História digital e global: novos horizontes para a investigação histórica / Esboços / 2020

Nunca fomos tão úteis

Desde o início deste ano, 2020, agravando-se nas últimas semanas, vivemos uma situação única e inesperada. A emergência do novo coronavírus, primeiro na China e, depois, ao redor do mundo, escancarou que nossa existência é marcada por ritmos que produzem sincronias e dessincronias em escala global, seja pela uniformização das experiências frente ao cotidiano de quarentena, no qual o digital se torna quase o único meio de comunicação e existência, seja por silenciamentos, mortes e apagamentos de agentes sociais menos favorecidos e marginalizados. Ferramentas e aplicativos de home office, opções de entretenimento, boa parte do contato familiar e, mais importante ainda para milhares de historiadores e historiadoras ao redor do mundo que tiveram a sorte de não perder seus empregos devido à suspensão das aulas, o ensino também se tornou online, conjurando o fantasma – simultaneamente receio e possibilidade – do ensino à distância para nosso cotidiano. Essa é uma experiência, em suma, que atravessaremos ao mesmo tempo sozinhos e conectados.

Em matéria recente publicada no El País, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han (2020), sugere a ideia do vírus não como promotor de novidades, mas como uma espécie de catalizador de todas as mudanças que já vinham acontecendo globalmente na dinâmica do capitalismo tardio. A automação acelerada pela inteligência artificial e a “uberização” vinham produzindo alterações profundas no sentido da precarização e, quem sabe, o fim de grande parte dos trabalhos formais. Também podemos falar em transformações profundas na dinâmica política das sociedades gerada pelas novas formas de militância nas e através das redes sociais, que têm nas chamadas fake news, no adensamento do discurso do ódio e na manipulação eleitoral via algorítmica as suas facetas mais visíveis. A perda de legitimidade da democracia e das formas políticas consolidadas no ocidente desde a revolução francesa está também relacionada com o descrédito na ciência e no conhecimento verificável empiricamente. Também podemos falar em mudanças nas formas de sociabilidade, nas relações amorosas, dentre tantas outras esferas.

Estas linhas de força, na visão de Byung-Chul Han (2020), tendem apenas a se agravar durante a quarentena. O exemplo das aulas à distância neste caso é bastante elucidativo. Será mesmo que os professores, as salas e os alunos voltarão à certa “normalidade” após o surto pandêmico? Serão eles, após a pandemia, os mesmos professores, as mesmas salas de aula e os mesmos alunos? Não seria forçado supor que provavelmente menos espaços voltarão a ser físicos; teremos então menos salas de aula reais e mais salas virtuais num eventual retorno. O mesmo se pode dizer das relações sociais e amorosas, do supermercado, do trabalho presencialmente orientado, no geral. Mesmo que haja uma volta a certo estado de “normalidade”, estes hábitos produzidos em simbiose por homens e máquinas algorítmicas deixarão marcas profundas em nossa estrutura psíquica, moldando formas de atenção, desejos, culpas, impulsos, sentimentos e ressentimentos. “O vírus isola e individualiza”, pontua o filósofo sul-coreano, em debate franco com o otimismo de Slavoj Žižek que nutre a esperança de uma revisão profunda no capitalismo, ou até em uma “revolução”, diante da pandemia.

Assim, mesmo concebido num momento em que a realidade pandêmica habitava apenas as distopias mais audazes da ficção científica contemporânea, os temas trazidos à tona por este dossiê procuram dar conta, de forma inovadora, da transformação em curso, atentando particularmente para as interações entre a História Global e as Humanidades Digitais. Lidos no conjunto, os trabalhos trazem reflexões que nos ajudam a compreender melhor o que pode fazer a história frente a essas transformações, de maneira que, com o passar dos meses, desde a chamada para os trabalhos, as submissões, o processo de avaliação por pares e o cuidadoso trabalho editorial, essa empreitada tomou uma relevância ainda maior.

