Por uma história social dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial
Um dos temas de maior crescimento na historiografia brasileira contemporânea é aquele relativo ao envolvimento do país na Segunda Guerra Mundial. Esse envolvimento assumiu diversas formas, que foram estudadas ao longo de setenta anos de esforços historiográficos de pesquisadores civis e militares, brasileiros e estrangeiros. O desenvolvimento dessa historiografia, porém, não foi linear, e por décadas ficou relegado a um plano secundário. Somente nos últimos trinta anos é que esse campo de estudos ganhou vitalidade, com maior quantidade de pesquisas originais e melhor qualidade das abordagens.
No aniversário de setenta anos do final desse conflito, a Revista Esboços abriu o dossiê “O Brasil e a Segunda Guerra Mundial”, que contou com a participação de oito pesquisadores, oriundos de diversas instituições do Brasil e dos Estados Unidos, para a abordagem de temas variados, que expressam a vitalidade dos estudos mais recentes sobre essa temática. Os artigos contidos neste dossiê apresentam algumas das facetas mais promissoras dos estudos do tema: neles, estão presentes desde abordagens originais sobre tópicos com sólida tradição de pesquisa, como é o caso das relações internacionais constituídas no ambiente anterior à guerra, durante o conflito e seus desenvolvimentos posteriores, até os resultados de pesquisa sobre temas pouco estudados, como os influxos da política internacional no cotidiano brasileiro durante o conflito, o relacionamento diplomático entre o Brasil e o “inimigo” alemão antes do início das hostilidades, as negociações entre militares estadunidenses e brasileiros no provimento da alimentação na frente de combate, as relações raciais nas unidades expedicionárias e, por fim mas não menos importante, as diversas formas de constituição de memórias históricas sobre a participação do Brasil no conflito, através de estudos sobre o impacto da presença brasileira na Itália e da filmografia ficcional e documentária a respeito da participação na maior guerra da história da humanidade. O Dossiê é encerrado com um balanço da produção bibliográfica sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, debatendo o desenvolvimento da historiografia do tema, desde os anos imediatos do pósguerra até os dias de hoje, bem como suas tendências atuais e os desafios para pesquisa e publicação do tema.
Entre as modalidades de participação na guerra, os estudos da política externa brasileira e das negociações diplomáticas e militares com representantes civis e militares dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália, bem como o contraponto necessário das aspirações geopolíticas dos vizinhos sul-americanos, especialmente a Argentina, constituíram um dos campos de estudo mais abordados por historiadores, cientistas políticos, jornalistas, diplomatas e militares. Neste sentido, o artigo “The Rise and Fall of the Brazilian-American Military Alliance, 1942-1977”, do brasilianista Frank D. McCann – autor de clássicos como A Aliança Brasil-Estados Unidos, 1937-1945, A Nação Armada e Soldados da Pátria1 – aborda as relações entre brasileiros e estadunidenses em um contexto de duração mais longa, situando a aliança militar e política efetuada durante a guerra como um processo crucial e definidor daquelas relações, mas sujeito a significativas mudanças ao longo de quatro décadas, que culminaram com crises e tensões no ocaso do regime estabelecido com o golpe militar-civil de 1964. Com efeito, as alianças de interesses estadunidenses e brasileiros que criaram as condições para a deposição de João Goulart e a instauração de um governo de cunho autoritário estiveram, no desenvolvimento do regime militar, muito distantes de serem harmônicas e/ou de dependência, como o senso comum costuma supor. Pelo contrário, as diferentes projeções de poder regional e hemisférico, bem como as divergências sobre decisões de política internacional colocaram, frequentemente, Brasil e Estados Unidos em campos diferentes, senão opostos. O estudo de McCann problematiza esse longo processo de constituição, consolidação e crise da aliança forjada durante a Segunda Guerra Mundial.
Se com os Estados Unidos as relações foram desenvolvidas sobre a égide da aliança, no caso das ligações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Alemanha as relações evoluíram inversamente: de parceria comercial privilegiada para a ruptura. O estudo “As relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha em 1939 no alvorecer da II Guerra Mundial”, de Andrea Helena Petry Rahmeier, desenvolve reflexões, a partir do estudo da documentação diplomática alemã, sobre um dos momentos cruciais dessas relações, que foi o período em que, a despeito de não haver embaixadores brasileiros e alemães em serviço oficial durante parte do ano de 1939, houve comércio entre os dois países e tratativas de compra de armas e equipamentos alemães para o Brasil. Nesse sentido, o bloqueio naval britânico do comércio com a Alemanha foi mais decisivo para reduzir as relações entre Brasil e Alemanha do que as pressões diplomáticas internacionais ou as divergências entre alemães e brasileiros em relação à repressão das atividades de células do Partido Nazista no sul do Brasil.
