Posts com a Tag ‘Ultramares UFAL (Utd)’
Inquisição Colonial | Revista Ultramares | 2015
Introdução: A Inquisição, da colônia ao que somos no hoje
O que significou a existência do Santo Ofício? Qual o seu alcance na Europa e nos Novos Mundos? Até que ponto a Inquisição remodelou o quadro de sociabilidades existentes na colônia? Como a Inquisição ajudou a gestar o que agora somos e quanto dela há em nosso mundo como resquício? “Lenda Negra”, “Lenda Branca”, interpretações que permeiam as raias de visões nem sempre neutras sobre o metamorfoseado “polvo de mil braços”, como já foi adjetivado o Tribunal que agiu durante a Modernidade Ibérica como baluarte da pureza cristã, à busca de hereges que ameaçavam o monopólio e os interesses católicos em seus domínios…
Estas, de certeza, não são questões de simples resposta, nem tampouco resolvem o quebra-cabeças infinitamente mais complexo da criação, lógica e funcionamento do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição português, das vítimas que fez e da atmosfera de controle e de intolerância que espalhou nos espaços onde tinha abrangência, ao longo dos quase três séculos em que teve vida, de 1536 a 1821. Leia Mais
Economia colonial | Revista Ultramares | 2014
A possibilidade de coordenar e apresentar um dossiê sobre economia em uma revista dedicada aos estudos coloniais é motivo de grande alegria. Nas duas últimas décadas a historiografia relativa à América portuguesa tem passado por transformações extremamente significativas. Em 1990, Ciro Cardoso já saudava os novos rumos historiográficos, ressaltando o que ele denominava de passagem do “esquematismo excessivo à relativa complexidade”1. Referia-se, então, à visão simplificadora do que seria a sociedade escravista brasileira, dividida entre senhores e escravos e caracterizada pelo trinômio latifúndio, monocultura e escravidão. Uma sociedade exteriorizada, sem qualquer dinâmica interna considerável. Naquele momento, as pesquisas que se contrapunham a essa perspectiva buscavam ressaltar a complexidade da sociedade brasileira e de suas dinâmicas internas, diminuindo ou negando a importância dos laços exteriores como elementos explicativos do devir colonial.
Estava-se ainda, no entanto, dentro do que nós poderíamos denominar de paradigma historiográfico da relação metrópole – colônia. Em linhas gerais, boa parte dos debates referia-se ao peso maior ou menor que tais relações possuíam para explicar a história colonial. Não é esse o espaço para retomarmos esse debate, por si só riquíssimo e cheio de consequências. No entanto, e só podemos perceber isso hoje pelo distanciamento que o tempo impõe, esse também era um debate marcado por um esquematismo excessivo. Leia Mais
História indígena | Revista Ultramares | 2014
É com satisfação que apresentamos o dossiê História Indígena da Revista Ultramares. Ao aceitarmos o desafio proposto pelos editores de organizar este dossiê, avaliamos que seria importante apresentar ao público, diferentes abordagens sobre a temática. Mas, sobretudo, nos preocupamos em trazer para esta edição, trabalhos que proporcionassem ao leitor o acesso às pesquisas, não só dos historiadores que se dedicam a refletir sobre história dos povos indígenas, mas também daqueles outros pesquisadores, cujos estudos, os índios estão presentes como tantos outros agentes históricos em de diferentes regiões do Brasil.
Desta feita, imbuídos pelo espírito que norteou o presente dossiê, os articulistas se debruçaram sobre diferentes fontes e realidades para trazer, como resultado de suas análises, algumas contribuições sobre a história dos índios durante o período colonial. Abrindo o dossiê o artigo “Fortalezas Humanas. Indígenas no Rio de Janeiro do XVI e XVII” de Eunícia Fernandes, nos apresenta as estratégias no uso dos índios como elementos de defesa da capitania do Rio de Janeiro, numa articulação entre governança e religiosos da Companhia de Jesus, na formação de aldeamentos e distribuição de terras. Ressaltando a importância do contingente indígena no processo de colonização e defesa daquele espaço. Leia Mais
Clero colonial | Revista Ultramares | 2013
Durante muitas décadas o estudo sobre as instituições eclesiásticas e os homens da Igreja foram temas que mereceram pouca ou nenhuma importância por parte da historiografia. Na Europa ou no Brasil, o tema sofria com uma enorme carência de estudos. Os historiadores que se aventuravam por essas temáticas eram vistos com certo ceticismo, já que imperava uma excessiva preocupação com a política e com a economia. Agravando ainda mais o cenário, os estudos produzidos por indivíduos ligados à própria Igreja, como bispos, padres e religiosos das mais variadas ordens, embora de fundamental importância, muitas vezes resultaram em visões demasiado preconceituosas e etnocêntricas que foram sendo reproduzidas acriticamente pela historiografia subsequente.
