Comunicação e História: interfaces / Revista Brasileira de História da Mídia / 2013

Se, na Carta aos Leitores da edição passada, havia a aposta dos editores da RBHM de que o dossiê temático da 03 seria bastante fértil, então as próximas páginas desta Revista Brasileira de História da Mídia são a consolidação da expectativa havida. Em um de seus livros (O percurso do olhar), Marialva Barbosa (uma das editoras da RBHM) escreveu que a História, “ao tentar recuperar o passado e trazê-lo para o presente, cria uma espécie de terceiro tempo, entre o tempo cronológico e o tempo vivido – e o calendário funciona como matriz deste terceiro tempo. (…) Instaura-se a data inicial, ponto zero, considerada evento fundador que cruza o instante cosmológico e o presente vivido”.

Pois a RBHM que chega até você por agora opera com este terceiro tempo, ao promover debates coletivos ou reflexões individuais das interfaces entre Comunicação & História. Nove artigos compõem este espaço privilegiado da RBHM 03 – Aline Strelow nos aponta que é possível fazer uma certa história de um tempo que há pouco esteve aqui. Neste número, ela apresenta um panorama sobre a pesquisa em História do Jornalismo no Brasil entre 2000 e 2010. Já Fernanda Lima Lopes, Marcio de Souza Castilho, André Bonsanto Dias, Larissa Reale Cestari, Camila Barros e Rogério Almeida (estes dois últimos, escrevendo a quatro mãos) retrocederam um pouco mais e centraram forças na Ditadura Militar que assolou o País entre 1964 e 1985.

No escopo dos artigos gerais, Adolpho Queiroz faz despertar interesse em seu texto já pelo atraente título – Do tempo dos bondes à Fórmula 1, a evolução da Publicidade entre patas e rodas. Rodrigo Silveira e Paulo Nassar abordam aspectos da Comunicação Organizacional, um segmento em ampla expansão no cenário verde -amarelo. Não fosses estes destaques suficientes para te seduzir, leitor(a), há estudos sobre figuras emblemáticas da Mídia nacional – Edgard Roquette-Pinto é o personagem principal do paper de Rosana Elisa Catelli, enquanto Angelo Agostini está nas linhas de Ricardo Jorge de Lucena Lucas. Por fim, Ricardo Paredes Quintana, desde o Chile, aborda os tempos inaugurais do meio Rádio em seu país, entre 1922 e 1944.

Estes, claro, são somente alguns dos atrativos desta RBHM 03. Nascida de um sonho coletivo e sem nem ter completado dois anos de vida, a Revista Brasileira de História da Mídia está ocupando com segurança um espaço no campo das Ciências da Comunicação no Brasil e na geografia íbero-americana. Cada exemplar é um desafio imenso que somente aqueles que organizam ou já chefiaram revistas científicas sabem a sua dimensão. Com o apoio imensurável de muitos que acreditam na visão de que as Ciências Humanas e as Ciências Sociais Aplicadas são fundamentais para a sociedade contemporânea, a RBHM está se firmando no horizonte, olhando para muitas direções e para todos os tempos. Esta é a sina da RBHM, na melhor concepção que a palavra ‘sina’ pode ter.

Boa leitura!

Carta aos leitores. Revista Brasileira de História da Mídia. Teresina, v.2, n.1, 2013. Acessar publicação original [DR]

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