A Revista Brasileira do Caribe alcança sua maturidade com uma alta qualidade nos autores e artigos selecionados. Os artigos têm sido reunidos neste vol. IX, nº 18 na forma de dossiê, também temos incorporado ao sumário a divisão por seções, ficando os artigos agrupados em uma delas. As instruções para o envio dos artigos têm sido colocadas ao final do fascículo assim como os dados dos autores, como constam no sumário. A possibilidade do contato fica garantida porque além do e-mail dos autores está indicada a instituição onde este labora.
Alguns especialistas que vêm participando da revista e dos simpósios internacionais do Caribe foram incorporados ao seu Comitê Editorial para garantir a abrangência geográfica e institucional desta.
Dentre os colaboradores da revista e dos simpósios do Caribe, temos convidado ao conselho editorial dois novos especialistas de currículo expressivo: Stephen Baines, UnB, estuda as problemáticas das fronteiras do Brasil com o Caribe e Maria Antonieta Antonacci, PUC-SP, coordena um grupo de pesquisa sobre a diáspora africana.
O Conselho Consultivo da revista está representado por autores de diversas partes do Caribe, México, Espanha, Escócia (UK), Estados Unidos e Brasil. Temos incorporado também consultores Ad Hoc. O Conselho Editorial tem buscado seu aperfeiçoamento com especialistas que participem ativamente na realização da revista. Por enquanto, temos introduzido a experiência de convidar editores, especialistas em determinada temática, para a organização de dossiês.
Para a divulgação da revista entre nossos pares brasileiros e estrangeiros, um novo site foi criado, com um novo provedor para melhor acesso: www.revistabrasileiradocaribe.org. Todos os números da revista encontram-se digitalizados e disponíveis para consulta neste site. Já temos incluído em inglês, português, espanhol e francês as instruções para publicação dos artigos assim como a missão da revista.
O perfil da Revista Brasileira do Caribe não se corresponde com as visões tradicionais geopolíticas criadas pelos impérios coloniais. Nossa interpretação apóia-se na presença das culturas negras no Caribe e no estudo das relações, interconexões, comparações e perspectivas ocasionados pela Diáspora Africana que afetou o Brasil e outras regiões da América, a Afro-América, a Neo América ou o Caribe.
O presente fascículo da Revista Brasileira do Caribe agrupou os artigos num dossiê sob o título: Conexões Afro-Atlânticas/Caribe Literatura Pós-colonial. A primeira parte do dossiê está integrada por sete artigos que aludem às conexões Afro-Atlânticas entre países, expressões culturais, performances, etc. O primeiro dos artigos dessa primeira parte, “La construcción de una identidad imaginada: El Caribe” de Luis A. Várguez Pasos, aborda a diversidade e a riqueza cultural que fica escurecida sob os estereótipos gerados pela propaganda turística sobre o Caribe. O segundo e terceiro artigos, de Milton Moura, “Notas sobre a presença da música caribenha em Salvador, Bahia” e de Yukio Agerkop, “Fronteiras e movimento cultural entre o Caribe e Salvador: o samba-reggae, o merengue e o reggae”, desde perspectivas diferentes, estudam a penetração da música caribenha em Salvador. O primeiro autor apóia-se na historicidade dessas influências e o segundo, musicólogo, exprime sua divergência das versões dos criadores de Salvador e afirma a presença da música caribenha nas composições musicais da cidade.
Outros três artigos focalizam o estudo do Reggae, dos Rastafaris e de seus símbolos. Leonardo Alvares Vidigal no artigo “A Jamaica é aqui”: relações entre música e território no audiovisual” analisa em um documentário os vínculos de Maranhão com uma Jamaica recriada popularmente, Maristane Sousa Rosa em “Repensar a História: Visual dreadlocks” apresenta a revitalização de símbolos africanos na cultura Rastafari, no entanto, Donna Hope no artigo “Eu venho para ocupar o meu lugar” mostra como os discursos contemporâneos rastafaris na cultura popular jamaicana são veiculados pelos símbolos da masculinidade. Por último “ Direitos de autor e o comércio musical em Jamaica – Proteção para quem?” de Denis Howard fecha esta primeira parte do dossiê com um tema pouco abordado como é o dos direitos autorais e os ocultos interesses, nestes, das potencias coloniais.
A segunda parte do dossiê Caribe Literatura Pós-colonial outorga visibilidade e historicidade ao “outro” mediante a criação de novas relações. No artigo de Renaud Malavialle, “Historia y cuerpo en El siglo de las luces de Alejo Carpentier, o cómo combatir el esencialismo”, tem a originalidade de apresentar com novas luzes o problema dos contatos e relações do branco com o negro. A partir das reações e sensações dos corpos, no conhecido romance, El siglo de las luces, o autor estuda a presença e persistência de estereótipos paralisantes no encontro dos corpos separados pela racialidade. Mas, esse encontro da branca Sofia com o médico negro Ogé, durante a doença do primo daquela, revela também que serão nos corpos onde poderão acontecer os processos da libertação de preconceitos.
Adlai Murdoch em “Trazando Africa en Jamaica: Etnicidade, gênero e identidade pós-colonial” na magnífica interpretação do romance Abeng de Clift aborda as conexões entre história e literatura no paralelismo entre os caminhos seguidos pela protagonista mestiça na busca de sua problemática identidade racial entre África e Europa e o complexo processo identitário jamaicano. O violento processo de auto afirmação também como mulher traça uma ativa apropriação em uma sugestiva rede da interação de influências multiculturais que impactam seu potencial pessoal como agente político. Por outra parte, “Pós-colonialidade e Resistência no romance de Earl Lovelace The Wine of Astonishment e The Dragon Can’t Dance” por Mawuena Logan, oferece uma visão diferente das reducionistas colonialistas. Os sujeitos “outros” caribenhos emergem como protagonistas ficcionais, cujas ações ficam ancoradas na sua própria história. E por último, para fechar a seção de artigos, Françoise Cévaër em “Enfrentando a irracionalidade no romance policial da África e nas Américas” estabelece um paralelo entre o destino histórico dos povos do Sul, brasileiros, caribenhos e africanos utilizando a irracionalidade como conceito que permite a interpretação da literatura policial mediante uma aproximação histórica aos contextos.
Convidamos à leitura.
Olga Cabrera
CABRERA, Olga. Conexões Afro-Atlânticas/Caribe Literatura Pós-colonial. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.9, n.19, p.331-334, jan./jun. 2009. Acessar publicação original . [IF].
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