Não obstante casos inexpressivos e de curta duração, foi apenas com a chegada da família real à sua colônia na América que se deu a instalação e o efetivo funcionamento de atividade tipográfica no Brasil, em 1808. No rol das transformações advindas da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, ocorreu a instalação da Imprensa Régia, sob as ordens de D. João. Ainda que não restrita à publicação de documentos oficiais, a Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso na colônia, passou a circular, em 10 de setembro de 1808, com finalidade de servir aos interesses da Coroa, publicizando atos do governo.
Uma vez instalada oficialmente no Brasil, foi a partir dos sucessos advindos da Revolução Liberal do Porto, em 1820, que outras capitanias foram desenvolvendo, paulatinamente, os meios necessários para a efetiva implantação de atividades regulares de impressão. Se, nos primeiros anos do pós-1808, a existência de periódicos publicados no Brasil ficou restrita às impressões da Gazeta do Rio de Janeiro e da Idade D’Ouro do Brasil, este último publicado na Bahia, em janeiro de 1811, sob a tutela do D. Marcos de Noronha e Brito, o 8º Conde dos Arcos, foi a partir de 1821 que se deu a inauguração de uma nova fase na história da imprensa no Brasil, quando se teve a implantação de tipografias em Pernambuco, Maranhão, Pará e Minas Gerais. Segundo Araújo:
As demais províncias que compunham o mapa político do Brasil, só passaram a fazer parte do rol de lugares com tipografias regulares a partir da independência do Brasil, mais precisamente depois de 1824. Somente no ano de 1852, era possível encontrar uma tipografia instalada e em pleno funcionamento em todas as províncias do Império. (ARAUJO, 2008, p. 31).
No Maranhão, a história da imprensa remonta ao final de outubro de 1821, quando chegou a São Luís a primeira tipografia da província. Vinda da Europa, a mando do presidente Marechal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, a Tipografia Nacional Maranhense foi mantida sob recursos do Erário. Poucos dias depois, dava-se início à impressão do primeiro jornal em solo maranhense. Tratava-se d’O Conciliador do Maranhão, que já circulava, de forma manuscrita, desde 15 de abril daquele mesmo ano. Foram 34 edições produzidas nesse formato, até que, em 10 de novembro, passasse a ser impresso.
Sobre esse jornal pioneiro, escreve o professor Sebastião Jorge:
O jornal manuscrito tinha o formato de uma folha de papel almaço. O periódico saído da tipografia se apresentava com duas colunas. No primeiro número impresso faz apologia da imprensa como veículo capaz de ser um aliado do governo, ao despertá-lo para certos problemas e sugerir medidas que atendam os interesses da sociedade. Tudo dentro da ordem e da moral. (JORGE, 2008, p. 31).
Quanto à periodicidade e ao formato, Marcelo Cheche Galves (2015, p. 135-136) informa que era “[…] publicado duas vezes por semana, com volume de quatro a oito páginas, além de suplementos e folhas cobrados separadamente ou ‘para se distribuir grátis’”.
Desde que foi fundada no Maranhão, em 15 de abril de 1821, a imprensa se mostrou instrumento fundamental para a consolidação da sociedade que se queria civilizada, influenciando diretamente no debate coletivo, como ente efetivo de uma esfera pública baseada na letra impressa. Nas palavras de Nelson Werneck Sodré, “[…] a história da imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista” (SODRÉ, 1999, p. 1). Também é oportuno pontuar, como defende Barbosa (1997), o papel da imprensa como instrumento para a consolidação de comportamentos sociais.
Fruto da expansão natural da atividade de divulgação de notícias e opiniões, inaugurada no país em setembro de 1808, e da extinção da censura prévia, em 1821, a imprensa no Maranhão foi parte de um movimento de alargamento desse dispositivo, que se deu também em outras províncias. O jornal O Conciliador do Maranhão inaugura um ciclo que vai, na sua primeira fase, perdurar até perto do penúltimo quartel do século XIX, com características bastante ligadas à defesa de ideias políticas e ao fazer quase artesanal dos impressos. Era a época dos grandes jornalistas-publicistas, como Odorico Mendes, João Lisboa e Sotero dos Reis [1]. Participando ativamente dos debates que movimentavam os primeiros anos do Brasil independente, jornais como o Argos da Lei, o Censor, Amigo do Homem, Bandurra, Minerva, Farol Maranhense e Echo do Norte – para ficarmos apenas com alguns exemplos – se faziam protagonistas no debate político em torno da construção de um projeto de nação. Em meio à pluralidade de ideias, os periódicos se apresentavam como instrumento para defesa de interesses dos grupos para os quais estavam direta ou indiretamente vinculados. Assim se fazia a imprensa.
