O projeto de organização do dossiê Humor Gráfico, Política e História para a Fronteiras: Revista de História, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (PPGH / UFGD), começou a ser gestado a partir de nossa participação (organizadores do dossiê) em uma Banca de Mestrado em Comunicação na Universidade Estadual de Londrina (UEL), realizada no dia 09 de maio de 2017. Na ocasião, a mestranda, Fernanda Targa Messias, orientanda do professor Rozinaldo Antonio Miani, defendeu sua dissertação intitulada A consolidação do agronegócio como política agrária nos governos Lula e Dilma e sua representação por meio das charges de Carlos Latuff1. Estimulados pelos debates em torno das potencialidades do humor gráfico nas pesquisas históricas, fora lançado o desafio de organização deste dossiê. A Fronteiras analisou essa possibilidade e nos confiou o desafio de viabilizarmos a sua organização.
Como foi salientado na chamada pública de proposição de trabalhos para o dossiê2, os estudos e pesquisas sobre o humor gráfico ainda são muito restritos, principalmente, no campo da História. Deste modo, a proposição foi estratégica e visou contribuir com uma área extremamente fecunda para os estudos históricos. Depois de proposta, tem-se a certeza do acerto. A Fronteiras foi surpreendida pela quantidade de artigos submetidos para avaliação, e, além da quantidade, destaca-se a originalidade e qualidade dos trabalhos. A surpresa também gerou dúvidas entre os profissionais editores da revista, pois se tratavam de muitos trabalhos com potencial de serem aprovados3; com isso, a edição do dossiê poderia ficar muito extensa. Após reuniões dos editores da Fronteiras, decidiu-se pela publicação de dois volumes do dossiê Humor Gráfico, Política e História. O primeiro volume (Edição Vol. 20, Nº 35 / 2018.1) compõe esta edição da revista; e o segundo volume (Edição Vol. 20, Nº 36 / 2018.2) está previsto para ser publicado no mês de dezembro de 2018.
O campo de estudos dos profissionais que dialogam com a área de História se ampliou significativamente, no sentido de que novos objetos, problemas, abordagens e fontes se constituíram em desafios a serem enfrentados. Um exemplo relevante são os estudos que versam sobre a história “das” e “por meio” das mídias, considerando as diversas nuances e manifestações que compõem o universo midiático. Dos clássicos impressos, às práticas artísticas, e às novas mídias, existe um universo a ser explorado pelos pesquisadores. Todas as manifestações e investimento humano em dar sentido ao mundo (do “eu” e dos “outros”) se transformam em possibilidades e horizontes de pesquisa.
Na História e em outros campos do saber existe muito a ser explorado sobre questões teóricas e metodológicas em relação ao humor gráfico, bem como sobre o potencial da charge, da caricatura, do cartum, da tira cômica, das histórias em quadrinhos e demais expressões do humor gráfico como fontes históricas. O universo da Política se mostra um ambiente extremamente fértil para a utilização das diversas modalidades do humor gráfico como estratégias para a promoção do debate ou mesmo para a explicitação de posições político-ideológicas no interior das conjunturas sócio-históricas.
As diversas formas de humor gráfico são evidências significativas para compreender os caminhos e descaminhos dos grupos em movimento e suas visões de mundo. O dossiê Humor Gráfico, Política e História, em seus dois volumes, se propôs a oferecer espaços de discussões teóricas e metodológicas envolvidas na abordagem da história do humor gráfico em suas múltiplas modalidades, bem como para disseminar as pesquisas históricas que tenham as fontes iconográficas como objetos fundamentais da produção historiográfica.
Neste primeiro volume, ora apresentado, são compartilhados oito excelentes artigos e uma resenha de livro que versam sobre o dossiê. Também, compondo a edição, socializa-se a publicação de dois artigos livres, duas resenhas, e uma entrevista com a professora e pesquisadora Joana Maria Pedro. Entende-se que o propósito da organização do dossiê Humor Gráfico, Política e História, para além da publicação de relevantes trabalhos, soma-se aos esforços de pesquisadores e pesquisadoras que pensam e escrevem sobre a temática em questão, enriquecendo e ampliando as possibilidades de compreender / ler as práticas dos grupos sociais em movimento.
