Posts com a Tag ‘Séc. 20’
Cronologia das Relações Internacionais do Brasil || O Brasil e a Liga das Nações (1919–1926) | Eugênio Vargas Garcia
Um jovem autor, Eugênio Vargas Garcia, lança quase que simultaneamente dois trabalhos de relevância para o estudo da política externa brasileira e da inserção do país no cenário internacional. O primeiro é Cronologia das Relações Internacionais do Brasil, um pequeno grande livro que consegue o prodígio de, em pouco mais de duzentas páginas, fixar, em seus marcos essenciais, a trajetória do Brasil em relação ao exterior, dos primórdios da colonização portuguesa ao ano de 1998.
Pode-se dizer que a mais expressiva contribuição oferecida por essa obra reside naquilo que, ao próprio autor, pode parecer algo menor, como se depreende de suas palavras apresentadas na Nota Introdutória. Refiro-me à recuperação do “fato histórico” como elemento insubstituível a um bem estruturado trabalho de interpretação. Com efeito, ao apontar os males de que padece qualquer cronologia, Garcia menciona o factualismo de origem, a arbitrariedade na seleção e no ordenamento dos fatos e a inevitável simplificação que acomete esse tipo de trabalho. Leia Mais
A construção do Terceiro Mundo. Teorias do subdesenvolvimento na Romênia e no Brasil | Joseph L. Love
Como os economistas e outros autores de persuasão estruturalista do desenvolvimento têm teorizado os complexos e comuns problemas do atraso ou subdesenvolvimento na Europa centro-oriental e na América Latina e Caribe (durante o século XX), em comparação com as economias centrais, industrializadas e capitalistas do Ocidente, parece ser a questão central que orienta o recente trabalho do destacado historiador norte-americano Joseph L. Love.
Joseph Love é professor da Universidade de Illinois (EUA), especialista em história contemporânea e regional do Brasil. Seus primeiros trabalhos sobre a história de Brasil datam da década de 1970. Love oferece-nos no momento um sólido trabalho de pesquisa que podemos localizar especificamente no âmbito da história das idéias. De maneira mais específica, estamos diante de um estudo sobre a evolução das idéias do desenvolvimento em duas regiões consideradas atrasadas. Também as características e os fatores que definem a condição periférica e, ainda, a recuperação das contribuições dos autores romenos, brasileiros e de outras nacionalidades são postas em evidência. O conjunto é utilizado para compreender, interpretar, atuar e, eventualmente, sugerir vias de superação da situação de subdesenvolvimento econômico, sócio-político e tecnológico, no contexto de expansão do sistema capitalista mundial. Leia Mais
Brasil e Israel: diplomacia e sociedades | Norma Breda dos Santos
A Professora Norma Breda, da Universidade de Brasília, adicionou a ainda pouco desenvolvida bibliografia de estudos diplomáticos brasileiros uma valiosa coletânea dedicada às relações entre Brasil e Israel. Ela não somente organizou a coletânea e lhe escreveu o prefácio, como produziu também o mais extenso e abrangente estudo incluído no livro, enriquecido ainda pela substanciosa “Apresentação”, assinada pelo Professor Amado Luiz Cervo, diretor da Coleção Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
No seu texto, Norma Breda acompanha com astúcia as posições, em relação a Israel, assumidas por diplomatas brasileiros, durante cinco décadas, nos inúmeros debates em torno da questão árabe-israelense, ocorridos nas Nações Unidas. Cabe aqui ressaltar que, até os anos setenta, tal era o contexto mental em que se pensavam, no Itamaraty, os problemas associados à existência de Israel: O mundo dos Estados árabes reagindo ao aparecimento entre eles do Estado judeu. O Brasil, que possuía bem agregado na sua população um forte contingente de judeus e grandes colônias árabes, tinha todo interesse em manter-se imparcial no conflito, vendo-se inclusive como candidato a mediador em eventual impasse. A autora registra, no contexto da preparação da famosa Resolução n° 242, análises do delegado brasileiro ao Conselho de Segurança, demonstrando a auto-satisfação com a contribuição dada pelo Brasil, forçando as partes a abandonarem suas posições inflexíveis e tornando possível o compromisso encerrado na Resolução. Leia Mais
Brasil-Alemanha: fases de uma parceria (1964-1999) | Christian Lohbauer
O cientista político Christian Lohbauer, após a conclusão de seu doutoramento em 1999, junto à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, reformula sua tese e elabora Brasil-Alemanha: fases de uma parceria (1964-1999). Publicado sob os auspícios da Fundação Konrad Adenauer e da editora da USP, o texto dedica-se ao estudo evolutivo das relações bilaterais do Brasil com a República Federal da Alemanha e, após 1990, com a Alemanha unificada. Ressalta as políticas nacionais e internacionais dos dois países, bem como suas abrangências no contexto internacional. Dentro da ordem internacional vigente no período, também prioriza as interações do Brasil e da República Alemã com os Estados Unidos.
Partindo do paradigma da “aliança especial com os Estados Unidos” e do paradigma “globalista” para explicar a atuação do Ministério das Relações Exteriores ao longo da história republicana do Brasil, Lohbauer adota o segundo, mesmo reconhecendo que o Brasil teve os Estados Unidos como aliado especial entre 1964 e 1967 e entre 1990 e 1992. O paradigma “globalista” tem como base a posição mais autônoma do Brasil no mundo, na busca de uma política externa visando sua melhor inserção no cenário internacional. Assim, as relações bilaterais entre o Brasil e a RFA destacaram e destacam-se por marcar a tentativa brasileira de obter uma maior autonomia no panorama mundial e de conquistar um expressivo poder de barganha frente aos países desenvolvidos, principalmente em relação aos Estados Unidos. Leia Mais
Projeto emissão: o movimento folclórico brasileiro 1947-1964 | Luís Rodolfo Vilhena
Resenhista
Maria Amélia Garcia de Alencar – Professora dos Departamentos de História da Universidade Federal de Goiás e da Universidade Católica de Goiás. Doutoranda em História no Programa de Pós-Graduação da Universidade de Brasília – UnB.
Referências desta Resenha
VILHENA, Luís Rodolfo. Projeto emissão: o movimento folclórico brasileiro 1947-1964. Rio de Janeiro: Funarte; Fundação Getúlio Vargas, 1997. Resenha de: ALENCAR, Maria Amélia Garcia de. História Revista. Goiânia, v.5, n.1-2, p.193-196, jan./dez.2000. Acesso apenas pelo link original [DR]
O Capital em Jogo: fundamentos filosóficos da especulação financeira | Gilson Schwartz
W. Rostow sugeriu certa vez que o socialismo era apenas uma moléstia do crescimento do capitalismo. Retrospectivamente, isso parece correto. Contudo, para os que viveram os anos seguintes à Revolução Russa de 1917 e, mais ainda, os da Grande Depressão, as coisas se apresentavam de modo muito diferente. John Maynard Keynes foi um deles e dos mais brilhantes. Os fantasmas da depressão, diretamente, e da revolução, indiretamente, rondam atrás do seu Tratado Geral, publicado em 1936.