RUMO A UM NOVO INVENTÁRIO DE APRENDIZAGENS E PRÁTICAS

A reverberação da virada digital e da aceleração das transformações, na sociedade e no mundo da pesquisa, perpassa vários textos neste volume da Esboços. Esses desdobramentos e suas consequências para o ofício do historiador são justamente o tema abordado pelo artigo de Alexandre Fortes e Leandro Guimaraes Marques Alvim (2020). Os autores apresentam uma série de elementos que, com o desenvolvimento tecnológico, interferem no modo fazemos história. Fortes e Alvim dão destaque para a popularização de metodologias advindas do campo da Inteligência Artificial e as possibilidades que trazem para a oficina da história, desafiada pela profusão de dados digitais. O texto se estrutura com argumentos de longa tradição da teoria e a metodologia da história e os problemas relacionados à crítica das fontes. Em diálogo com debates que precedem mesmo o surgimento e a popularização da Internet, como as noções de evidências diretas e indiretas em Marc Bloch ou o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, os autores iluminam a relação entre a “classificação racional de informações”, inerente ao trabalho dos historiadores, e o “processamento de linguagem natural (ou social)” que os cientistas da computação desenvolvem desde meados do século passado. A última seção do texto traz uma apresentação mais detalhada de técnicas como a Identificação de Autoria; a Modelagem de Tópicos e Extração da Informação em projeto de história digital.

A utilização de técnicas como estas, também ditas de “leitura distanciada”, tem se popularizado com o aumento do volume e da velocidade com que os dados digitais chegam ao desktop dos historiadores. Bruno Grigoletti Laitano (2020) versa sobre essa velocidade em um texto de ritmo igualmente ligeiro, com reflexões de profunda relevância para a epistemologia da história. No tom de uma conversa amistosa, Laitano traz reflexões oriundas de suas experiências e leituras em um momento de formação que se dá propriamente neste período de transição da cultura alfabética/ impressa para a cultura digital. O autor coteja suas impressões de jovem historiador ao que intelectuais da “velha guarda”, como Anthony Grafton e Emmanuel Ladurie, vêm considerando sobre o mundo digital, numa perspectiva crítica do digital. A sensação de “assintonia” muitas vezes sentida entre a disciplina e o digital por aquela geração de historiadores é problematizada através do conceito de “atualismo”, que o autor busca em Valdei Lopes de Araujo e Mateus Henrique de Faria Pereira.

A prosa de Laitano segue neste rumo, discutindo as disrupções tecnológicas e as fricções entre o digital e a disciplina histórica com ponderações importantes sobre a presença dos historiadores em iniciativas na Internet e seu significado social em um período em que, para variar, as humanidades estão em crise. O tema é discutido mais a fundo por Miguel Barboza Castro (2020), que vai abordar os usos do passado sensível em projetos que ganham vida no ambiente digital, como o “Brasil Nunca Mais Digital” e o “eva.stories”. Castro evoca as discussões da história pública, resgatando essa ligação íntima entre o digital e o público. O autor reflete sobre a intervenção pública dos historiadores a respeito da memória de eventos traumáticos, como a Ditadura Civil-Militar no Brasil e o Holocausto, pensando o ambiente digital como terreno para reflexão, mas também espaço para um “exercício de empatia”. O texto nos convida a pensar sobre a expressividade da mídia digital na representação do passado, e projetarmos como, no futuro, contaremos as histórias de hoje, tão mediadas por este digital.

Diante da escalada dos negacionismos que vivemos hoje, o texto de Castro é uma janela para respirarmos e pensarmos, juntos e em público, como nós historiadores podemos atuar na era digital para garantir o respeito à memória, a busca pela verdade e a justiça social. Nessa mesma direção, o texto de Vagner Silva Ramos Filho (2020) nos convida a olhar para a memória do cangaço brasileiro. O tema do passado sensível e de como vivemos o boom de memória nesses tempos digitais é ulteriormente explorado por Ramos Filho, em uma balada virtual pela memória do cangaço que se detém, mais demoradamente, sobre um elemento específico: a fotografia. O autor discute papel da fotografia como meio de agenciamento da memória pública e como as imagens do cangaço em arquivos públicos, pessoais e digitais são uma expressão disso. Ao refletir sobre a fotografia no ambiente digital, Ramos Filho aponta para a necessidade de observarmos as especificidades desse meio, chamando atenção para a “diferenciação pouco considerada entre a foto, a foto da foto, ou até a foto da foto digitalizada”.

Sempre tratando da especificidade do ambiente digital, e de apresentar o passado neste cenário, Pedro Toniazzo Terres e Lucas Tubino Piantá (2020) discutem a Wikipédia enquanto um caso exemplar de como o conhecimento vem sendo tratado no século XXI. Os autores dão especial atenção para as histórias digitais que ganham vida em uma das maiores plataformas coletivas globais de todos os tempos. Preocupados com o modo como o conteúdo de história se coloca no ambiente multilinguístico da plataforma, Terres e Piantá analisam uma seleção de artigos em suas versões anglófona e lusófona, fazendo um escrutínio das disputas e interesses que concorrem a uma audiência potencialmente global. A análise toma os verbetes como objetos de estudo da historiografia e expõe as batalhas simbólicas que se estabelecem na construção da enciclopédia.

