El dinero no es todo: compra y venta de sexo en la Argentina del siglo XX | Patricio Simonetto

Los arreglos por los cuales una o varias mujeres accedían a tener sexo con un varón o un grupo de varones a cambio de dinero o bienes variaron en el tiempo y el espacio. Las mujeres, mayormente jóvenes o menores de edad, podían complementar esta actividad, que podía ser ocasional, con otras vías para conseguir ingresos. Podían realizar los actos en sus domicilios, en los de los varones, en bares, sitios laborales o burdeles próximos a destacamentos militares. Con frecuencia hubo intermediación de otros varones – maridos, concubinos, rufianes, taxistas –, que se quedaban con parte del dinero, o a veces con todo. Los grados de coacción y violencia implicados en la actividad variaron. Su relación con policías, jueces y el servicio penitenciario parece haber sido frecuente. Catalogadas por los jueces como prostitutas, pocas veces y solo avanzado el siglo se nominaron a sí mismas ante la ley con dicho mote, definiéndose a partir de otras actividades ligadas a lo doméstico.

Como se desprende de este recuento, Patricio Simonetto (2019) ofrece una mirada de la compra y venta de sexo en la Argentina que no se pretende totalizante, exhaustiva ni oclusiva, sino que se presenta ante el lector o lectora como la unión de una serie de historias dispersas y en ocasiones inconexas, que el autor urde en una trama que sin pretensión de completitud, logra dislocar las miradas habituales con las que se ha pensado a dicha actividad y a quienes participaron en ella. Leia Mais

José Reis: caixeiro-viajante da ciência | Luisa Massarani, Mariana Burlamaqui e Juliana Passos

Tratar sobre a história da ciência e divulgação científica no Brasil perpassa por importantes colaboradores, entre eles, sem dúvida, José Reis (1907-2002). Com uma atuação ampla e longeva no cenário científico brasileiro, aposentou-se como bacteriologista do Instituo Biológico, foi fundador e secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), integrante do Instituto Brasileiro de Educação, Cultura e Ciências (Ibecc), criador e editor do suplemento “No Mundo da Ciência” e diretor de redação da Folha de S.Paulo , divulgador da ciência em diversos veículos, como nas revistas Chácaras e Quintais, Ciência e Cultura e Anhembi , e no programa “Marcha da Ciência”, da Rádio Excelsior, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), além de um incansável ativista e incentivador pela melhoria do ensino de ciência nas escolas e da formação de futuros cientistas, promovendo o concurso “Cientistas de Amanhã” e feiras e clubes de ciências pelo país. É sobre essa trajetória que os livros José Reis: reflexões sobre a divulgação científica , de Luisa Massarani e Eliane Monteiro de Santana Dias, e José Reis: caixeiro-viajante da ciência , de Luisa Massarani, Mariana Burlamaqui e Juliana Passos, são dedicados.

Em comum, as duas obras são frutos do projeto Acervo José Reis da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz), criado para promover a recuperação e preservação de todo acervo pessoal doado pela família Reis à Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, em 2018, e para fomentar estudos sobre a história da ciência brasileira e da divulgação científica no país. As diferenças em cada obra encontram-se, sobretudo, pelo olhar direcionado pelas autoras ao conteúdo do acervo. Leia Mais

Ditadura/ anistia e transição política no Brasil (1964-1979) | Renato Lemos

Em tempos em que proliferam disputas narrativas e versões negacionistas a respeito da ditadura militar brasileira, a publicação do livro Ditadura, anistia e transição política no Brasil (1964-1979), do historiador Renato Lemos, chega em boa hora. Enquanto parte da população brasileira e políticos têm feito apologia do regime ditatorial, o autor expõe no livro o projeto daqueles que não agem assim por desconhecimento, mas sim por comprometimento com a face mais brutal da dominação burguesa no Brasil, como diz o professor Marcelo Badaró (UFF) no prefácio do livro.