A economia política encarava as depressões como uma fase do ciclo econômico que se esgotava, a longo prazo, pela ação dos mecanismos de reativação do próprio mercado. A melhor tirada de Keynes “a longo prazo, estamos todos mortos” sintetizou a sua crítica devastadora à teoria clássica sobre o desemprego e funcionou como bandeira do paradigma emergente de administração anticíclica da demanda. O Tratado Geral ensinou os governos a regular os mercados ao longo do ciclo e assinalou o nascimento da política econômica. Nos limites do raciocínio contrafactual, é razoável argumentar que o keynesianismo salvou o capitalismo do abismo da depressão e, por essa via, “provou” o erro de Karl Marx. Leia Mais
Sob a sombra de Mussolini: os italianos de São Paulo e a luta contra o fascismo, 1919-1945 | João Fábio Bertonha
A emergência e afirmação de regimes políticos autoritários, impulsionados por idéias e princípios antidemocráticos, constituíram duas das características mais evidentes do entreguerras, a tal ponto que o “breve século XX” de Eric Hobsbawm já tinha sido batizado de “século das ideologias” por diversos historiadores que o precederam. Nesse conjunto de regimes autocráticos, o regime fascista inaugurado por Mussolini representou, sem dúvida, um paradigma do antiliberalismo, representando tanto do ponto de vista prático como teórico o protótipo do que ele mesmo chamou de “Estado totalitário”, termo depois estendido por Hannah Arendt para cobrir a modalidade soviética de poder político absoluto. Muitos historiadores e cientistas políticos, entre eles François Furet de O passado de uma ilusão, consideram aliás que o fascismo se desenvolveu especificamente em reação ao bolchevismo, dele retirando entretanto diversos elementos substantivos e formais, pois que combinando o estatismo do planejamento socialista e o monopólio do poder pelo partido único com uma ideologia anticapitalista e supostamente igualitária, como no caso da ideologia marxista. Leia Mais
The Paraguayan War (1864-1870) | Leslie Bethell || História do Cone Sul | Amado Luiz Cervo e Mário Raport || A guerra contra o Paraguai | Júlio J. Chiavenato || A espada de Dâmocles: O exército/ a guerra do Paraguai e a crise do Império | Wilma Peres Costa || A Guerra do Paraguai | Francisco Doratioto || Guerra do Paraguai: como construímos o conflito | Alfredo da Mota Menezes
Até onde as relações entre os Estados processam-se em virtude do confronto dos interesses independentes de cada um deles? Em que medida a História de um povo ou de um conflito pode ser pensada como um contexto autônomo frente ao contato com outras nações? As respostas para estas perguntas são múltiplas, mas, divergentes ou não, há algo que as torna semelhantes: a cada forma de contar a História das relações internacionais corresponde um projeto – pessoal ou mais comumente coletivo , de manter ou de transformar a situação atual da convivência entre os povos. Em outras palavras, o conhecimento produzido sobre o mundo não costuma estar desvinculado de um conjunto específico de interesses.
O tema da Guerra do Paraguai é perfeito para explicitar essas questões. Realmente, diversas pesquisas têm sido realizadas recentemente sobre o assunto e isso não é por acaso, já que aquele conflito representa um divisor de águas na história do Cone Sul. Numa época em que a globalização e o Mercosul dão o tom dos debates políticos e acadêmicos envolvendo o relacionamento dos países sul-americanos, discutir as origens da guerra e o real peso de influências externas ao sub-continente nas mesmas torna-se um exercício fundamental. Leia Mais
Saúde e democracia: a luta do Cebes | Sonia Fleury
Lançada há pouco mais de um ano, durante as comemorações dos 21 anos de fundação do Cebes, esta coletânea reúne um conjunto de artigos que nos permitem uma aproximação da gradativa especialização que vem se processando no campo da saúde pública nestes últimos anos. Enfoca diferentes aspectos relativos à reforma sanitária, ao processo de implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a temas como: gestão em saúde, determinantes epidemiológicos, recursos humanos, assistência hospitalar, saúde mental e produção farmacêutica e de imunobiológicos, entre outros.
Apesar da diversidade temática, a preocupação de articular as especificidades da saúde pública ao tema da democracia na sociedade brasileira se define como a questão central do livro, presente ao longo dos diferentes artigos. É evidente o claro objetivo de retomar o debate acerca do papel do Estado na esfera das políticas públicas de saúde, considerando as recentes transformações ocorridas neste campo, e este deve ser considerado o principal mérito da publicação, ou seja, sua intenção de articular os problemas recentes enfrentados pela saúde aos princípios que propiciaram movimentos transformadores nesta área. Leia Mais
Preconceito de marca: as relações raciais em Itapetininga | Oracy Nogueira
Ao iniciar minha graduação em história, deparei-me, pela primeira vez, com estudos que desmistificavam noções, ainda freqüentes nos compêndios e livros didáticos, sobre a organização social brasileira. Trabalho importante fora, sem dúvida, Relativizando, de Roberto DaMatta (Rio de Janeiro, Rocco, 1990), por seu caráter introdutório e iconoclasta, no que concerne às relações interétnicas vigentes. Com o tempo, o acesso a uma tradição sociológica, antropológica e histórica, que, há muito, já tinha posto em xeque as premissas de uma “democracia racial à brasileira”, me permitiu a visualização desta ideologia de longa duração e o seu isolamento como objeto de análise.
No item ‘Digressão: a fábula das três raças ou o problema do racismo à brasileira’ (idem, ibidem, pp. 58-85), DaMatta realça o caráter colonial brasileiro, profundamente marcado por um sistema hierarquizado, implementado pelo branco, português, e definidor de uma lógica jurídica, política e socialmente discriminatória. Apesar de substituído, no decorrer do processo de independência e de abolição, não apenas deixaria marcas ‘tradicionais’ na nossa cultura, como teria a sua continuidade confirmada por uma ideologia, que traduziria a supremacia do branco frente aos outros grupos étnicos, consubstanciando, assim, o “racismo à brasileira”. Leia Mais
Projeto e missão: o movimento folclórico brasileiro 1947-1964 | Luís Rodolfo Vilhena
Ao escrever sobre o folclore e o movimento folclorista no Brasil dos anos de 1947 a 1964, Luís Rodolfo Vilhena retomou um dos temas polêmicos de nossa tradição de pensamento: a construção da idéia de nação brasileira. Fez isso de maneira criativa e corajosa porque escolheu examinar o assunto, investigando o sentido que os folcloristas davam aos estudos sobre as tradições populares, tema habitualmente pouco valorizado pelos cientistas sociais, ainda mais no contexto da institucionalização das ciências sociais na década de 1950, quando foi objeto de críticas severas.
No livro, a reconstituição do projeto dos folcloristas da década de 1950 leva Luís Rodolfo a questionar um conjunto de problemas relevantes da vida intelectual brasileira. Começa perscrutando o significado da criação da Comissão Nacional do Folclore (CNFL) em 1947, vinculada ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura do Ministério das Relações Exteriores. Discute os limites das escolhas feitas pelos cientistas sociais no processo de institucionalização de suas disciplinas, a excluir campos do saber como o folclore, em nome de uma concepção rigorosa de ciência. Finalmente, revela a qualidade da missão dos folcloristas e analisa o estilo solidário e fraternal que imprimem a suas atividades. Leia Mais
Multidões em cena: propaganda política no varguismo e peronismo | Maria Helena Rolim Capelato
Conhecida pela sua larga produção intelectual, a profª. Maria Helena Capelato é autora de O Bravo Matutino, Imprensa e ldeologia: O Jornal ”O Estado de São Paulo”, (em co-autoria com Maria Lígia Prado), O movimento de 1932: A causa Paulista, (em co-autoria com Carlos Guilherme Mota), Imprensa e História do Brasil, e Os Arautos do Liberalismo: Imprensa Paulista 1920-l94. Como se pode notar, teve sua preocupação centrada nos anos 30 e em especial no Estado Novo e na análise da imprensa no período, e agora apresenta-nos mais este livro, que é um estudo sobre o varguismo e o peronismo.