Outro objeto que nos remete aos públicos globais são os museus digitais, tão comentados como destinos virtuais durante o período de isolamento e lockdown experimentado em todo o mundo em face à pandemia do Covid-19. O texto de Alexandros Teneketzis (2020) vai tratar de como a História da Arte tem explorado os recursos digitais, como as tecnologias semânticas, realidade aumentada computação onipresente em museografia, desde o armazenamento, gerenciamento das obras de arte até a apresentação ao público. O autor constrói um estudo de caso, observando como instituições culturais gregas, mais especificamente, têm feito usos dessas tecnologias. O estudo chama atenção para como o componente digital pode atuar como um condicionador da experiência museográfica, na produção e consumo das exposições, como quando determinados conteúdos são deslocados dos corredores dos museus para outros espaços, como a casa de um visitante, ou uma sala de aula.

Na esteira sugerida por Teneketzis, sobre o potencial do digital para a abordagem da cultura, do patrimônio e da educação, outro texto que nos leva a refletir detidamente sobre o digital e suas interfaces com o ensino é o de Renato Pinheiro da Costa e Leonardo Zenha Cordeiro (2020). Discutindo a formação de professores no contexto amazônico, os autores nos apontam que “nem tudo são flores” nesse campo. É preciso mitigar, desnaturalizar e contextualizar a tecnologia. O texto problematiza vários aspectos da integração das tecnologias digitais à formação de professores e as expectativas em torno do digital. Em que pesem as muitas vantagens do advento digital para a educação, Costa e Cordeiro pontuam desigualdades históricas em termos de desenvolvimento e integração na Amazônia (mas não só) que permanecem e se apresentam como entraves para o acesso universal e de qualidade a equipamentos, conexão à rede, mas também, formação. Além desta debilidade em termos de infraestrutura, outra questão que se coloca, igualmente dependente de investimentos e políticas públicas, é justamente a carência de ofertas de formação.

Por fim, o tema dessa dicotomia do acesso e da suposta democratização que a Internet supõe, é também explorado, por outro viés, no texto de Valérie Schafer (2020). A autora discute a contradição entre as reflexões de historiadores da Internet sobre essa tecnologia, considerada aprioristicamente global e capaz de cruzar fronteiras, com abordagens que, por enfocar mais casos de estudos nacionais e locais, contribuem para uma perspectiva histórica mais “glocal” do que global. O paradoxo, segundo Schafer, se dá pela necessidade de identificar as trajetórias diferentes da tecnologia em distintos contextos nacionais, sociais, políticos e econômicos. Para a historiadora, essa tendência pode ser uma resposta para uma história da Internet que por muito tempo foi predominantemente marcada pelo enfoque nos Estados Unidos e que, talvez, pela inclusão de outros contextos possa, finalmente, ganhar novos tons, que permitam historicizar a Internet de uma forma plural, além do Vale do Silício.

No seu conjunto, os textos apresentados aqui trazem alguns temas que os atravessam, demonstrando preocupações e problemas mais amplos na relação entre a historiografia e as tecnologias digitais. O primeiro é o conjunto de habilidades que historiadoras e historiadores têm de aprender para navegar esta nova situação, como demonstrado por Fortes e Alvim (2020). Entretanto, o tema se relaciona a outra questão, explicitada na contribuição Laitano (2020), como vimos acima, qual seja, os impactos do “digital” para a figuração do que é ser historiador na atualidade. Durante muito tempo, estivemos acostumados a pensar na história como um métier, um processo que, apesar de metodologicamente controlado, é subjetivo. As tecnologias digitais trazem outro ritmo de pesquisa e divulgação, mais acelerado, mas também levantam questões que antes não ocupavam os historiadores, como o caráter privado das ferramentas utilizadas e das fontes que servirão para a pesquisa histórica futura. As tecnologias digitais são adições bem-vindas à oficina historiográfica, mas não deixam de desafiar sua própria constituição.

Pode-se acrescentar, também, que o impacto das novas tecnologias ressalta o lugar problemático do “digital” no conjunto da historiografia. Seriam essas novas ferramentas e métodos exclusividades do historiador digital? Ou são habilidades que podem ser facultadas a todos os profissionais da historiografia? Aqui, o que está em jogo não é apenas se a história digital é uma subdisciplina da historiografia ou se toda história, como já foi dito, se tornará história digital, mas qual o lugar da especialização quando o digital é uma condição que ultrapassa a fronteira entre os saberes e os transforma. Além disso, deve-se considerar qual o papel do conhecimento especializado quando se prevê que os historiadores trabalharão em redes colaborativas formadas pelos mais diversos profissionais, como programadores e cientistas da computação, designers e webdesigners, arquivistas e analistas de sistemas, comunicadores e influenciadores digitais, para não mencionar especialistas em políticas públicas e administradores nos setores público e privado.

