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Greece and the Augustan Cultural Revolution | Anthony Spawforth
Após algumas décadas de crítica ao conceito de “romanização”, o leitor poderia estranhar as teses expostas no recém-publicado Greece and the Augustan Cultural Revolution, de Anthony J. Spawforth. Apesar do termo romanisation aparecer poucas vezes no corpo do texto, a tônica do livro é, justamente, demonstrar a romanização da Grécia. Mais do que isso: demonstrar que a romanização da Grécia se alinhava à política cultural dos imperadores, especialmente Augusto e Adriano. Seria indício de um retorno do paradigma da romanização nos estudos sobre o Império Romano?
Não exatamente. O livro de Spawforth se situa em um lugar específico do debate da romanização: o “oriente romano”. Até a segunda metade do século XX, o conceito de romanização se aplicava sem constrangimentos às provinciais ocidentais, bárbaras, que adotaram a vida urbana e a civilização somente com a conquista romana; as províncias orientais, por outro lado, densamente urbanizadas e com uma enraizada cultura grega (ao menos entre as elites), resistiram à romanização plena, limitada aos aspectos políticos e militares. Com as críticas ao caráter imperialista do conceito de romanização, realizadas na segunda metade do século XX, a cultura das províncias ocidentais do Império deixou de ser vista como simples resultado da “aculturação”, enquanto que, no oriente, a “resistência grega” se tornava o símbolo de um “imperialismo cultural reverso”, no qual os dominados submetiam culturalmente os dominadores. Leia Mais
Pequenos poderes na Roma imperial. Os setores subalternos na ótica de Sêneca | Luciane Munhoz de Omena
A professora da UFG, Luciane Munhoz de Omena, publica livro resultante da sua pesquisa de doutoramento, na Universidade de São Paulo, sob a orientação de Norberto Luiz Guarinello. Como ressalta, logo no prefácio, a professora da UFG Ana Teresa Marques Gonçalves, a autora demonstra como os setores subalternos eram atores políticos relevantes durante o Principado (27 a.C. – 197 d.C.). Omena agencia, em seu estudo, diversos pontos de vista ao corrente das discussões epistemológicas mais recentes, a começar pela crítica aos regimes de verdade, tal como proposto por Michel Foucault, mas também pelo uso do conceito de capital cultural, oriundo de Pierre Bourdieu, destacados pela autora já na introdução. Outros horizontes são apresentados no decorrer da obra, com autores como Peter Burke, Georges Balandier e Mikhail Bakhtin. A autora, de forma muito apropriada, insere sua obra nas discussões brasileiras, com menções a estudiosos como Fábio Faversani, Renata Senna Garrafoni, Norberto Luiz Guarinello, Fábio Duarte Joly e Norma Musco Mendes, entre outros. Ressalte-se, ademais, a consulta de dissertações e teses inéditas, em particular sobre Sêneca (e.g. Ronildo Alves Santos e Ingeborg Braren). Leia Mais