Cidade expandida: estudos sobre o esporte nos subúrbios cariocas | Victor Andrade de Melo
O livro Cidade expandida: estudos sobre o esporte nos subúrbios cariocas apresenta uma original pesquisa sobre a prática de esportes nos subúrbios do Rio de Janeiro entre o fim do século XIX e meados do século XX. Seu autor, Victor Andrade de Melo, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um experimentadíssimo pesquisador da história dos esportes, com mais de 257 artigos e 80 livros publicados. Quando um pesquisador experiente, com uma carreira consolidada e autor de uma produção acadêmica tão prodigiosa destaca o próprio livro como o “projeto de pesquisa mais feliz, mais engajado, mais significativo” (p. 13), convêm examiná-lo com atenção.
O primeiro capítulo do livro apresenta um arcabouço histórico e teórico de alguns dos principais tópicos que presidirão os seguintes, dedicados, cada um deles, à análise de seis circunstâncias mais específicas, como logo veremos. Em última instância, conforme se apresenta já nesse primeiro capítulo, o propósito mais geral do livro é analisar a história da urbanização do Rio de Janeiro. Todavia, tal empreendimento se realiza a partir de um ponto de vista original, que é aquele oferecido pelo estudo da prática de esportes nos subúrbios da cidade.
Nesse sentido, Melo destaca o modo como o crescimento populacional dos subúrbios esteve historicamente associado a reformas urbanas realizadas nos bairros mais centrais da cidade entre os séculos XIX e XX. Tais reformas acabaram por tornar mais difícil, quando não impossível, a permanência de grupos populares nessas zonas centrais, dado que tendiam a elevar o custo habitacional, além de servirem de ocasião para o emprego de expedientes de intimidação jurídica, agressões discursivas, difusão de estigmas e repressão policial sobre esses grupos. Concomitantemente, novos meios de transporte, a inauguração de indústrias, o desenvolvimento de comércios, a instalação de unidades militares e de projetos habitacionais tornaram as áreas suburbanas paulatinamente mais atrativas e viáveis não apenas para grupos populares, senão também para estratos médios e mesmo para certos setores da elite, o que incentivou a ocupação dessas partes da cidade. O convívio de grupos de diferentes estratos nos subúrbios, que resulta em uma composição social heterogênea, é um aspecto bastante enfatizado por Melo, pois teve consequências sobre o modo de ocupação dessas regiões, assim como sobre o modo como se estruturaram suas experiências esportivas, no que interessa mais diretamente ao autor e sua obra.
Conforme Melo menciona, a divisão administrativa do Rio de Janeiro em zonas urbanas e suburbanas ocorreu pela primeira vez no recenseamento de 1890. Desta feita, conforme dados compilados e apresentados no livro, as zonas urbanas concentravam 82% da população, enquanto as zonas suburbanas detinham apenas 18% desse contingente. Entre 1890 e 1920, a população das áreas urbanas cresceu 85%, enquanto a das áreas suburbanas cresceu mais que o triplo, alcançando índices da ordem de 290%. Nesse período, o distrito de Inhaúma, um dos que compunha a área suburbana, já era o mais populoso, além de ter a maior concentração de trabalhadores da indústria da cidade. Em 1940, o número de habitantes das regiões suburbanas ultrapassou pela primeira vez o das regiões urbanas, em dinâmica demográfica que seguiria dali em diante. Nessa época, 53% da população da cidade residia na zona suburbana, em proporção que chegaria a 63% em 1960. Esse é o contexto no qual se desenrolam as dinâmicas históricas relativas aos esportes analisadas por Melo.
O segundo capítulo examina a experiência do Clube de Corrida de Santa Cruz, entre 1912 e 1918. O terceiro capítulo, por seu turno, dedica-se aos esportes praticados em Sepetiba, especialmente os clubes de iatismo fundados naquele bairro nas décadas de 1940 a 1960. Por sua vez, o capítulo quatro analisa as iniciativas do Olaria Atlético Clube para promover o remo na praia de Ramos entre as décadas de 1910 e 1920, enquanto o capítulo cinco é dedicado às agremiações esportivas da Ilha do Governador do início do século XX a meados da década de 1960. No sexto capítulo são investigados clubes de iatismo da Zona da Leopoldina entre as décadas de 1940 e 1960. Por último, o capítulo sete analisa as experiências esportivas de Jacarepaguá ao longo da primeira metade do século XX, especialmente as ações do Jacarepaguá Tênis Clube.
