AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980 | Zezito Oliveira
Zezito Oliveira | Imagem: Blog da Ação Cultural
O livro “AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980”, de Zezito Oliveira, foi lançado em 2021, contando com o apoio financeiro da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe – FUNCAP, por meio da Lei Aldir Blanc. Dividido em quinze capítulos, seu conteúdo registra as iniciativas artístico-culturais da Associação de Moradores e Amigos do Bairro América, no período de 1983 a 1990, a partir de fontes documentais (relatórios, ofícios, cartazes e fotos produzidos pela entidade), fontes orais (entrevistas a personagens que vivenciaram a trajetória da entidade) e bibliografia afim (artigos e livros na forma física e digital).
Antes de adentrar na temática, o autor reserva os capítulos I e II a um breve histórico da formação do bairro utilizando-se de um livro autoral (Rocha e Corrêa, 2009) e de uma monografia de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo (Ramalho, 2016). O capítulo III trata do nascimento da Associação (1983) motivada, principalmente, pela luta contra a poluição da Fábrica de Cimento Portland, situada nas proximidades. Cita nomes da primeira diretoria e as sucessivas mudanças na sua composição, a luta e a conquista da sede própria, as mobilizações em torno do transporte coletivo, infraestrutura urbana, creche, escola, alfabetização de crianças e adultos, e a participação em encontros e congressos nacionais. Chama a atenção o registro do trabalho de conscientização comunitária a respeito da importância da Constituinte de 1986-87 e o engajamento em movimentos populares, como o dos Sem-Teto e dos Meninos e Meninas de Rua. Conclui listando as iniciativas artístico-culturais da entidade, grande parte em parceria com órgãos públicos.
O capítulo IV – “O início da Amaba e as principais lutas” – retoma, rapidamente, algumas bandeiras já citadas, mas, o destaque é o apoio da entidade quando da intervenção no mandato do Prefeito eleito Jackson Barreto, em 1987. São apenas seis páginas, sendo metade dedicada ao tema do apoio. O quinto capítulo “Retalho de Memória sobre as lutas comunitárias e ações educativas realizadas pela AMABA na década de 1980” descreve com mais detalhes as lutas pelo fechamento da fábrica de cimento, ocorrida em 1987, pela mudança na nomenclatura dos ônibus coletivos do bairro, o envolvimento no Programa Gratuito de Fornecimento de Leite (Governo Sarney – 1985-89) e no movimento dos Sem-Teto, destacando a invasão do Terminal Rodoviário e a luta por creche. As fontes são jornais e, principalmente, depoimentos coletados pelo autor.
O capítulo VI tenta encaixar a Amaba no contexto das lutas populares e sindicais dos anos 1980, no país, misturando falas de depoentes com autores como Rodrigues (?), Draibe (2012), Schwartz (?) e Holanda e Gonçalves (1982) e os sergipanos Figueiredo (1986) e Dantas (2014). No capítulo VII, “Cultura que te quero sempre: As bases conceituais do trabalho com Ação Cultural desenvolvido pela AMABA”, o autor discorre sobre seu contato com a produção artística do estado do Rio de Janeiro, quando lá residiu ainda adolescente, e teve seu primeiro encontro com Paulo Freire, em São João do Miriti, num grupo de jovens da Diocese comandada por Dom Adriano Hipólito. Suscintamente, apresenta as origens e características das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e explica o diálogo horizontal aplicado pelo bispo Hipólito junto às comunidades.
Aos 19 anos, em 1982, chega a Aracaju determinado a continuar a militância político-religiosa em prol da conscientização da sua gente. O novo endereço lhe aproxima da Igreja São Judas Tadeu e do Partido dos Trabalhadores, no qual encontra um companheiro com quem dá início à Associação.
O capítulo VIII – “O Teatro na Amaba: Primeiro ato” – trata da formação do grupo de teatro amador da entidade, no período de 1983 a 1988, quando teve a parceria da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e da Fundação Estadual de Cultura (FUNDESC). Nessa época, montaram esquetes que eram apresentadas em reuniões e em festas da própria entidade: “A Nega Barbada que tinha um Peito só” e “Promessas de Políticos”, seguidas de “A Fabrícola de Cimento do Fabricador Maluco” e o “Macaquinho D’Angola”. É interessante destacar o reconhecimento que o autor registra quanto ao apoio da então secretária municipal de cultura, Lânia Duarte, e aos atores Eduardo Freitas e Virgínia Lúcia, integrantes da SMC, que “tiravam do próprio bolso” para concretizar as produções teatrais da Amaba (p. 93).