Renato Lemos é professor titular de História do Brasil na Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordena o Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política (LEMP/UFRJ)1. O historiador marxista defende o uso da nomenclatura “ditadura empresarial-militar” para designar o regime de 1964-1985, no lugar de “ditadura militar”, por entender que esta generaliza os militares, ao mesmo tempo em que oculta os vínculos de classe das lideranças civis beneficiadas pelo golpe. Leia Mais

Celso Furtado, 1920- 2020: diálogos e interdisciplinaridade | História Econômica & História de Empresas | 2021

Próximo de completar seu jubileu de prata, a presente edição da revista História Econômica & História de Empresas deve ser um motivo de dupla celebração para os sócios da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica – ABPHE.

Em primeiro lugar, em 2021 a revista publica seu primeiro dossiê. Com a permanência das outras duas edições anuais no formato original, a História Econômica & História de Empresas passará a contar com três edições, ampliando o número de artigos publicados anualmente, atendendo assim novos parâmetros de indexação. Mas, ainda mais importante, com o novo número, a ABPHE também poderá oferecer números temáticos para a nossa comunidade de historiadores econômicos, voltados para a discussão de tradicionais debates historiográficos, para a disseminação de pesquisas na fronteira de nosso campo ou para a reflexão de temas e problemas que estão na ordem do dia. Acreditamos que essa iniciativa deve ampliar o alcance e visibilidade da revista da ABPHE, que já é o principal periódico de nossa área no país. Agradecemos, assim, aos membros da equipe editorial por essa iniciativa e, especialmente, ao editor Ivan Colangelo Salomão, principal entusiasta deste importante projeto para a nossa revista. Leia Mais

Celso Furtado e os 60 anos de “Formação Econômica do Brasil” | Alexandre Macchione

A pandemia que assolou o mundo em 2020 suscitou reflexões acerca dos rumos tomados pela humanidade no último século e das perspectivas de futuro. O ano também foi marcado pelo centenário do nascimento de Celso Furtado, efeméride que flamejou debates sobre desenvolvimento, desigualdade e outras problemáticas socioeconômicas. Foi nesse contexto que Alexandre Macchione Saes e Alexandre de Freitas Barbosa organizaram o livro Celso Furtado e os 60 anos de “Formação Econômica do Brasil”, com relevantes revisitações à magnum opus publicada em 1959, “uma obra que ainda produz preciosas sugestões sobre um projeto social e econômico de Brasil”, segundo os organizadores.

A bem da verdade, o livro em destaque é fruto do evento realizado em 2019 por ocasião dos 60 anos de Formação Econômica do Brasil – organizado pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) e pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), ambos da Universidade de São Paulo (USP) –, que foi sediado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Serviço Social do Comércio (SESC). Seus capítulos reúnem parte significativa daquilo que se discutiu com 22 especialistas em nove mesas temáticas, cujos eixos orbitaram na importância histórica da obra consagrada e na persistência de sua proposta inovadora e única para a análise dos problemas brasileiros. Leia Mais

Madness in Cold War America | Alexaner Dunst

Alexander Dunst é professor assistente de Estudos Americanos na Universidade de Paderborn, na Alemanha, atuando no Departamento de Inglês da referida instituição. Intitula-se “historiador cultural da América do século XX” com foco de pesquisa sobre o período da Guerra Fria, utilizando como fontes os discursos e as narrativas culturais presentes na literatura e cinema. Em 2010, Alexander Dunst concluiu seu doutorado em Teoria Crítica na Universidade de Nottingham, com a tese intitulada Politics of madness: Crisis as Psychosis in the United States 1950 – 2010, publicada em 2017, por meio da editora Routledge, com o título Madness in Cold War America. Essa obra, composta por 6 capítulos e 173 páginas, está resenhada no presente texto com criticidade a partir da minha leitura. Leia Mais

From Revolution to Power in Brazil: How Radical Leftists Embraced Capitalism and Struggled with Leadership. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2019. Resenha de: SOARES, Dayane. Percursos e reflexões da esquerda armada de outrora. Revista de História. São Paulo, n. 180, 2021. Aces | Kenneth P. Serbin