Tais estudos agregavam características semelhantes. Quando tratavam da Igreja/instituição traziam visões genéricas, privilegiando algumas áreas em detrimento de outras, sem contar com o apoio de pesquisas regionais que dessem o tom das especificidades. As obras que tratavam da Igreja no Brasil também traziam iguais barreiras. As áreas mais “periféricas”, como a dos bispados do Norte da Colônia, ganhavam pouca notoriedade. Os bispos, seus feitos, suas administrações, as longas vacâncias que marcaram os bispados durante o período colonial, foram, via de regra, o foco central dessas análises. Essa primeira geração de trabalhos é marcada por uma história institucional dos diferentes bispados, de suas altas hierarquias do eclesiástico e sobre as ordens religiosas que foram paulatinamente adentrando pelos sertões no Brasil. Quase nada aparece sobre o clero secular. Seu cotidiano, quem eram esses homens, como vivenciavam suas relações com os fregueses, seus desvios de comportamento, nada mereceu destaque nesses primeiros relatos sobre a Igreja no Brasil. Leia Mais
Escravidão | Revista Ultramares | 2013
A partir das comemorações do centenário da abolição da escravatura no Brasil muitas obras e pesquisas historiográficas revisitaram as histórias dos escravos e seus descendentes, redesenhando o papel que desempenharam na sociedade brasileira durante os vários séculos de escravidão. Novas fontes foram descobertas, outras revistas. Além do que com as possibilidades abertas pelas influências teóricas pós Annales surge uma nova historiografia da escravidão no Brasil. O escravo que antes era uma peça movida ao bel prazer das vontades dos seus senhores, passou a ter voz e a negociar sua existência dentro do sistema1.
Desde então os escravos passam a ser vistos dentro da sociedade, como parte crucial para o seu funcionamento e desenvolvimento, e como sujeitos ativos na construção cotidiana da nossa história. Sem o negro o Brasil não teria conseguido auferir riquezas e inserção no cenário mundial no desenrolar dos séculos de colonização, e mesmo depois da independência. No que tange a escravidão, os escravos passaram a ser investigados a partir da formação familiar que emergiu de dentro das senzalas urbanas e rurais, instituição que segundo alguns historiadores, consolidou a paz e acalmou os ânimos2. Novas possibilidades surgem a partir da presença negra na formação de irmandades, contribuindo com sua cultura para promover uma complexidade religiosa, nas festas e devoção aos santos católicos. Além disso, os quilombos, antes vistos como locais de subversão hoje são considerados elementos da resistência. Hodiernamente, o cativo não é mais aquele que sempre desejava a liberdade, mais também é visto como um reprodutor do sistema, que dentro de suas possibilidades buscou status, o de ter outros escravos, que conseguiu angariar pecúlio, deixando de ser uma simples vítima do sistema, mas inclusive compactuando para sua preservação. Leia Mais
Poder e administração colonial | Revista Ultramares | 2012
Durante muito tempo Raymundo Faoro com seu clássico, Os Donos do Poder, reinou sozinho e absoluto (permita-me o trocadilho) nas interpretações sobre as estruturas políticas da América portuguesa. Mesmo que autores anteriores a esta obra clássica tenham esboçado flertes e interpretações superficiais sobre a experiência política (a exemplos de Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Edmundo Zenha, só para citar alguns), foi com Faoro que a historiografia ganhava uma construção sistêmica sobre o Estado Brasileiro desde as suas origens até o início do século XX[1].
No que se refere à experiência colonial portuguesa na América, Os Donos do Poder apostava em um Estado Luso forte, poderoso e centralizador. Sem espaços para negociações, as leis e ordens eram aplicadas de cima para baixo e aceitas, sem muitos questionamentos, em todo o território do Atlântico. Assim, configurava-se o Absolutismo português na Época Moderna, com instituições administrativas com jurisdições bem delimitadas pouco replicadas nas conquistas (o que facilitaria o controle) e a opção do uso de agentes régios que fiscalizariam as ações e o cumprimento da lei nas conquistas ultramarinas. Enfim, podemos falar que a intepretação de Faoro complementava perfeitamente as teorias fundadas quase uma década antes por Caio Prado Júnior, em Formação do Brasil Contemporâneo, especialmente em seu ensaio inicial, O Sentido da Colonização. Se Prado Jr. estruturou o pensamento econômico colonial, Faoro tentava buscar o mesmo caminho no que tange ao político. Leia Mais
Historiografia Colonial | Revista Ultramares | 2012
Ao contrário do que muitos pensavam, Pedro Álvares Cabral sabia exatamente o que iria encontrar quando recebia a missão de chegar às Ìndias e realizar uma parada nas terras portuguesas referendadas pelo Tratato de Tordesilhas de 1496. Evidentemente que a grandiosidade do território, a diversificação da flora e fauna, bem como as peculiaridades dos nativos nem passava por seu imaginário, mesmo com todos os relatos reais e fantasiosos que assolavam os círculos de leitura e narrativas orais de viagens e expedições marítimas. No entanto, a certeza de que aqueles espaços pertenciam à monarquia portuguesa e que precisavam ser devidamente empossados pela nobreza lusa do reino era uma evidência que pode ser percebida nas linhas de seu companheiro de viagem, Pero Vaz de Caminha.
