Estado da arte da arquivologia no Brasil 2/Acervo/2019

Em 2018, o Arquivo Nacional completou 180 anos. É o maior arquivo da América Latina, com mais de sessenta quilômetros de documentos de várias tipologias, que perpassam toda a história brasileira. Em suas bases de dados, é possível consultar quase mil fundos, que contêm desde documentos oficiais até acervos privados.

Em dezembro, a Acervo lançou uma edição comemorativa, organizada por Adriana Hollós, e Eliezer Pires, já apresentados no editorial. Na ocasião, recebemos dezenas de artigos de qualidade, criando o que podemos chamar de “problema bom”, uma vez que nem todos poderiam ser publicados naquele número. A solução foi dividir os textos aprovados, criando um segundo número, com o mesmo tema, que lançamos agora. Cumprimos o planejado e oferecemos mais esse presente aos leitores.

Nesta publicação, os artigos contemplam uma diversidade de temas e metodologias na área de arquivos. Novas leituras sobre assuntos já abordados e alguns estudos inéditos compõem o dossiê. Assim, mais uma vez, o Arquivo Nacional assume o papel que lhe cabe no debate arquivístico e confirma seu compromisso em promover estudos que tragam contribuição ao desenvolvimento da arquivologia no Brasil.

O dossiê se inicia com Henrique Machado Santos e Daniel Flores analisando o modelo de informação do Open Archival Information System. Os autores buscam convergências com a arquivística e tratam questões como a gestão de documentos, a preservação de longo prazo e a linha de custódia ininterrupta, pertinentes para um sistema de arquivo confiável.

Já Fabiana Costa Dias, João Marcus Figueiredo Assis e Júnia Guimarães e Silva apresentam diferentes tipos de conjuntos arquivísticos custodiados e produzidos em instituições museológicas, a partir do estudo de caso do Museu Aeroespacial (Musal). Os autores mostram como a documentação arquivística foi processada, como o museu foi constituído e a relação entre o contexto histórico de sua criação com o acervo guardado.

A gestão e o acesso à informação governamental são os assuntos abordados no artigo de Emília Barroso Cruz, que relaciona esses aspectos ao cumprimento da legislação vigente. O texto é desenvolvido tendo a teoria do agir comunicativo, de Jürgen Habermas, e a teoria dos valores, de Shalom Schwartz, como marcos teóricos.

Em seguida, Laila Guimarães Cardoso, Julia Araujo Donato, Maria Carolina Gonçalves da Silva e Milton Shintaku apresentam um estudo que identifica as políticas de arquivo das universidades federais brasileiras e as atividades de gestão documental relacionadas. A partir da aplicação de questionários, os autores perceberam que, embora a maioria das universidades realize atividades para a gestão documental, poucas possuem uma política definida que norteie tais ações.

Problematizando a formação do arquivista, Renata Lira Furtado, Regina Célia Belluzzo e Marcia Cristina Vitoriano tratam a disciplina competência em informação como relevante para a formação de profissionais da área. Analisam as diretrizes curriculares nacionais da área, o perfil dos formandos e as características do ensino em arquivologia no Brasil.

No penúltimo artigo do dossiê, Allister Teixeira Dias, Daniele Correa Ribeiro, Laurinda Rosa Maciel e Cátia Maria Matias apresentam o arquivo documental oriundo do Hospital Nacional de Alienados, tecendo considerações acerca da origem da instituição e refletindo sobre a natureza e potenciais da documentação para a pesquisa histórica. Ao final, é apresentada uma proposta de base de dados que visa amenizar os obstáculos causados pela dispersão física dos documentos.

Por fim, Tatiana Costa Rosa e Leila Adriana Baptaglin apresentam o estado da arte do patrimônio documental roraimense. Após uma detalhada pesquisa, é apresentado um panorama dos estudos voltados a esta temática e constata-se a escassez de trabalhos teóricos e práticas arquivísticas naquele estado.

Com a publicação deste número, fechamos o conjunto de homenagens ao Arquivo Nacional e complementamos o dossiê especial lançado em 2018. Assim, concluímos com êxito o objetivo de traçar um panorama do estado da arte da arquivologia no Brasil.


Organizador

Thiago Cavaliere Mourelle – Editor científico da revista.


Referências desta apresentação

MOURELLE, Thiago Cavaliere. Apresentação. Acervo. Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, p. 6-7, jan./abr. 2019. Acessar publicação original [DR/JF]

Acessar dossiê

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