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Educação a Distância, Comunicação e Interculturalidade | Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais | 2016

O presente número dedicado à “Educação a Distância, Comunicação e Interculturalidade”, destaca a importância e atualidade desta temática no mundo globalizado e multi/intercultural contemporâneo, na sociedade da informação, na sociedade em rede, na sociedade digital atual, cujas fronteiras educacionais, culturais, sociais, comunicacionais, transnacionais e do conhecimento, tendem a diminuir em consequência do aumento do uso das tecnologias da informação e da comunicação, da internet, da EaD e da interculturalidade.

Estas realidades sociais, interculturais, tecnológicas e comunicacionais vêm reforçar a diversidade cultural, a interculturalidade e a transnacionalidade das sociedades, das organizações e da formação, promover novos recursos comunicacionais e tecnológicos nos processos de ensino-aprendizagem, incentivar a abertura de novos questionamentos e reflexão crítica sobre processos, práticas e métodos de diferenciação pedagógica na educação e na formação docente, mediados pelos artefactos digitais e pelas relações interculturais, exigindo recursos, políticas públicas, novas competências e formação adequada dos profissionais.

A análise da temática em discussão pretende contribuir para a formação e reflexão de profissionais e estudantes na compreensão das diversidades, complexidades, especificidades, vantagens e dificuldades dos contextos educacionais e comunicacionais digitais e (inter)culturais na atualidade, bem como na compreensão e análise crítica da utilização e impactos da EaD e uso das tecnologias digitais na formação docente e nos processos de ensino-aprendizagem, comunicacionais, psicológicos e interculturais. Esta análise e discussão é realizada através de múltiplos enfoques, contando com os contributos e reflexões de um conjunto diversificado de trabalhos de autoras(es) provenientes de diversas áreas disciplinares e de diferentes contextos educacionais, institucionais e culturais.

O primeiro artigo intitulado “Tecnologias digitais de informação e comunicação, interculturalidade e formação docente”, de Maria Natália Pereira Ramos, vinculada a Universidade Aberta de Portugal, apresenta as contribuições das tecnologias digitais nos processos de ensino-aprendizagem e de formação docente, levando em conta o cenário da “sociedade contemporânea global, multicultural, tecnológica e em rede”, demarcada pela “crescente internacionalização, transnacionalidade, diversidade cultural e interculturalidade.”

Na direção da formação docente, ao nível de especialização, o texto “Trabalho em EAD Sob a percepção de docentes de um curso de especialização da Universidade Tecnológica do Paraná”, dos autores Aline Fornari Dalfovo, Everton Coimbra de Araújo, Shiderlene Vieira de Almeida e Claudete Cargnin reflete sobre o sistema de avaliação em ambiente virtual e aprendizagem, – Plataforma Moodle, assinalando os desafios da formação, levando em consideração as condições dos polos presenciais e da preparação dos estudantes para desenvolver as atividades online.

Embora haja alguma resistência de docentes em relação à educação a distância, ao se debruçar sobre histórias de vida de professores de uma instituição superior, no Ceará, as autoras Maria Aparecida da Silva, Lucineide Alvez Costa e Fabiana Pinto de Almeida Bizarria, no texto “Resistência docente à educação a distância (EaD): análise de trajetórias em busca de novas epistemologias”, evidencia que há em pauta a existência de novas aprendizagens e experiências provocadas pelo envolvimento dos mesmos na EaD, inclusive na formulação de um novo discurso docente e na institucionalização de novos processos de ensino-aprendizagem.

“As percepções de professores de matemática do ensino fundamental frente às tecnologias digitais na escola” foco do texto de Kécia Karine Santos de Oliveira, Anne Alilma Silva Souza Ferrete e Divanizia do Nascimento Souza, amplia sobremaneira a compreensão da implantação dos seus usos em escolas da rede pública de Aracaju. Embora haja problemas relacionados com a navegação na rede, evidenciaram-se resultados positivos na aprendizagem dos alunos.

Outro contributo sobre a aprendizagem virtual é enfatizado no texto “Uso pedagógico do ambiente virtual de aprendizagem Moodle como apoio a aula presencial”, das autoras Simone Andrade Santos, Shirley Ribeiro Viegas, Márcia Jussara Hepp Rehfeldt e Miriam Ines Marchi, no curso de pedagogia de uma instituição de São Luís, no Maranhão, revelando a necessidade de ”habilidades técnico-pedagógicas para a escolha das ferramentas e para adequação destas às situações didáticas”, de modo a potencializar as atividades pedagógicas do referido curso.

