A proposta de publicação do Dossiê “História Antiga: passado em conexão com o presente e diversidade nas abordagens” está intrinsecamente relacionada com aspectos que permeiam o estudo da Antiguidade no Brasil e, tem como principais objetivos ressaltar a relevância dos estudos de História Antiga no país e evidenciar as contribuições promovidas por essas pesquisas nas pautas e questões da contemporaneidade.
Em tempos de intensos debates e indícios de que retrocessos sociais são cada vez mais possíveis – tanto em âmbito nacional, quanto internacional – o Dossiê enfrenta a tarefa de problematizar e desnaturalizar tópicos contemporâneos, a partir de objetos do passado. Tratam-se assim, notadamente, das discussões de gênero, dos direitos homossexuais e do sempre presente debate sobre a relação entre religião e política.
As pesquisas apresentadas no Dossiê estão em consonância com os principais expoentes teóricos de temas relacionados a questões de gênero e sexualidade, assim como destacam a voz de diferentes identidades através de perspectivas como a dos estudos pós-coloniais. Também possibilitam o debate sobre a complexa relação entre religião e política em um momento em que o princípio do Estado Laico tem sido ignorado.
Os artigos do dossiê foram organizados espacial e cronologicamente em quatro partes: I – Oriente / África; II – Grécia; III – Roma; IV – Usos do Passado. Dessa forma, os artigos integrantes desse dossiê congregam diversidades temáticas e de abordagem, contemplando assim, a força simbólica dos estudos desenvolvidos por autores de diferentes instituições universitárias do país.
Na parte I – Oriente / África, o foco está nos debates historiográficos relacionados aos estudos sobre a África Antiga. O artigo Miradas afrocêntricas em torno da africanização do Egito Antigo: entre racialização e identidades, de Raisa Barbosa Wentelemn Sagredo apresenta uma importante discussão da historiografia relacionada à África Antiga que considera corrente do afrocentrismo e os debate sobre as perspectivas de identidades e racialização. Em Antiguidade, afrocentrismo e crítica: invenção e mito na História Antiga, Gustavo de Andrade Durão evidencia o debate sobre a influência dos conceitos afrocentrismo e eurocentrismo nas análises da História Antiga.
A Parte II – Grécia é composta por artigos que atentam para aspectos como a etnicidade, sexualidade e política e, evidenciam diferentes formas de abordagens. No artigo A democracia ateniense e o ideal de liberdade na obra Os Heráclidas, de Eurípides, de Bruna Moraes da Silva, observa-se através da análise discursiva da tragédia elementos relevantes para a compreensão da sociedade ateniense. Por sua vez, o texto O relacionamento homoerótico na Grécia Antiga: uma prática pedagógica, de Tiago de Souza Monteiro de Andrade, discorre a respeito do homoerotismo e a construção social da sexualidade. Já Relações étnicas na obra de Eurípides (século V a.C.): uma análise de Alceste, Héracles e Andrômaca, de Renata Cardoso de Sousa, estabelece uma interessante análise sobre etnicidade e sua presença nos discursos, dos quais as tragédias faziam parte.
A parte III – Roma, os artigos trazem discussões sobre as perspectivas política, social e da historiografia romana. Adriele Andrade Ceola e Renata Lopes Biazotto Venturini, no artigo A interação entre o passado e o presente na construção da imagem imperial de Galba em Tácito, tratam da perspectiva da narrativa histórica taciteana e sua visão específica da figura imperial de Galba. Em A construção dos comportamentos cívicos: uma análise dos exempla no livro I de ab vrbe condita, Suiany Bueno Silva analisa o papel da historiografia antiga na manutenção da comunidade cívica. No artigo Eleições e boatos: O presente (de Trump) em conexão com o passado (de César), Ana Lucia Santos Coelho e Ygor Klain Belchior destacam, de acordo com a perspectiva dos Usos do Passado, uma discussão muito pertinente para a reflexão do atual cenário político. Nelson de Paiva Bondioli, no artigo Panegírico de Trajano: Da Antiguidade ao Presente, apresenta uma importante discussão sobre o trabalho com as fontes da Antiguidade e analisa a perspectiva das traduções do Latim para língua vernácula, aspecto de extrema importância no estudo da História Antiga.
Na parte IV – Recepção e Usos do Passado, o artigo O campo da História Antiga na Pós-Modernidade: do produtivismo ao consumo hipermidiático, de Rafael Virgilio de Carvalho e Daniela Dias Gomide, problematiza o lugar da cultura clássica na sociedade contemporânea, resultado das mudanças no campo científico.
Finalmente, os textos selecionados demonstram a diversidade de olhares e abordagens dos estudos desenvolvidos no contexto acadêmico atual. Dessa forma, pretendeu-se, com esse dossiê, evidenciar as temáticas sobre a Antiguidade e contribuir para os debates presentes.
Boa Leitura!
Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi – Doutora (UNESP / Assis)
Amanda Giacon Parra – Doutora (UNESP / Assis)
Isadora Buono de Oliveira – Doutoranda (UNESP / Assis)
Organizadoras
ROSSI, Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho; PARRA, Amanda Giacon; OLIVEIRA, Isadora Buono de. Apresentação. Faces da História, Assis, v.4, n.2, jul / dez, 2017. Acessar publicação original [DR]
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