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Os venezuelanos entre a migração e o exílio. Tendências e estratégias | Revista Brasileira de História & Ciências Sociais | 2021
Venezuelanos, Rio de Janeiro, 2019 | Foto: Caritas
A maior e mais recente crise migratória global acontece, de forma quase inaudível, pese embora o barulho que gera, desde meados da década passada, na América do Sul (CERRUTTI; PARRADO, 2015). Esta migração em massa é um dos maiores deslocamentos forçados no hemisfério ocidental desde a segunda-guerra mundial (CORNELIUS, 2001; HAMMOUD GALLEGO, 2021). Maior que a “crise dos refugiados” na Europa após 2015 ou que a pressão migratória na fronteira sul dos EUA (HANSON; MCINTOSH, 2016). No entanto, trata-se de um fenômeno social sem a mesma visibilidade midiática ou social (ex. da crise de refugiados da Síria, da crise de retirada humanitária de afegãos ou da crise dos Rohingya no Sudoeste asiático) (GÓIS; FARAONE, 2019) mas com maiores implicações políticas, sociais e sociológicas (ATAIANTS ET AL., 2018; GORLICK, 2019; MAINWARING; WALTON-ROBERTS, 2018). A turbulência política, a instabilidade socioeconômica e a crise humanitária venezuelana desencadearam o maior deslocamento externo na história recente da América Latina (LEGLER et al., 2018). O volume estimado de migrantes e refugiados venezuelanos que abandonaram o seu país para se concentrarem, majoritariamente, nos países vizinhos não tem parado de crescer (embora pese a desaceleração deste fluxo migratório em tempos de pandemia) e atinge hoje um número próximo de 6 milhões de pessoas (ou cerca de 20% da população total da Venezuela)1. A demografia política dos países vizinhos está a alterar-se e as relações entre os Estados da região passam por modificações significativas sem que o eco desta mudança seja audível fora da região (COCA GAMITO; BALTOS, 2020). Leia Mais