Era essa também a fase dos famosos pasquins (JORGE, 1998), jornais altamente virulentos, em geral de vida fugaz, que tinham como ponto forte a detração dos opositores dos fazedores do jornal – fossem eles políticos, autoridades ou jornalistas adversários. Ainda sobre o período em que a imprensa dava os primeiros passos no Brasil pós-independência, acrescenta Dirceu Lopes:
O clima agitado da época provocou o aparecimento dos pasquins, com característica panfletária e linguagem violenta que chegava à calúnia e ao insulto pessoal. Seu conteúdo refletia o ardor das facções em divergência. Liberais e conservadores travavam verdadeira guerra de palavras, utilizando os pasquins que, geralmente, tinham vida efêmera. (LOPES, s/d, p. 3).
Outra característica que esta fase inicial – denominada por Nelson Werneck Sodré (1999) de “fase artesanal”, à qual se seguiria uma “fase industrial” – foi a proliferação de uma considerada imprensa literária. Esse quadro é pintado por Leão:
A imprensa maranhense conheceu ainda, no entanto, um grande número de outros jornalistas e periódicos com intensa atividade [para além do jornalismo político e pasquineiro] não somente na capital da Província, mas também pelas cidades do interior do Maranhão. Foram muitos os jornais e revistas postos em circulação, sobretudo em virtude do significativo crescimento do parque tipográfico instalado principalmente em São Luís. Nesta fase de prosperidade e crescimento do jornalismo maranhense, é possível enfatizar a atuação de alguns importantes periódicos literários, a maioria com uma duração muito breve, mas que foram decisivos para a consolidação do mundo literário da Província, uma vez que ofereceram espaço para a publicação da abundante produção poética que o Maranhão conheceu logo após a criação de um parque tipográfico [2]. (LEÃO, 2013, p. 484, grifo do autor).
Uma segunda fase da imprensa maranhense vai se dar a partir dos anos 1880, quando incorpora outras características. Mais afeitos aos ventos da modernidade (nas técnicas e nas ideias que defendiam), esse período traz jornais com ilustrações e maior periodicidade. É nessa fase que surge o jornal Pacotilha, em 1880, considerado o primeiro jornal diário do Maranhão e também um dos mais longevos, que circulou, com breves interrupções, até 1938, perfazendo 58 anos de trajetória. Pacotilha foi um dos mais importantes periódicos da fase finissecular da imprensa maranhense, responsável mesmo por se consolidar uma transição entre uma grande imprensa e uma imprensa mais artesanal na capital do Maranhão. Nesse mesmo grupo podem ser postos: Diário do Maranhão, O Federalista, O Imparcial, O Combate, A Hora, O Jornal, Diário de São Luís (MARTINS, 2006).
Como se verá no estudo de caso que compõe este dossiê, a Pacotilha alcançou grande importância e abrangência no cenário maranhense. Dos iniciais 1000 exemplares, dobrou, em pouco tempo, sua tiragem para 2000 exemplares. Um número bastante significativo quando se leva em consideração os dados do recenseamento de 1900, que indicavam um total de aproximadamente 40 mil habitantes na cidade de São Luís, representando um alcance de pouco mais de 5% da população ludovicense (SALGADO FILHO, 2019).
Outras inovações marcaram essa “fase industrial” ou de “grande imprensa” maranhense, como por exemplo, a criação, em 1879, do jornal A Flecha, considerado “[…] o primeiro jornal caricatural no Maranhão, utilizado por Aluísio Azevedo para atacar o clero maranhense” (FONSÊCA, 2008, p. 9); a criação da Revista Elegante (1892 a 1905), pioneira no uso de imagens fotográficas, por meio de reproduções na forma de clichês de imagens impressas; o surgimento da Revista do Norte (1901 a 1905), capitaneada por Antonio Lobo e Alfredo Teixeira, que assim se caracterizava:
[…] ricamente ilustrada, teve a sua existência marcada, principalmente, pela forte presença de fotogravuras em suas edições, além de desenhos, gravuras e cartuns, aliados a ilustração com ornamentação e arabescos em flores e folhagens nas barras, molduras e margens em suas páginas. (SILVA; FERREIRA JÚNIOR, 2018, p. 9).
