Formas de governabilidade e dominação durante a Antiguidade e a Idade Média | Outras Fronteiras | 2019

A historiografia que emerge, especialmente na França, ainda que não somente no Hexágono, no período que medeia as duas grandes guerra do século passado se realizou uma crítica contundente a uma forma de escrita da história que denominava de événementielle e profundamente identificada com aquilo de François Simand qualificava de ídolo do político.

O sucesso, em particular, da proposta historiográfica formulada por Marc Bloch e Lucien Febvre e que foi continuada e aperfeiçoada por diversos e deferentes historiadores que de uma forma ou outra se vincularam o que ficou conhecida como “Escola dos Annales” lançou a história política num ostracismo senão absoluto, bastante profundo.

A roda da fortuna, somente no último quarto dos novecentos, voltou a girar para favorecer, a partir de novas abordagens e perspectivas, a história política. Nessa mudança assumem importância tanto elementos internos ao campo acadêmico, como o giro linguístico, quanto externo, tais como o maio de 68 ou os processos de descolonização afro-asiático.

Emerge uma história política que se articula em torno de conceitos como cultura política e da renovação da ideia de poder. Nesse sentido a obra coletiva organizada por Rene Remond: Nova História Política é um marco significativo dessa renovação dos estudos históricos no que tange as temáticas ligadas ao político.

É importante ressaltar que essa retomada dos estudos de história política no campo historiográfico além de utilizar novas abordagens e perspectivas conceituais, pelo menos, em seus primórdios privilegiava o tempo presente e a contemporaneidade.

O presente dossier tem por objetivo enfrentar duas questões fucrais no atual debate historiográfico, notadamente no que tange aos estudos acerca do medievo, a saber: de um lado os impactos nas investigações dessa temporalidade dos caminhos abertos pela Nova História política e como também, e principalmente, a possibilidade de incorporação de um arcabouço teórico e conceitual voltado para o tempo presente nas pesquisas acerca do mundo político medieval.

Os textos aqui apresentados buscam responder esses desafios refletindo acerca tanto da problemática da guerra, um fenômeno político por excelência, como também discutindo a temática do Estado, mas especificamente das tensões existentes no processo de centralização do estado medieval português.

Esse número de Outras Fronteiras conta ainda com textos que discutem um amplo leque de questões desde a poesia marginal até a luta das mulheres brasileira pelo direito de voto na primeira metade do século, passando pela relação entre a Universidade e a indústria nacional.

Para finalizar em grande estilo temos a entrevista com o professor de história medieval da Universidade Federal de Sergipe, Bruno Gonçalves Álvaro, que tem realizado suas pesquisas em torno da guerra e da violência no mundo medieval e que nessa oportunidade reflete acerca das questões inerentes ao ofício do historiador.

Leiam, aprendem, deleitem-se.


Organizador

Marcus Silva da Cruz – Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso.


Referências desta apresentação

CRUZ, Marcus Silva da. Apresentação. Outras Fronteiras. Cuiabá, v.6, n.1, p. 1-2, jan./jul. 2019. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.