Multidões em cena tem como objeto o estudo comparado entre o varguismo e o peronismo no tocante ao significado da propaganda política idealizada e posta em prática, tanto pelo Estado Novo (1937) como pelo Peronismo (1945-1955). Estes regimes, por sua vez, inspiram-se nos métodos de propaganda nazista e fascista, adaptados para a realidade histórica brasileira e argentina, pois, nesse período, estes países têm necessidades de projetar-se enquanto Estado-Nação, e dessa maneira, nada mais adequado do que inspirar-se nas nações ditas civilizadas, daí, a inter-relação de idéias que havia no período do entre-guerras nos países que adotaram políticas antiliberais. Leia Mais
O Brasil e o Multilateralismo Econômico | Paulo Roberto de Almeida
Poucos são os trabalhos sobre política econômica externa do Brasil que destacam o papel de entidades como a OCDE ou a UNCTAD no processo de inserção internacional do país. O diplomata e historiador Paulo Roberto de Almeida apresenta neste trabalho um estudo inédito acerca da trajetória do Brasil em foros normalmente negligenciados em obras do gênero, tais como a OCDE e a UNCTAD. O livro aborda, por meio de uma perspectiva histórica, o papel das organizações multilaterais no sistema econômico contemporâneo e como uma ativa interação do Brasil com essas entidades pode facilitar uma melhor inserção internacional do país no cenário da globalização.
Essas relações são vistas em uma perspectiva global e de uma maneira evolutiva, tanto em busca do passado como em uma discussão sobre os problemas atuais da agenda econômica e política do Brasil. A análise faz-se ao abrigo da noção de interdependência, que é o conceito-chave para a compreensão da formação da ordem econômica mundial contemporânea. Leia Mais
Europa y la globalización. Tendencias, problemas, opiniones | Víktor Sukup
A nova obra do austríaco que se fez latino-americano, nas expressões de Aldo Ferrer no prólogo de Europa y la globalización, evidencia o ângulo de quem, há mais de dez anos, trocou a Áustria pelo Extremo Ocidente. A Europa é revisitada por meio de uma linguagem solta, sem as amarras do excesso de rigor da pesquisa documental do historiador das relações internacionais e com a desenvoltura da tradição ensaísta da América Latina. O europeu converte-se às hostes daqueles que buscam, por intermédio da vontade integradora da explicação e do uso de uma certa sociologia das relações internacionais, uma maneira toda especial de ver a Europa na passagem do milênio.
O norte da obra é o da relação da Europa com o fenômeno da globalização. Encontrará a Europa um lugar próprio na ordem global? Vem a Europa explorando as oportunidades abertas pelas novas rotas produtivas e financeiras mundiais? Há riscos para a inserção competitiva na Europa, particularmente diante da hegemonia norte-americana neste final de século? São essas algumas perguntas essenciais, abordadas por Sukup com elegância e vontade de intervir no espaço das decisões políticas do seu tempo. Leia Mais
We Now Know: Rethinking Cold War History | John Lewis Gaddis
O ano de 1989 é considerado o ano do fim da Guerra Fria, devido ao colapso do mundo socialista, simbolizado pela queda do muro de Berlim, seguida da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1991. Continuaram, no entanto, os debates a respeito desse fenômeno político singular, que perdurou por mais de meio século. O colapso do comunismo está permitindo aos historiadores do ocidente ter acesso aos arquivos orientais pela primeira vez. O conceituado historiador e especialista em Guerra Fria, John Lewis Gaddis, procura dialogar com essas fontes em sua mais recente obra: We Now Know. Ele procura unir uma sólida bibliografia no campo à pesquisa em novas fontes. Sua proposta seria a de apresentar uma nova história da Guerra Fria.
Segundo Gaddis, nós saberíamos agora que os países democráticos pensavam de forma mais realista do que a URSS e seus satélites. Stalin acreditava que o mundo capitalista jamais conseguiria destruir a revolução russa. Mao iludiu-se em acreditar que a URSS estaria ao lado da recém criada República Popular da China. Kruschev, ao instalar os mísseis em Cuba, acreditava estar assegurando a disseminação do comunismo pela América Latina. Essas posições, mais próximas do romantismo revolucionário do que de uma realpolitick, dificilmente seriam adotadas pelos regimes democráticos, dotados de maior capacidade de autocorreção. A URSS, seus satélites e a China, segundo Gaddis, seriam semelhantes às monarquias absolutas. Leia Mais
Die beiden deutschen Staaten in Afrika: Zwischen Konkurrenz und Koexistenz 1949-1990 | Ulf Enge e Hans-Georg Scheicher
Este livro sobre as políticas africanas dos dois Estados alemães entre 1949 e 1990 pode ser considerado, por duas razões, uma agradável conseqüência da reunificação da Alemanha. Em primeiro lugar, só a abertura dos arquivos da ex-RDA permitiu, pela primeira vez, pesquisar e entender profundamente a política exterior deste Estado. Os dois autores tiraram bastante proveito desta extraordinária oportunidade. Em segundo lugar, a cooperação entre os dois autores simboliza a ruptura política na Alemanha. Ulf Engel, cientista político de Hamburgo, cuja área principal de trabalho são as relações internacionais na África Austral, atuou neste projeto com Hans-Georg Schleicher, historiador, ex-diplomata de carreira da RDA e ex-embaixador deste Estado no Zimbábue que, juntamente com a grande maioria dos seus colegas, foi demitido no processo da reunificação. A pesquisa ganhou significativamente com esta cooperação “desigual”, e com a formação acadêmica e política e as biografias e experiências profissionais tão variadas e distintas dos dois colaboradores. Leia Mais
Comércio/ Desarmamento/ Direitos Humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática | Celso Lafer
Desde o final dos anos 60, quando publicou um artigo pioneiro nesta mesma Revista (“Uma interpretação do sistema das relações internacionais do Brasil”, RBPI, Rio de Janeiro: ano 10, nºs 39/40, 1967, p. 81-100), o professor e empresário Celso Lafer tem sido uma das presenças mais constantes, se não a mais freqüente, na bibliografia brasileira de relações internacionais. Gerações de estudantes das universidades e da academia diplomática (o Instituto Rio Branco do MRE) debruçaram-se sobre seus artigos e livros, dali retirando reflexões inovadoras sobre o papel do realismo e do idealismo na política internacional, lições enriquecedoras sobre as desigualdades intrínsecas entre as nações na ordem política e na economia internacional, sobre a situação do Brasil no comércio internacional, bem como contribuições de alto sentido filosófico e moral sobre a defesa dos direitos humanos e das causas humanitárias em um mundo em mudança. Mas Celso Lafer não apenas desempenhou-se como intelectual de grande brilho nas lides acadêmicas; ele também exerceu seu talento na gestão prática das relações internacionais e na política exterior do Brasil, retomando com isso uma herança familiar, pois que é sobrinho do falecido político Horácio Lafer, que foi ministro da Fazenda do segundo Governo Vargas e Chanceler de Juscelino Kubitschek. Leia Mais
El regreso de las epidemias: salud y sociedad en el Perú del siglo XX | Marcos Cueto
O retorno de velhas doenças transmissíveis, quase esquecidas no cenário sanitário do Brasil contemporâneo, é uma mudança no quadro nosológico já incorporada à agenda dos problemas sanitários do país nas últimas décadas do século XX, seja na forma de grandes epidemias, como o cólera, a dengue e a malária, ou de endemia, como a tuberculose. É de um processo análogo que Marcos Cueto trata em El regreso de las epidemias: salud y sociedad en el Perú del siglo XX.
