Está em suas mãos o número 19, de Sæculum, a revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UFPB. Nesse número, apresentamos o dossiê História e Iconografia que, numa das definições mais clássicas, significa “arte de representar por meio da imagem”. E. H. Gombrich se reporta à “representação pictórica” para nomear o seu mais famoso livro no duplo sentido de “arte e ilusão”. Irwing Panofsky foi um inovador no método iconológico que ultrapassa a simples imagem narrada dando um novo “significado às artes visuais”.
Seis artigos compõem o dossiê História e Iconografia, que estão assim estruturados: abrindo o volume, o de Thereza Baumann (Museu Nacional / UFRJ), discute as primeiras imagens européias sobre o Novo Mundo e seus habitantes; em seguida, o de Isis Pimentel de Castro (UFMG), analisa telas de Pedro Américo e Vitor Meireles; na seqüência, o de Maraliz de Castro Vieira Christo (UFJF), versa sobre a tela A Batalha de Campo Grande (1871), de Pedro Américo; logo após, o de Robson Xavier da Costa (UFPB) tem como foco a pintura Naïf, de artistas paraibanos contemporâneos; segue-se o artigo de Emerson Dionísio G. de Oliveira, que aponta para a representação iconográfica do mito bandeirante, na obra de Benedito Calixto; e, por fim, o de María Dolores Fuentes Bajo e María Dolores Pérez Murillo, apresenta a memória filmada da América Latina através de uma significativa filmografia.
Aos especialistas uma questão se colocou na própria estruturação desse dossiê: filmografia está inserida em iconografia? Consideramos que sim, pois, se a fotografia, nas definições dicionarizadas, se inclui no rol das fontes iconográficas e se a película cinematográfica nada mais é do que uma série fotográfica projetada no tempo, criando a impressão de movimento, então não devemos ter dúvida: cinema é iconografia. O nosso dossiê confirma isso e Peter Burke não estava muito distante de nós, ao escolher um subtítulo característico da objetividade inglesa, numa de suas mais recentes obras: “o uso da imagem como evidência histórica”.
Mais quatro artigos que enfocam temas variados, compõem o número 19 de Sæculum. O primeiro, de Adriana Romeiro, relata a “história trágica” da fome na época da mineração nos sertões de Minas Gerais; o segundo, de Carolina Lopez Israel, discute um motim popular na Espanha setecentista; o terceiro, de Iraquitan de Oliveira Caminha, analisa as relações entre humanismo e terror, a partir da obra homônima de Merleau-Ponty; e o quarto, de Fernando Magalhães, questiona o “bom terror” em nosso tempo presente.
Ainda compõe o dossiê a resenha de Carla Mary S. Oliveira, O cotidiano oitocentista pelos olhos de Debret, sobre a obra de Julio Bandeira e Pedro Corrêa Lago, Debret e o Brasil: obra completa (1816-1831), recentemente lançada, para a satisfação dos “iconografistas”.
Os Editores.
Equipe Editorial. Editorial. Sæculum, João Pessoa, n.19, 2008. Acessar publicação original
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