Com a eclosão da guerra na Europa, a partir de setembro de 1939, a posição de neutralidade brasileira sofreu cada vez mais pressões, por parte dos Aliados, especialmente dos Estados Unidos. O comércio de produtos estratégicos e a cessão de bases aéreas e navais brasileiras para uso de transporte de tropas, armamentos e suprimentos dos Estados Unidos, deixaram cada vez mais evidente o direcionamento da política externa do país para a causa Aliada. Esse rompimento progressivo da neutralidade brasileira redundou na decisão de ataque de submarinos do Eixo a embarcações do país e de outras nações que transportassem matérias-primas ou produtos industrializados para o esforço de guerra Aliado.
Foi nesse momento em que a busca por informações que pudessem redundar em sabotagem ou mesmo ações de guerra produziu um combate tenaz de espionagem e contraespionagem em várias localidades do Brasil. O estudo de Alexandre Fortes, “A espionagem aliada no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial: cotidiano e política em Belém na visão da inteligência militar norte-americana”, lastreado na documentação original de agentes da inteligência militar estadunidense em Belém, Pará, entre maio e novembro de 1942, desenvolveu uma notável reflexão sobre vários aspectos das atividades de órgãos de informação estadunidenses no Brasil, que estavam à parte das relações oficiais entre dois países. O autor analisa as ações desses serviços de informações, as disputas internas entre agências de inteligência, as relações pouco operacionais entre órgãos de inteligência e pessoal militar estadunidense. Para esses agentes, tudo servia para traçar um levantamento dos perigos a serem enfrentados e sabotagens a serem evitadas: os informes pautados em meios pouco ortodoxos, como conversas de bares, zonas de meretrício, comércio atacadista e de varejo, militares e civis boquirrotos, etc. Além dessas questões, o artigo oferece uma viva descrição do ânimo da população da capital paraense e sua mobilização para a guerra, o que desencadeou até motins populares contra qualquer coisa que representasse o Eixo. A escolha desse inimigo comum, porém, produziu efeitos colaterais, como graves violações dos direitos dos identificados, correta ou incorretamente, como “súditos do Eixo”, que serviram, muitas vezes, como bodes expiatórios da indignação popular em relação a uma guerra distante.
Essa guerra tão distante foi combatida efetivamente por uma força expedicionária enviada para o Teatro de Operações da Itália como coroamento maior da aliança entre Brasil e Estados Unidos para a guerra, processo esse abordado por Dennison de Oliveira em um de seus aspectos mais originais: a alimentação dos soldados da Força Expedicionária Brasileira (doravante, FEB). Não se trata de um problema de menor importância. Em todas as guerras da história a logística constituiu parte fundamental da vitória e derrotas militares. Fazer chegar até o soldado os meios para combater com eficiência – armas, munição, equipamento, suprimentos, etc. – é decisivo numa guerra. No caso da Segunda Guerra Mundial, uma guerra vencida e perdida não apenas nos campos de batalha, mas nas linhas de produção das frentes internas, nas linhas de comunicação e suprimentos, e na qual os diversos organismos de apoio na retaguarda ocuparam mais homens do que as forças efetivamente combatentes, esse tipo de estudo é essencial2. E no caso da FEB, o artigo “O combatente melhor alimentado da Europa”: a alimentação da Força Expedicionária Brasileira e a aliança Brasil-EUA durante a Segunda Guerra Mundial” contribui decisivamente para o entendimento desse aspecto da estrutura de combate usada pelos brasileiros. Além do mais, baseado em fontes documentais tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil, esse estudo permite a compreensão de facetas inéditas das tensões e acomodações das relações militares entre brasileiros e estadunidenses durante a Campanha da Itália, entre os expedicionários e a população das localidades em que a FEB atuou e até mesmo as transferências e trocas culturais dos dois padrões alimentares, ou três, se incluirmos a cultura alimentar italiana.
