O livro “Como fazer relatórios de pesquisa investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna”1, de Wagner Rodrigues e Silva e Luiza Helena de Oliveira da Silva, aborda um tema importante para os alunos de licenciaturas, por que, nesses cursos, vários professores pedem relatórios de pesquisa ou de estágio, porém nenhum deles deixa bem claro como eles querem que esses sejam construídos, nem tampouco nos dá modelos para que possamos segui-lo. Esse livro de Wagner e Luiza trazem exemplos bem didáticos e cristalinos para que possamos nos espelhar, facilitando assim nossa vida acadêmica.
Os organizadores desse livro são professores adjuntos da Universidade Federal de Tocantins, no Campus Universitário de Araguaína. Ambos lecionam a Linguística Aplicada na graduação e pós-graduação em Letras. Os dois já publicaram alguns capítulos de livros e artigos em periódicos importantes. As colaboradoras do livro são: Lucia Teixeira, que é professora da Universidade Federal de Tocantins; Elcia Tavares, Geovana Dias Lima e Nadizenilda Sobrinho que são professoras de Educação Básica e fazem ou fizeram parte dos grupos de pesquisas PIBID e CNPq na Universidade Federal de Tocantins, na época da publicação do livro, aos quais os autores também estavam ligados.
Teixeira faz uma avaliação bastante positiva no prefácio do livro Ela ressalta que essa obra tem o intuito de mostrar, de forma clara, que é possível construir um relatório prazeroso de se ler. Para tal, a obra apresenta resultados de três pesquisas científicas. Na criativa apresentação chamada Demandas de Relatório de Pesquisa na Formação do Professor, a autora afirma que o objetivo de apresentar os modelos de relatórios de pesquisas é ajudar o leitor a ficar íntimo dos trabalhos específicos desse gênero, suas características, compreensões e limitações. Esses modelos de relatórios podem ser feitos nos mais distintos campos acadêmicos.
Após apresentação, os três capítulos que compõe a obra são, na verdade, três relatórios de pesquisa. Os autores Silva e Tavares apresentam no primeiro relatório intitulado Práticas de Análise Linguística em Abordagens Didáticas Interdisciplinares, abordando em um primeiro momento que a gramática tradicional tem passado por conflitos e tensões, porque há estudiosos nessa área que estão tentando inovar o ensino gramatical nas escolas. Pesquisadores junto à escola tiveram como objetivos claros investigar as dificuldades encontradas no trabalho interdisciplinar pelos estagiários supervisionados em língua portuguesa, examinar as práticas pedagógicas, colaborar para o ensino da gramática e ajudar o professor a organizar suas aulas na perspectiva de projetos didáticos.
Em seguida os autores mostram de forma relevante que a análise linguística tem sido agraciada cientificamente em suas práticas na Educação Básica escolar, ao começar a estudar o letramento e a interdisciplinaridade. Por fim, os professores citam que a abordagem transdisciplinar está correlacionada com a Linguística Aplicada. A discussão teórica dos professores mostra de forma objetiva os conceitos estudados para orientar e refletir as teorias utilizadas no livro.
O segundo relatório de pesquisa, cujo título é Leituras de Textos Pluricódigos Mediadas por Professores em Formação, de autoria de Silva e Lima, de forma bem didática e inteligente, analisa alguns ensaios de práticas pedagógicas dos estagiários de Língua Portuguesa. Tais práticas utilizam diversos gêneros textuais, textos pluricódigos, assim como também o fazem os docentes atuantes, que precisam de subsídios teóricos que os auxiliem na leitura dos mais diversos tipos de gêneros. Os gêneros são organizados por intermédio do movimento das linguagens verbal (textos de jornais, gráficos, entre outros) e não verbal, música (rap, samba, MPB) e visual (quadrinhos, reportagens, charges). As autoras defendem que os docentes necessitam aprender a relacionar as leituras verbais e não verbais entre si.
A preocupação das autoras nesse trabalho foi “apontar possibilidades de tratamento do texto na escola a partir de pressupostos da semiótica discursiva” (p.50). Nesse contexto, os sentidos são produzidos “de uma construção do sujeito em sua relação sensível e inteligível com o objeto” (p.51).