E é sobre a potencialidade dos dispositivos móveis que o texto “Aprendizagem móvel e interculturalidade: produção científica em cursos de pós-graduação da Universidade Aberta de Lisboa” de Maria Ligia Rangel Santos e Maria Natália Pereira Ramos evidencia o descompasso dos avanços tecnológicos e o ritmo de incorporação das mesmas nas práticas educativas. São destacadas as contribuições da Universidade Aberta de Lisboa, Portugal no que se refere aos estudos e a pesquisas da aprendizagem móvel em contexto intercultural, com ênfase nos principais objetos, teorias, métodos e resultados alcançados. Trata-se de um estudo da arte no âmbito da aprendizagem móvel nessa instituição vocacionada para EaD.

No cenário dos usos de ferramentas digitais que o texto “ Contribuições do Google Docs para suporte à iniciação científica no contexto do estágio supervisionado em cursos a distância”, Ivanderson Perreira da Silva e Luís Paulo Leopoldo Mercado constata o papel do Google Docs na orientação de trabalhos de pesquisa, na iniciação científica, identificando as potencialidades dessa ferramenta para o desenvolvimento da autonomia intelectual, a aproximação entre os sujeitos envolvidos no processo e a constituição da autoria.

Claudionor de Oliveira Pastana, Márcia Jussara Hepp Rehfeldt e Rogério José Schuc desenvolveram uma investigação sobre as atividades em uma disciplina de Pesquisa e Ensino, no Mestrado em Ensino de Ciências Exatas, do Centro Universitário UNIVATES. O texto “Ensinar e aprender, aprender e ensinar: um olhar sobre uma prática pedagógica” traz as implicações da utilização do recurso tecnológico software Modellus na compreensão de conceitos e na própria formação docente.

Já o estudo intitulado “Avaliação Cooperativa em Materiais Interativos de Ensino a Distância”, dos autores Davi José di Giacomo Koshiyama, Marcos Alberto Andruchak e José Guilherme Santa Rosa, discute sobre a utilização de materiais interativos oferecidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a modalidade educativa a distância. Esses materiais são considerados pelos autores como veículos de condução do currículo, fomentando a iniciativa, o envolvimento, a autonomia e a autoinstrução dos alunos.

Entender a dimensão e complexidade da afetividade em contextos de aprendizagem a distância e presencial é o eixo de análise da autora Maria de Fátima Goulão, no texto “Comunicação e afetividade em ambientes virtuais”. A comunicação nessa direção, estabelecida entre todos os elementos da comunidade educativa é fundamental para a criação de ambientes promotores de laços afetivos entre os envolvidos. Pensar neste contexto é aproximar os sujeitos em ambientes virtuais, valorizando assim a dimensão afetiva e as suas implicações na aprendizagem.

No último texto “Influência da afetividade na superação de dificuldades de aprendizagem em um curso militar a distância” os autores André Tenório, Tatiana Etges Medina e Thaís Tenório, assinalam como essas dificuldades são enfrentadas em um curso, “condicionado à rigidez hierárquica”: através do acompanhamento das postagens em fóruns, nos quais evidenciavam-se a realização de tarefas e o entendimento dos conteúdos trabalhados. A afirmação dos autores é de que “a afetividade colaboraria para reduzir a retenção – para os tutores, por despertar o sentimento de pertencer a um grupo; para os alunos, por motivá-los.” Um ambiente de ensino-aprendizagem acolhedor, particularmente em cursos em EaD, poderá ajudar o aluno a ultrapassar a ausência de contato pessoal inerente a essa modalidade de ensino.

Desejamos uma agradável leitura e discussão, esperando que este número da Revista EDaPECI possa contribuir para aprofundar o conhecimento e a reflexão crítica sobre a diversidade dos processos de ensino-aprendizagem, sobre novos paradigmas educacionais e interculturais, sobre as competências comunicacionais, (inter)culturais e pedagógicas no domínio da EaD e das tecnologias digitais de informação e comunicação nas suas diferentes interfaces, modalidades e contextos de formação, pesquisa e intervenção.

Universidade Aberta, Lisboa, Portugal.


Organizador

Maria Natália Pereira Ramos – Professora Associada da Universidade Aberta e investigadora no Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais – CEMRI. Doutora em Psicologia pela Universidade de Paris V, Sorbonne. Ensina e pesquisa em áreas da psicologia, educação, saúde, comunicação e interculturalidade e suas interfaces com diferentes domínios e problemáticas. E-mail: natalia@uab.pt


Referências desta apresentação

RAMOS, Maria Natália Pereira. Apresentação. Revista EDaPECI – Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais. São Cristóvão, v. 16, n. 1, p. 4-9, jan./abr. 2016. Acessar publicação original [DR]

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Itamar Freitas

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