Trabalho e Sociedade nas Américas / História (Unesp) / 2006

A problemática do trabalho é uma questão central na história das sociedades americanas, desde o surgimento das primeiras civilizações, muitos séculos antes da chegada do europeu neste continente, intensificando-se com a incorporação desse novo território primeiro como colônias das coroas de Castela e Portugal e posteriormente com a Inglaterra, França e Holanda. Foram várias as soluções experimentadas para a questão da mão-de-obra, como a escravização da população nativa, a introdução do escravo africano e tantos outros sistemas de trabalho ao longo da história. Objeto de várias investigações tanto no campo historiográfico como entre pesquisadores das diversas áreas das ciências humanas, o tema vem atraindo a atenção de investigadores brasileiros e estrangeiros. Questão de extrema atualidade, tendo em vista as transformações do mundo do trabalho no século que se inicia. Foi com a intenção de aprofundar e divulgar este debate que o conselho editorial escolheu esta problemática para dar início a uma nova gestão da revista História.

Os dois primeiros artigos, embora em perspectivas diferentes, abordam a experiência da Companhia de Jesus em duas regiões da América. O primeiro do professor Fernando Torres-Londoño, estuda a questão da mão-de-obra nativa nas missões jesuítas da região amazônica. O segundo, de Beatriz Helena Domingues, analisa a experiência jesuítica entre os guaranis através de três relatos do século XVIII.

O trabalho dos professores José Manuel Serrano e Alan Kuthe analisa a implantação de estabelecimentos que ficaram conhecidos como “presídios”, ou seja, cidades fortificadas para a expansão da colonização espanhola ao longo da fronteira norte do Vice-reinado da Nova Espanha. Em região conhecida pela sua aridez e de poucos recursos econômicos, a coroa espanhola procurava com estas atividades colonizar a área e submeter os indígenas belicosos. Os autores procuram investigar em especial como se deu a busca de recursos para manutenção destes núcleos.

O artigo do professor Horacio Gutierrez analisa a utilização da mão-de-obra escrava no Paraná e sua importância junto à questão das terras na constituição de hierarquia sociais. O artigo do professor Pedro Miranda Ojeda segue o caminho da constituição do trabalho, do progresso e da modernização como valores morais que contribuíram na construção da nação mexicana. O professor Ivan de Andrade Vellasco trabalha com a formação de processos identitários e de solidariedade através da análise de um processo criminal. Ambos inseridos no contexto do século XIX.

O artigo do historiador Norberto Ferreras visa averiguar as relações entre imigração e formação da classe operária na Argentina moderna. Já o artigo de Dainis Kaperovs analisa a criação, pelo Partido Comunista, em 1925, da Coligação Operária de Santos.

Fora do dossiê participam deste número o artigo coletivo da professora Heloisa Rechel em conjunto com Ana Paula Bronizieck e Débora Ehlert, que analisa a historiografia da América Latina, publicada no periódico argentino Desarrollo Económico Revista de Ciencias Sociales, durante os anos sessenta do século passado, em especial o tema da política e do pensamento desenvolvimentista. Em outro artigo, Alexandre Mendes Cunha discute o fenômeno do clientelismo na sociedade brasileira desde um ponto de vista da longa duração.

Trabalho e Sociedade nas Américas é o tema que abre os trabalhos do novo conselho editorial da revista de História. A nova gestão assume com uma proposta de adaptar a revista para os novos tempos de nossa universidade. Assumimos também com a intenção de dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito, com muita competência, de inserção maior da revista no meio acadêmico e científico brasileiro e internacional e para tanto contamos com o apoio de nossos colegas do curso de História.

Conselho Editorial


Conselho Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.25, n.1, 2006. Acessar publicação original [DR]

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