How to Lobby at International Meetings é um livro de estratégias, sobre o comportamento apropriado para se tomar frente às organizações e ao próprio governo, para se obter o efeito aspirado sobre assuntos de interesse dos grupos de pressão. Em suma, auxilia organismos no engajamento governamental quanto às negociações, tanto para com o seu próprio país, assim como para com outros países.
Felix Dodds e Michael Strauss certamente são autores mais que apropriados quando se trata dos assuntos de negociações e órgãos internacionais. Ambos ativos em tal área, tendo inclusive atuado em várias conferências mundiais das Nações Unidas, e ainda fundado organizações não governamentais, como no caso de Strauss, a Earth Media, sendo certamente pessoas de experiência mais do que adequada para se tratar do tema.
Antes de começar a tratar do assunto propriamente dito, Dodds e Strauss fazem uma ressalva quanto às Nações Unidas. Mesmo sendo ela um órgão mister para a organização mundial, ela apresenta fragilidades e limitações, devendo estas serem percebidas e levadas em conta por todos aqueles que desejam ser efetivos em suas ações durante as negociações.
A proposta de fazer pressão representa o aprofundamento da democracia e a execução de um diálogo mais efetivo e enriquecedor das perspectivas do processo de globalização mundial, de acordo com os autores. Assim, aqueles que sofrem com as tomadas de posições de órgãos internacionais (stakeholders) são grupos ativamente participantes das negociações, exatamente por serem aqueles que terão maiores conseqüências frente às decisões desses órgãos. How to Lobby, portanto, se dirige a essas pessoas, que, com tal livro, contam com uma série de dicas para interagir com cada tipo de organismo internacional e fazer valer suas opiniões e argumentos. Entretanto, mais do que somente para estes participantes ativos das conferências, é um livro dedicado também para aqueles curiosos sobre o funcionamento do processo das negociações, para um melhor entendimento acerca do assunto.
Como primeira lição, Dodds e Strauss falam da experiência adquirida pela prática diária e da importância da linguagem e do senso de organização, como pontos fundamentais para facilitar o diálogo e entendimento entre governo e organizações, e se obter maior espaço gradativo para mudanças benéficas nas estruturas. Além disso, também prezam a percepção da impossibilidade da previsão certa e exata do futuro. O que é possível é entender um futuro provável de acordo com o sistema atual e desenvolvimento estratégico. Mas para tanto, deve-se ser realista e prático, e olhar o contexto político de maneira objetiva. Além do presente e do futuro, o passado também entra como questão: o estudo de atos passados ajuda a identificar erros e consertá-los na medida do possível, além de evitar equívocos já cometidos.
Principal é deixar sempre claro quais os assuntos e objetivos prioritários, pois negociações são processos complexos e trabalhosos e muitas vezes confusos. Ainda mais, argumente o porquê de suas idéias para se obter aliados; uma ampla coalizão, torna a pressão sobre o governo mais provável de ser aceitável. Contatos também são bem apreciados, ainda mais antecipadamente para sondá-los e saber suas reais posições acerca dos assuntos, entendê-los e tentar persuadi-los.
Saber qual é a posição específica do governo é ponto essencial também, além de identificar os oficiais e os países chaves, suas concordâncias, discordâncias, aspirações e impasses, sendo respeitoso para com todos eles, desenvolvendo um bom relacionamento para se discutir as questões tanto oficiais como não oficiais.
O trabalho de grupos de pressão são trabalhos em grupos como o próprio nome já diz, logo, é fundamental mostrar a visão de toda a equipe não só a sua; antes de tomar suas posições, faça uma análise de todas as propostas e somente as decida com o grupo todo envolvido. A equipe é essencial e deve-se, portanto, adaptar- se ao trabalho em conjunto..
A relação com a mídia é também fundamental. Além de auxiliar na pressão sobre líderes políticos e influenciar a posição do governo durante as negociações, ela constrói um público que poderá dar suporte e cobrar as decisões tomadas. Então, deixar claro a sua posição à imprensa é mais que importante, além de poder discutir as suas decisões e deixar a população a par dos acontecimentos. Dê, pois informações claras a ela, como datas, locais, e explicações.
Os autores também indicam que os melhores discursos são aqueles breves, porém completos durante o encontro, assim como a estrutura dos documentos deve ser clara e objetiva. Não demore muito tempo para agir: o tempo nas negociações é curto.
Além de todas essas, mais dicas sobre negociações são desenvolvidas ao longo do livro. Dodds e Strauss oferecem ainda uma lista de inúmeros grupos de pressão, assim como das principais conferências já realizadas, como a UNCED (UN Conference on Environment and Development) e a Conferência Mundial de Direitos Humanos, entre outras.
É por essas e outras dicas que How to Lobby é considerado um livro fundamental no campo das negociações internacionais. Um verdadeiro manual de como se agir frente aos encontros mundiais, o livro oferece uma enorme contribuição para aqueles que desejam se especializar ou mesmo somente entender como se dá o pro cesso de negociações nas inúmeras conferências de importância global realizadas hodiernamente.
Resenhista
Paula Hitomi Nonaka – Bacharelanda em Relações Internacionais da Universidade de Brasília – UnB e editora-assistente de RelNet – Rede Brasileira de Relações Internacionais.
Referências desta Resenha
DODDS, Felix; STRAUSS, Michael. How to lobby at Intergovernmental meetings. London: Earthscan, 2004. Resenha de: NONAKA, Paula Hitomi. Meridiano 47, v.6, n.55, p.13-14, fev.2005. Acessar publicação original [DR]
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