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Vila Rica do Pilar: reflexões sobre Minas Gerais e a Época Moderna / Varia História / 2004
O presente dossiê: Vila Rica do Pilar: Reflexões sobre Minas Gerais e a Época Moderna tem como ponto de partida a categoria metodológica paróquia e, portanto, abrange a jurisdição e a população pertinente à Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto. É fruto da atividade conjunta dos professores Adalgisa Arantes Campos (Coordenadora do Banco de dados sobre as séries paroquiais da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto), Douglas Cole Libby (Diretor, Centro de Estudos Mineiros) e do pesquisador mestrando Renato Franco, responsável pela elaboração dos cruzamentos de dados.
Nosso objetivo é tornar público um material inédito, de grande utilidade à comunidade científica. Trata-se de um dos vários resultados do trabalho financiado através de recursos e bolsas de iniciação implementados por órgãos de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e o CNPq, através da Pró- reitoria de Pesquisa da UFMG.
A base de dados foi iniciada em fins de 1998, na própria Casa dos Contos de Ouro Preto, responsável pelo trabalho hercúleo de microfilmagem da documentação impressa e manuscrita das duas paróquias ouropretanas. Desta data aos dias atuais, o projeto teve membros fixos e também transitórios, envolvendo alunos e professores da graduação e da pós-graduação. Encontra-se concluída a série batismo; em andamento as séries casamento e óbito.
O Arquivo da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar (APNSP) dispõe de definição institucional e de personalidade jurídica própria através do Museu de Arte Sacra de Ouro Preto. Seu acervo, bastante completo e preservado, resulta das atividades desempenhadas pela instituição, com a particularidade de ser um dos arquivos mais importantes do tipo paroquial sobre a colônia e o império do Brasil. Nos tipos documentais específicos da jurisdição paroquial, destacam-se os assentos de batismo, casamento e óbito, cujas séries são praticamente completas, característica que tem atraído pesquisadores.
A documentação paroquial tem sido enfocada pelas recentes tendências historiográficas, pois apresenta configuração adequada para o tratamento serial. A partir de informações retiradas de campos específicos, do cruzamento de campos diferentes ou mesmo de planilhas diferentes são detectadas a natureza do individual, das relações tecidas no âmbito da (s) família(s) e dentro daquela comunidade; o que se configura como singular e como representativo naquele período histórico preciso. A paróquia destaca-se então como uma categoria privilegiada para se recuperar as relações humanas ao nível horizontal e vertical. Ela é fechada e aberta ao exterior, funcionando como uma estrutura intermediária nos domínios político / administrativo, econômico, cultural / religioso. A paróquia fundamenta-se em um território demarcado, em um espaço de relações sociais e simbólicas. Por isso, quase sempre sustenta estudos realizados em diversas linhas de abordagem, desde a perspectiva demográfica àquela das práticas e das representações relativas ao sagrado, alvo preferencial da história das vivências religiosas e da própria história da religião católica na Época Moderna.
A relevância da documentação procedente do termo (município) de Vila Rica ajuda a compreender a concentração da historiografia colonial e provincial. Da mais tradicional até a mais recente, produziu-se vasta literatura sobre o passado mineiro levando em conta a experiência e a documentação vilarriquenhas. Entretanto, destacamos que, pela primeira vez, a Paróquia de Nossa Senhora do Pilar conta com análises desta amplitude, com um número massivo de dados que só foram viáveis depois do advento do computador pessoal.
Agradecemos os autores pela generosidade com que encararam esta contribuição e chegaram ao seu término. Os artigos aqui presentes abordam aspectos variados do conhecimento: demográficos, políticos, mentais, religiosos tiveram como ponto de partida a sobredita paróquia, apresentando certa unidade, mesmo os que não recorreram à base de dados. Contudo, o período contemplado e o fio condutor não foram perdidos.
Belo Horizonte, 09 / 2003
Adalgisa Arantes Campos – Organizadora.
CAMPOS, Adalgisa Arantes. Apresentação. Varia História, Belo Horizonte, v.20, n.31, jan., 2004. Acessar publicação original [DR]