Junto a isso, os limites do “histórico”, como evidenciado em diversas contribuições nesta edição parecem cada vez mais difíceis de serem contidos na disciplina histórica. Nos casos estudados pelos autores – a difusão do conhecimento histórico na Wikipédia e a circulação online das imagens referentes ao cangaço e à morte de seu mais famoso representante, Lampião –, a memória cultural é necessariamente multiplataforma, ao mesmo tempo que é domínio de outros agentes que não os historiadores de formação. Isso também é perceptível na contribuição de Alexandros Tenektzis (2020), que enfoca especificamente o impacto das mídias digitais para a história da arte.

Outra questão ainda não respondida, mas esboçada no conjunto dos textos, em especial é se podemos considerar que as tecnologias digitais contribuem para a formação de um meio historiográfico global. Essa questão deve considerar ao mesmo tempo a influência das novas tecnologias, as quais facilitam o contato entre pesquisadores em diversos lugares do mundo, e a manutenção ou agravamento das desigualdades de acesso que dificultam essa mesma comunicação. As histórias futuras da internet e as histórias futuras escritas com auxílio da internet, como as diversas abordagens da história digital, necessitarão explicitar os laços mais amplos que o digital como objeto e como método tem com uma história que é cada vez mais global. Ainda que o desenvolvimento da computação e da internet tenham sido feitos em contextos nacionais, seus desdobramentos são ocasião privilegiada para compreender que o global não é, como já argumentou Sebastian Conrad (2016), apenas a soma de histórias locais, mas um encaixe complexo no qual os elementos se influenciam reciprocamente. Esta mirada estrutural para o global tem um de seus pontos de ancoragem no digital, lançando-lhe um olhar sobre o passado – afinal, a digitalização de fontes em arquivos nacionais diversos não é uma das principais facilidades concedidas pela digitalização para os historiadores? –, mas também impondo desafios para o futuro: como garantir que essa vitalidade e aproximação continuem, especialmente no contexto de forte ataque às humanidades e fechamento da internet em plataformas proprietárias, trazendo dúvidas sobre a conservação dos registros que atualmente produzimos com tamanha abundância. Em outras palavras, em que medida o digital nos aproxima efetivamente ou nos hierarquiza num meio acadêmico globalmente competitivo?

HISTORICIZAR IMPORTA

Muitas perguntas permanecem abertas e, a história, enquanto disciplina, talvez seja a que mais tomou para si o desafio de pensar as transformações nas sociedades e, para isso, projeta grande importância no estatuto da evidência, do documento histórico. As mudanças que observamos nos gestos e ferramentas dos sujeitos envolvidos na escrita da história também estão sendo historicizadas e nos ajudarão, pelo menos, a começar a responder as perguntas que se multiplicam nesses tempos incertos. A produção técnica e tecnológica, aliás, sempre teve um papel fundamental nesse sentido gerador de evidências, pois tem uma condição inexorável de marcador temporal, testemunha de uma passagem do que deixou de ser para o que então é. Os historiadores sempre estiveram atentos, portanto, à passagem e transformações das mídias, seja na disseminação do impresso, na prevalência da imagem impressa reinventada na técnica fotográfica, do registro sonoro gravado ou do seu transcurso no espaço por ondas eletromagnéticas.

O desenvolvimento e surgimento de novas tecnologias da memória, porém, não afeta apenas a produção dos registros das atividades humanas. Essas mudanças interferem também, e de forma profunda, no modo como se dá o consumo destes registros, inclusive por nós historiadores. Do mesmo modo, a história que produzimos e sua recepção encontram outras expressões. A história pública, que também interpela a leitura deste dossiê e ganha outras formas no ambiente digital, é um exemplo disso. Continuamos a escrever para os nossos pares, de certo, mas, paulatinamente, os vários públicos e formas de representar o passado e disseminar o conhecimento histórico nos convidam a fazer história com essas diferentes recepções, sujeitos e ferramentas em mente. A condição técnica tem, historicamente, um papel central nisso, como deu provas a revolução desencadeada pela prensa de tipos móveis de Johannes Gutenberg. A particularidade do momento que vivemos hoje, porém, é o imediatismo e o potencial global que a rede mundial dos computadores traz consigo, tornando esta perturbação mais explícita e mais rapidamente compartilhada e debatida na nossa comunidade de práticas.

