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Historiografia e escrita da História / Fato & Versões / 2016

O presente número da revista Fato &Versões busca apresentar um debate entorno de questões que são relacionadas à história da historiografia e a escrita da história, dando ênfase à historiografia brasileira, mas sem deixar de dialogar com múltiplas temáticas de pesquisas que tem sido uma característica das edições anteriores. A concepção inicial do presente número surgiu a partir de uma das ações desenvolvidas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Historiografia Brasileira que juntamente com o grupo de pesquisa História, Cultura e Sociedade tem contribuído para a consolidação e o fortalecimento da revista no cenário regional e nacional. Tal ação supracitada foi à proposição do simpósio temático: Historiografia e nação: os projetos de Brasil constituídos e constituidores de uma cultura histórica nacional no 9º Seminário Brasileiro de História da Historiografia que ocorreu entre 23 e 25 de maio em Vitoria-ES.

Com este simpósio o grupo objetivava reunir pesquisadores voltados para o tema da constituição do saber histórico, bem como, da sua relação com a cultura histórica nacional no século XIX e primeiras décadas do século XX. No intuito de promover um debate sobre os múltiplos projetos de escrita da história do Brasil, com especial ênfase para as questões teóricas, metodológicas e didáticas que preocuparam os principais nomes da historiografia brasileira deste período. A questão central do Simpósio era refletir sobre o conceito de cultura histórica, pensando-o na sua tripla dimensão: cognitiva, política e estética. Dessa forma, ao refletir sobre os estatutos atribuídos a cultura histórica e ao saber histórico, foi possível reunir um número considerável de pesquisadores preocupados em identificar as continuidades e rupturas no processo de pensar a escrita da história no Brasil.

Dessa forma, o presente número comporta discussões que foram problematizadas nesse encontro, tais como: identidades nacionais, regionais, multiplicidades étnico-raciais, memória, limites e aproximações epistemológicas no processo de constituição das ciências humanas no Brasil, bem como, os múltiplos sentidos atribuídos à pesquisa e a escrita da história. Nesse sentido essa publicação traz a assinatura coletiva de um jovem grupo de pesquisadores vinculados ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Historiografia Brasileira, bem como, de outros pesquisadores que contribuíram com o debate proposto pelo grupo na 9ºSBHH, cuja contribuição foi imprescindível para a realização dessa publicação.

Para a consolidação dessa edição, somou-se a ação deste grupo supracitado, a contribuição de outros pesquisadores vinculados a outros programas de graduação e pós- graduação, que foi fundamental para a constituição desse amplo mosaico de reflexões historiográficas que constituem a presente publicação.

Por se tratar de um conjunto variado de objetos e temáticas, não vou tentar oferecer ao leitor uma concepção previa dos textos que se seguem, pois entendo, que tal esforço ainda que seja valido, no sentido de oferecer um víeis interpretativo para os textos, não é possível de ser feito de forma qualificada dentro dos espaços restritos de uma mera apresentação. Minha ênfase será colocada numa rápida apresentação de alguns conceitos trabalhos pelos autores e na valorização da multiplicidade de instituições (UFMS, UFGD, UFU, PUC-RS, UEG, UNIR, UFSC) e de pesquisadores em níveis diferentes de suas carreiras preocupados com aspectos inerentes a historiografia e a escrita da história, o que evidencia a atualidade dessa temática para a pesquisa histórica contemporânea.

A revista Fato &Versões, através de seu corpo editorial, acredita neste dialogo interinstitucional e na pluralidade de ideias e perspectivas do saber histórico, como sendo um caminho viável para a renovação e circulação do saber acadêmico produzido na área de história. Dessa forma, convido todos os leitores, especialistas da área, ou curiosos sobre o assunto, a navegarem em busca da compreensão da relação entre memória e passado no pensamento bersoniano desenvolvido por Rodrigo Tavares Godói (UNIR) cuja preocupação analítica é pensar a possibilidade da constituição de uma hermenêutica da memória, pensando-a por seus princípios estéticos e retóricos. A se deleitarem nas idiossincrasias e singularidades da relação entre história, cinema e arte presente nos textos das pesquisadoras: Carla Miucci Ferraresi de Barros (UFU), Ana Paula Spini (UFU), Fernanda Reis Varella (UFGD) que problematizam as noções de “feminilidade”, “condição feminina”, “regionalismo”, “identidade nacional” e “nacionalismo republicano” nas produções cinematográficas do cinema hollywoodiano, no cinema de Humberto Mauro dos anos de 1920 e nas representações pictóricas de Lídia Baís.

Nos artigos dos pesquisadores Wilson de Sousa Gomes (UEG), Luiz Carlos Bento (UFMS), Eduardo Rouston Junior (PUC-RS), Mauro Vaz de Camargo Junior. (UFSC), Aruanã Antônio dos Passos (UTFPR), Leandro Hecko (UFMS / CPTL) convido os leitores a percorrerem os caminhos sinuosos da constituição da historiografia brasileira, um campo composto por inúmeras disputas de poder, atravessado por paixões políticas e ideológicas que quase sempre são instrumentalizadas como pressupostos para pensar projetos de Brasil, dando visibilidade a certos aspectos dessa sociedade plural e obstruindo outras formas de alteridades que jazem esquecidas nos diversões rincões e quêtos que são habitados por sujeitos históricos sequiosos de fortalecerem suas representações sociais, mitos e tradições, pois tanto a classe dominante quanto os “esquecidos”, buscam por meio de suas narrativas constituírem um lugar na história, e muito embora, esse não seja o objeto predileto da história da historiografia, ela nos fornece uma belíssima possibilidade de alargar a nossa visão histórica de mundo.

Nos textos de Gislaine Martins Leite (UFMS) e Jessica Rocha (UNESP) os leitores encontrarão uma excelente oportunidade para refletir sobre a resignificação de valores e preconceitos associados à questão racial e ao uso de psicoativos, bem como, para conhecerem a historicidade e a construção social desses preconceitos na sociedade brasileira. Com base no que fora anteriormente exposto, encerro essa breve apresentação, agradecendo em nome do Conselho Editorial da revista Fato &Versões, a contribuição de todos os colaboradores deste número.

Luiz Carlos Bento

Conselho Editorial


BENTO, Luiz Carlos. Apresentação. Fatos e Versões. Campo Grande, v.8, n.15, 2016. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Itamar Freitas

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