Em “A Amaba e a comunicação popular – de 1983 a 1990” (capítulo X), encontram-se o primeiro boletim, produzido em 1984, seguido do Jornal Popular e do jornalzinho Reculturarte, voltado ao público infantil. Enquanto o boletim se restringia a notícias ligadas à mobilização popular da entidade, o jornal reservava metade de suas páginas para notícias relativas ao Estado e ao país; ambos eram ‘colados’ em murais dispostos na Igreja São Judas Tadeu, na sede da entidade, em uma escola estadual e em uma bodega.
A Rádio Comunitária, tipo ‘rádio de poste’, funcionou por pouco tempo, no ano de 1989, devido a divergências entre integrantes da diretoria quanto ao que deveria ser noticiado e, principalmente, quanto à possibilidade de atrelamento político à parlamentares ligados ao conservador governo estadual. Slides produzidos por instituições brasileiras comprometidas com a elevação da consciência popular eram frequentemente exibidos nas reuniões com os moradores.
Nos capítulos XI e XII, o autor recorre a vários depoimentos para ilustrar a inauguração da sede (1988), o projeto “Capoeiração”, o “Arraial do Alto do Miolo” (1986 a 1999?), o projeto “Cinema nas Periferias” (1987) e as “Semanas de Arte” que aconteceram nos anos de 1987-88, no período natalino, quando o presépio da Igreja São Judas Tadeu, montado desde 1969, era uma importante atração turística da capital sergipana.
O início do “Projeto Reculturarte” é o tema do capítulo XIII, no qual o autor justifica a necessidade de engajamento da Amaba no movimento de redução do envolvimento de crianças e jovens com o consumo e o tráfico de drogas. Ele e um outro jovem da diretoria foram os principais protagonistas desse trabalho, cujo mote incorporava o tema da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1987. Contaram com a assessoria do CESEP, que ajudou na elaboração do projeto para captação de recursos, inclusive internacionais. A pretensão era a reeducação de crianças e jovens pela cultura e pela arte.
Zezito de Oliveira destaca que esse projeto teve início num momento de crise interna da Amaba motivada pelas práticas clientelistas e personalistas de alguns dirigentes, notadamente os responsáveis diretos pelo programa de distribuição do leite. Então, ao invés do confronto direto, os dois jovens optaram por investir seu conhecimento e energia num trabalho voltado para cultura e a arte, dimensões pouco valorizadas pelas lideranças mais velhas. O marco inicial foi o “I Encontro de Menores do Bairro América”, realizado em novembro de 1990, que contou com o apoio da United Nations International Children’s Emergency Fund (Unicef), Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da paróquia S. Judas Tadeu e da Escola Municipal Santa Rita de Cássia, anexa à igreja. Palestras, missa, recreação, almoço e ato público compuseram o evento que foi noticiado pela imprensa sergipana. Teatro, capoeira, esporte e lazer, cooperativa de guardadores de carros estavam entre as atividades do projeto que, segundo um depoente, “contribuíam para levantar a autoestima da comunidade e estimulá-la a resistir!” (p. 158)
Por fim, em um comovente relato, o autor esclarece as condições de produção da obra (capítulo XIV – “Desce o Pano e XV – A Dimensão Afetiva do Militante: um esquecido que nos faz muita falta”). Fala sobre a opção em dividir a narrativa em três volumes, sendo este o primeiro deles, cuja promessa de elaboração já estava posta em 1987. Entretanto, foi no ano de 2018 que deu início à pesquisa e a escrita do texto, motivado pelos documentos que foram cuidadosamente guardados pelo seu pai, falecido naquele ano, e por um ex-dirigente da Amaba. O edital da Lei Aldir Blanc, lançado no ano passado pela Funcap, apressou o passo.
Zezito de Oliveira se confessa um neófito na produção de uma escrita relativamente longa e oriunda de pesquisa documental, oral e bibliográfica (p. 161). Ademais, passou três meses hospitalizado com Covid-19, tendo que ‘fechar’ o texto com a ajuda de um assistente, pois se encontrava “deitado a maior parte do tempo!”. (p. 163).
Diante dessa confissão, fica difícil apontar os problemas desse trabalho. Entretanto, a tarefa se impõe se quero, como admiradora da militância política de Zezito de Oliveira e, como professora pesquisadora e, também, autora de livros, dar a minha contribuição para que os próximos volumes sejam escritos e publicados com melhor qualidade.