O livro reúne um conjunto de investigações realizadas por Cueto nos últimos anos sobre diferentes epidemias que ocorreram no Peru no século XX. O autor inicia seu período de estudo em 1903, com a peste bubônica, encerrando-o na década de 1990, com a epidemia de cólera de 1991, já transformada em endemia neste final de século. Entre as duas epidemias encontram-se as de febre amarela, a de tifo e varíola e a de malária. A combinação de processos sanitários tão díspares, longe de constituir uma colcha de retalhos, resultou em um trabalho encorpado, tendo como fio condutor as doenças estudadas e sua relação com a crescente participação do Estado peruano no campo da saúde pública. Leia Mais
Fome: uma (re) leitura de Josué de Castro | Rosana Magalhães
A consciência de que a fome é um dos mais importantes problemas nacionais emergiu com força em período recente de nossa história, sob a liderança carismática de Hebert de Souza, o saudoso Betinho. A despeito do aparente consenso em torno da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, identificamos conflitos e ambigüidades no tratamento de um tema delicado e perigoso, como a ele se referiu Josué de Castro na década de 1940. No momento em que avaliamos o quanto este tema revela um país ainda marcado por profundas desigualdades sociais, e rediscutimos os papéis do Estado e da sociedade civil na sua superação, torna-se imperativo lembrar que a visão da fome como problema social resultou de um processo em que se articularam discurso científico, militância intelectual e contextos políticos.
Ações destinadas a alterar o quadro de carência alimentar nas diferentes áreas geográficas passaram a integrar a agenda política do país em grande parte devido à militância de Josué de Castro. Esse intelectual pernambucano que, das décadas de 1930 a 1960, foi pioneiro nos estudos de nutrição e na criação de agências estatais voltadas para políticas de alimentação, raramente é lembrado, entretanto, nos estudos sobre o pensamento social brasileiro. Revisitar e valorizar sua obra, chamando atenção para as relações entre debate intelectual e constituição de uma agenda de problemas de natureza pública, consiste numa importante contribuição do livro de Rosana Magalhães. Leia Mais
A (des) construção do discurso histórico: a historiografia brasileira dos anos 70 | Ana Maria de Oliveira Burmester
Resenhista
Jurandir Malerba
Referências desta Resenha
BURMESTER, Ana Maria de Oliveira. A (des) construção do discurso histórico: a historiografia brasileira dos anos 70. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1997. Resenha de: MALERBA, Jurandir. Diálogos. Maringá, v.2, n.1, 221 -227, 1998. Sem acesso a publicação original [DR]
Correspondência de Rodrigues Lapa. Seleções (1929 – 1985) | Maria Alegria Marques
Resenhista
André Figueiredo Rodrigues
Referências desta Resenha
MARQUES, Maria Alegria et al. Correspondência de Rodrigues Lapa. Seleções (1929 – 1985). Coimbra: Minerva, 1997. Resenha de: RODRIGUES, André Figueiredo. Diálogos. Maringá, v.2, n.1, 229 -231, 1998. Sem acesso a publicação original [DR]
La Grandeur: politique étrangère du général de Gaulle (1958-1969) | Maurice Vaïsse
Em 1969, já encerrando o longo período em que esteve à frente dos destinos da França, o General Charles de Gaulle resumia em tom de confidência, em tom de oração todo o seu projeto político para a França: “O que nós queríamos para a França… a grandeza”. Com efeito, nada sintetiza melhor os objetivos da política que pretendia, a um só tempo, exorcizar os demônios da França derrotada em 1940 e a partir de então, sombra fugaz da potência que conheceu o seu apogeu ao longo de todo o século XIX , e estabelecer um novo papel internacional para o país que resguardasse o matiz civilizacional e a independência nacional.
A política exterior da França gaullista e o pensamento político do Chefe de Estado são os objetos do monumental livro de Maurice Vaisse, professor da Universidade de Reims, diretor do Centro de Estudos de História da Defesa e sucessor de Jean-Baptiste Duroselle no comando da publicação dos Documents Diplomatiques Français. Vaisse já é conhecido dos especialistas brasileiros por seus criteriosos trabalhos sobre a história da defesa (Sécurité d´abord: la politique française en matière de désarmement entre les deux guerres. Paris: Pedone, 1981, 650 p.; e sobretudo, em co-autoria com Jean Doise, Diplomatie e outil militaire, 1871-1969. Paris: Le Seuil, 1992, 742 p.) e pela muito bem sucedida síntese da história contemporânea desde o pós-guerra (Les relations internationales depuis 1945. Paris: Armand Colin, 1996, 192 p.). Leia Mais
História do Cone Sul | Amado Luiz Cervo e Mario Rapoport
Este livro que acaba de ser trazido a público, História do Cone Sul, vem cumprir importante missão. Trata-se de obra coletiva, realizada por professores e pesquisadores da Universidade de Brasília e da Universidad de Buenos Aires, que pretende expor “uma nova visão do assunto”, à luz dos avanços mais recentes do conhecimento histórico e da própria realidade política regional. Do ponto de vista da criação e propagação de ideologias, a história das relações internacionais na América do Sul padecia de males de origem, que por força da repetição irrefletida de certas visões e conceitos, não acompanhava a evolução intrínseca verificada na sub-região desde o final da década de 1980. Assim, entre os objetivos dos autores estava também “redigir um texto didático para servir ao ensino de História nas universidades e nas escolas”, o que, além de necessário e urgente, preenche incômoda lacuna que insistia em nos acompanhar.
A propósito do título do livro, um dos autores assinala que o nome Cone Sul é “objetável”, pois, além de associar uma forma geométrica a um ponto cardeal, sem aludir a qualquer categoria histórica, política, econômica ou cultural, a denominação corresponde a “concepções estereotipadas do espaço”, em geral relativas a “elucubrações geopolíticas clássicas”. A questão do nome, ainda segundo o próprio livro, permanece “como uma matéria pendente” e, quer me parecer, não invalida nem põe em risco o conteúdo da obra, muito mais importante e relevante do que qualquer debate estéril sobre um conceito que, se não é consensual, ao menos identifica e remete o leitor, pela via do senso comum, ao objeto de estudo a que se refere, conforme uma rápida passagem pelo sumário pode provar. Leia Mais
De Martí a Fidel: A Revolução Cubana e a América Latina | Luiz Alberto Moniz Bandeira
A revolução cubana, “inquestionavelmente o maior acontecimento da América Latina no século XX”, como a qualifica o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, é o objeto da mais recente obra deste historiador e cientista político de invejável fôlego para pesquisar, refletir e escrever. É o 16º livro de Moniz Bandeira dedicado à pesquisa histórica, e, tal como os anteriores, um trabalho extenso e profundo.
Nos primeiros parágrafos da introdução, o autor, atualmente morando na Alemanha, diz que a motivação para realizar a pesquisa foi o contraste que ainda assombra muita gente: como Cuba conseguiu resistir ao desmerengamiento da antiga União Soviética e do bloco socialista europeu, tendo sua população um padrão de vida menor do que o da extinta República Democrática Alemã? Leia Mais
A proteção internacional dos direitos humanos e o Brasil | Antônio Augusto Cançado Trindade
O eminente jurista internacional, o Professor Antônio Augusto Cançado Trindade, apresenta neste trabalho um estudo organizado e inédito acerca da trajetória cinqüentenária da proteção internacional dos direitos humanos sob mira da posição brasileira, e, desde logo, vislumbra um enfoque pioneiro da matéria quanto a sua evolução e aperfeiçoamento.