Intensificadas as investidas repressivas do Estado, centenas de brasileiros, cuja maioria ainda na flor da juventude, optou pelas armas na luta contra a ditadura vigente no país (1964-1985). Como não nos é estranho, essa aposta, iniciada com uma série de ações guerrilheiras espaçadas, se seguiria de um punhado de sucessos, mas de uma subsequente onda repressiva e do inevitável desmantelamento dos agrupamentos de esquerda armada poucos anos após o pontapé inicial. Entre as resultantes negativas desse processo, sabe-se que a maior parte de seus quadros vivenciaria a experiência de prisão e o horror das torturas, e uma parcela seria posteriormente listada entre os nomes dos milhares de mortos e “desaparecidos” políticos sob a responsabilidade do Estado brasileiro. Os sobreviventes, porém, reconstituiriam suas vidas tomando cursos distintos. Passadas cinco décadas do massacre lançado à oposição de esquerda2 e mais de trinta anos desde o final do regime, mesmo com uma extensa literatura desenvolvida sobre o campo temático3, é certo que algumas questões ainda pairam no ar, inclusive a que indaga sobre o futuro daquela geração de revolucionários. É nesse sentido que se insere From Revolution to Power in Brazil, o mais recente livro de autoria do historiador Kenneth P. Serbin. Leia Mais

Latin America and the Global Cold War. The New Cold War history

Latin America and the Global Cold War foi publicado na coleção The new cold war history, dirigida por Odd Arne Westad, autor também do curto posfácio do texto. O objetivo dessa coletânea é publicar livros que proponham novas interpretações do período da Guerra Fria a partir de pesquisas em arquivos da China ou dos países da antiga URSS, entre outros. De forma mais geral, a new cold war history, é uma tentativa, formulada no final dos anos 90 do século passado, de repensar o paradigma que estava na base da maioria das pesquisas sobre o período que começa no pós-guerra e que o considera como caraterizado exclusivamente pelas principais tensões em termos militares e econômicos entre o bloco ocidental e soviético. Entre as várias implicações dessa perspectiva tem o fato de considerar tudo que aconteceu fora desses dois blocos, na “periferia” da Guerra Fria, como sendo sem importância para a compreensão histórica do período. Com relação a esse ponto, a perspectiva da Global Cold War mostra como, ao contrário, os países do Terceiro Mundo, ou mais recentemente, do Sul Global, foram os palcos de alguns dos principais conflitos do pós guerra, e como, ao mesmo tempo, é impossível entender as transformações políticas, econômicas, sociais e culturais nesses países sem levar em conta as intervenções internacionais das duas superpotências. Isso não significa, no entanto, considerar esses países como meras peças no tabuleiro da Guerra Fria. As políticas e iniciativas desses países eram, ao invés disso, fruto da articulação entre interesses nacionais, estratégias políticas dos governos locais e o contexto de tensão internacional. Nessa linha de pesquisa, o trabalho de Westad e seu livro, de 2005, The Global Cold War foram sem dúvida seminais (WESTAD, 2005). Leia Mais

Tendências Historiográficas na Revista Brasileira de História: 1981-2000 | Ricardo Marques de Mello

Os anos 1980 e 1990 são usualmente considerados momento de inflexão da historiografia em nosso país, com a falência das metanarrativas iluminista e marxista e das teses de longa duração. Ao promover diálogo interdisciplinar com a antropologia e a teoria literária, os historiadores brasileiros teriam propiciado a ascensão da micro história e da história cultural. Muitos se valeriam de novas fontes para meditar sobre representações, e privilegiariam recortes temporais recentes e recortes espaciais em território nacional, regionais ou locais. A mudança de bases teóricas, com inspiração na Nova História e em autores como Michel Foucault, Edward Thompson, Walter Benjamin e Clifford Geertz, alavancaria o enfoque de temas, objetos e sujeitos históricos até então apagados. Todavia, a apropriação superficial desses pensadores, somada à presença tímida, no Brasil, da produção e do conhecimento de obras de teoria, teria favorecido uma prática empirista da escrita da história.

