A partir dos anos 1990, a história indígena vem se solidificando, sendo escolhida como tema de dissertações e teses dos programas de pós-graduação em nosso país, tendência que também se verifica na América-Latina. Desde então, tem havido publicações de inúmeros trabalhos acadêmicos, completos ou sob a forma de resumos, em anais de eventos científicos, ou ainda como livros, capítulos de livro e artigos em periódicos. Uma das características presentes na maioria dos trabalhos científicos sobre a temática indígena no campo da História é o diálogo interdisciplinar necessário com a Antropologia, a Arqueologia, a Linguística, a Educação, entre outras. Temos deixado de delegar especialmente ao campo da Antropologia a responsabilidade sobre o passado dos diferentes grupos étnicos em nosso país, e nos temos permitido, através de um caminho interdisicplinar, realizar pesquisas históricas diferenciadas sobre o referido tema. Esse diálogo contínuo e o uso de diferentes fontes históricas, assim como de variadas temporalidades, permite-nos negar a tese do historiador oitocentista Francisco Adolfo Varnhagen de que para os índios não haveria história, mas apenas etnografia. O mais importante é que uma das preocupações da historiografia recente sobre história indígena é não construir mais uma imagem do índio genérico, ou apenas de vítima dos primeiros contatos com os não indígenas na América portuguesa, “dizimados” e “assimilados”, ou seja em processo de desaparecimento. Ao contrário, Silvia Porto Alegre assevera que, nos últimos anos, os campos da História e da Antropologia revelaram que cada grupo indígena tinha um caráter étnico de posicionamento frente ao não indígena nas diferentes regiões brasileiras. E, mesmo que negados no plano discursivo, os grupos étnicos continuavam e continuam existindo e estão cada vez mais organizados politicamente, afirmando a sua etnicidade. O recorte da etnicidade entendido como fenômeno político é importante porque revela que as práticas políticas integracionistas criadas desde o Antigo Regime até o Brasil república não conseguiram fazer “desaparecerem” os povos indígenas até os dias atuais.
Diante do exposto, é com grande satisfação que a revista Mosaico dedica este dossiê à história indígena no Brasil, em que foram selecionados textos de autores de vários estados brasileiros que optaram por manter diálogos interdisciplinares, seja na perspectiva teórico-metodológica, seja na perspectiva das fontes documentais. Textos que trazem aportes para mergulharmos nas diferentes formas de relações interétnicas entre povos indígenas e colonizadores, assim como nas agências indígenas, nas questões culturais, religiosas e políticas, enquanto sujeitos históricos que souberam se reinventar nos espaços criados pelos interesses dos não indígenas ao longo da história do Brasil.
Juciene Ricarte Apolinário
APOLINÁRIO, Juciene Ricarte. Editorial. Revista Mosaico. Goiânia, v.4, n.2, jul. / dez., 2011. Acessar publicação original [DR]
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