Quando trata da “Generalização da Proteção Internacional dos Direitos Humanos”, o nobre professor assinala que este processo desencadeou-se no plano internacional a partir da adoção em 1948 das Declarações Universal e Americana dos Direitos Humanos e que contou com a participação do Brasil, nos planos global (Nações Unidas) e regional (sistema interamericano). Leia Mais
Le Brésil et le Monde: pour une histoire des relations internationales des puissances émergentes | Denis Rolland
Sabe-se que as relações culturais, políticas e econômicas entre os países são, em boa medida, expressão dos níveis de conhecimento recíproco que apresentam as sociedades acerca das realidades e tradições políticas e culturais, das mentalidades e da história do “outro”. Nesse sentido, registra-se com satisfação o discreto renascimento do interesse sobre a realidade brasileira em alguns dos mais tradicionais centros acadêmicos do mundo ocidental, tomando a forma de núcleos ou cátedras dedicados ao estudo dos assuntos nacionais, em suas mais distintas vertentes, voltando-se à tarefa de ensinar e pesquisar, formar pesquisadores de alto nível e produzir e difundir conhecimentos sobre o Brasil.
O trabalho ora apresentado é uma das manifestações de um dos mais dinâmicos pólos de geração de inteligência sobre o Brasil existentes na Europa, o Centro de Estudos sobre o Brasil, da Universidade de Paris IV (Paris-Sorbonne), criado e animado por Katia de Queirós Mattoso em torno da única cátedra de História do Brasil existente em universidades francesas. Com efeito, Le Brésil et le monde, livro organizado por Denis Rolland, professor da Universidade de Rennes 2 e co-fundador do Centro, cumpre à perfeição com o que se espera de um trabalho de apresentação (ou de reapresentação) da história das relações internacionais do Brasil contemporâneo à sociedade e aos meios universitários da França. Leia Mais
Hechos y ficciones de la globalización – Argentina y Mercosur en el sistema internacional | Aldo Ferrer
A globalização econômica, ao contrário do enfoque amplamente difundido nos meios acadêmicos, não anularia a liberdade dos países em desenvolvimento de estabelecerem e implementarem suas políticas de inserção ativa no sistema internacional. Essa é a proposição principal defendida por Aldo Ferrer quando analisa o comportamento da Argentina e do Mercosul frente à economia mundial, no livro Hechos y ficciones de la globalizácion Argentina y el Mercosur en el sistema internacional.
Existiriam, basicamente, duas visões sobre o fenômeno da globalização. A primeira, denominada fundamentalista, sugere que o problema clássico do desenvolvimento não mais existe, uma vez que caberia aos agentes transnacionais, e não aos Estados, o poder de decisão sobre o destino da economia e das finanças. A inserção dos países nesse sistema dar-se-ia de forma passiva por meio da adoção de políticas neoliberais. Tais políticas permitem o mínimo de interferência estatal no mercado pois defendem as privatizações, a abertura econômica e a desregularização dos mercados. A visão fundamentalista refletiria a racionalização dos interesses em jogo dos centros de poder. Os países em desenvolvimento teriam que manter políticas amistosas com o mercado mundial sob o risco de sofrerem uma fuga maciça de capitais especulativos de curto prazo e de verem sua credibilidade abalada. No plano interno, haveria a exigência de flexibilização dos sistemas de seguridade social, o equilíbrio macroeconômico e a estabilidade dos preços. As resistências à ratificação de tais medidas são tidas como uma manifestação de ingovernabilidade democrática. O enfoque fundamentalista seria uma poderosa ferramenta de colonização cultural imposta aos países periféricos. Leia Mais
Brasil de Getúlio a Itamar: quatro décadas de história vivida | Heinz F. Dressel
DRESSEL, Heinz F. Brasil de Getúlio a Itamar: quatro décadas de história vivida. Ijuí: Editora Unijuí, 1997. Resenha de: SANTOS, Ana Maria Barros dos. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.17, n.1, p.201-202, jan./dez. 1998.
A vida de laboratório: a construção dos fatos científicos | Bruno Latour e Steve Woolga
A tradução para o português do livro de Latour e Woolgar nos coloca o desafio de fazer a resenha de uma obra que, depois de quase duas décadas de sua primeira edição, tornou-se um clássico dos chamados estudos sociais da ciência. Optamos por enfrentá-lo organizando a presente apresentação a partir de uma questão que, ao nosso ver, se apresenta como crucial para a compreensão tanto dos conteúdos mais substantivos — e inovadores — do livro, bem como do lugar que ele vem ocupando no campo da história e sociologia da ciência. Trata-se da discussão sobre qual o sentido, a pertinência e as implicações teóricas de um estudo etnográfico sobre a atividade científica. Leia Mais
O Contencioso Brasil x Estados Unidos da Informática: uma análise sobre formulação da política exterior | Tullo Vigevani || Propriedade intelectual de setores emergentes: biotecnologia/ fármacos e informática | Marcelo Dias Varella
O objetivo do livro de Tullo Vigevani está colocado claramente pelo autor em sua introdução: estudar uma questão de grande relevância intrínseca para a inserção econômica internacional do Brasil a disputa “informática”, na verdade uma disputa de poder, entre o Brasil e os Estados Unidos e refletir sobre pontos fundamentais para as relações internacionais contemporâneas. Buscou o autor, com muita proficiência, “ampliar a compreensão de como são tomadas as decisões no Brasil no que se refere à política exterior”. Devo confessar, como acadêmico em tempo parcial e diplomata em tempo integral, que sempre me interroguei sobre a validade propriamente científica, a coerência argumentativa e a legitimidade heurística dos estudos tipicamente acadêmicos sobre mecanismos de tomada de decisão em política internacional e na política externa brasileira em particular. Os pesquisadores universitários geralmente partem de um modelo teórico e de um esquema conceitual muito bem construídos, passam a entrevistar diplomatas e outros atores relevantes numa análise de caso bem delimitado e terminam por tirar conclusões sobre a “eficácia weberiana” de seu tipo-ideal de processo decisório, no caso aplicado a um exemplo concreto das relações políticas entre as nações.
Os resultados costumam ser insatisfatórios ou frustrantes, seja porque o pesquisador parte de um modelo de racionalidade ideal de conduta diplomática que não costuma encontrar-se na realidade, seja porque os próprios atores racionalizam a posteriori sua atuação no caso, de molde a justificar os resultados alcançados, “que só poderiam ser” aqueles efetivamente obtidos. Como diriam os franceses, CQFD, ou seja, eis o que era preciso demonstrar. Não é o caso, devo logo adiantar, deste precioso estudo sobre mecanismos de decisão aplicados ao caso do contencioso informático entre o Brasil e seu principal parceiro ocidental, o império norte-americano da informática. Leia Mais
Argentina y Brasil: enfrentando el Siglo XXI | Felipe A. M. de la Balze || Processos de integração regional e sociedade: o sindicalismo na Argentina/ Brasil/ México e Venezuela Hélio Zylberstain, Iram J. Rodrigues e Maria S. P. de Castro || MERCOSUL: direito da integração | Ana C. P. Pereira || Sistema de Solução de Controvérsia no MERCOSUL: perspectivas para a construção de um modelo institucional permanente | Luizella G. B. branco || A ordem jurídica do MERCOSUL | Deisy F. L. Ventura || MERCOSUL: acordos e protocolos na área jurídica |
A produção acadêmica e a literatura especializada sobre os processos de integração regional na América Latina e, em especial, sobre o Mercosul e o processo Brasil-Argentina, parecem finalmente estar encontrando, no Brasil, uma “velocidade de cruzeiro”. As obras que são discutidas a seguir tratam todas dos desafios jurídicos, político-institucionais e econômicos da construção da integração regional, demonstrando que, se a sua marcha econômico-comercial adota o estilo andante-veloce, o ritmo jurídico-institucional conhece, por motivos diversos, um certo compasso de espera. Se os teóricos e “juristas” da integração impacientam-se com a “resistência anticomunitária” dos burocratas governamentais, os empresários, agricultores e sindicatos operários manifestam visível preocupação com uma certa “pressa livre-cambista” que vigoraria sobretudo no vizinho do Prata.
