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Human Security in a Borderless World | Derek S. Reveron

Human Security in a Borderless World escrito por Dereck S. Reveron e Katheleen A. Mahoney-Norrys, publicado em 2011 pela Westview Press (ainda sem tradução para o português) aborda a questão da segurança sob a ótica da Segurança Humana. O livro discute em seus oito capítulos temas relacionados à (IN) segurança Humana, na visão dos autores, que organizando os títulos em Human Security in a Borderless World, Civic Security, Economic Security, Environmental Security e Health Security, exploram temáticas recorrentes da visão abrangente de segurança humana, incorporando ainda Maritime Security e Cyber Security ao escopo do assunto, finalizando com Protecting and Promoting Human Segurity. No corpo dos capítulos, discussões adicionais em pequenos textos contra-argumentam a idéia central, acrescentam as visões políticas para a temática no contexto do capítulo, e utilizam situações concretas como exemplos do que está sendo debatido nas sessões, “Think Again”, “Contemporary Challenge” e “Policy Spotlight”. Para finalizar os capítulos outras referências de textos são dadas, aprofundando a discussão.

O primeiro capítulo, Human Security in a Borderless World, avalia as mudanças no mundo após a Guerra Fria, ressaltando que a alteração do significado das ameaças, segundo os autores, está relacionada à globalização. Para os mesmos, a abordagem tradicional da segurança não seria a mais adequada atualmente para avaliar, entender e explicar as transformações do mundo em movimento. Neste contexto a segurança humana em seu escopo analítico, apresenta-se como melhor opção.

O capítulo dois aborda questões relacionadas à segurança física e civil do indivíduo, enfatizando o respeito cultural e identitário das sociedades. Na opinião dos autores, governos democráticos fortalecidos por instituições democráticas têm mais capacidades e recursos para proteger seus cidadãos, particularizando nessa análise o respeito às diferenças culturais e identidade dos povos, como meios de entender porque a globalização tanto pode facilitar o surgimento de conflitos, atos terroristas, redes de tráfico de drogas e pessoas, quanto pode através dos direitos humanos, representar resposta da sociedade civil como tentativa de promover um mundo mais justo e equilibrado.

O combate à pobreza e a boa governança pela via da democracia é o melhor meio de alcançar a segurança econômica, segundo os autores. A criação de políticas de longo-prazo no intuito de tornar os países auto-sustentáveis, bem como o combate ao extremismo cultural, narcotráfico, tráfico de pessoas e ao terrorismo, fortalecendo os direitos humanos, apresentam-se na temática do capítulo três, Economic Security, como caminhos em que sociedades vulneráveis podem conseguir no futuro, alcançar segurança humana economicamente sustentável para as suas populações.

O capítulo quatro discute o papel das mudanças climáticas no contexto da segurança humana. A escassez de recursos em decorrência da mudança climática como determinante direto de conflitos entre as sociedades não é um consenso na literatura, embora se concorde que essas mudanças podem piorar situações já instaladas. Para os autores, o ideal de desenvolvimento econômico sustentável só pode ser alcançado através das ações políticas envolvidas neste contexto.

O capítulo cinco faz uma breve explanação sobre a importância do mar como fonte de subsistência alimentar e comercial ressaltando situações que em desequilíbrio, podem gerar insegurança A pesca ilegal e exploratória, o recrudescimento de práticas como a pirataria em áreas estratégicas do mundo, o uso do mar como corredor marítimo para o tráfico de drogas e de pessoas, bem como uma possível disputa por exploração comercial do ártico em virtude do degelo das calotas polares, inferem os autores, podem ser conseqüência desse desequilíbrio. Neste sentido, a cooperação entre os Estados seria o caminho para resolução dos desequilíbrios, bem como a forma de preveni-los.

A pandemia de influenza em 2009 fortaleceu a idéia da inexistência de fronteiras físicas em tais situações. O fortalecimento da saúde pública mundial e a cooperação internacional no campo da saúde podem e devem ser capazes de combater situações crônicas e endêmicas como a malária e a AIDS, ou situações agudas como as pandemias virais, assumindo essa via, papel relevante e decisório para a segurança humana.

A Ciber Security destaca o ciber espaço como um “locus” onde meio físico e virtual se misturam e compartilham informações. Longe ainda de um controle efetivo do mau uso das informações e tecnologia utilizadas no ciber espaço, a cooperação entre países, instituições governamentais e não governamentais, e o apoio da sociedade civil, parece ser ainda hoje, a maneira mais efetiva de promover algum grau de segurança humana.

O capítulo 8, Protecting and Promoting Human Segurity encerra o livro com a idéia de que a comunidade internacional tem da “Responsabilidade de proteger”, quando o Estado não consegue promover a segurança da sua população ou torna-se o perpetrador da violência dentro das suas fronteiras. Governo, sociedade civil, grupos transnacionais e internacionais atuando através de boa governança, fortalecendo a democracia e promovendo o desenvolvimento sustentável são caminhos que permitem o fortalecimento de instituições, podendo os Estados promoverem segurança humana e tornarem-se mais autônomos.

O livro escrito por Derek Reveron e Katheleen A. Mahoney-Norris faz uma abordagem dentro da visão abrangente da segurança humana, incorporando assuntos como a segurança marítima e a segurança do ciber espaço. É um livro que dever ser lido com certo criticismo, para que o dinamismo e a leitura atraente não deixem que o leitor se impressione de forma positiva ou negativa na sua totalidade, pelo viés fortemente americano sobre o significado da segurança humana para o mundo e principalmente para a segurança dos Estados Unidos.


Resenhista

Fabíola Faro Eloy Dunda – Mestranda em Relações Internacionais pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. E-mail: fabioladunda@gmail.com


Referências desta Resenha

REVERON, Derek S.; MAHONEY-NORRIS, Kathleen A. Human Security in a Borderless World. Westview Press, 2011. Resenha de: DUNDA, Fabíola Faro Eloy. Meridiano 47, v.13, n.129, p.35-36, jan./fev. 2012. Acessar publicação original [DR]

Itamar Freitas

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