Entre a Modernidade e a Contemporaneidade | ArtCultura | 2016
Para nós, a edição n. 33 de ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte se reveste de especial importância. Quando mais não seja, ela assinala a entrada em cena, como componente de nosso rol de colaboradores, de um dos mais notáveis sociólogos portugueses, José Machado Pais. Ele não só passa a integrar o nosso conselho consultivo como, logo de cara, já nos oferece o texto de abertura deste número, “Tessituras do tempo na contemporaneidade”, tema da conferência que proferiu em Uberlândia ao participar, em setembro deste ano, como convidado de honra, do IV Seminário Internacional do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e da XVI Semana de Ciências Sociais promovidos pelo Instituto de Ciências Sociais da UFU.
Investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL), José Machado Pais foi professor visitante de várias universidades europeias e latino-americanas. De seu vasto currículo, pode-se destacar sua atuação como consultor da União Europeia e do Conselho da Europa, tendo sido ainda vice-presidente do Youth Directorate of the Council of Europe. Com presença marcante na área editorial, ele ocupa atualmente a função de diretor da Imprensa de Ciências Sociais da UL. Publicou cerca de 40 livros – mais de 20 de autoria solo –, entre os quais A prostituição e a Lisboa boémia, Artes de amar da burguesia, Culturas juvenis, Consciência histórica e identidade, Sociologia da vida quotidiana e Sexualidade e afetos juvenis, além de um sem-número de artigos em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Por todas essas razões, sem falar de seu fino trato, nós nos sentimos orgulhosos em contar com sua contribuição que sela nossas afinidades transatlânticas.
Esta edição da ArtCultura é aberta pelo minidossiê Entre a Modernidade e a Contemporaneidade. Trata-se de reconhecer que, não é de hoje, assiste-se a uma espiral de reflexões em torno da modernidade, debaixo de cuja pele se agitam mil e uma visões de tantos quantos se propõem a analisá-la. Aqui, ela é pensada seja no campo da Sociologia, da Literatura, da Filosofia e da História, seja no âmbito da produção da música popular brasileira.
A seguir, colocamos na rota da revista um dossiê que dá outras voltas no parafuso ao retomar a temática das relações entre História & Cinema no Brasil pós-1964. Coordenado por Wolney Malafaia – integrante do nosso conselho editorial, doutor em História Política e Bens Culturais pelo CPDoc/FGV, diretor pedagógico e professor de História do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro – seu recorte temporal principia nos anos 1960 e se estende até quase os nossos dias. Foram, no entanto, selecionados apenas alguns momentos desse trajeto de cerca de 50 anos. Privilegiam-se filmes trazidos à superfície da tela como Guerra conjugal, de Joaquim Pedro de Andrade, Bye bye Brasil, de Cacá Diegues (ambos da década de 1970), Imagens do inconsciente – Em busca do espaço cotidiano, de Leon Hirszman (1983-1987), Villa-Lobos, uma vida de paixão, de Zelito Vianna (2000) e, num mergulho que conecta 1966 a 2014, mesclam-se o documentário Maranhão 66, de Glauber Rocha, e o ensaio audiovisual Maranhão 669 – jogos de phoder, de Ramusyo Brasil.
A seção Artigos contempla, como de praxe, temas diversificados. Os três textos aí enfeixados transitam pelas relações de gênero na produção literária, a questão da morte na historiografia e seus vínculos com as formas de poder e, na área das artes visuais, são aproximados Matisse, Playboy e Tom Wesselmann ao se tomar como objeto de análise o corpo feminino. Nas páginas reservadas a Notas de pesquisa, sobressaem as vozes portuguesas que entoam a música brasileira. Na sequência, duas resenhas põem em revista o livro mais recente de José Machado Pais, Enredos sexuais, tradição e mudança: as mães, os zecas e as sedutoras de além-ar, publicado meses atrás, bem como a obra do historiador Henry Rousso, Face au passé: essais sur la mémoire contemporaine, lançada também este ano e que causou sensação (ou seria melhor dizer frisson?) nos meios intelectuais franceses.
Por último, divulgamos, como o fazemos periodicamente, a relação dos 81 pareceristas que, entre julho de 2012 a dezembro de 2016, ajudaramnos a tocar a revista adiante. Dispensável reafirmar que sua colaboração foi e é da maior relevância para que o projeto de qualidade de ArtCultura não esmoreça. A todos, nosso agradecimento. Se não damos a público os nomes desses nossos colaboradores ano a ano é porque entendemos que, asssim, pode-se resguardar com maior confiabilidade o anonimato dos nossos pareceristas.
Organizadores
Adalberto Paranhos – Mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do Instituto de Ciências Sociais e dos Programas de Pós-graduação em História e em Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador do CNPq. Autor, entre outros livros, de O roubo da fala: origens da ideologia do trabalhismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2007. E-mail: akparanhos@uol.com.br
Kátia Rodrigues Paranhos – Professora do Instituto de História da UFU e co-editora da ArtCultura.
(Org d)
Referências desta apresentação
PARANHOS, Adalberto; PARANHOS, Kátia Rodrigues. Apresentação. ArtCultura. Uberlândia, v. 18, n. 33, p.5-6, jul./dez. 2016. Acessar publicação original [DR]