À vista disso, seria possível determinar a validade destes pressupostos nas fontes da história da historiografia do período referido? Se sim, como? Se não, por quê? Poderiam os historiadores empregar estas formulações para definir tendências historiográficas estaticamente? Leia Mais

La paz olvidada. Políticos, letrados, campesinos y el surgimiento de las FARC en la formación de la Colombia contemporánea | Robert Karl

Robert A. Karl es historiador del Darmouth College. Por medio de su tesis titulada “State Formation, Violence, and Cold War in Colombia, 1957-1966”, obtuvo su doctorado en Historia por la Universidad de Harvard. Además de la obra aquí reseñada, Karl ha publicado artículos tales como “From ‘Showcase’ to ‘Failure’: Democracy and the Colombian Developmental State in the 1960s”1, “Century of the Exile: Colombia’s Displacement and Land Restitution in Historical Perspective, 1940s-1960s”2 y “Reading the Cuban Revolution from Bogotá, 1957-62”3 . Karlha sido maestro de historia moderna de América Latina en las universidades de Princeton, Harvard y Dartmouth.

Publicado inicialmente en 2017 bajo el título Forgotten Peace: Reform, Violence, and the Making of Contemporary Colombia, la presente edición es una traducción realizada al español por la escritora y filósofa Carolina Sanín Paz. Esta obra se compone de siete capítulos, un epílogo, un posfacio y un prólogo a la edición colombiana. Es un libro que intenta, de acuerdo con su autor, traer al debate público y académico el esfuerzo de pacificación que vivió el país una vez finalizó el régimen de Gustavo Rojas Pinilla (1953-1957) y se dio inicio al Frente Nacional en cabeza de Alberto Lleras Camargo. A la par, el autor establece que es de su interés reconstruir “la genealogía de la violencia a partir de los encuentros entre los colombianos de la ciudad y el campo”4 . El “país letrado”, como lo denomina, se constituye como otro actor principal en la construcción de la paz colombiana en un periodo donde el bandolerismo y las guerrillas se consolidaron. Leia Mais

Narrativas de la historia en el audiovisual colombiano. Controversias sobre el pasado en cuatro estudios de caso comparados | Isabel Restrepo Jaramillo

El libro Narrativas de la historia en el audiovisual colombiano parte de la idea de que ha existido una conexión entre la historia en cuanto disciplina y las representaciones del pasado que han sido vertidas en el audiovisual colombiano con enfoque retrospectivo. Con la intención de comprender la filigrana de lo anterior, la historiadora Isabel Restrepo Jaramillo ha optado por la comparación de cuatro casos: Garras de oro, los documentales de Marta Rodríguez y Jorge Silva; El profesor Super O histórico y los documentales que integran la Caja Viajera del Grupo de Memoria Histórica (GMH). La investigación adelantada por la autora le permite sostener que los audiovisuales con intencionalidad retrospectiva dialogan con argumentos desarrollados por la historiografía y los actualizan de acuerdo con las coyunturas del entorno de producción de las obras, al tiempo que transmiten una comprensión de la historia ligada tanto a corrientes historiográficas como a proyectos políticos o reivindicaciones sociales. En consecuencia, los productos audiovisuales emplean el pasado para hablar del tiempo en que vieron la luz. Leia Mais

Todos estos años de gente. Historia social, protesta y política en América Latina | Andrea Andújar e Ernesto Bohoslavsky

La relación entre pasado y presente es inherente a la disciplina histórica desde sus inicios. En América Latina, y antes en Europa, el proceso de profesionalización e institucionalización de la historia fue, en gran medida, impulsado y modelado por las necesidades de su presente. Las aspiraciones de cientificidad fueron indisociables de los usos políticos, especialmente los vinculados a contribuir a la consolidación de los Estados y las identidades nacionales. A lo largo del tiempo esa tensión inherente a la disciplina se resignificó en múltiples sentidos y direcciones. Así, en el espacio latinoamericano, la privilegiada interlocución de la historia profesional con el Estado fue complejizándose al calor de las protestas y demandas de diversos actores colectivos, principalmente desde el último cuarto del siglo XX. Las reivindicaciones por derechos impulsadas por las luchas feministas, los pueblos originarios, los homosexuales o el movimiento negro interpelaron de diversa forma a la comunidad de historiadores. Los vasos comunicantes fueron complejos, fluctuantes y, a veces, esquivos. Este nudo de preocupaciones en el cual pasado y presente se atan, solapan y retroalimentan es el que articula los textos que Andrea Andújar y Ernesto Bohoslavsky reunieron en Todos esos años de gente. Leia Mais

