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Violência no Século XX: entre trauma, memória e história (II) / Boletim Historiar / 2017
É com grande satisfação que nesta edição damos continuidade a publicação do “Dossiê Violência no Século XX: entre trauma, memória e história” com seu segundo volume. Organizado pelas professoras Monica Grin e Silvia Correia, o dossiê foi composto por trabalhos de alunos do curso “Violência no Século XX: entre trauma, memória e história”, oferecido pelo Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ em 2016.
No primeiro artigo Lucas Vinicius Erichsen, analisa o livro “Matadouro 5, ou A Cruzada das Crianças: Uma dança de etiqueta com a morte” de Kurt Vonnegut, (1969). É uma narrativa-testemunho do autor que serviu ao exército americano e foi prisioneiro dos nazistas durante a II Guerra. Assim, Erichsen procura estudar sobre a historicidade das práticas do matadouro, entendendo as possíveis maneiras de abordar sobre o tempo, o testemunho e a memória de guerra. Ainda sobre Historia e Memória no campo da História do Tempo Presente, Willian Santos Pereira estuda as cartas publicadas pela revista Veja em 1989 sobre Fernando Collor de Mello. O autor analisa a representação da imagem política de Collor pelos leitores durante a eleição presidencial. Desta forma, trabalha com a memória em depoimentos escritos para entender como essas pessoas expressavam seus sentimentos utilizando suas experiências para discutir o presente.
Em seguida, Lucas de Mattos Moura Fernandes estuda ideias de ensaístas e historiadores sobre a relação entre História e Memória e as experiências traumáticas do século XX causadas por atos de violência. Para assim compreender como tais acontecimentos foram reelaborados através de testemunhos, favorecendo a construção de uma narrativa e de uma identidade. Seguindo o campo da História e Memória, João Paulo Henrique Pinto procura compreender a construção de uma memória histórica oficial angolana. Foram analisados livros didáticos de história do país após a independência e utilizados pelo seu sistema educacional. O autor apresenta como ocorreu o processo pela busca de uma identidade nacional ao questionarem a colonização portuguesa em meio a uma diversidade étnica, racial e cultural. Contextualizando esse processo com o desenvolvimento de seu sistema educacional.
No último artigo do dossiê e sobre História e Cinema, Andrey Augusto Ribeiro dos Santos analisa como as narrativas israelense e palestina sobre o confronto entre ambos aparecem no cinema. Seu objeto são os filmes, Munich, uma produção norte-americana de Steven Spielberg, e Paradise Now, uma produção palestina do árabe-israelense Hany Abu-Assad, ambas de 2005. Sendo Marc Ferro e Robert Rosesntone os seus principais referenciais teóricos para buscar no cinema reflexos da sociedade que o produziu em torno a um debate político e uma construção da memória coletiva.
Além do dossiê temos Caroline de Alencar Barbosa em trabalho sobre a importância da propaganda nazista na educação dos alemães durante a II Guerra. Suas fontes são os cartazes publicados no periódico Der Stürmer, pertencente ao publicitário Julius Streicher. Tais cartazes disseminavam o ódio antissemita, trazendo o judeu como o “outro” conveniente. Também sobre Educação, Matheus Oliveira da Silva debate sobre a Base Nacional Curricular Comum, referente às mudanças no ensino de história. Devido à quantidade de críticas que a proposta sofreu de diferentes seguimentos, o autor buscou notas, cartas e pareceres de entidades de classe sobre a Base a fim de compreender qual é o ensino de história idealizado.
Agradecemos a todos pela colaboração e apoio com submissões de textos e com a frequente divulgação do periódico. Desejamos uma boa leitura.
Os editores.
Editores. [Violência no Século XX: entre trauma, memória e história-2º Volume]. Boletim Historiar. São Cristóvão, n.18, 2017. Acessar publicação original [DR]