O artigo Carnavalização da política ou politização do carnaval: carnaval carioca por meio das charges (1931-1936), do autor Alberto Gawryszewski, abre o dossiê. Em seu texto Gawryszewski demonstra como a charge, relacionada ao tema do carnaval, pode ser um importante instrumento de compreensão de um momento histórico. O recorte temporal é entre 1930 e 1937 e o recorte espacial é a cidade do Rio de Janeiro. As imagens foram retiradas de duas importantes revistas brasileiras: O Malho e Careta. Em sua trama, o autor analisa uma quantidade significativa de charges, mas lança a perspectiva de que outras possibilidades podem ser exploradas com as imagens. O carnaval foi o grande pano de fundo para os chargistas de O Malho e Careta produzirem suas críticas ao sistema político vigente, ao Estado e à participação popular no período pós-30. O carnaval não estava sempre nas charges, mas as crises econômica, social e política estavam sempre frequentes nas imagens.
Danilo Aparecido Champan Rocha e Sandra de Cássia Araújo Pelegrini são os autores de Cabrião: o debate político no Segundo Reinado por meio das caricaturas de Angelo Agostini. De acordo com os autores, a fundação do Cabrião (1866-1867), segunda revista ilustrada e humorística de São Paulo, editada por Américo de Campos, Antonio Manoel dos Reis e Angelo Agostini, consolidou o potencial da combinação da linguagem “verbovisual” para noticiar os principais acontecimentos citadinos, os debates políticos e os eventos culturais. A caricatura, técnica de deformação do real por meio do ridículo e da derrisão do objeto retratado, abrangeu o acesso das discussões da imprensa a um público não-letrado e permitiu intensificar a difusão de valores e ideias por meio de sua mordacidade cáustica. Assim, o trabalho aborda que o Cabrião criticou seus adversários políticos, principalmente, os conservadores e os jesuítas, considerados como obstáculos para o “progresso civilizatório”. Identificados com o ideário liberal, os redatores do periódico defenderam a descentralização política, o ensino laico, a supressão do poder moderador, entre outras medidas. A oposição de diversos segmentos sociais da província de São Paulo contra a continuidade da circulação do Cabrião provocou uma crise financeira que impediu a continuidade de sua produção.
Em A derrocada política de Jacob Zuma no traço de Zapiro, Renata de Paula dos Santos e Rozinaldo Antonio Miani analisam algumas charges que representam a historiografia recente da África do Sul, a partir do traço de Jonathan Shapiro. O profissional, mais conhecido como Zapiro, se destaca entre os artistas do traço mais influentes do seu país. Os argumentos, verificados a partir da análise do discurso chárgico, apresentam características pessoais e políticas do ex-presidente do país, Jacob Zuma, que renunciou ao cargo em fevereiro de 2018, após pressões de seu próprio partido. Zuma acumula mais de 800 denúncias de corrupção e, em 2006, foi a julgamento, acusado de ter estuprado uma jovem portadora de HIV. O artigo evidencia, por meio das charges, informações essenciais para compreender o complexo processo democrático sul-africano pós-apartheid. Os traços de Zapiro levam a perceber a charge a partir de uma dupla condição: inicialmente, como um produto comunicativo – veiculado periodicamente nas páginas de jornal – em que informações e análises sobre fatos sociais e personalidades do cotidiano são apresentadas; e, posteriormente, como fonte de pesquisa histórica – processo que se efetivou para a construção do texto – a partir da análise do discurso chárgico.
Alexandra do Nascimento Aguiar, em O “Penacho”: os presidentes do Conselho de Estado e a primeira Câmara dos Deputados por eleição direta (1881-1884), analisa a cobertura realizada pela Revista Illustrada, referência entre os periódicos que retratavam a sociedade da segunda metade do oitocentos, com relação aos presidentes do Conselho de Estado durante a primeira Câmara da reforma eleitoral de 1881. Criada por Angelo Agostini, em 1876, a Revista Illustrada se distinguiu dos demais periódicos por associar texto, desenhos e humor na defesa da bandeira abolicionista e ao abordar de forma satírica as personalidades públicas e a vida política na Corte. Nesse sentido, Aguiar destaca que a sátira era utilizada pela revista como forma de exercer pressão política sobre o conselho de Estado, com o objetivo principal de colocar a questão da emancipação em pauta.
