How to Read Greek Vases | Joan R. Mertens

A atual curadora do departamento de arte grega e romana do Metropolitan Museum of Art de Nova York – Joan R. Mertens – é uma renomada especialista em estudos centrados na utilização e interpretação de objetos provenientes da cultura material greco-romana como documentos históricos. Toda essa trajetória de pesquisa torna-se evidente ao observarmos a longa lista de artigos, livros e coletâneas publicados pela autora debruçando-se sobre tais temáticas, destacando-se Greek Bronzes in the Metropolitan Museum of Art (1985), Greece and Rome (1987), Greek Art from Prehistoric to Classical: A Resource for Educators (2001), Silent Witnesses: Early Cycladic Art of the Third Millennium BC (2002) e Art of the Classical World in The Metropolitan Museum of Art: Greece o Cyprus o Etruria o Rome (2007).

How to Read Greek Vases é o segundo livro de uma série produzida pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York, com o objetivo de levar a conhecimento do grande público obras de arte relacionadas a cada uma das coleções do museu, procurando evidenciar que o apelo estético de tais objetos está aliado ao seu valor intrínseco como portadores de mensagens, sendo de tal forma registros históricos e culturais.1 Para tanto, a série se baseia na dupla premissa de utilizar apenas imagens coloridas (de vários ângulos) dos artefatos apresentados – valorizando o aspecto sensorial – e ao mesmo tempo, a partir da palavra read (ler) – apontando as descrições e análises dos possíveis significados das decorações de tais objetos como elementos de comunicação entre os indivíduos das sociedades em que foram confeccionados.

A partir de tais orientações, Mertens informa ao leitor que a intenção do livro é “proporcionar uma introdução ao olhar sobre os vasos gregos” e, portanto, não está fazendo “nem uma história da pintura de vasos nem uma compilação de obras primas”. Ela informa que concebeu esse trabalho como uma visita comentada à galeria do museu onde os objetos se encontram e, sendo assim, a seleção dos vasos comentados obedeceu, sobretudo, a um caráter pessoal de preferência (p.3).

Dessa forma, o livro foi subdividido em trinta e seis capítulos, sendo um introdutório e os demais correspondendo à exposição, descrição e análise de cada um dos trinta e cinco vasos selecionados por Mertens, seguindo uma linha cronológica das técnicas utilizadas na confecção dos mesmos e a relação das decorações desses objetos com o momento histórico e a região do mundo helênico em que cada um deles foi produzido.

Devemos ressaltar que em vários momentos o livro consegue exceder o objetivo de atingir “apenas” o grande público, uma vez que os vastos conhecimentos sobre a produção da cerâmica helênica e do contexto sócio-histórico de produção e circulação desses artefatos demonstrados pela autora se mostram úteis tanto a leitores iniciantes como àqueles mais experimentados em tais temáticas.

Nesse sentido, o momento que pode ser considerado com de maior destaque é o capítulo introdutório, uma vez que após fazer uma breve introdução acerca do valor social que os vasos de cerâmica, os oleiros e pintores possuíam diante dos demais tipos de artes e artistas da Hélade, Mertens apresenta uma revisão dos estudos contemporâneos que tiveram início a partir de achados arqueológicos em tumbas etruscas (na Itália) a partir de meados do século XVIII até o panorama acadêmico atual. A revisão permite que os novos leitores compreendam em poucas páginas a rica trajetória e importância desse campo de estudos tanto para a História como a Arqueologia e fornecem uma série de informações úteis àqueles já engajados em pesquisas na área – o que pode ser exemplificado com o detalhado perfil de Sir John Beazley, autor daquelas que podem ser consideradas as mais importantes compilações catalográficas de vasos gregos no século XX.

Assim, o livro como um todo proporciona uma experiência satisfatória para especialistas e não especialistas pela variedade e qualidade das imagens – atraentes aos olhos dos novos leitores e úteis às análises dos pesquisadores – assim como um texto atraente e de fácil compreensão que nos prende à leitura revelando aos “novatos” um mundo desconhecido – uma história até então oculta – e aos “experientes” uma série de ideias e sugestões a novos olhares.

Nota

1 O primeiro volume da série é How to Read Chinese Paintings, escrito por Maxwell K. Hearn (2008).

Referências

MERTENS, J. R. Greek Bronzes in the Metropolitan Museum of Art. New York: The Metropolitan Museum of Art, 1985.

___. Greece and Rome. New York: The Metropolitan Museum of Art, 1987.

___. Greek Art from Prehistoric to Classical: A Resource for Educators. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2001.

___. Silent Witnesses: Early Cycladic Art of the Third Millennium BC. Alexander S. Onassis Public Benefit Foundation, 2002.

___. Art of the Classical World in The Metropolitan Museum of Art: Greece o Cyprus o Etruria o Rome. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2007.

HEARN, M. K. How to Read Chinese Paintings. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2008.


Resenhista

Edson Moreira Guimarães Neto – Doutorando do Programa de Pós-graduação em História Comparada (PPGHC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Referências desta Resenha

MERTENS, Joan R. How to Read Greek Vases. New York; New Haven; London: The Metropolitan Museum of Art; Yale University Press, 2010. Resenha de: GUIMARÃES NETO, Edson Moreira. Conhecendo a Grécia Antiga através dos vasos. Revista de História Comparada. Rio de Janeiro, v.5, n.2, p.179-181, 2011. Acessar publicação original [DR]

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