Antes, quero enaltecer a preocupação e empenho do jovem Zezito em registrar e guardar a memória da Associação de Moradores e Amigos do Bairro América. Como se pode constatar no livro, grande parte dessa memória proveio das suas mãos, na forma de atas de reuniões, comunicados, projetos, notas públicas ou textos opinativos para jornais. Uma consciência do valor histórico dos registros escritos, forjada na luta, antes mesmo da sua formação acadêmica em História. Uma proeza, se considerarmos que muito da trajetória das lutas das camadas populares se perde no tempo pela ausência de ‘papéis’.
Vamos aos problemas. O primeiro que aponto é o pouco cuidado com as fontes bibliográficas: muitos autores e obras são citados de modo incompleto nos pés-de-página, quase sempre sem indicação de página e/ou até ano de publicação, inclusive quando citadas literalmente. Alguns não estão relacionados na bibliografia e a diagramação (tamanho de letras, espaçamento, alinhamento), impossibilitando a distinção clara de quem está ‘falando’; se o autor citado, um depoente ou o escritor. O pouco cuidado também pode ser visto nas transcrições dos depoimentos: algumas falas adentram em outros temas, em dessintonia com o assunto em tela, (p. 110-112), embora eu reconheça que partilhar falas entrelaçando-as com trechos de autores e com a escrita própria não é trabalho fácil!
Um outro problema se refere à quantidade de capítulos (quinze ao todo para pouco mais de cento e setenta páginas), em que um repete ou estende um pouco o dito no anterior ou, mesmo, foge à temática anunciada. O capítulo IV é um exemplo disso, no qual o autor expõe muito mais o apoio ao Prefeito interditado que as iniciativas da entidade, como já apontei acima. Alguns títulos pouco condizem com o conteúdo, como se pode atestar no capítulo VII intitulado ‘… as bases conceituais…’ que, na verdade, estão no capítulo IX, quando Paulo Freire é ‘achado na rua’. Em outros capítulos, o autor abre parênteses para conceituações ou apreciações críticas, a meu ver, carentes de aprofundamentos. Nessa direção, me chamaram a atenção o impeachment do prefeito Jackson Barreto e a crítica ao arcebispo Dom Luciano Cabral Duarte.
Nessa profusão de capítulos não é possível achar, mesmo juntando pedaços aqui e acolá, uma adequada contextualização do nascimento da Amaba. Ela não surgiu apenas da vontade e disposição do autor e seus companheiros. O autor sabe disso e não o diz. Entretanto, ele não consegue situá-la no bojo das organizações populares nascidas no final da década de 1970 e multiplicadas no populismo dos anos 1980, quando passam a ser utilizadas como ‘massa de manobra’ por meio do Programa do Leite, instituído em 1985. O bairro Siqueira Campos, por exemplo, que iniciou sua associação em 1979, chegou a ter três entidades no final da década de 1980, cada uma com um presidente alinhado a uma facção política em disputa. Todas distribuindo leite!
Como já apontei, a diagramação do livro é sofrível. Tipos e tamanhos dos títulos de capítulos, texto principal, falas, citações, notas de rodapé não são padronizados e a margem interna obriga o leitor a quase descolar o livro. O diagramador e os revisores, inclusive, deixaram passar erros primários de ortografia e concordância verbo-nominal. Ainda no item ‘projeto gráfico’, devo resguardar a concepção da capa e contracapa, que julgo visualmente bonitas e muito apropriadas ao tema, especialmente, por reproduzirem o tipo de desenho utilizado nas publicações populares da época.
Quanto ao conteúdo, a suponho que faltou uma crítica em finalização e escrita de textos mais complexos, notadamente de estudiosos de temas aproximados e/ou afins.
No último capítulo, ‘A Dimensão Afetiva do Militante’, o autor abre parêntese para ‘falar’ da sua participação no seminário da Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais – ANAMPOS, em 1988/1985(?). Uma digressão para justificar a escolha deste título; o mesmo de um texto que ajudou a elaborar e que acabou sendo divulgado nacionalmente pela organização. Um autoelogio? Sim. E quem não o faz?
E quanto ao livro como um todo? Estaria o autor construindo um documento monumento a si próprio (Le Goff, 2013)? Mesmo que ressalte o ‘nós’ no correr das palavras, convenhamos que é muito difícil separar o militante, protagonista de uma organização popular, do militante saudoso que escreve sobre a ‘obra’ que ajudou a erguer.