A guerra não é, portanto, somente um embate bélico, mas também cultural. E quando duas culturas de passado escravocrata e presente mal resolvido de relações raciais se encontravam como aliadas, contra outra cultura que se concebia como representante de uma raça superior, há um paroxismo de contradições. O artigo de Uri Rosenheck, “Olive Drab in Black and White: The Brazilian Expeditionary Force, the US Army and Racial National Identity”, investiga a fundo as diversas contradições existentes entre as relações raciais praticadas pelas forças armadas estadunidenses na Itália, principalmente a 92ª Divisão de Exército – totalmente segregada e composta por praças e oficiais subalternos e negros e comandada por oficiais brancos – e a única tropa tida como não racialmente segregada da Segunda Guerra Mundial, a FEB. O contraste de tratamento entre as duas unidades vizinhas proporcionava aos brasileiros uma autoimagem positiva, o que alimentou o mito de que viviam, no país e na Campanha da Itália, em uma realidade social isenta de racismos3 . Na abordagem das relações raciais dentro da FEB, além de ter discutir relatos de ocorrências racistas em memórias escritas por veteranos expedicionários, Rosenheck incluiu um elemento original: as dezenas de histórias em quadrinhos das décadas de 1960 e 1970, que possuem a FEB como tema principal. Destinadas a um público jovem e com tiragens cinco a dez vezes maiores que qualquer livro sobre a FEB, essas histórias em quadrinhos mostram, aos olhos do pesquisador, como uma memória da FEB foi constituída de modo a valorizar a suposta ausência de racismo na tropa brasileira, e ao mesmo tempo efetuar um processo de “branqueamento” da imagem expedicionária.
Os embates sobre a construção das memórias a respeito da participação dos brasileiros na guerra têm sido abordados por vários historiadores nas duas últimas décadas, e neste dossiê a contribuição de Adriane Piovezan, “Lembrar e esquecer: registro de visitantes do Monumento Votivo Militar Brasileiro de Pistoia” é original e oportuna, não apenas porque aborda a construção de um “lugar de memória”, mas também porque procura entender os distintos significados proporcionados pelos visitantes do conjunto monumental votivo situado no antigo Cemitério Militar de Pistóia, na Itália. Analisando os comentários escritos no livro de assinaturas do monumento, Piovezan mostra os diversos significados que o sacrifício dos combatentes representa para os pósteros, como gratidão, orgulho nacional, patriotismo, por um lado, e críticas ao esquecimento dos expedicionários ou mesmo manifestações de desconhecimento do contexto do monumento e de seus homenageados, por outro. Há também uma nítida divisão entre os escritos emitidos por visitantes civis e por militares. Esses últimos ressaltam qualidades como a bravura, os preceitos do Exército, o orgulho pelos heróis e até pelo pertencimento pesssoal à instituição militar.
A tensão permanente entre os diversos significados da guerra combatida pelos brasileiros está presente na filmografia analisada por Cassio dos Santos Tomaim, em seu artigo “Por que filmar a nossa guerra? A Segunda Guerra Mundial no cinema brasileiro: panorama histórico de 1940 a 2015”. O autor efetuou um extensivo levantamento de filmes documentais, de ficção, cinejornais e de propaganda, incorporando na relação de filmes não apenas os longas-metragens, mas também os filmes de média e curta metragem, chegando ao total de 260 filmes, entre 1940 e 2015. Ressaltou que o período em que o Brasil estava na guerra foi o mais prolífico, com 169 filmes produzidos somente entre 1942 e 1945, o que coincidiu com o esforço de guerra do país. Os anos seguintes são caracterizados pelo desinteresse do cinema brasileiro pela Segunda Guerra, com poucas obras. A partir das décadas de 1960/1970 algumas obras cinematográficas retomam a temática, que inclui alguns documentários e filmes de ficção. Um ponto notável é que os filmes de ficção sobre a participação na guerra não se limitam às ações bélicas, mas abordam outros temas, como o retorno dos combatentes, a caça aos nazistas no pós-guerra, as relações entre Nazismo e Integralismo, a saga de famílias judaicas refugiadas do nazismo no Brasil, o cotidiano das bases estadunidenses no nordeste brasileiro, a “americanização” dos costumes, etc.
Há, porém, iniciativas polêmicas, como o documentário “Radio Auriverde”, que investiu contra o que foi entendido como uma memória institucional das forças armadas. Independentemente do juízo de valor que se tenha sobre “Radio Auriverde”, trata-se de um filme que estimulou outros documentaristas e cineastas a proporem respostas às inquietações despertadas pelo documentário em questão. Um dos veios mais fecundos foi o dos “documentários de memória”, baseados nos depoimentos dos veteranos de guerra e de protagonistas dos processos históricos por eles vivenciados. Outro conjunto de filmes, documentários e de ficção, abordado por Tomaim, é o de processos históricos pouco conhecidos, como a perseguição às comunidades de “súditos do Eixo” nas cidades brasileiras, o impacto dos torpedeamentos dos navios mercantes, a epopéia trágica dos “soldados da borracha” na Amazônia e a história dos grupos de nipo-brasileiros que não aceitavam a derrota do Japão. Por fim, alguns filmes de ficção, com tratamento técnico e dramatúrgico mais elaborado, têm sido produzidos nos últimos anos, como é o caso de Estrada 47. No entanto, apesar da qualidade cinematográfica, há polêmicas despertadas pelo roteiro que, colocaria em campos opostos aqueles que desejariam um tratamento mais “respeitoso” aos expedicionários, por um lado, e aqueles que entendem que as ações dos brasileiros na Campanha da Itália devem ser vistas com uma perspectiva crua e realista. Em suma, todas as polêmicas a respeito dos significados da participação brasileira na guerra mostram que esse é um tema longe de ser esgotado.
