O livro se apresenta como uma “homenagem” ao trabalho de Carlos Díaz Alejandro, autor de obras clássicas na historiografia econômica argentina, como… O livro o homenageia na medida em que busca “atualizar” e “expandir” a análise originalmente feita por Alejandro. Foi reunido, no livro de Paolera e Taylor, um grupo de pesquisadores de universidades argentinas, estadunidenses e européias, para a tarefa.
O resultado, como é de praxe numa obra coletiva, revela-se heterogêneo, tanto em sua forma, quanto em seus resultados. A questão da “regressão secular” da economia argentina é revisitada, a nosso ver, de uma maneira ligeiramente inferior à apresentada por Alejandro. Por outro lado, o capítulo sobre os ciclos econômicos argentinos é instigante e quase tão provocativo quanto o trabalho original de Guido di Tella sobre os ciclos decenais argentinos, publicado no final da década de 1960.
As questões das mudanças estruturais e setoriais da economia argentina recebem um tratamento predominantemente neoclássico, do ponto de vista da teoria econômica. Isso faz com que, em certas ocasiões, a análise fique a desejar, sobretudo em comparação com os trabalhos de Raúl Prebisch e da fase progressista da CEPAL (1948 – 1970). Ainda assim, A New Economic History of Argentina vale a leitura, pelo arrolamento de opiniões sobre o tema.
A solução proposta para o “enigma argentino” é um pouco anticlimática, para quem procura alguma heterodoxia ou independência de pensamento no livro: segundo os autores, a Argentina deveria reforçar a agenda de liberalização econômica, para impedir a trajetória de “regressão econômica secular” a que vem sendo submetida desde o início do século XX. Nesse sentido, não deixa de ser sintomático que o livro se abstenha justamente de abordar o período no qual, mais do que em qualquer outro, e mais do que qualquer outra política, adotou-se a política de “Ajuste e Reforma”, qual seja a última década do século passado. Nela, e em seus resultados, parecem residir as respostas mais honestas sobre o que se deveria fazer – e, sobretudo, o que não se deveria fazer – com a Argentina. A crise de 2001, com uma verdadeira retração do produto, índices de desemprego estratosféricos, recessão e destruição da capacidade produtiva interna foram os resultados do movimento de liberalização da economia argentina feita entre 1989 e 2001. Há uma estratégica elipse desse período no livro, em nome de um alegado “distanciamento cronológico” da história econômica.
Essa conclusão, contudo, ainda que coloque A New Economic History of Argentina atrás de obras realmente monumentais sobre a economia portenha – como a de Aldo Ferrer, por exemplo – não retira o mérito e o caráter da obra de Paolera e Taylor de fonte de hipóteses a serem testadas e discutidas e base de dados a ser consultada. Até porque a obra é fechada com um generoso CD-ROM com vários dados seculares econômicos e demográficos da Argentina.
Resenhista
Luiz Eduardo Simões de Souza – Mestre e Doutorando em História Econômica pela USP. Professor da UFRGS/UERGS.
Referências desta Resenha
PAOLERA, G.; TAYLOR, A. (Eds.). A New Economic History of Argentina. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2003. Resenha de: SOUZA, Luiz Eduardo Simões de. Revista de Economia política e História Econômica. São Paulo, ano 04, n. 11, p. 154-155, janeiro, 2008. Acessar publicação original [DR]
Décima sexta edição. Esta edição foi publicada em 2023 visando o ajuste de publicações em…
Décima sétima edição. Esta edição foi publicada em 2023 visando o ajuste de publicações em…
Vigésima segunda edição. N.03. 2023 Edição 2023.3 Publicado: 2023-12-19 Artigos Científicos Notas sobre o curso de…
Publicado: 2024-06-19 Artigo original A rota dos nórdicos à USPnotas sobre O comércio varegue e o…
Quem conta a história da UFS, de certa forma, recria a instituição. Seus professores e…
Publicado: 2023-06-30 Edição completa Edição Completa PDF Expediente Expediente 000-006 PDF Editorial História & Ensino 007-009…
This website uses cookies.