Na aurora do século XX, o jornalismo maranhense apresenta outras características, como uma face mais industrial-empresarial, com a presença forte das notícias, dos profissionais da redação (jornalistas), de tiragens maiores e menor periodicidade. Guardadas as devidas proporções, a nossa imprensa incorporou muitas das características que Marialva Barbosa (2007) identificou na imprensa carioca dessa fase: introdução de entrevistas; reportagens (notadamente sensacionalistas); divisão entre opinião e informação; redução do formato dos jornais; inclusão de grandes ilustrações e fotografias; introdução de novas máquinas gráficas; estrutura industrial; e introdução da fotografia – esta última em 1931 [3].
O século XX vai conviver com um movimento de imprensa, no mundo, no Brasil e no Maranhão, que busca muito fortemente a profissionalização e a transformação do jornal em empresa. Como aponta Barbosa (2018), essa ação vai desembocar, nos anos 1950, num momento-chave da chamada modernização da imprensa no Brasil. Aqui, já se está vivendo a fase das grandes revistas, com tiragens enormes, como O Cruzeiro; dos conglomerados de mídia, como Os Diários Associados, de Assis Chateaubriand, que chegou a possuir, na sua fase mais intensa, 31 jornais, 25 estações de rádio e 9 de TV espalhados pelo Brasil4; e da inovação na estética dos matutinos, como a que ocorreu na reforma do Jornal do Brasil. Cabe ainda acrescentar, em um movimento poucas décadas à frente, o surgimento de uma imprensa alternativa, motivado, em grande medida, pela necessidade de divulgar ideias políticas censuradas pela ditadura militar (BAHIA, 1990).
Em termos de quantitativo de jornais impressos, o Maranhão apresenta uma profusão de periódicos. Conforme Pinheiro (2007), entre os títulos que circularam em todas as regiões do estado, incluindo capital e interior, temos mais de 500, entre 1821 e 2016. Nessa quantificação, está claro que não constam as demais ramificações do que se convencionou denominar de imprensa (caracterizada como meio de informação noticiosa), o que pode ser representado pelos números de emissoras de TV e rádio, revistas e, mais recentemente, sites, blogs e contas de mídia e rede social.
É um pouco da reflexão sobre a longeva e importante história da imprensa maranhense que o Dossiê Imprensa no Maranhão: 200 anos de história apresenta nos artigos que o compõem.
Os artigos versam sobre temas que, juntos, perfazem um panorama histórico, social, comunicacional da imprensa, dentre outros aspectos. No cômputo geral, o dossiê traz abordagens sobre o tratamento que a imprensa deu às vivências musicais em São Luís no século XIX; memórias sobre a tipografia maranhense e o jornal O Conciliador; a trajetória educacional e jornalística de Nascimento de Morais; a realidade da imprensa no interior maranhense; uma abordagem sobre os sujeitos no jornal, no Maranhão do século XIX; uma análise do jornal Publicador Maranhense e sua abordagem sobre a Guerra do Paraguai; a imprensa política no Maranhão oitocentista; o tratamento dado pela imprensa às festas populares negras, no final do século XIX; a imprensa na ditadura civil-militar; um perfil do jornal Pacotilha e uma entrevista com o historiador Joaquim Itapary, além de outros temas.
Espera-se que, de alguma forma, o que aqui está registrado seja útil para refletir sobre o passado, com olhos no presente, e planejar as bases da nossa imprensa para o futuro.
Uma imprensa com protagonismo indelével nos processos de consolidação de um estado democrático.
Referências
ARAUJO, Roni César Andrade de. Das Margens do Ipiranga ao Estreito dos Mosquitos: o Maranhão e a Independência do Brasil nas páginas dos Jornais O Conciliador e O Argos da Lei. 2008. 115 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2008.
BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: história da imprensa brasileira. 4 ed. São Paulo: Ática, 1990. v. 1.
BARBOSA, Marialva. Imprensa, poder e público: os diários do Rio de Janeiro (1880-1920). Intercom, v. 20, n. 2, p. 87-102, jul./dez. 1997.
BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa: Brasil – 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
BARBOSA, Marialva. Uma história da imprensa (e do jornalismo): por entre os caminhos da pesquisa. Intercom – RBCC, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 21-36, maio/ago. 2018.
CASTRO, Sílvio Rogério Rocha de; FAGUNDES, Esnel José. São Luís 400 anos: breve levantamento do jornalismo impresso em São Luís do Maranhão. Cambiassu: edição eletrônica, São Luís, ano 19, n. 10, p. 226-240, jan./jun. 2012.
FONSÊCA, Natália Raposo da; UCHÔA, Valéria Romano; CARVALHO, Bruna Sampaio de; FERREIRA, Guida Mendonça Figueiredo. Aluísio Azevedo e a imprensa maranhense do século XIX. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 31., 2008, Natal. Anais […], Natal, 2008. p. 1-15.