É precisamente da Argentina que nos vem o primeiro dos livros compulsados neste artigo-resenha, aliás o único da meia dúzia de obras aqui discutidas, confirmando plenamente a fama de boa qualidade analítica dos estudos publicados na outra margem do Prata. Ele foi organizado por Felipe de la Balze para o CARI, o Conselho Argentino de Relações Internacionais. Leia Mais
O lugar da África: a dimensão atlântica da política externa brasileira (de 1946 a nossos dias) | José Flávio Sombra Saraiva
A coleção Relações Internacionais (da Editora da Universidade de Brasília), coordenada pelo professor Amado Luiz Cervo, acaba de lançar uma importante obra sobre a política africana do Brasil e as relações Brasil-África, de autoria do africanista e especialista em relações internacionais José Flávio Sombra Saraiva. Este livro vem, em primeiro lugar, cobrir uma grave lacuna existente sobre o tema em nossos manuais universitários, atualizando, aprofundando e inovando o trabalho iniciado pelo professor José Honório Rodrigues com Brasil e África, outro horizonte (2 volumes) e pelo diplomata Adolpho Justo Bezerra de Menezes com Ásia, África e a Política Independente do Brasil e O Brasil e o mundo ásio-africano, todos eles trabalhos publicados no início dos anos 60.
Evidentemente os cursos de Pós-Graduação de Relações Internacionais, História e Ciência Política têm propiciado a elaboração de vários estudos específicos sobre este tema, mas não um abrangente, de síntese. Neste caso, merece referência o excelente trabalho geral do diplomata Fernando Marroni de Abreu, L’évolution de la politique africaine du Brésil, tese defendida na Sorbonne em 1988, mas não publicada. Assim, o livro recém lançado pelo Dr. Flávio Saraiva constitui o primeiro manual universitário sobre o conjunto das relações contemporâneas do Brasil com a África. Não se trata, contudo, de um simples manual, pois, se está apresentado com este perfil, nem por isso deixa de constituir uma obra de análise aprofundada, baseada também numa ampla documentação, bibliografia e entrevistas realizadas tanto no Brasil como na África. Leia Mais
The Foreign Policy of Zimbabwe | Ulf Engel
Com este estudo sobre a política exterior do Zimbábue, desde a independência em 1980 até o ano de 1993, Ulf Engel, cientista político alemão com especialização em África, criou uma obra extremamente relevante.
Como referenciais paradigmáticos e metodológicos, o autor recorre a uma mescla de fragmentos de abordagens diferentes. Na análise do quadro estrutural, ele tenta combinar elementos das teorias do sistema mundial, da dependência e da política econômica com conceitos chaves do neo-realismo. Na análise do processo da formulação e implementação da política exterior, ele toma empréstimos do behaviourismo e das teorias de burocracia, chegando a um modificado black box model (Easton). Mas, embora uma influência deste conjunto paradigmático seja perceptível, o estudo no seu corpo principal contém poucas reflexões teóricas ou paradigmáticas. Trata-se de um profundo estudo empírico da política exterior do Zimbábue. Leia Mais
Conflit et coopération dans les relations économiques internationales. Le cas de l’Uruguay Round | Alice Landau
Quando a Rodada Uruguai foi lançada em setembro de 1986, muitos não viam muito claro como algo tão ambicioso pudesse algum dia cumprir com seus objetivos. Bastava uma rápida leitura da Declaração de Punta del Este para que céticos e pessimistas se justificassem: um mandato de quatro anos, uma série de novos temas na pauta de negociação, referências às necessidades dos países em desenvolvimento, duas partes ou tracks de negociação uma formalmente fora, outra dentro do contexto do GATT, referências a possíveis disciplinas setoriais, e assim por diante. Depois de sete anos de negociação, para surpresa e alívio de todos, a oitava e maior rodada do GATT chegava ao seu final e brindava o mundo do comércio internacional com uma nova instituição: a Organização Mundial do Comércio. Em sua obra, Alice Landau resume e retrata o que foi a Rodada Uruguai; para fazê-lo, não se limita ao pathos da negociação, porém busca no mundo real os fatores que a tornaram um dos maiores esforços conjuntos das nações desde a elaboração da Carta das Nações Unidas em 1945.
É grande a tentação de falar da Rodada Uruguai como se ela fosse fruto apenas de suas próprias prioridades ou por si só existisse. Contrariamente a outros autores, Landau não se limitou a relatar os detalhes das posições negociadoras de tal ou tal país, nem tampouco de perder a si e a seus leitores nas minúcias da diplomacie redactionelle que resultou nos diversos acordos da OMC. Em lugar disso, a autora logra fundamentar a premissa de que a Rodada se inseriu num contexto muito complexo de eventos, estratégias, mobilizações e relações de poder. Logra também, ao distanciar-se das prioridades específicas das negociações per se, fazer justiça à Rodada Uruguai e à criação da OMC como fatores à la fois assimiladores e criadores de novas realidades econômicas e estratégicas. Leia Mais
A época das perplexidades. Mundialização/Globalização e Planetarização: novos desafios | René Armand Dreifuss
O novo livro do Professor Dreifuss oferece uma oportunidade de observar as características principais da complexa interdependência econômica que marca este fim de século. Ao mesmo tempo, coloca em questão o papel do Estado Nacional e da democracia no mundo após a queda do muro de Berlim. A análise é bem característica desse fim de século: atesta uma possível perda de soberania decisória dos Estados, que tendencialmente passariam a ter presença menor em várias áreas da vida social.
A característica básica das novas análises em ciências sociais, como a de Dreifuss o que parece configurar-se como padrão recorrente no mundo todo é a grande inquietação acerca dos planejamentos estratégicos e das concepções de inserção internacional dos diversos Estados, nessa década final do milênio. Sabe-se que com o fim da Guerra Fria, concomitantemente ao “nebuloso” fenômeno conhecido como globalização, os tempos mudaram, trouxeram novos perigos, novos desafios e demandas. Entretanto, difícil mesmo torna-se definir e chegar a um consenso sobre quais seriam pontualmente essas mudanças. Leia Mais
O protesto do trabalho: histórias das lutas sociais dos trabalhadores rurais do Paraná: 1954-1964 | Ângelo Priori
Em seu livro O protesto do trabalho: histórias das lutas sociais dos trabalhadores rurais do Paraná: 1954-1964, Angelo Priori vai além de uma simples interpretação das lutas e conflitos sociais envolvendo os trabalhadores rurais do Paraná, à medida em que correlaciona as experiências cotidianas vivenciadas pelos trabalhadores, articulando simultaneamente o contexto histórico e suas relações de forças. O autor contempla uma densa reflexão em torno dos conceitos e mediações que perpassam a abordagem dos movimentos sociais. Seu estudo revela e desvela as dimensões contraditórias dos processos de planejamento sociais relacionados ao Estado e às questões regionais.