As professoras definiram a seguir os objetivos da pesquisa, os quais foram refletir teoricamente a respeito da leitura semiótica de textos com estruturas de linguagem verbal e não verbal; observar os estagiários e analisar como esses estudantes procedem seu trabalho com a leitura de textos de múltiplos gêneros. Essa pesquisa teve como embasamento teórico os sistemas semióticos do discurso e seus benefícios para a leitura de textos compostos por diferentes linguagens. Como resultado observou-se que os estagiários, seguindo o PCN (BRASIL, 1999) e estando de acordo com as teorias do Estágio Supervisionado, estão procurando usar novas estratégias ao livro didático, para que com isso possam encontrar outras formas mais eficientes para uma aprendizagem significativa do aluno.
No relatório da terceira e última pesquisa, cujo nome é: Práticas de Escrita em Situações Didáticas produzidas por Professores em Formação, Silva e Rego, de forma objetiva, ressaltam que se interessam por investigar como os acadêmicos do curso de Licenciatura em Letras estão conduzindo seus saberes didáticos sobre a escrita em um contexto interdisciplinar e, finalizando, mostram quais resultados refletem na escrita dos alunos da educação básica.
Os objetivos dessa pesquisa foram, primeiramente, saber como o graduando aprende os diversos saberes da Língua Portuguesa durante suas aulas presenciais em disciplinas de estágio supervisionado; em seguida, identificar e descrever a forma como esses se apropriam de saberes sobre a escrita em cenas de aulas gravadas em vídeos e, por último, fazer uma análise dos dois resultados anteriores, comparando-os. Para tal, foram utilizados os dados obtidos nas observações de aula da Língua Materna: anotações de campo, relatos ponderados dos estagiários da área, atividades didáticas escritas, transcrições das aulas em vídeos e outras atividades propostas pelos professores supervisores. A discussão teórica e análise dos dados pesquisados ficaram em torno dos “Gêneros como elementos mediadores numa didática diferenciada” (p. 86).
Os autores, prudentemente, finalizam o relatório informando que eles não tiveram a pretensão de mostrar conclusões ou soluções fixas para as questões da pesquisa. Porém, desejaram conhecer e entender as inumeráveis dificuldades enfrentadas em sala de aula, para, com isso, colaborar com o professor na superação dos problemas de sua laboriosa tarefa e, ao superá-los, que os docentes possam fortalecer os discentes que, por razões diversas, estão em situações críticas diante da sociedade. Os autores retomam a escrita como eixo da pesquisa e findam com essa paráfrase de Stubs: (2005) “uma competência na língua escrita pode ser claramente uma chave na educação e no sistema social(…) do cidadão que deveria se formar crítico.” (p.2)
Essa obra se destina aos graduandos e pós-graduados, que participam de grupos de pesquisa e necessitam fazer seu relatório no final de cada pesquisa, com o intuito de o publicar em algum periódico científico. Recomendamos a leitura do livro Como Fazer Relatórios de Pesquisa Investigações Sobre Ensino e Formação do Professor de Língua Materna em que os autores trazem, de forma objetiva e didática, modelos práticos e essenciais que auxiliam na construção de relatórios coerentes, coesos, convincentes e agradáveis de se ler.
Nota
1. Esta resenha foi produzida na disciplina Práticas textuais II, do curso de Pedagogia da UFJF, que tem o objetivo de abordar gêneros acadêmicos (2º semestre de 2014).
Referência
SILVA, Wagner Rodrigues e SILVA, L. H. O. Como fazer relatórios de pesquisa: investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna. Campinas: Mercado de Letras, 2010.
Resenhista
Helena Martins de Paiva – Graduada em Pedagogia pela Universidade de Juiz de Fora (2016). E-mail: helenamartins3003@yahoo.com.br
Referências desta resenha
SILVA, Wagner Rodrigues; SILVA, Luiza Helena Oliveira da. Como fazer relatórios de pesquisa: investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna. Campinas: Mercado de Letras, 2010. Resenha de: PAIVA, Helena Martins de. Revista Práticas de Linguagem. Juiz de Fora, v.6 especial, p.135-137, 2016. Acessar publicação original [DR]
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