Secretos fracturados. Estampas del catolicismo conspirativo en México | Fernando González

En septiembre de 2017 tuvieron lugar una serie de eventos en el Instittuto Tecnológico y de Estudios Superiores de Occidente (ITESO), la universidad jesuita de Guadalajara, que giraron alrededor de un foro sobre la despenalización del aborto, organizado por estudiantes de esa institución. De acuerdo con varios medios, la actividad estuvo a punto de cancelarse debido a la presión ejercida por grupos Pro-Vida. Gracias a la movilización de las organizadoras, quienes acusaron que se trataba de una forma de censura, el foro finalmente se llevó a cabo. En la carta de motivos para la suspensión del evento, las autoridades del ITESO argumentaron que “no existen las condiciones de respeto para dicho foro”. Esto fue corroborado por algunas participantes, quienes dijeron haber recibido amenazas. Incluso se rumoró que algunos de sus detractores se habrían organizado para ingresar al campus y “reventar el diálogo”.2 Para quien no esté familiarizado con la historia del catolicismo tapatío en el siglo XX, esta referencia puede parecer una nimiedad. Sin embargo, el clima de tensión y de amenazas desde cierta derecha católica hacia una universidad jesuita invocaba a un espectro que no ha dejado de rondar el presente mexicano. En este caso, las disputas parecían invocar al fantasma de los Tecos, aquella organización secreta que, en 1958, intentó tomar por asalto las instalaciones del ITESO. Leia Mais

Hacer la revolución. Guerrillas latino-americanas/de los años sesenta a la caída del Muro | Aldo Marchesi

En los estudios sobre América Latina a partir de los años sesenta hasta la actualidad se hace cada vez más necesario una mirada transnacional que reconstruya los procesos políticos, ideológicos, intelectuales y culturales que vivió la región, teniendo en cuenta las complejidades de un contexto de Guerra Fría marcado por el ascenso de diversas agendas políticas. Una de las temáticas que más ha cobrado relevancia en ese sentido es el análisis de los movimientos guerrilleros o revolucionarios que comenzaron a desplegarse tras 1959 en el continente. No obstante, la fuerte carga de afectos a su alrededor, la cercanía temporal, el llamado fracaso de muchos de estos movimientos y la falta de fuentes para historizarlos, son algunas de las escabrosas cuestiones que dificultan el trabajo del historiador del tiempo presente. Leia Mais

[Tiempo suspendido] Una historia de la desaparición forzada en México/1940-1980 | Camilo Vicente Ovalle

Entre 1940 y 1980, el Estado posrevolucionario se consolidó; alcanzó una etapa de crecimiento económico como nunca se había vivido en el México independiente. La estabilidad política era notable, sobre todo en comparación con el resto de Latinoamérica. La imagen de México en el exterior era de un país democrático, liberal y hasta progresista. Al interior, el mito de la Revolución mexicana sostenido por la “familia revolucionaria” organizada en el partido hegemónico -el Partido Nacional Revolucionario (PNR), el Partido de la Revolución Mexicana (PRM) y el (PRI) Partido de la Revolución Institucionalizada- era uno de los principales soportes ideológicos del sistema. Y, sin embargo, este retrato de un país “color de rosa” tenía su contraparte. Probablemente, uno de sus rostros más macabros es el de la desaparición forzada como práctica institucional contra los opositores al régimen. Éste es el tema principal de [Tiempo suspendido]. Leia Mais

La democracia como mandato. Radicalismo y peronismo en la transición Argentina (1980-1987) | Adrián Velázquez Ramírez

