No distante ano de 1966 Hayden White cutucou a comunidade de historiadores com afiada aziaga de crítico da cultura no seu espetacular ensaio, “O Fardo da História”, onde afirmava a seguinte tese: “avulta em toda parte um ressentimento motivado pelo que parece ser a má fé do historiador em reivindicar os privilégios tanto do artista quanto do cientista, ao mesmo tempo em que recusa submeter-se aos modelos críticos que atualmente vão sendo estabelecidos na arte ou na ciência”. Tratava-se, segundo o autor, de uma “tática fabiana”, análoga a dos operários vitorianos que queriam ardorosamente o socialismo, mas não abriam mão do capitalismo e do imperialismo.
Depois de um silêncio sepulcral em torno dos “ataques de literatice” às consagradas epistemologias historiográficas oitocentistas grandes reações surgiram para defender o campo do historiador. Entre nós, brasileiros e intelectualmente híbridos, tomamos a literatura sem as reverências canônicas e buscamos dessacralizá-la, atirando-a ao rés do chão: como testemunho histórico e como representação. Muitos de nós seguimos o manifesto-apresentação dos organizadores de A História Contada (Capítulos de história social da literatura no Brasil), já então no final da década de 1990 e, portanto, no ocaso do século em que a comunidade viva de historiadores nasceu.
Esse fardo, ainda deveremos carregar por muitas gerações e, por isso mesmo, Saeculum também tenta alfinetá-lo para derrubar alguns grãos epistemológicos em nossa seara. O dossiê, História e Literatura, como um dos últimos da primeira década do século novo, apresenta uma variedade de concepções e postulações que firma o pluralismo acadêmico da revista em definitivo.
São treze artigos de autores das várias universidades brasileiras e do exterior que discutem as relações, nem sempre amistosas, entre história e literatura. Mais uma resenha é apresentada sobre livro recente em torno da temática da “arte de inventar o passado”. Finalmente, brindamos o leitor de Saeculum com entrevista inédita realizada com um dos historiadores brasileiros mais reconhecidos em torno das fontes literárias: Sidney Chalhoub.
História e Literatura: nada de boa leitura! Excelente reflexão!
Os Editores.
Equipe Editorial. Editorial. Sæculum, João Pessoa, n.20, 2009. Acessar publicação original [DR]
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