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História, Educação e Intelectuais Brasileiros | Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino | 2021
Anísio Teixeira e Jean Paul Sartre: Fotos: A Tarde //Gisele Freund
Como definir um intelectual? Qual a sua função? Essas perguntas sartrianas, em seu livro Em Defesa dos Intelectuais, nos levam a problemas de método. O estudo sobre intelectual se constitui quanto categoria dentro de uma estrutura de investigação científica não muito bem delineada. Mesmo tratando-o, epistemologicamente, em uma visão multidisciplinar, em que os instrumentos teórico-metodológicos consolidados de vários campos, como Sociologia, Filosofia, História e Educação, contribuem academicamente de forma indelével, a análise sobre intelectual pode-se incorrer em armadilhas. Um dos desafios, por conseguinte, é perquirir o lugar do intelectual na sociedade. A relação entre sujeito intelectual e estrutura institucional pode ser concebida a partir de sua formação, de suas diversas filiações e suas tessituras de sociabilidade política, cultural, econômica, educacional etc.
Este prisma auxilia o ponto de partida para uma análise da pluralidade das suas funções possíveis na sociedade hoje. Portanto, a pesquisa sobre os intelectuais, enquanto “categoria teórica movediça”, nos conduz a assinalar a sua importância como agentes orgânicos em determinada conjuntura histórico-política, que têm funções sociais na condição mais de vínculo a uma classe ou grupo social do que à personalidade individual marcante. Assim sendo, tentamos construir a premissa de Sartre na qual “o intelectual é o homem que toma consciência da oposição, nele e na sociedade […]. Produto de sociedades despedaçadas, o intelectual é sua testemunha porque interiorizou seu despedaçamento. É, portanto, um produto histórico. Nesse sentido, nenhuma sociedade pode se queixar de seus intelectuais sem acusar a si mesma, pois ela só tem os que faz.” [4] Leia Mais
Domínios Teóricos da História Social e da Educação Histórica / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2019
Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino tem o prazer de apresentar ao público mais um número. São sete artigos e uma entrevista com temas que refletem os domínios teóricos da História Social e da Educação Histórica. Convém realçar que os textos aqui reunidos traduzem a atenção e o cuidado dos seus autores em provocar discussões que contribuam para o avanço e difusão de informações atinentes aos domínios teóricos.
Compõem a Seção de Artigos textos inéditos que reforçam a perspectiva interdisciplinar deste periódico, sendo eles: “A Representação da Cavalaria Medieval na Trilogia “O Senhor dos Anéis”, assinado por Geisy Stephany Lauton da Silva e Daniela Moura Rocha de Souza; “Há uma Lei específica que cria a profissão de professor no Brasil?” Escrito por Genivaldo Cruz Santos; “Alegorias da Justiça e a República Brasileira (Exercício de Leitura Iconológica), de autoria de Manuel Rolph Cabeceiras, Hiram Alem, Mateus Martins do Nascimento, Douglas Magalhães Almeida, José Luiz Rebelo e Renan Cardoso Galvão; “Espaço Urbano de Vitória da Conquista: lugar de oportunidades. Para quem?”, texto que tem como autores Priscilla Sandes Ferraz e Vilomar Sandes Sampaio; “Evolução e Expansão da Educação Superior no Brasil: uma revisão bibliográfica”, de autoria de Iracema Oliveira Lima e Sandra Regina Arruda; “O Sistema de Seleção Unificada (SISU) e a ausência de políticas de permanência estudantil: análise sobre o crescimento do número de convocações na Universidade do Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Vitória da Conquista – BA”, tendo como autores Ari Fernandes Santos Nogueira, Sheila de Araújo Paiva e Iracema Oliveira Lima; o artigo “Uma dose de História: cachaça de alambique e aguardente de coluna”, Tendo como autores Leonardo Milani Avelar Rodrigues, Andrea Gomes da Silva, Patrícia Beltrão Lessa Constant, Cristiane Patrícia de Oliveira e Alexandre Galvão Carvalho.
Além da seção de artigos, a Revista apresenta uma entrevista com o Professor Demerval Saviani. Fruto de uma conversa estabelecida com a professora Sidnay Fernandes dos Santos, por ocasião do V Seminário Interdisciplinar de Ensino, Extensão e Pesquisa, ocorrido na Uneb, Campus VI, Caetité, nos dias 28, 29 e 30 agosto de 2019, a entrevista apresenta sua trajetória como pesquisador e militante da educação, além de uma série de considerações sobre a importância da Educação como um campo relevante de pesquisa e combate por uma sociedade justa.
