A Revista Em Tempo de Histórias apresenta em sua 13ª edição um dossiê cujos termos, cultura e poder, foram substancialmente ressignificados na segunda metade do século XX, ampliando o alcance dos usos possíveis e das perspectivas acerca das realidades históricas. A partir disso, pode-se questionar o que é cultura e/ ou poder? Ou, melhor, quais relações não são culturais ou permeadas de poder? A fim de estabelecer um norteador que perpasse artigos tão distintos entre si, é possível compreender a relação entre cultura e poder, nesta edição, enquanto construções humanas marcadas pela dinamicidade e tentativas mútuas de influência, controle e também pelos mecanismos de resistência e subterfúgios culturais.
Conscientes do caráter polissêmico dos termos, não foi objetivo do dossiê adotar noções fixas e definitivas dos mesmos, mas, acima de tudo, apresentar interpretações historicamente constituídas em que as relações entre poder e cultura estivessem imbricadas.
Fazendo uso de fontes como os Códigos de Posturas Municipais da Câmara Municipal de São Luís de 1866 e 1892 e do periódico Jornal Para Todos, João Costa Gouveia Neto destaca em Hábitos costumeiros na São Luís da segunda metade do século XIX, o descompasso entre as posturas municipais e as formas de sociabilidades que homens e mulheres constituíam nas ruas da capital do Maranhão. Também trabalhando com o século XIX, Ana Flavia Magalhães Pinto analisa dois periódicos oitocentistas de “homens de cor” em Democracia Racial em nome do Progresso da Pátria – Jornais Negros na São Paulo do Fim do Século XIX.
Os embates entre a modernidade e a tradição são avaliados em A Modernidade e o Rádio em Ribeirão Preto (1924-19370). Neste artigo, Sonia Jorge investigou a presença do rádio na cidade do interior paulista e as relações entre o projeto de modernização e as mudanças engendradas com o novo veículo de comunicação no cotidiano da população nas décadas de 1920 e 30. Trabalhando com obras literárias, teatrais, crônicas e imprensa humorística, André Rosemberg aborda as representações da polícia no Rio de Janeiro e em São Paulo no artigo Herói, vilão ou mequetrefe: a representação da polícia e do policial no Império e na Primeira República.
A realocação de ideários europeus e norte-americanos para o contexto hispanoamericano é o foco da pesquisa de Carolina da Cunha Rocha que, em Frei Servando Teresa de Mier e o exotismo às avessas – o selvagem ilustrado desbrava as terras do Velho Mundo, utiliza o conjunto documental Memorias para elucidar as contribuições do frei para construção do estado mexicano independente.
No ensejo do cinqüentenário da Revolução Cubana, Rickey L. Marques levanta questões referentes à prisão do poeta Heberto Padilla após a publicação de seu livro Fuera del Juego em O papel dos intelectuais na revolução cubana – o caso Padilla. O autor se envereda pelos caminhos trilhados por artistas e intelectuais cubanos entre 1959 e 1971.
Na seção Artigos são apresentados cinco estudos de temas livres. Uma abordagem de cultura na História Antiga é encontrada no primeiro texto. A partir de estudos arqueológicos realizados em Cartago, José Guilherme da Silva se debruça sobre as representações sociais e identidades étnicas na antiga cidade africana. Em seu trabalho Cartago: arqueologia e representações, o autor propõe duas hipóteses para a destruição daquele espaço pelos romanos.
A expansão colonial pelo Atlântico ganha foco em duas pesquisas. Em fins do século XVII a Jamaica, colônia inglesa, possuía a próspera cidade de Port Royal. Arrebatada por um terremoto em 1692, a urbe colonial foi destruída e, apenas nos últimos anos, vem recebendo maior atenção da historiografia. Luís A. Galante, no texto Port Royal, toma os inventários da época para interpretar o cotidiano e economia da cidade colonial inglesa. De outra forma, a experiência colonial portuguesa é abordada por Victor Hugo Abril, em Os modos de governar de Gomes Freire de Andrada no Rio de Janeiro, ao estudar as relações entre o governador da capitania do Rio de Janeiro, as elites locais e o governo de Lisboa, no período de 1733 à 1743.
Por meio de uma metodologia comparada, o artigo Indigenismo e Indianismo, de Poliene Bicalho, traz uma análise dos movimentos indígenas no Brasil e na Bolívia, enfatizando as particularidades e evoluções de suas relações com o Estado e a sociedade civil.
Fechando a seção, Eduardo Bay apresenta, em Os Mutantes e a Contracultura, alguns aspectos do movimento conhecido como Tropicalismo e sua relação com a contracultura, tomando por enfoque a participação do grupo musical Mutantes.
Para concluir esta edição, apresentamos a resenha de Léa Maria C. Iamashita referente à obra A Corte e o Mundo: uma história do ano em que a família real portuguesa chegou ao Brasil, Andréa Slemian e João Paulo Pimenta, publicado em 2008 pela Editora Alameda.
Boa leitura! Ricardo Marques de Mello Eric de Sales Membros do Conselho Editorial
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