar aliado à educação e, atualmente, à tecnologia, se fazendo conhecer entre os especialistas e o grande público.
A partir disso, esse dossiê pretende divulgar as formas com que as/os profissionais da História vêm criando seu ofício e nele contextualizando o mundo; vivenciando o presente, olhando o passado e construindo o futuro.
O artigo “O Céu dos Pretos nas vozes de um homem negro” de Merylin Ricieli dos Santos tem como ponto de partida a História Oral e nos apresenta reflexões acerca da problematização de uma narrativa racializada. Valorizando as experiências e relatos de um sujeito negro nascido na cidade de Ponta Grossa e integrante de diferentes segmentos do Movimento Negro local, busca compreender como se deu o processo de valorização identitária desse indivíduo e quais as referências de negritude que o constituíram até então.
Referente ao ensino de História, temos os estudos “Passado e Educação: Conceito epistemológico e professores de História” de Rita de Cássia Gonçalves, “Passado Presente: A influência da cultura histórica de jovens brasileiros sobre a ditadura e sua relação com posicionamentos no hoje” de Rubia Caroline Janz e Matheus Medanha Cruz e “Uma História feita na Rua: História Pública da EMEF Porto Alegre” de Dante Guimaraens Guazzelli.
Rita de Cássia Gonçalves, tece considerações sobre como os professores entendem o passado e a epistemologia da ciência de referência na construção da relação o historiador inserido na sociedade da atualidade. Tratando como o conceito epistemológico de passado se relaciona com a ciência histórica e as ideais de História de professores desta disciplina no EM da rede pública do estado do Paraná, parte da premissa de que são antes de tudo historiadores, e como esta disciplina está sendo apresentada, discutida e ensinada na educação brasileira no século XXI.
Rubia Caroline Janz e Matheus Medanha Cruz analisaram dados coletados pelo projeto Residente: observatório das relações entre jovens, política e História na América Latina, respondidos no Brasil, entre maio e agosto de 2019, por estudantes no Ensino Médio, em especial os referentes à questão 32, que solicitava que se posicionassem frente a afirmações acerca dos governos militares no Brasil. Percebendo quais narrativas relacionadas a tais governos emergiram com mais frequência nas respostas e quais elementos e dimensões da cultura histórica foram mobilizados para justificar e legitimar esses posicionamentos, mostraram que as memórias sobre os governos militares sofrem influência das diversas dimensões da cultura histórica e que o saber acadêmico / escolar encontra-se também nesse campo de disputas, nem sempre como principal influência.
Dante Guimaraens Guazzelli, a partir de pesquisas históricas no arquivo da E.M.E.F Porto Alegre e de entrevistas de história oral realizadas com pessoas que atuaram na EPA em diferentes momentos, nos apresenta sua pesquisa relacionada ao projeto EPA 25 +1: uma história feita na rua. Seu trabalho procura desenvolver atividades que buscam resgatar e publicizar a história e a memória da E.M.E.F Porto Alegre – EPA ao longo de sua trajetória desde 1995. Esta escola, desde sua fundação, é voltada para o atendimento de população em situação de rua, inicialmente crianças e, a partir de 2009, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
Os arquivos também são trazidos por Leandro Martan Bezerra Santos em seu artigo “A pesquisa histórica a partir de arquivos de imprensa: O início da ocupação francesa na Síria no noticiário do Correio da Manhã”. Partindo da análise deste periódico do Rio de Janeiro no ano de 1920, objetiva apresentar o início do processo de ocupação da Síria pela França, através do estabelecimento de um mandato francês na região, ocorrido em consequência da fragmentação do antigo Império Turco-Otomano após o término da Primeira Guerra Mundial.
Finalizamos o dossiê com o trabalho “‘Onde fica o Poti Velho’: Contradições urbanas da cidade de Teresina – Piauí” de Amanda Lima. Partindo de relatos orais, jornais e fotografias, Amanda analisa como a cidade se desenvolve em uma relação constante entre elementos simbólicos e palpáveis, organismo onde se dá as práticas sociais, lutas por memória e conflitos pela apropriação do espaço urbano. Enfocando o bairro Poti Velho, que possui tradições econômicas, culturais, religiosas e folclóricas ligadas aos rios Poti e Parnaíba e se vale de relevância histórica e turística para Teresina, tenta compreender as contradições que surgem no seio da cidade de Teresina, capital do Piauí.
Boa leitura!
Organizadores
Carla Adriana da Silva Barbosa – SEDUC/RS.
Daniela Garces de Oliveira – ANPUH/RS.
Referências desta apresentação
BARBOSA, Carla Adriana da Silva; OLIVEIRA, Daniela Garces de. Editorial. Revista Latino-Americana de História. São Leopoldo, v.9, n.24, p. 5-7, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]
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