Esta edição de História, Ciências, Saúde – Manguinhos traz, além da habitual paleta de trabalhos submetidos espontaneamente à redação, um dossiê dedicado ao tema arquivos, que se originou de encontro promovido em setembro de 2009 por Aline Lopes de Lacerda, da Universidade Federal Fluminense, e Marcos Chor Maio, da Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, com o sedutor título “A paixão pelos arquivos: entre práticas de organização e usos de pesquisa”. O encontro reuniu arquivistas, historiadores, antropólogos e sociólogos, e dos trabalhos então apresentados três evoluíram para os artigos ora publicados.
A presente edição é volumosa porque estamos empenhados em reduzir a não mais de um ano o tempo de espera dos trabalhos submetidos à revista, desde a chegada à sua publicação, passando pelos processos, nem sempre rápidos, de análise por parecistas; modificações feitas pelos autores; nova avaliação pelos editores; revisão e / ou copidesque; em certos casos, versão para o inglês, para a edição digital da revista; normalização; editoração; nova revisão e – ufa! – publicação em papel e on-line.
Quero aproveitar este espaço para sacramentar uma mudança que foi apenas sugerida na edição anterior da revista: sua editoria científica será, doravante, compartilhada por mim e pelo historiador peruano Marcos Cueto. A quem quiser conhecer suas credenciais sugiro consulta à página onde consta entrevista que concedeu em junho de 2011 a Ruth B. Martins, ex-editora executiva da revista, hoje na comunicação social da Casa de Oswaldo Cruz (ver http: / / migre.me / 8m2fu).
Divido com os leitores a satisfação com que tomamos conhecimento da mais recente classificação de História, Ciências, Saúde – Manguinhos no Qualis-Capes: aí figuramos agora como A1 não apenas em história e educação, mas também em sociologia; conservamos a posição A2 em letras-linguística e serviço social; e em saúde coletiva ascendemos a B1, posição que já havíamos conquistado em antropologia / arqueologia, arquitetura e urbanismo, artes / música, geografia, planejamento urbano e regional, demografia e psicologia.
Peço a vocês, caros leitores, que nos ajudem a divulgar uma chamada em circulação em http: / / migre.me / 8m2jn. Até o final de maio esta revista acolherá artigos inéditos sobre cooperação internacional em saúde, focalizando sua história, resultados, desafios e perspectivas, com ênfase nas dimensões bioéticas das relações internacionais em saúde. A proposta veio de integrantes do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde e do Observatório História e Saúde, ambos da Fundação Oswaldo Cruz.
Proximamente, a revista divulgará (se atravessarem o crivo dos pareceristas) trabalhos apresentados no seminário Salud Internacional / Salud Global, perspectivas históricas de América Latina y el Caribe, que terá lugar na Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, em 21 e 22 de junho do corrente ano. Organizado por Marcos Cueto e Gilberto Hochman, o seminário discutirá o conceito de ‘saúde global’, suas origens e características, e suas singularidades em relação a outra ideia de largo e mais antigo curso, ‘saúde internacional’. O seminário dará especial atenção ao papel cambiante dos Estados nos serviços sanitários públicos e nas agências internacionais, assim como às interações entre local e global na América Latina e Caribe.
Em breve, também, História, Ciências, Saúde – Manguinhos publicará trabalhos apresentados em conferência internacional promovida pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin – “Brasil no contexto global: 1870-1945” -, que se realizou em outubro do ano passado na capital alemã. O evento deveu-se à iniciativa de Georg Fischer, Christina Peters e Frederik Schulze, colaboradores do professor Stefan Rinke, conceituado aglutinador de mestrandos e doutorandos que se dedicam, naquela universidade, a estudos sobre o Brasil e outras formações sociais latino-americanas, ele próprio autor de trabalhos de fôlego a esse respeito, como Geschichte Lateinamerikas: Von den frühesten Kulturen bis zur Gegenwart (História da América Latina: de suas culturas mais antigas ao presente) (München: Beck, 2010).
Despeço-me, caros leitores, convidando-os a embarcarem comigo para a adorável Lisboa, cuja feminina silhueta de montanhas, cujos sobrados, ladeiras e paralelepípedos, cujo céu azul anil e cuja gente tão amável e gentil nos inspiram aquela agradável e sedutora combinação de sensações, de familiaridade e estranhamento. Lá, no centenário Instituto de Higiene e Medicina Tropical, de 21 a 24 de abril próximo, terá lugar o Primeiro Encontro Luso-Brasileiro de História da Medicina Tropical, cujo programa está disponível em http: / / encontrolb.ihmt.unl.pt / . Nossos leitores hão de ter percebido que as páginas da revista vêm refletindo o crescente intercâmbio de conhecimentos entre historiadores da ciência do Brasil e de Portugal. Torço para que esse Encontro venha a deixar registro duradouro das potencialidades que vejo na história comparativa e na história das relações mútuas no campo das ciências da vida, da medicina e da saúde pública.
Jaime L. Benchimol – Editor científico
BENCHIMOL, Jaime L. Carta do editor. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.19, n.1, jan. / Mar, 20012. Acessar publicação original [DR]
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