Há vários elementos comuns que perpassam todos esses capítulos, apesar da diversidade de regiões, modalidades e períodos compreendidos, o que já denota a abrangência e unidade analítica da obra. Em primeiro lugar, em todos os casos, os esportes são sempre analisados em um contexto cultural e recreativo mais geral, isto é, como parte de um universo mais amplo de diversões. Assim, o livro cita bares, bailes, festas religiosas, ranchos carnavalescos, sociedades musicais, clubes dramáticos ou dançantes, além, é claro, dos clubes de atletismo, futebol, turfe, remo, iatismo, hipismo, ciclismo, excursionismo e tênis. Uma abordagem desse tipo esteve na agenda dos historiadores dos esportes no início da institucionalização de um campo de pesquisa especializado no assunto. Todavia, com o tempo, essa tradição deu lugar a uma crescente especialização, que fez com que estudiosos dos esportes se afastassem da pesquisa de outras práticas de diversão, cuja fortuna crítica raramente faz referências ao amplo mercado de entretenimento constituído pelos esportes. Cidade expandida, porém, de certo modo retoma parte dessa tradição grandemente perdida, situando os esportes nos marcos de um contexto cultural e recreativo mais amplo. Desse modo, o autor amplia sua capacidade de compreender a história dos esportes, ao mesmo tempo em que aumenta o potencial de uma análise dos esportes jogar luz sobre a história social da cultura, de maneira mais geral.
Outro elemento que atravessa todo o livro é a presença e o protagonismo das elites ou dos estratos médios nos esportes praticados nos subúrbios: industriais, comerciários, intelectuais, militares, profissionais liberais e funcionários públicos. Quase todas as iniciativas esportivas analisadas por Melo tiveram relevante participação de indivíduos de estratos médios ou mesmo das elites dos bairros dos subúrbios considerados por ele, conforme o próprio autor enfatiza. Os diretores do Clube de Corrida de Santa Cruz, por exemplo, analisado no capítulo dois, eram um médico, um coronel da Guarda Nacional, o fundador de uma companhia agrícola, o diretor do matadouro que funcionava no bairro, além de comerciantes da região. O Olaria Atlético Clube, do mesmo modo, analisado no capítulo quatro, foi fundado por comerciantes e funcionários públicos, quer dizer, “por gente de estrato médio”, conforme palavras do autor (p. 122). Ainda no mesmo sentido, o Jequiá Futebol Clube, na Ilha do Governador, analisado no capítulo cinco, tivera entre os seus primeiros presidentes um funcionário do Ministério da Viação e um médico. Algo semelhante se dá em praticamente todas as experiências mencionadas e analisadas pelo livro.
A ênfase de Melo sobre a presença desses indivíduos em ações esportivas nas áreas suburbanas chama atenção para a heterogeneidade da composição social desses bairros, onde residiam, com efeito, diversos estratos socioeconômicos e não apenas grupos populares, como às vezes se supõe. A própria existência nos subúrbios de clubes dedicados ao turfe, à equitação, ao tênis ou a esportes náuticos como o remo e o iatismo, modalidades historicamente associadas às elites, já desestabiliza esses lugares-comuns. Ainda mais revelador desse cenário, conforme exibe Melo, é o fato do Iate Clube de Ramos, fundado em 1941 por pequenos proprietários de comércios e indústrias da região, chegar a ser chamado pela imprensa da cidade de “aristocrático grêmio” (p. 167) e “um dos maiores pontos de reunião da elite leopoldinense” (p. 175). O Jacarepaguá Tênis Clube, no mesmo sentido, fora tratado como o “clube grã-fino dos subúrbios” (p. 193).
O envolvimento desses grupos com a prática ou com a promoção de esportes, segundo argumenta Melo, radicava-se, fundamentalmente, em seus interesses e desejos de reverter estigmas que pesavam sobre as zonas suburbanas, valendo-se dessas ocasiões como oportunidade para a exibição pública de bom gosto, refinamento, sofisticação comportamental e capacidade de mobilização. A adesão aos esportes era mobilizada como recurso para edificar representações alternativas aos estigmas usualmente imputados aos subúrbios: em vez de bairros marcados apenas pela pobreza, precariedade e falta de progresso; lugares adeptos de práticas modernas e civilizadas, que por isso mesmo reivindicavam serem reconhecidos nesses termos. Coerentemente, o modo como dirigentes e torcedores de clubes dos subúrbios eram apresentados e representados pela imprensa da cidade podia ser objeto de preocupação ou celebração. Do mesmo modo, a ênfase sobre o conforto, a modernidade e às vezes até mesmo a elegância e o glamour das instalações das sedes desses clubes também era usual. Tratava-se, enfim, de valer-se dos esportes como uma ferramenta de propaganda positiva dos bairros suburbanos. Um manifesto do Olaria Atlético Clube publicado no jornal A Manhã, em 1927, resumia bem essas ambições ao dizer que a agremiação “não é apenas uma associação esportiva. É também e antes de tudo um perpetuador maravilhoso do bom nome de um bairro inteiro” (p. 135).