Os textos aqui reunidos podem ser considerados um snapshot das práticas, das inquietações e dos objetos que emergem dessas transformações e incertezas, numa perspectiva global. Os trabalhos discutidos neste dossiê provam de que a digitalização veio para ficar e condicionam nosso fazer. Num contexto cada vez mais frenético de produção de registros por meio dessas mídias aqui citadas, e de tantas outras, os historiadores e os arquivistas se consolidaram como profissão frente ao ato de escolher o que deve ser guardado e porquê, depois que as coisas perdem o sentido para as quais foram originalmente concebidas. Os vestígios devem ser guardados porque contam histórias.

Essas questões se tornam mais relevantes durante a atual pandemia, quando percebemos em nossa vivência diária o impacto de um mundo em transformação, ao mesmo tempo, como já dito aqui, mais global e mais digital. Embora seja ainda incerto que memória será construída do atual momento, assim como as histórias que serão escritas sobre ele, resta a certeza que, quando voltamos às ruas, aos arquivos e às salas de aula, as contribuições publicadas aqui e as reflexões propostas sobre o atual estado da prática historiográfica feito por seus autores serão parte do repertório que os historiadores terão para construir sua prática futura.

No meio de uma sensível crise das humanidades, parece haver uma demasiada hesitação dos seus próprios sujeitos para afirmar que ainda somos úteis ao mundo. Talvez a resposta mais contundente nos apareça ao olharmos para frente, e não para trás, já que a história segue sendo a ciência do tempo, do mundo em transformação. Olhando por esse ângulo, à luz dos textos aqui apresentados e do esforço dos organizadores e comissão editorial, podemos afirmar: nunca fomos tão úteis.

Referências

CASTRO, Miguel Barboza. Usos do passado sensível no ambiente digital: o “Brasil: Nunca Mais Digital” e o projeto “eva.stories”. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 249-263, maio/ago. 2020.

CONRAD, Sebastian. What Is Global History? Princeton: Princeton University Press, 2016.

CORDEIRO, Leonardo Zenha; COSTA, Renato Pinheiro da. Problematizações das tecnologias digitais na formação de professor de história no contexto amazônico. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 228-248, maio/ago. 2020.

FORTES, Alexandre; ALVIM, Leandro Guimarães Marques. Evidências, códigos e classificações: o ofício do historiador e o mundo digital. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 44, p. 207-227, maio/ago. 2020.

HAN, Byung-Chul. O coronavírus de hoje e o mundo de amanhã, segundo o filósofo Byung Chul-Han. El País Brasil, 22 de março de 2020. Disponível em: https:// brasil.elpais.com/ideas/2020-03-22/o-coronavirus-de-hoje-e-o-mundo-de-amanhasegundo-o-filosofo-byung-chul-han.html. Acessado em: 29 abr. 2020.

LAITANO, Bruno Grigoletti. (Con)figurações do historiador em um tempo marcado pela disrupção tecnológica. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 170-186, maio/ago. 2020.

RAMOS FILHO, Vagner Silva. Imagens de um passado sensível: formas de memória do cangaço em arquivos públicos, pessoais e digitais. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 306-328, maio/ago. 2020.

SCHAFER, Valérie. Global Technologies, Glocal Approach: A False Paradox. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 286-305, maio/ago. 2020.

TENEKETZIS, Alexandros. Exploring the Emerging Digital Scene in Art History and Museum Practice. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 187-206, maio/ago. 2020.

TERRES, Pedro Toniazzo; PIANTÁ Lucas Tubino. Wikipédia: públicos globais, histórias digitais. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 264-285, maio/ago. 2020.

Anita Lucchesi – Mestre. Doutoranda, University of Luxembourg, Luxembourg Centre for Contemporary and Digital History, Esch-sur-alzette, Luxembourg. Organizadora do dossiê História digital e global: novos horizontes para a investigação histórica https://orcid.org/0000-0002-8523-111X   E-mail: anita.lucchesi@uni.lu

Pedro Telles da Silveira – Doutor. Pesquisador autônomo, Porto Alegre, RS, Brasil. Organizador do dossiê História digital e global: novos horizontes para a investigação histórica  https://orcid.org/0000-0001-7576-5241  E-mail: pedrotellesdasilveira@gmail.com

Thiago Lima Nicodemo – Doutor. Professor adjunto, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, Campinas, SP, Brasil. Organizador do dossiê História digital e global: novos horizontes para a investigação histórica  https://orcid.org/0000-0002-1588-0683  E-mail: tnicodem@unicamp.br

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