Priori contribui sensivelmente com a história dos movimentos sociais no campo, priorizando os debates que envolveram os trabalhadores rurais, empregados, sindicalistas, advogados, magistrados da justiça, padres e a imprensa acerca da legislação social e da formação dos sindicatos rurais do Estado do Paraná durante as décadas de 50 e 60. O autor demonstra através de uma extensa documentação que os trabalhadores coloraram para sua inclusão na legislação. Leia Mais
A História no Brasil (1980-1989) | Carlos Fico e Ronald Polito
Com o segundo volume de A história no Brasil, dos Profs. Carlos Fico e Ronald Polito, da Universidade Federal de Ouro Preto, completa-se a publicação de um ousado empreendimento de pesquisa e análise historiográfica no Brasil. Dando continuidade ao trabalho fundamental de sistematização de informações e crítica, operado até então por alguns poucos mas importantes nomes como Amaral Lapa, Francisco Iglésias e Carlos Guilherme Mota, Fico e Polito fundaram sua avaliação historiográfica brasileira da década de 1980 numa ampla pesquisa sobre os mais variados meios de sua produção/circulação/ consumo, assim como num renovado conceito de historiografia.
A falta de trabalhos de balanço dessa natureza era um mal crônico de que nos ressentíamos os historiadores brasileiros. As análises de maior fôlego, datadas da década de 1970 e início dos 80, tenderam a incidir quase sempre sobre recortes temáticos ou cronológicos da história brasileira, sem pretenderem ou conseguirem proporcionar uma visão mais ampla das principais tendências da produção do conhecimento histórico no Brasil. Certamente tais limitações decorriam da falta de eficazes instrumentos de pesquisa, já acusada por historiodadores como Varnhagen, Oliveira Lima, José Honório Rodrigues, Iglésias e Lapa. Leia Mais
Millenarian vision, capitalist reality: Brazil’s Contestado Rebellion, 1912-1916 | Todd A. Diacon
Resenhista
Maria Amélia Alencar – Professora do Departamento de História da Universidade Federal de Goiás.
Referências desta Resenha
DIACON, Todd A. Millenarian vision, capitalist reality: Brazil’s Contestado Rebellion, 1912-1916. Durham and London: Duke University Press, 1995. Resenha de: ALENCAR, Maria Amélia. História Revista. Goiânia, v.2, n.1, p. 161-165, jan./jun.1997. Acesso apenas pelo link original [DR]
Setenta… 75 anos de Fundação do Museu Histórico Nacional | Anais do Museu Histórico Nacional | 1997
Organizador
Vera Lúcia Bottrel Tostes – Museóloga. Mestre em História Universidade de São Paulo. Diretora do Museu Histórico Nacional.
Referências desta apresentação
TOSTES, Vera Lúcia Bottrel. Apresentação. Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.29, 1997. Acesso apenas no link original [DR]
Santa Evita | Tomás Eloy
Resenhista
Regina Maria Rodrigues Behar
Referências desta Resenha
MARTÍNEZ, Tomáz Eloy. Santa Evita. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Resenha de: BEHAR, Regina Maria Rodrigues. Não chores por mim, Argentina. SÆCULUM – Revista de História. João Pessoa, n. 3, p. 197-202, jan./dez. 1997.
Ciência e sociedade na terra dos bandeirantes: a trajetória do Instituto Pasteur de São Paulo no período de 1903 a 1916 | Luiz Antônio Teixeira
A história das ciências no Brasil, apesar do desenvolvimento significativo dos últimos anos, é uma área incipiente. Em especial, muitas das instituições científicas brasileiras estão ainda à espera de pesquisadores que se dediquem ao estudo de sua trajetória.
É com grande satisfação que vemos editado o livro de Luiz Antônio Teixeira, Ciência e sociedade na terra dos bandeirantes: a trajetória do Instituto Pasteur de São Paulo no período de 1903 a 1916, resultado de sua pesquisa para o mestrado realizada no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Leia Mais
Engenheiros do tempo e as visões de Agamenon: História e Memória
Engenheiros do tempo e as visões de Agamenon: História e Memória. Resenha de: VANDERLEI, Kalina. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.16, n.1, p. 167-173, jan./dez. 1996.
A medicalização da raça: médicos, educadores e discurso eugênico | Vera Regina Beltrão Marques || Higiene mental e eugenia: o projeto de “regeneração nacional” da Liga Brasileira de Higiene Mental (1920-30) | José Roberto Franco Reis
Quando Foucault organiza seu quadro conceituai, ele tem em mente uma dimensão analítica do objeto a ser estudado. O que lhe interessa é saber de que maneira engendraram-se os dispositivos e as disciplinas. Para atingir este objetivo, ele recorre sistematicamente à arqueologia — dos saberes, dos poderes, dos prazeres —, buscando identificar, nos discursos, as táticas e estratégias desenvolvidas ao longo de diferentes processos históricos.
Como método historiográfico, Foucault utiliza-se dos discursos produzidos durante o período estudado, privilegiando os discursos científicos e tomando-os como o principal lugar de articulação dos dispositivos e das disciplinas. Leia Mais
Missionaries of sciences: the Rockfeller Foundation and Latin America | Marcos Cueto
O livro organizado por Marcos Cueto é fruto de um seminário no Rockefeller Archive Center, em Nova York, em novembro de 1991, tendo como tema a ciência e a filantropia na América Latina. Os autores analisam os diferentes, e sucessivos, planos de intervenção da Fundação Rockefeller nesta parte do continente: saúde pública, ensino médico, capacitação técnica, financiamento de laboratórios de pesquisa e modernização da agricultura. Todos têm uma preocupação em comum: mostrar como o “lado receptor” percebeu as ações da fundação, e que motivações o fizeram acatar ou combater estas ações.
A principal virtude dos ensaios — que combinam história social e história das ciências — reside na preocupação de captar a interação dos dirigentes e funcionários da instituição com os atores e as realidades locais. Conseguem, assim, revelar a passagem das idéias à prática, das intenções aos resultados, a transfiguração de programas de ação por efeito de negociações e conflitos opondo, de um lado, os agentes incumbidos de implementá-los, e, de outro, as forças de inércia e reação exercidas pelas realidades que pretendiam transformar. Leia Mais
Guerra e Paz: casa-grande & senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30 | Ricardo Benzaquem Araújo || O Brasil visto de fora | Thomas Skidmore
Há quase um século as imagens sobre a suposta singularidade das relações raciais no Brasil têm como um de seus principais marcos constitutivos a experiência norte-americana. Processos distintos de implantação do sistema escravocrata e de sua posterior extinção, maior ou menor grau de miscigenação e seus efeitos sociais, sociedade multirracial versus sociedade birracial, mecanismos legais ou informais de discriminação racial foram alguns dos parâmetros utilizados para definir as diferenças entre as duas sociedades.
Apesar do denominado mito da democracia racial ter sido elaborado no século XIX, seu refinamento, sem dúvida, contou com a colaboração imprescindível de cientistas sociais tanto brasileiros quanto norte-americanos, especialmente nas décadas de 1930 e 1940. Gilberto Freyre e Donald Pierson são exemplos representativos desse momento. Leia Mais
Rebeldes, reformistas y revolucionarios. Una historia oral de la izquierda chilena en la epoca de la Unidad Popular | José del Pozo
El mundo científico, sofocado dentro del marco de tradicional ascetismo positivista, busca nuevos caminos con el fin de enriquecer su conocimiento. Se hace necesario expandir la mirada histórica más allá del dato documental escrito. Se ha comenzado a interrogar desde los márgenes de la historiografía tradicional, con el objetivo de cubrir una información indiferenciada, tomada desde los propios actores sociales. Se aprecia un desplazamiento del enfoque desde los grandes hitos a la «pequeña historia» que recoge el inconsciente colectivo. Cambian los temas y las metodologías. Un rescate de la memoria y de la subjetividad del sujeto como actor histórico, nos permite abrir espacios para sistematizar conductas e inercias sociales en períodos pletóricos de eventualidad. Aparece la historia oral concentrándose en las experiencias directas de la vida de los individuos, participando en un esfuerzo conjunto con el recopilador. Naciendo como una técnica disponible para una amplia gama de disciplinas, no se define como propia de ninguna en particular y quienes la practican muestran la misma diversidad y hasta irregularidad en cuanto a su valoración como un método histórico relevante.
