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Estado e Poder: Sociedade Civil / História & Perspectivas / 2013
A Revista História & Perspectivas traz nesta edição o dossiê temático intitulado “Estado e Poder: Sociedade Civil”. O tema remete ao recorte apresentado pelo VII Simpósio Nacional Estado e Poder: Sociedade Civil, realizado em Uberlândia de 20 a 22 de agosto de 2012. O evento, originário do Núcleo de Estudos Estado e Poder no Brasil – Nupep / U.F. Fluminense, nessa 7ª edição, partilhou a organização com o Núcleo de Pesquisa e Estudos em História, Cidade e Trabalho – Nupehcit / UFU, ao qual se vincula a revista. O objetivo do evento foi promover uma avaliação do estado atual dos estudos sobre a problemática da sociedade civil na sua relação com o Estado, em distintos espaços e temporalidades, aprofundando o intercâmbio de pesquisas e reflexões sobre a temática, buscando também identificar os embates atuais em torno de práticas intra e interestados no movimento mais amplo de mundialização do capital, destacando-se os seguintes questionamentos: qual o papel desempenhado pelos agentes sociais e pelos “intelectuais” nesse processo? Como podemos pensar as atuais configurações políticas, sociais, econômicas e culturais do Estado desenvolvimentista, em suas relações internas e internacionais? Como se colocam as questões humanas e ambientais dentro dessa configuração? Como esses embates e combates têm sido travados na sociedade civil? Constatamos que a atual conjuntura impõe novos desafios ao pensamento crítico e nos colocamos diante da necessidade de repensarmos as práticas do passado e do presente, descortinando memórias e procurando abrir sendas e veredas em direção a novas utopias, no esforço incessante de incrementar o diálogo acadêmico com e a partir de práticas sociais, em toda a sua complexidade.
Vale lembrar que a História & Perspectivas, nos idos de 1991, na época Revista do curso de História da UFU, dedicou um número especial aos 100 anos de Antônio Gramsci, com uma observação dos editores que nos parece ainda fundamental: “a elaboração aqui apresentada recusa-se a ‘usar’ Gramsci. Ou seja, recusa reduzir o texto gramsciano à condição de verdade. Mais do que verdade, o pensamento gramsciano é estímulo à produção. Este é o nosso propósito” (Conselho Editorial. História & Perspectivas, n. 5, 1991, p. 3). O “fascínio” dos textos gramscianos se mantém, desafiando ortodoxias, buscando um diálogo aberto a novas indagações, estimulando o pensamento crítico e totalizante e, no fundo, buscando alternativas à realidade existente e apontando para outros possíveis mundos (onde caibam muitos mundos, no dizer zapatista), característica de produções no campo do marxismo.
Recebemos muitas contribuições, com artigos variados, demonstrando a pertinência e atualidade da ampla temática proposta. Todavia, o presente número apresenta apenas alguns dos artigos, ficando os demais para outras edições. Os textos que compõem este dossiê da História & Perspectivas são, em parte, de autores presentes no VII Simpósio, que apresentam artigos onde discutem a relação entre Estado e sociedade civil na perspectiva proposta por Antônio Gramsci. Dessa forma, Elder Andrade de Paula mostra como a recente complexificação da sociedade civil trouxe também novos refinamentos nas práticas hegemônicas, mormente no que se refere ao campo do conservacionismo ambiental, terreno de atuação das grandes ONGs. Sonia Regina de Mendonça trata das políticas agrícolas na primeira metade do século XX, correlacionando sua dinâmica aos interesses patronais agroindustriais organizados junto a dois aparelhos de hegemonia da sociedade civil do período: a Sociedade Nacional de Agricultura e a Sociedade Rural Brasileira. Maurício G. Margalho investiga a sociogênese do projeto industrial dos anos 1930-1940 por meio da trajetória do grupo empresarial Klabin. O artigo de Dilma Andrade de Paula, por meio do conceito de “intelectual”, propõe uma discussão sobre o papel do conhecimento no campo das Ciências Humanas e Sociais, em particular na História, em sua trajetória recente.