Adrián Velázquez Ramírez nos presenta en “La democracia como mandato” una inteligente lectura sobre el radicalismo y el peronismo en la transición argentina. El libro se estructura en dos partes que no sólo abarcan el período 1980-1987, sino que lo exceden al afirmar que en esos años se estableció un lenguaje político que aún hoy habitamos. Leia Mais

Sguardi dall’Argentina in transizione. Dalla “Repubblica Impossibile” alle origini del peronismo | Francesco Davide Ragno

Sguardi dall’Argentina in transizione. Dalla “Repubblica impossibile” alle origini del peronismo coordinado por Francesco Davide Ragno está orientado fundamentalmente a un público italiano y no a un lector argentino. Como menciona su coordinador, tiene la ambición de echar nueva luz sobre un momento clave de la historia argentina, el periodo que se extiende entre fines de la década de 1930 hasta los primeros años de la década siguiente. Según Ragno, el libro pretende “analizar recorridos políticos y culturales específicos para tratar de afianzar el conocimiento de una historia rica y, al mismo tiempo, enredada”. Ragno propone ingresar al periodo en cuestión a través de la ventana que ofrece el ámbito político-cultural argentino, analizando, en primer lugar, el problema de la construcción de la argentinidad; en segundo lugar, la cuestión de la modernización política abierta con la promulgación y la aplicación de la ley Sáenz Peña; por último, lo que el autor denomina el “proceso de cambio generacional” causado por las muertes de los principales líderes políticos como Marcelo T. de Alvear y Agustín P. Justo. Ciertamente, no se trata de una tarea sencilla. Leia Mais

Lo que se aprende con el cuerpo no se olvida más. El deporte como vehículo de reproducción ideológica en la región del Nahuel Huapi/1930-1955 | Mariano Carlos Chiappe

Esta tesis analiza las prácticas deportivas en la región del Nahuel Huapi -principalmente en la ciudad de Bariloche- y sus relaciones con los lineamientos ideológicos de los gobiernos conservadores de la década de 1930 en Argentina y del primer peronismo entre 1943 y 1955. El autor es docente en la carrera de Educación Física en la universidad Nacional del Comahue. Desde el año 2009 forma parte de proyectos de investigación histórica dedicados al estudio de las prácticas corporales en la Norpatagonia. En este marco, la tesis parte del interés por estudiar las corporalidades y sus usos políticos, con una mirada en clave regional, comparada y de género. Leia Mais

Historia de la apropiación de la cultura escrita entre el pueblo qom del nordeste chaqueño (1960-1976) | Victoria Soledad Almiron

La vacancia de la temática indígena ha caracterizado por algún tiempo al campo de la historiografía educativa latinoamericana y argentina. Tal vez, porque supone centrarse en sujetos históricamente excluidos de los relatos históricos oficiales. Tal vez, porque la mirada estuvo cierto tiempo focalizada en la escuela, obviando otros modos de educación y, con ello, a sujetos y culturas como la indígena (Cucuzza, 1996, citado en Artieda y Nicoletti, 2017). Aunque se registran avances importantes en las investigaciones sobre educación y pueblos indígenas, Artieda y Nicoletti (2017) plantean que la temática sigue siendo incipiente en el campo de la historiografía educativa argentina, que aún no logra formar parte de relatos históricos mayores, lo cual requiere de tiempo, equipos que lo promuevan y de investigaciones. La tesis que aquí se reseña contribuye a esta línea de investigación, pues busca comprender las modalidades de apropiación de la cultura escrita de los qom del noroeste chaqueño, en un periodo aún poco estudiado que comprende las décadas del sesenta y del setenta. Leia Mais

Entre el cielo y el suelo. Las identidades elásticas de las clases medias (Santiago de Chile, 1932-1962) | Claudia Stern

En 1950, la destacada profesora, embajadora y feminista chilena Amanda Labarca escribió un connotado artículo sobre las clases medias en la Revista Atenea, diciendo que se trataba de un sector definido más por el “estar” que por el “ser”1. Parecen caracterizarse, sostenía, “por su actitud de tránsito”, pues “sus miembros están, no son clase media”2. Parafraseando esta idea, el libro de Claudia Stern traza una historia inscrita entre los años 1932 y 1962, perfilando una caracterización sociocultural que, efectivamente, muestra el deslizamiento permanente, la identidad una y otra vez construida y reconstruida de unas clases medias heterogéneas, complejas y, como enfatiza la autora, “elásticas”.