O dossiê é encerrado com o artigo “Considerações historiográficas sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial: balanço da produção bibliográfica e suas tendências”, de Francisco César Alves Ferraz, que consiste no levantamento e análise da produção bibliográfica sobre a participação brasileira no conflito, desde o imedato pós-guerra até os dias de hoje. Para tanto, foi efetuado levantamento de várias modalidades bibliográficas, como artigos de periódicos científicos e de divulgação científica, periódicos profissionais militares, livros autorais, coletâneas, capítulos de livros, trabalhos de conclusão acadêmicos (teses de doutorado e livre-docência, dissertações de mestrado, monografias selecionadas) e trabalhos completos publicados em anais de eventos científicos. Foram arrolados na pesquisa 1092 títulos, o que contraria uma crença comum de que a participação brasileira na guerra nunca gerou muito interesse da historiografia universitária ou do mercado editorial. Pelo contrário, esse volume grande de títulos e, principalmente, o fato do aumento da produção e sua variedade concentrar-se nas últimas três décadas – mais da metade de toda produção bibliográfica foi publicada nos últimos 26 anos, e quase um terço de toda a bibliografia nos últimos dez anos – mostram que trata-se de um dos temas que tem atraído mais interesse dos pesquisadores atualmente.
Esses títulos foram analisados estatisticamente, por blocos temáticos, por período de publicação e por natureza profissional militar ou “civil” das publicações. Foram verificadas as tendências históricas das publicações, registrando-se a concentração de alguns temas em períodos determinados, o “esquecimento” do tema em certos momentos e, nos últimos trinta anos, o notável crescimento do interesse na produção e edição de obras variadas sobre a participação brasileira no conflito, bem como a variedade também crescente dos temas estudados e das abordagens adotadas. Além dessa análise, o artigo discute alguns problemas práticos da pesquisa e da política editorial dessa área de estudo.
Concluindo, pode-se verificar, nessa pequena amostragem de iniciativas historiográficas sobre o tema, que é o presente dossiê, que a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial produziu e tem produzido um conjunto cada vez mais consistente de trabalhos, com temáticas e abordagens variadas, aproximando o que antes era terreno restrito a uma história militar de interesse institucional, de uma história rica, multifacetada e de interesse de toda a sociedade. Em outras palavras, cada vez mais próximo de uma história social da participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial.
Notas
1 McCANN, Frank. The Brazilian-American Alliance, 1937-1945. Princeton Princeton University Press, 1973 (tradução brasileira: Aliança Brasil-Estados Unidos, 1937-1945. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1995); McCANN, Frank D. A Nação Armada. Ensaios sobre a história do Exército Brasileiro. Recife: Guararapes, 1982; McCANN, Frank D. Soldiers of the Pátria: a history of the Brazilian Army, 1889-1937. Stanford: Stanford University Press, 2004 (tradução brasileira: Soldados da Pátria: História do Exército Brasileiro, 1889-1937. São Paulo: Companhia das Letras, 2007).
2 John McMANUS calcula que, na Segunda Guerra Mundial, apenas 25% dos soldados de uma divisão de Exército estadunidense estavam entre os que efetivamente “lutavam, sangravam e morriam” na guerra. Pelo menos 50% do efetivo das unidades desempenhava funções logísticas não-combatentes. Cf. The Deadly Brotherhood: the American combat soldier in World War II. New York: Ballantine Books, 1998, p.04.
3 Essa questão já havia sido abordada anteriormente em OLIVEIRA, Dennison; MAXIMIANO, Cesar Campiani. Raça e forças armadas: o caso da Campanha da Itália (1944/45). Estudos de História. São Paulo, v. 8, n.1, p. 13-53, 2001.
Francisco César Alves Ferraz – Universidade Estadual de Londrina. Organizador.
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