En Chile se expandió con fuerza durante el régimen militar y actualmente se proyecta en dos tipos de producciones. El primero intenta rescatar testimonios, vivencias, reflexiones y dolores de quienes sufrieron en diversos grados la represión, el exilio o la marginación. El segundo corresponde a conjuntos de testimonios seleccionados y ordenados que, en estricto rigor, no constituyen investigaciones históricas aun cuando comúnmente aparecen bajo el rótulo de historias populares, de poblaciones, de jóvenes, de mujeres trabajadoras, que son resultado del esfuerzo de aprendices y, por ende, las más de las veces, adolecen de profundidad explicativa, por cuanto la técnica de la entrevista por sí sola no da cuenta de los necesarios marcos teóricos, modelos de análisis y apoyo complementario en fuentes escritas que conforman aspectos importantes del método histórico. Leia Mais
Biobibliografia de Don Eugenio Pereira Salas | Cristián Guerrero Yoacham, Luz María Fuchslocher Arancibia e Cristián Guerrero Lira
Este libro escrito con pulcritud es un homenaje al destacado historiador Eugenio Pereira Salas con ocasión del décimo aniversario de su fallecimiento (1979). El trabajo fue terminado en 1989 y volcado en letra de molde en 1990. Ahora bien, este homenaje proviene -si se nos permite la expresión- de diversas vertientes. Una de ella es de carácter institucional por pertenecer a la Academia Chilena de la Historia, entidad que por medio de su Presidente, don Femando Campos Harriet, deja constancia de ser el libro un homenaje que considera la obra completa del insigne historiador y en vida activo integrante y Presidente de esa corporación. El otro homenaje proviene de los autores que conocieron a Pereira Salas y su obra. No se equivoca Campos Harriet al señalar al primero de ellos como su principal impulsor, por haber sido discípulo y cercano colaborador del historiador.
La estructura del libro es sencilla y clara. Leia Mais
Anales del Instituto de Chile | Bernardino Bravo Lira
Finalizando ya el siglo xx, han aparecido algunas obras corno las de Paul Johnson y de Karl Dietrich Bracher que presentan las primeras visiones de conjunto sobre la centuria, pero estos trabajos son, forzosamente, provisionales y dejan de lado hechos importantes como la disolución del imperio Austro-Húngaro.
Haciendo estas consideraciones previas, Bernardino Bravo Lira nos introduce en un estudio que analiza las consecuencias de la disolución de la doble monarquía danubiana. Leia Mais
Johannes ltten, Bildanalysen | Reiner Wick Otto Maier
Este año ha sido particularmente fructífero en el tema de la Bauhaus y ello se debe a que se conmemoran los 70 años de su fundación. Es sumamente interesante asistir al fenómeno que ha producido su “renacimiento”, pues parece tener ciertas similitudes con lo ocurrido a los fu turistas, quienes fueron olvidados por décadas debido a su asociación con el fascismo y se les negó el rol que tuvieron en las artes de principios de siglo. Cuando esto fue corregido, apareció como increíble todo los que les debían la mayor parte de los movimientos artísticos que le sucedieron. Si bien no podemos decir que la Bauhaus estuviera olvidada, sí podemos afirmar que se produjo un fenómeno de desformación de sus elementos constitutivos debido en esencia a dos factores -por lo menos–: l. La relación directa Bauhaus-Gropius/Gropius-Arquitectura = Bauhaus-Arquitectura, 2. La relación de las formas artísticas de la Bauhaus con un frío industrialismo. Si bien hay algo de cierto en ello, este punto de vista carece de muchos elementos importantes respecto a la visión teórica y la manifestación artística de la escuela. Es así como este resurgimiento de la Bauhaus está marcado por el término de la “Era Gropius”.
El aporte más importante e interesante en este sentido se relaciona con el develamiento de la figura, ideas y acción teórico-pedagógica de Johannes ltten. Esta tarea ha sido llevada a cabo por unos pocos investigadores dentro de los cuales cabe destacar al profesor Rainer Wick de la Universidad de Wuppertal. Leia Mais
Musée d’Orsay | Ministere de la Culture et de la Communication
A fines de 1986 y principios de 1987 se inauguró el Museo de los Impresionistas en la Gare d’Orsay, una antigua estación de ferrocarril construida a mediados del siglo XVIII; este edificio reemplazaba al Jeu du Peume, el pequeño local que albergaba una colección que no tiene parangón con la actualmente expuesta en el nuevo museo. Junto con inaugurar este centro de arte se editó un libro que recoge las obras en él expuestas.
El edificio, ejemplo del más puro estilo de las últimas décadas del siglo XVIII, se ubicó donde había estado el Palais d’Orsay, incendiado por la Comuna en 1871. Víctor Laloux fue el responsable de su construcción en 1878; finalmente fue inaugurado al iniciarse el siglo, el 14 de julio de 1900. La Gare d’Orsay, como su nombre lo dice, estaba destinada a ser una estación de ferrocarril. Se le puede comparar con dos de los edificios más representativos de la ciudad de París–en esa época-: como son el Petit Palais y, sobre todo, el Grand Palais; actualmente ambos están destinados como centros de exposiciones. Leia Mais
Organizaciones. Líderes y contiendas mapuches (1900-1970) | Rolf Foerster e Sonia Montecino
El propósito de este libro, publicado gracias al esfuerzo del Proyecto Mujeres Mapuches del Centro de Estudios de la Mujer y el Programa Mapuche del Centro Ecuménico Diego de Medellín, consiste, según declaran los propios autores, en dar a conocer una parte desconocida de la historia contemporánea del pueblo mapuche: su hacer política, su quehacer organizacional y el pensaminto de sus líderes, en el marco de un proceso de subordinación que habría obligado al pueblo mapuche a recurrir a la fuerza dinámica y vital de su cultura para responder a la propuesta de muerte de la “chilenidad”.
El “ethos” singular del mapuche, afincado en una larga historia, le habría permitido adoptar elementos del “huinca” para recrearlos en su propio beneficio. Este proceso de reelaboración y sincretismo cultural, que hizo posible la supervivencia de la etnía, muestra, además, la presencia de una identidad cultural que conjunta lo propio con lo ajeno en la formulación de una síntesis: el mapuche actual. Se trata, dicen los autores, de un “superar conservando”. Leia Mais
Génesis de las Constituciones de 1925 y 1980 | Carlos Andrade Geywitz
En momento muy oportuno por la situación nacional, el profesor don Carlos Andrade Geywitz ha dado conocimiento público, bajo el sello de la Editorial Jurídica “Ediar Cono Sur Ltda. “, del trabajo que tiene como título el del epígrafe.
Se trata, puede decirse, de una síntesis de nuestro historial cívico en dos temas tan trascendentales como son los que se refieren a la incorporación en nuestro ordenamiento jurídico de las Cartas de 1925 y 1980. Leia Mais
IV Centenário do Rio de Janeiro | Anais do Museu Histórico Nacional | 1965
Organizador
Josué Montello – Diretor do Museu Histórico Nacional.
Referências desta apresentação
MONTELLO, Josué. Apresentação. Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.15, 1965. Acesso apenas no link original [DR]