Como sempre, desejamos a todos aqueles que acessam e colaboram com a Revista uma excelente leitura! Nossa expectativa habitual é a de facultar aos leitores e aos pesquisadores debates que interessem às Ciências Sociais como a cultura, as diversas linguagens, a educação, dentre outros temas que se encontram em consonância com o que se propõe este periódico.
Genilson Ferreira da Silva
Márcia Cristina Lacerda Ribeiro
SILVA, Genilson Ferreira da; RIBEIRO, Márcia Cristina Lacerda. Editorial. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.2, n.2, jul. / dez., 2019. Acessar publicação original [DR]
História e memória da educação / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2019
Este volume da Revista Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino é dedicado ao tema “História e memória da educação”. Para tanto, tecemos algumas considerações a respeito das próprias noções de história e de memória. O alargamento e a aceleração da produção de estudos em ambos os campos, tem engendrado uma certa fusão e confusão entre as mesmas (SILVEIRA, 1996, p. 15).
Pierre Nora nos demarca que memória e história não são sinônimos, mas conceitos opostos. Na força de suas palavras:
A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está sempre em evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. A história é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais (NORA, 1993, p.1).
Autores que estudam a memória (BOSI, 1979; NORA, 1984; HALBWACHS, 1990; POLLAK, 1992; LE GOFF, 1996; KESSEL, 2016) assinalam que a rememoração individual se faz na tessitura das memórias dos diferentes grupos com que nos relacionamos. O indivíduo carrega em si a lembrança, mas a ação de lembrar é feita na interação com a sociedade, com grupos e instituições em que participa. É no contexto destas relações que construímos as nossas memórias.
A produção da história, por outro lado, ultrapassa o registro do depoimento, das informações contidas nas mais diversas materialidades, e se volta para a reflexão teórica e metodológica na construção do conhecimento. Para André Burguière o que confere valor ao trabalho do historiador não é a qualidade das fontes que ele conseguiu descobrir, mas a capacidade praticamente infinita de interrogá-las (1993, p. 54).
No campo da história e memória da educação podemos tratar da cultura difundida e praticada na instituição, enfocando também as práticas educacionais. Podemos igualmente pensarmos na reconstrução da memória audiovisual e documental por meio da seleção de fontes iconográficas, como fotografias, plantas arquitetônicas, filmes, entrevistas e documentação escrita. Há a possibilidade também de valorizarmos a rede de configurações socioculturais estabelecidas pelo corpo docente e discente, trabalhando-se com a memória coletiva.
Pari pasu, neste volume são apresentados 13 (treze) artigos que discorrem sobre história e memória a partir de temáticas alusivas aos acervos e fontes, a história do ensino e suas práticas pedagógicas, agentes e instituições educativas.
Aproveitamos para desejar uma boa leitura a todos e que a temática do volume inspire novos pesquisadores a realizarem investigações no campo da história da educação.
Referências
BOSI, Ecléa. Memória & sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: T.A. Editor, 1979.
BURGUIÈRE, André. Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
KESSEL, Zilda. Memória e memória coletiva. Disponível em: acesso em 28 / 04 / 2016
NORA, Pierre. Les Lieux de mémoire. Paris: Gallimard, 1984, v. 1.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Proj. História, São Paulo, (10), dez. 1993.
POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, v. 5, n.10, 1992
SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Recuperar a memória, fazer história. In: Debates Regionais III: Fazer História, (des) construção e (in)certeza. João Pessoa: Almeida Gráfica e Editora Ltda / NDIHR / ANPUH,1996.
Olivia Morais de Medeiros Neta
Maria Inês Sucupira Stamatto
Genilson Ferreira da Silva
Marcia Cristina Lacerda Ribeiro
MEDEIROS NETA, Olivia Morais de; STAMATTO, Maria Inês Sucupira; SILVA, Genilson Ferreira da; RIBEIRO, Marcia Cristina Lacerda. Apresentação. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.1, n.3, jan. / jun., 2019. Acessar publicação original [DR]