O primeiro e o último artigo do dossiê são de autores externos ao evento. Mabel Thwaites Rey e José Castillo, instigados pelo recente retorno de temas como desenvolvimento, dependência e o papel desempenhado pelos Estados Nacionais na América Latina, realizam uma grande revisão bibliográfica dentro do marxismo e do neomarxismo em torno desses temas. É o artigo que abre o dossiê, que auxilia a refletir de maneira global os destinos históricos da América Latina, desde as primeiras décadas do século XX até os dias de hoje, os desafios de ontem e os atuais. Para finalizar o dossiê e instigar a discussão, contamos com artigo de João Alberto, em outra vertente do marxismo, apresentando outra perspectiva de análise do Estado e da sociedade civil, propondo uma reflexão sobre o conjunto da obra teórica de João Bernardo, historiador marxista português, apresentando os “gestores” como classe dominante e o seu poder institucional de controle do processo produtivo capitalista. Acreditamos, com a apresentação de artigos com perspectivas distintas, que a busca de saídas para o “pensamento único” e o “fim da História” não deva ser a formação de novas ortodoxias e novos encarceramentos do pensamento. A complexidade do real nos instiga a buscar a pluralidade e desafiar nossos próprios pressupostos.
Conselho Editorial
Estado e Poder: Sociedade Civil. História & Perspectivas, Uberlândia, v.26, n.48, 2012. Acessar publicação original [DR].
Estado e Sociedade Civil: Ditaduras na América Latina / Estudos Ibero-Americanos / 2012
O presente Dossiê apresenta uma síntese das reflexões resultantes do diálogo estabelecido entre historiadores do Uruguai, da Argentina e do Brasil, e suas respectivas pesquisas desenvolvidas em torno do tema das Ditaduras latino-americanas e suas interfaces com o Estado e a Sociedade Civil. O diálogo desde então estabelecido entre eles proporcionou várias reflexões, das quais buscou-se uma síntese no conjunto de artigos que formam este Dossiê.
Pretendeu-se apresentar perspectivas diversas sobre alguns regimes ditatoriais que vigoraram na América Latina no século passado. Essa abertura à diversidade de interpretações que marca as pesquisas sobre o tema é percebida não apenas como decorrência da amplitude e heterogeneidade características do campo de investigações, mas sobretudo como um compromisso fundamental com o conhecimento.
O elemento central em todas as variadas análises aqui apresentadas é a abordagem histórica das relações estabelecidas entre Estado e sociedade civil naqueles contextos autoritários. Trata-se de questão chave para compreensões mais profundas dos modos pelos quais aqueles regimes foram estabelecidos, eventualmente transformados e por fim substituídos. As ditaduras passam assim a ser vistas como produtos sociais complexos, moldados por conflitos de interesses individuais e coletivos, disputas por poder, relações de forças dinâmicas, tradições autoritárias mais ou menos arraigadas, dentre outros fatores igualmente importantes.
Tal é o fio condutor a unir os diferentes artigos que compõem o dossiê ora apresentado. Nos textos, toma-se como objeto de análise determinados aspectos dos regimes ditatoriais instaurados no Uruguai, na Argentina e no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980. Um balanço das mais recentes análises da historiografia uruguaia sobre o regime autoritário que vigorou naquele país entre 1973 e 1985 é apresentado por Jaime Gabriel Yaffé Espósito (Universidad de la República, Uruguai). Também abordando o caso uruguaio, Enrique Serra Padrós (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Ananda Simões Fernandes (Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul) debruçam-se sobre o tema do governo Bordaberry, avaliando o papel de setores militares em relação ao golpe de 1973. Miguel Ángel Taroncher (Universidad Nacional de Mar Del Plata, Argentina) examina a questão da opinião pública no contexto do golpe de 1966, na Argentina. Uma leitura comparativa das alianças entre civis e militares que resultaram nos golpes de Estado no Brasil e na Argentina é apresentada por Hernán Ramiro Ramírez (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil). Ainda em relação a Brasil e Argentina, mas privilegiando as relações entre imprensa e ideologia, Helder Volmar Gordim da Silveira (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil) propõe algumas reflexões sobre o modo como o diário argentino Clarín noticiou a crise política que envolveu o golpe de 1964 no Brasil. Tratando da mesma conjuntura, Jaime Valim Mansan (Ddo do Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil) apresenta uma análise da atuação da Comissão Especial de Investigação Sumária instalada em maio de 1964, com objetivos repressivos, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Helder Gordim Silveira – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Miguel Ángel Taroncher – Universidad Nacional del Mar Del Plata
Organizadores
SILVEIRA, Helder Gordim; TARONCHER, Miguel Ángel. Apresentação. Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre, v. 38, n. 1, jan. / jun., 2012. Acessar publicação original [DR]