Além disso, clubes esportivos serviam também para que os grupos envolvidos ali apresentassem para si mesmos e para os outros, do próprio bairro ou de outras áreas da cidade, hierarquias e marcadores distintivos de status. Nesse sentido, ter a presença de clubes prestigiados em eventos esportivos promovidos nos subúrbios, tanto quanto participar de campeonatos organizados por algumas das instituições esportivas mais ricas da cidade integravam parte das estratégias de inserção e reconhecimento agenciadas pelos integrantes desses clubes suburbanos. O Sepetiba Iate Clube, por exemplo, promoveu provas de natação que obtiveram sucesso nos círculos esportivos da cidade. Já o Olaria Atlético Clube organizou corridas rústicas pelas ruas do subúrbio que também alcançaram grande repercussão. Enquanto isso, o Carioca Iate Clube promoveu prestigiadas competições de iatismo na praia de Ramos. Outros clubes, em estratégia de aproximação dos controladores das esferas de consagração simbólica dos esportes na cidade, filiaram-se e tomaram parte de competições promovidas por federações ou ligas mais prestigiadas. Finalmente, em outra tática posta em prática com esses mesmos propósitos, o Clube de Corrida de Santa Cruz concedeu títulos honorários a dirigentes do Jockey Club e do Derby Club, as duas instituições do turfe mais conceituadas da época.
Todos esses expedientes, que pareciam claramente visar a uma maior integração e reconhecimento dos clubes suburbanos e seus dirigentes frente aos circuitos esportivos mais consolidados e prestigiados da cidade, ao mesmo tempo reforçavam as suas reputações e posições de liderança diante da população local. Assim, além de um marcador de diferença frente a estratos sociais mais populares dos próprios subúrbios, a participação em um clube esportivo nessas regiões representava também a possibilidade de reivindicar igualdade ou equivalência com relação às elites das áreas mais ricas da cidade.
Além dessas ambições simbólicas motivadas por prestígio e busca por reconhecimento, havia também interesses econômicos em jogo por trás de vários clubes esportivos criados nos subúrbios. O Clube de Corrida Santa Cruz e o Jockey Club Guanabara, na Ilha do Governador, analisados nos capítulos dois e cinco, respectivamente, eram em si mesmos empreendimentos empresariais que visavam ao lucro. De maneira talvez menos óbvia, houve também ações como as do coronel Vieira Ferreira, incentivador e apoiador dos esportes no subúrbio da Leopoldina, onde mantinha seus negócios, que incluíam empreendimentos imobiliários ligados à ocupação do litoral da região. Nesse contexto, o apelo aos esportes como recurso para combater estigmas que pesavam sobre os subúrbios naturalmente tinha potencial de beneficiar seus negócios.
Por fim, mais que instâncias de ação econômica, clubes esportivos também operaram como espaços para articulação política. Frequentemente atuaram em favor de benefícios e vantagens para os bairros onde estavam sediados, em assuntos como saneamento, transporte e arruamento de vias. Nesse sentido, dirigentes de alguns desses clubes buscavam deliberadamente contato com vereadores, deputados ou prefeitos, convertendo as agremiações esportivas em verdadeiros espaços de articulação. Em resumo, conforme indicam muito explicitamente os apontamentos de Melo, os clubes esportivos dos subúrbios tiveram significativa relevância social, política, econômica e cultural.
A partir dessa trama, Cidade expandida amplia a compreensão e a visibilidade da história dos subúrbios, em conformidade com as ambições que seu próprio autor anuncia. Faz isso por meio de um estudo que desafia certos estereótipos, abordando, em outro sentido, temas menos conhecidos e até surpreendentes, como as iniciativas no campo da equitação, do tênis, do remo, do turfe ou do iatismo. Conforme as interpretações de Melo, experiências sociais dos subúrbios nunca devem ser consideradas apartadas do que ocorreu na zona urbana. Os subúrbios, conclui o autor, nunca estiveram à margem da vida social da cidade. Além disso, segue o argumento, a vida nos subúrbios também não era totalmente distinta daquela experimentada nas áreas mais ricas da cidade. É por tudo isso que Melo, com boas razões, destaca o próprio livro como resultado de um dos seus projetos de pesquisa mais significativos. O fato do autor ter nascido e vivido parte da vida no subúrbio, como ele mesmo destaca na introdução, apenas intensifica o sentido de propósito dessa investigação.