Tenho clareza de que parte dessas falhas é fruto da sua condição física e da pressa no cumprimento dos prazos legais para obtenção do financiamento. Mesmo assim, a obra não é uma ‘bobagem’, nem ‘perda de tempo’, como declara o autor! (p. 168) É uma valiosa contribuição à história das lutas populares da cidade de Aracaju. O livro é, provavelmente, o primeiro a tratar da trajetória de uma associação de bairro em nosso Estado. Uma obra, cuja riqueza de fontes suscita outras tantas, além das que estão em preparo.
Ao final, o autor questiona: quem vem primeiro: a mudança da sociedade ou o homem novo? Ele mesmo responde que o movimento é dialético, pois a sociedade muda enquanto o homem se reconstrói e o homem se reconstrói enquanto muda a sociedade; num movimento permanente, infinito, sempre inacabado. Então, quem vem primeiro, o livro ou o autor? O militante que registrava a trajetória da luta fazia-se autor; o autor fez o livro e, enquanto fazia o livro, se reconstruía enquanto autor. É um longo processo de aprimoramento do autor e da obra. Espero que as críticas a este seu ‘pontapé inicial’ se transformem em ‘sonho e esperança’ de mais e melhores livros!
Referências
LE GOFF, Jacques. História e Memória (Tradução: Bernardo Leitão at. al.) 7 ed. Revista. Campinas: Unicamp, 2013.
RAMALHO, Erika Laíse de S. Origem e Transformações: uma análise da morfologia urbana do Bairro América, Aracaju-SE. São Cristóvão, sd. Monografia (Graduação em História) – Departamento de História, Universidade Federal de Sergipe.
ROCHA, Emanuel Souza e CORRÊA, Antônio Wanderley de Melo. Bairro América: a saga de uma comunidade. Aracaju: Info Graphis, 2009.
Sumário de Amaba: o esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980
- 1. Lembranças e reflexões de um tempo bom
- 2. Como se formou o território onde a AMABA fez história. América: um bairro que nasce com vocação universal
- 3. AMABA – De 1983 a 1990 – Visão descritivo-cronológica
- 4. O Início da AMABA e as principais lutas
- 5. Retalho de Memória com informações complementares referentes às lutas comunitárias e ações educativas realizadas pela AMABA na década de 1980
- 6. Década de 1980 – Trabalhadores perdem na economia, mas ganham na organização política
- 7. “Cultura que te quero sempre”. As bases conceituais do trabalho com Ação Cultural desenvolvido pela AMABA
- 8. A teatro na AMABA: Primeiro ato
- 9. Paulo Freire achado na rua, nas CEBs e nos movimentos populares
- 10. AMABA e a comunicação popular – De 1983 a 1990 – “Quem não se comunica se trumbica”
- 11. Retalho de Memória com informações complementares referentes à ação cultural desenvolvida pela AMABA na década de 1980
- 12. Um bom natal no B. A. cheio de arte e cultura nos anos de 1987 e 1988
- 13. Início do projeto Reculturarte
- 14. Desce o pano
- 15. A Dimensão Afetiva do Militante. Um esquecimento que nos faz muita falta
Live de lançamento de AMABA: o esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980
Resenhista
Tereza Cristina Cerqueira da Graça é Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professora universitária. Foi professora da Educação Básica, membro do Conselho Estadual de Educação de Sergipe (CEES) e Secretária da Educação do Município de Aracaju (2005-2011). Atualmente, é Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). Escreveu, entre outros trabalhos, Pés-de-Anjo e Letreiros de Neon: ginasianos na Aracaju dos Anos Dourados (Editora da UFS, 2002); De Massaranduba à Industrial: história e memória de um lugar (Funcaju/PMA, 2005); A Trajetória do Conselho Estadual de Educação de Sergipe: textos da sua história. (Liceu, 2013) e Malinos, Zuadentos, Andejos e Sibites: o Aribé nos anos 70 e 80 (Códice, 2021). Currículo Lattes: http://cnpq.br/6576943412041943; ID: https://orcid.org/0000-0001-8786-1951; E-mail: tccgraca@yahoo.com.br.
Para citar esta resenha
OLIVEIRA Zezito de. Amaba: o esquecido Círculo de Cultura de Aracaju dos anos 1980. Aracaju: Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe – FUNCAP, 2021. 178p. Resenha de: GRAÇA, Tereza Cristina Cerqueira. Associação do bairro América. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, v.6, jul./ago. 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/associacao-de-moradores-do-bairro-america-resenha-de-amaba-o-esquecido-circulo-de-cultura-da-aracaju-dos-anos-de-1980-de-zezito-de-oliveira/>
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Crítica Historiográfica. Natal, v.2,n6, jul./ago. 2022 | ISSN 2764-2666