Assim, a partir daquele momento que a história das diversas populações nativas do território passava a se conectar com a história da Europa, de Portugal e a da Época Moderna. Ao mesmo tempo, nascia a História da Terra de Santa Cruz, da Terra de Vera Cruz ou, simplesmente como passou a ser chamada, a História do Brasil. Os religiosos e os viajantes foram os primeiros que se debruçaram em tal empreitada, mesmo utilizando-se de recursos de narrativas, descortinavam o território, descreviam os hábitos dos moradores e apresentavam as primeiras construções de vilas e freguesias. Como “historiadores” do passado colonial, tornaram-se fontes essenciais para os membros dos Institutos Históricos Geográficos do Brasil a fora remontarem este mesmo passado nos idos do século XIX. Afinal, (re)construir a História do Brasil naquele momento significava, obrigatoriamente, olhar para o período entre 1500 e 1822 como aquele da formação do povo brasileiro e da identidade brasílica. Sendo justamente por tais objetivos, que o mesmo órgão recolhia, transcrevia e publicava as fontes históricas e documentos primários referentes àquele período, essenciais para os pesquisadores na atualidade. Leia Mais
Ultramares | UFAL | 2011-2015
A Escrita da História do Brasil tem sua origem em um relato oficial: a carta de Pero Vaz de Caminha. Mesmo sendo um documento repleto de intenções, grande parte dos estudiosos o consideram como o primeiro registro do território explorado pelos portugueses do outro lado do Atlântico, angariado, principalmente, através das bulas papais e pelas disputas de controle territorial com o monarca espanhol.
Lá se foram mais de quinhentos anos da época deste primeiro olhar sobre o território e seus habitantes para os dias atuais! Evidentemente muitas mudanças, imposições, controles, negociações, disputas, insubordinações, barganhas e outros elementos se fizeram presentes no cotidiano Américo português entre 1500 e 1822, quando houve a separação administrativa e a instituição de um território “emancipado”. Os intelectuais desse novo espaço administrativo, denominado de Império Brasileiro, ao olhar para trás iniciou a construção de uma escrita da História Colonial, sobretudo após a criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Assim, saía-se dos relatos e descrições feitas por aqueles que viviam o dia a dia das conquistas (missionários, clérigos, viajantes, cronistas e demais “curiosos”) para interpretações sobre essas impressões, entremeados com os registros documentais deixados pelos agentes régios, pelos moradores locais, pelos órgãos administrativos e pelos homens dos mais variados grupos sociais.
Devido a este cenário, a ideia de construir uma revista exclusivamente para discutir as temáticas sobre a experiência das conquistas portuguesas na América torna-se interessante, como um meio de ampliação de resultados dos programas de pós-graduação e pesquisas científicas dos profissionais da história e áreas afins. Neste sentido, privilegiando a variabilidade de assuntos, os diversos cortes cronológicos e o uso das mais diversificadas fontes documentais, a Revista Ultramares propõe-se, ousadamente, a se tornar um espaço de referência intelectual e científica para os especialistas da área tanto no âmbito nacional, quanto no âmbito internacional.
Seu nome vincula-se, justamente, a esta missão ousada e, por que não dizer, arriscada em atingir “mares nunca d’antes navegados” ou passar por costas e sertões já explorados, mas com outros vieses e interpretações. Em sua estrutura editorial, a revista tem como autor corporativo o Grupo de Estudos América Colonial (GEAC) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que visa, através da revista, estimular as conexões de rede de pesquisa e a inserção das pesquisas alagoanas no cenário nacional/internacional sobre a temática. Todavia, em seu objetivo de publicação, a meta é prezar pela diversificação de assuntos, autores e espaços geográficos abordados, tentando dar conta do mundo plural das conquistas, garantindo as especificidades, mas proporcionando flertes de comparações e olhares próximos sobre os domínios Atlânticos. Assim, olhares que possibilitam visões sobre poder, administração, cotidiano, economia, escravidão, cultura, arte e vida social dos homens e instituições no Ultramar. Visões que possibilitem (re)visões, (re)leituras e (re)interpretações historiográficas, sobretudo oriundas das críticas e novos sentidos dado a documentação primária.
Por fim, a Revista Ultramares traz em sua obrigação o comprometimento com a diversidade, originalidade, periodicidade, credibilidade e organicidade. Elementos, aqui, entendimento como fulcrais para a consolidação do periódico como referência científica tanto no mêttie dos estudos da História das Conquistas Coloniais Portuguesas, como na própria Historiografia do Brasil. Missão árdua, mas, no mínimo sedutora, fazendo-nos lembrar dos navegantes em busca de aventuras, novos caminhos e outras vidas…
Periodicidade semestral
Acesso livre
ISSN 2316 1655
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