O artigo Bia Sabiá em “o pessoal é político”: (re)invenção do político no humor gráfico feminista de Ciça (Nós Mulheres, 1976-1978), da autora Cintia Lima Crescêncio, salienta que uma das principais expressões do feminismo brasileiro na década de 1970 foi a imprensa. Diferentes grupos feministas criaram periódicos que são valiosas fontes para o conhecimento da história do Brasil. Nos jornais, um fenômeno recorrente é o humor gráfico com perspectiva feminista que, a partir das pautas do feminismo, elaborou críticas humoradas às estruturas e instituições responsáveis pela desigualdade entre homens e mulheres. Nós Mulheres, fundado em 1976, foi um dos primeiros jornais a lançar mão do humor gráfico como ferramenta de reflexão. O jornal, defensor de um feminismo autônomo, publicou tirinhas da cartunista Ciça, protagonizadas pela personagem Bia Sabiá, que problematizavam, por meio de temas referentes ao trabalho doméstico, a relação entre privado e público, pessoal e político. Nessa perspectiva, o trabalho reflete sobre a (re)invenção do político – e do humor político – no humor gráfico feminista de Ciça à luz do mote do feminismo “o pessoal é político”. Para a autora, Bia Sabiá, em “o pessoal é político”, (re)inventou o político no humor gráfico publicado no Nós Mulheres e, hoje, obriga-nos a (re)visitar nossas ideias sobre humor.
Humor politizado: o uso das ilustrações satíricas na imprensa paraibana nos anos 70 é o artigo compartilhado por Rosildo Raimundo Brito. O trabalho apresenta registros sobre o uso das ilustrações satírico-humorísticas presentes na imprensa paraibana durante os anos 1970. Assim, trata-se de uma abordagem que busca, dentro da perspectiva histórica, apresentar um panorama acerca do período mais efervescente da produção satírico-humorística da imprensa da Paraíba, enfatizando o trabalho dos principais humoristas gráficos paraibanos em atuação na época. O artigo contribui com os estudos voltados ao humor gráfico enquanto uma das manifestações político-ideológicas mais provocativas e criativas atreladas ao universo jornalístico, em cujo seio os desenhos satíricos ganham contornos sociais, políticos e culturais de grande valor histórico. O artigo também contribui para o campo da História Cultural em que a imagem tem se tornando uma fonte de pesquisa cada vez mais explorada pelos historiadores.
Em Humor e crítica social na arte de Hogarth na Inglaterra setecentista, Laila Luna de León reflete sobre a sátira política na Inglaterra do século XVIII, em particular sobre as obras do pintor e gravador William Hogarth. O artista proveniente das classes médias e contrário à arte acadêmica e elitista produziu uma vasta obra de sátiras, que tinha como objetivo comentar e instigar a reflexão sobre a sociedade moderna dentro de uma proposta ilustrada reformista e pedagógica. Uma de suas principais características era o uso do humor, considerado um gênero vulgar, com elementos clássicos para tecer suas observações sobre o mundo moderno. As imagens produzidas por Hogarth são uma fonte riquíssima sobre as visões de mundo e valores próprios da modernidade, e, portanto, por meio de algumas de suas sátiras políticas selecionadas, analisou suas estratégias de usar o humor para ensinar lições morais e tecer duras críticas aos governantes e às elites da Inglaterra do século XVIII. Hogarth abriu caminho e inspirou outros pintores e gravadores a uma leitura realista e satírica do mundo moderno. A autora defende a ideia de que, mesmo dentro de um discurso moralizante, Hogarth não era um artista reacionário ou conservador puritano, mas um ilustrado dentro de um contexto de mudanças culturais, políticas e sociais que afetavam, especialmente, as classes médias.
Encerrando os artigos do dossiê, a Fronteiras compartilha o texto de Leonardo Brandão, “Asilo” e “o Grande Urso”: a Guerra Fria nas histórias em quadrinhos do Capitão América (1989). A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), fruto dos desdobramentos da Revolução Russa de 1917, foi alvo, ao longo dos anos da Guerra Fria, de uma ampla gama de representações na cultura de massas norte-americana, como filmes, propagandas, reportagens em revistas, HQs etc. Nessa perspectiva, Brandão realiza uma pesquisa com as HQs (Histórias em Quadrinhos), em que o objeto de análise foi uma aventura do Capitão América com o grupo Super Soldados Soviéticos (Soviet Super Soldiers) da Marvel. A aventura analisada se divide nas histórias “Asilo” e “O Grande Urso”, ambas originalmente publicadas no ano de 1989 na HQ de título “Capitão América”. Para tanto, procurou compreender tais aventuras no contexto que engloba os estertores da Guerra Fria, percebendo as representações construídas sobre esse grupo e sobre a URSS, além da relação entre os integrantes dos Super Soldados Soviéticos com o Capitão América. O autor entende que a HQ analisada se caracteriza como um espaço de veiculação do imaginário social do período da Guerra Fria, sendo ela uma produção estética e discursiva que traz elementos importantes do embate ideológico próprio do contexto histórico. Nela, se encontra presentes todo um conjunto de manifestações que dizem respeito ao modo como a URSS vinha se estabelecendo no imaginário e na cultura política produzida e partilhada pela indústria cultural estadunidense. A URSS seria um local contrário às liberdades democráticas e de onde até mesmo seus super-heróis precisavam fugir para não cometerem os “trabalhos sujos” encomendados pelos líderes socialistas.