Como toda obra original e relevante, a leitura de Cidade expandida permite a abertura de novas questões. Em primeiro lugar, embora um estudo de regiões suburbanas sugira uma ambição de destacar o protagonismo dos subalternos, na prática, na maior parte da obra, o que se vê é a ação de elites do subúrbio, isto é, uma pequena burguesia instalada na região, que o próprio autor destaca como tendo desempenhado papel “fundamental para o desenvolvimento dos bairros” (p. 20). As fontes tomadas por Melo para o seu estudo não revelam muito sobre o modo como os verdadeiramente subalternos lidaram com os esportes nos subúrbios, o que certamente teria sido interessantíssimo e que talvez possa ser objeto de futuras investigações (tal como já realizado por outras pesquisas sobre os clubes de dança, por exemplo).
Em segundo lugar, o que Melo chama de “mercado do entretenimento” muitas vezes são iniciativas associativas sem caráter propriamente comercial. Ainda que os clubes esportivos cobrassem anuidades e joias para a filiação, o que era uma regra, ou ainda que promovessem eventos cujos ingressos precisassem ser adquiridos em troca de pagamentos em dinheiro, não se tratava ainda de uma oferta propriamente comercial ou capitalista de serviços de entretenimento. A rigor, clubes eram associações civis, isto é, uma reunião voluntária de indivíduos a fim de promover interesses em comum. A promoção desses interesses quase sempre exige que os sócios da associação compartilhem os encargos de seu financiamento, o que implica trocas mercantis de algum modo. Todavia, em qualquer caso, as motivações para essas iniciativas não estão claramente radicadas na busca do lucro, como é próprio de empreendimentos comerciais com natureza mercadológica. As únicas exceções claras na análise de Melo desse quadro geral são o Clube de Corrida de Santa Cruz e o Jockey Club Guanabara, que apesar dos nomes não eram clubes, mas sim sociedades de acionistas, em arranjo bastante usual para a organização de hipódromos na época. Uma vez que a oferta de atividades promovidas pela maioria dos clubes esportivos dos subúrbios analisados por Melo dava-se fora de circuitos mercantis, ou melhor, inserida em tais circuitos de maneira apenas acessória, enquadrá-los como parte de um mercado do entretenimento parece demasiado forçado.
Essa definição imprecisa ou excessivamente ampla a respeito da noção de mercado do entretenimento, por sua vez, relaciona-se a uma terceira e última questão que pode ser levantada a partir da leitura do livro, que diz respeito às causas históricas fundamentais que explicariam o surgimento e o desenvolvimento de clubes esportivos nos subúrbios. Segundo o argumento de Melo, o crescimento do número de clubes nos subúrbios cariocas, tanto quanto “a estruturação de um mercado de entretenimentos” (p. 142), que o autor por vezes toma como quase sinônimos, teriam sido desdobramentos de processos de crescimento populacional.
Todavia, o crescimento populacional dos subúrbios, ou de algumas das regiões que seriam depois classificadas administrativamente dessa forma, não começara no final do século XIX, período no qual surgem as primeiras iniciativas esportivas nessas áreas da cidade, conforme os próprios achados de Melo deixam saber. Se o crescimento populacional é o que explica o surgimento do número de clubes esportivos na região, porque essas iniciativas não surgiram antes, quando já havia sinais de elevação do número de habitantes em alguns bairros dos subúrbios? É verdade que o ritmo desse crescimento populacional se acelera tremendamente a partir do final do século XIX e, sobretudo, a partir do princípio do século XX. Mesmo assim, o registro de algum crescimento populacional antes desse período de elevada aceleração, mesmo que modesto, sugere que a mera expansão do número de habitantes, por si só, talvez não seja suficiente para explicar o surgimento de clubes esportivos e, menos ainda, a estruturação de mercados de entretenimento. E se acaso o crescimento populacional precisa dar-se acima de determinados patamares para que clubes esportivos possam surgir e florescer, como parece sugerir Melo, quais patamares seriam esses afinal?
Cidade expandida não oferece respostas a essas perguntas. Na verdade, o livro sequer as formula. No entanto, as ricas informações contidas ali, resultado de um extenso esforço de pesquisa empírica, serão peças fundamentais para a continuidade de elaborações acerca de questões como essas, indispensáveis para o progresso das fronteiras do conhecimento sobre a história dos esportes. Tudo isso torna Cidade expandida uma leitura fundamental não apenas para os interessados na história dos esportes, mas também para os interessados na história da urbanização e seus efeitos sobre a cultura.
Resenhista
Cleber Dias – Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. E-mail: cleberdiasufmg@gmail.com
Referências desta Resenha
MELO, Victor Andrade de. Cidade expandida: estudos sobre o esporte nos subúrbios cariocas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2022. Coleção Visão de Campo. Resenha de: DIAS, Cleber. Esportes e desenvolvimento urbano nos subúrbios do Rio de Janeiro. Acervo. Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, p. 1-7, jan./abr. 2023. Acessar publicação original [DR]