GADINI, Sérgio Luiz, REIS, Thays Assunção. Em busca de uma História do Jornalismo Cultural no Maranhão. In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 10., 2015, Porto Alegre. Anais […], Porto Alegre: Alcar Nacional, 2015. p. 1-15.
GALVES, Marcelo Cheche. “Ao público sincero e imparcial”: imprensa e independência na província do Maranhão (1821-1826). São Luís: Café & Lápis; Editora Uema, 2015.
JORGE, Sebastião. A imprensa do Maranhão no século XIX (1821-1900). São Luís: Lithograf, 2008.
JORGE, Sebastião. A linguagem dos pasquins. São Luís: Lithograf, 1998.
LEÃO, Ricardo (Ricardo André Ferreira Martins). Os atenienses e a invenção do cânone nacional. São Luís: Instituto Geia, 2013.
LOPES, Dirceu Fernandes. Resgate histórico do jornalismo brasileiro – parte 1: dos primórdios até a Proclamação da República. Memória da Imprensa, s/d. Disponível em: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/memoria_imprensa/pdf/colaboracao_memoria_da_imprensa.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
MARTINS, Manoel de Jesus Barros. Operários da saudade: os novos atenienses e a invenção do Maranhão. São Luís: Edufma, 2006.
MARTINS, Ricardo André Ferreira. Breve panorama histórico da imprensa literária no Maranhão oitocentista. Revista Ânimus, v. 18, p. 107-129, jul./dez. 2010.
PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Um mapa da difusão do jornalismo maranhense nos século XIX e XX. In: CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 5., 2007, São Paulo. Anais […], São Paulo: Intercom, 2007. p. 1-18.
PINTO, Pâmela Araújo. Jornal O Imparcial: o embrião do fotojornalismo maranhense. Revista Cambiassu, São Luís: UFMA, v. 17, n. 3, p. 79-93, jan./dez. 2007.
SALGADO FILHO, Natalino. A reorganização do serviço sanitário do Maranhão no início do século XX. São Luís: Edufma, 2019.
SILVA, Amanda da Silva; FERREIRA JÚNIOR, José. A imprensa ilustrada maranhense: a Revista do Norte (1901-1906). In: ENCONTRO NORDESTE DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 5., 2018, Recife. Anais […], Recife: Alcar Regional, 2018. p. 1-14.
SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil. 4. ed. atual. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
Notas
1. Estes três personagens também encarnam o que se convencionou chamar, no Maranhão, de “[…] imprensa literária” (MARTINS, 2010), que se espalhou pela capital e interior do estado (GADINI; ASSUNÇÃO, 2015).
2. Quantitativamente, estima-se que 64 títulos de jornais, no século XIX, no Maranhão, tinham a natureza de literários (GADINI; ASSUNÇÃO, 2015).
3 Cf. Pâmela Pinto (2007).
4. No Maranhão, Chautebriand era proprietário dos jornais: O Globo, Diário do Norte e O Imparcial (CASTRO; FAGUNDES, 2012).
Apresentadores
Marcos Fábio Belo – Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara. Professor do Curso de Jornalismo do CCSST (UFMA/Imperatriz), Imperatriz/Maranhão/Brasil. E-mail: marcosfmatos@gmail.com.
Roni César Andrade de Araújo – Doutor em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas (UFMA/Grajaú), Grajaú/Maranhão/Brasil. E-mail: roni.araujo@ufma.br
Referências desta apresentação
MATOS, Marcos Fábio Belo; ARAÚJO, Roni César Andrade de. Imprensa no Maranhão: Trajetória Bicentenária. Outros Tempos, São Luís, v.18, n.32, p.169-175, 2021. Acessar publicação original.
Décima sexta edição. Esta edição foi publicada em 2023 visando o ajuste de publicações em…
Décima sétima edição. Esta edição foi publicada em 2023 visando o ajuste de publicações em…
Vigésima segunda edição. N.03. 2023 Edição 2023.3 Publicado: 2023-12-19 Artigos Científicos Notas sobre o curso de…
Publicado: 2024-06-19 Artigo original A rota dos nórdicos à USPnotas sobre O comércio varegue e o…
Quem conta a história da UFS, de certa forma, recria a instituição. Seus professores e…
Publicado: 2023-06-30 Edição completa Edição Completa PDF Expediente Expediente 000-006 PDF Editorial História & Ensino 007-009…
This website uses cookies.