Nesta edição, a Fronteiras também publica dois artigos livres. O primeiro deles é As relações interétnicas: os terena e os demais atores sociais em Mato Grosso do Sul, de autoria de Noêmia dos Santos Pereira Moura e Rosalvo Ivarra Ortiz. No trabalho, a autora e o autor apresentam relações interétnicas entre os Terena e os atores sociais com os quais estreitaram contatos ao longo do século XX. Na escrita do artigo refletem sobre a necessidade de realizar algumas digressões para situar o leitor acerca das permanências ou rupturas históricas. Dessa forma, realçam, principalmente, as relações entre os indígenas e o Estado brasileiro. O segundo artigo livre é de autoria de Ailton Pereira Morila, intitulado Mitos de fundação de três cidades brasileiras: três santos, dois massacres e um coice de burro. Sua narrativa analisa alguns mitos de fundação de três cidades brasileiras: São Paulo e São Carlos no estado de São Paulo e São Mateus, no estado do Espírito Santo. A análise documental de obras de história escritas por autores locais sem formação específica em história permite vislumbrar estes mitos que estão presentes nas comemorações oficiais e documentos de divulgação das cidades e são muitas vezes reproduzidos pela historiografia regional posterior, perpetuando-os. No trabalho, o autor sublinha que nos mitos se encontram valores e normas que se querem inculcar. Encontram-se também sujeitos “esquecidos” ou “quase esquecidos” que quando muito aparecem em crônicas, apartados da história. Na construção da história das cidades, os mitos se transformam em heróis individuais ou em grupo, simbolizando o que as elites locais pretendem como ideal.
Na seção resenhas, a edição traz duas contribuições relevantes. A primeira delas é relacionada ao dossiê Humor Gráfico, Política e História. Trata-se da resenha do livro Os dois lados da Guerra Civil: análise histórica e filosófica do maior conflito entre super-heróis, publicada em 2016, dos autores Adriano Marangoni, Bruno Andreotti, Iberê Moreno e Maurício Zanolini, e resenhada por Lucas Suzigan Nachtigall. A segunda resenha é do livro Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil, publicada em 2015, do autor Flávio dos Santos Gomes, e resenhada por Wesley Santos de Matos e Bendito Gonçalves Eugenio.
Encerrando esta edição da Fronteiras, publica-se ainda a entrevista realizada com a pesquisadora Joana Maria Pedro, professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidenta da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil – biênio 2018- 2019). A entrevista intitulada Entre Histórias, Gênero e Política: fragmentos da trajetória de Joana Maria Pedro foi concedida ao Grupo de Pesquisa Interpretação do Tempo: ensino, memória, narrativa e política (iTemnpo), registrada no dia 03 de novembro de 2017 na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), campus Marabá; foi produzida por Erinaldo Cavalcanti e Geovanni Cabral e filmada e transcrita por João Luiz Damasceno. Joana Maria Pedro é uma referência nos estudos sobre gênero e história das mulheres no Brasil. Na entrevista, recupera lembranças do seu percurso familiar, a escolha da profissão, sua trajetória acadêmica e suas pesquisas.
Desejamos excelentes leituras e que os trabalhos desta edição contribuam com a historiografia brasileira. Aventurem-se, usem e abusem dos textos publicados.
Dourados / MS; Londrina / PR, inverno de 2018.
Notas
1. Ver: MESSIAS, Fernanda Targa. A consolidação do agronegócio como política agrária nos governos Lula e Dilma e sua representação por meio das charges de Carlos Latuff. 100 fls. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Centro de Educação, Comunicação e Artes, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017.
2. A Fronteiras lançou a chamada pública para proposição de trabalhos em sua página no mês de janeiro de 2018. O prazo para inscrição encerrou-se em junho de 2018.
3. Ressalta-se que todos os artigos, resenhas e demais publicações da Fronteiras passam por rigorosa avaliação por pares, a cega, conforme a política de submissão e de avaliação da revista.
Fabiano Coelho
Rozinaldo Antonio Miani
COELHO, Fabiano; MIANI, Rozinaldo Antonio. Apresentação. Fronteiras: Revista de História. Dourados, v. 20, n. 35, Jan. / jun., 2018. Acessar publicação original [DR]
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