El “ser” y el “estar” es una dicotomía de origen filosófico que bien se aplica al análisis histórico3, pues permite visualizar lo humano en movimiento y distinguir entre lo que permanece y lo que cambia, facilitando el recorrido por entre la fluidez de lo social. Prueba de ello es que en las últimas décadas la historiografía se ha ido desplazando hacia la búsqueda de respuestas menos esencialistas y más localizadas, abriendo espacios a indagaciones poco convencionales; en otras palabras, se ha trasladado desde el ser al estar histórico 4. Leia Mais

El Liceo. Relato, memoria, política | Sol Serrano

En su obra “El liceo. Relato, memoria, política Sol Serrano elabora un ensayo en el que aborda el tema del liceo chileno entre los años 1930 y 1960, desde la perspectiva de su carácter público y de la conciencia histórica que formó en toda una generación de alumnos que se sintieron protagonistas de la historia de Chile. A partir de la voz de liceos concretos y los actores que lo compusieron, la autora desarrolla el aura con que se ha rodeado su historia. La obra dialoga con los mitos de una época dorada de la educación chilena en el siglo XX: por una parte, rechaza la idea de que el liceo fue un espacio de construcción de igualdad social y, por otra, valida con firmes sustentos históricos que el liceo fue un eje fundamental en la construcción de la nación durante las décadas de 1930- 1960.

La obra se estructura de manera sencilla, con una introducción en la que se recogen los temas y objetivos principales a tratar y dos capítulos en los que se desarrollan los conceptos de relato, memoria e identidad de uno de los actores más relevantes de la historia de la educación chilena. Para la autora, además de centros educacionales, los liceos en Chile constituyeron un espacio sociabilidad; de tradición y a la vez de transformación, donde se gestó un proyecto de sociedad y se construyó la conciencia histórica de la nación. Leia Mais

La Universidad Nacional y Popular de Buenos Aires. La reforma universitaria de la izquierda peronista/1973-1974 | Sergio Friedemann

La obra que presenta Sergio Friedemann es el producto de su investigación doctoral sobre la experiencia de la Universidad Nacional y Popular de Buenos Aires (UNPBA) en el bienio 1973- 1974, pero al mismo tiempo incorpora elementos de sus investigaciones posteriores, basadas en una fuente privilegiada: la correspondencia de Perón en el exilio que el autor pudo consultar en su estancia en la Universidad de Stanford. Es por ello que el resultado es un libro que excede el análisis de la gestión universitaria, para inscribirse en la intersección de los estudios sobre la historia reciente -más específicamente, del peronismo- y la historia de la universidad, y es estructurado por el interrogante acerca de los actores que protagonizaron esta experiencia y sus iniciativas. Así, la hipótesis del autor consiste en que las políticas emprendidas en la UNPBA formaron parte de una reforma universitaria inconclusa, cuyos logros y límites solo pueden comprenderse al identificar rupturas y continuidades con experiencias que se venían gestando en años previos, y, a su vez, abordando la heterogeneidad del peronismo y sus disputas en el período. La reflexión sobre esta heterogeneidad desemboca en la denominación del sector que englobaba a los actores protagónicos de esta experiencia como “izquierda peronista”, que aparece definida como “una zona político intelectual de múltiples manifestaciones” en la que convivían organizaciones políticas y sociales, referentes culturales, publicaciones, y prácticas militantes, que tenían en común “la articulación en su seno de distintas versiones de la tradición marxista y la identidad peronista” (p.45). Los primeros capítulos se leen a partir de la reflexión sobre la conformación de este espacio diverso en el campo intelectual y universitario. Así, mientras existió la incorporación de ideas de izquierda por parte de sectores del movimiento peronista, el libro realiza un aporte novedoso a partir de la reflexión sobre la peronización, el acercamiento al peronismo durante la década del sesenta por parte de sectores medios y universitarios que, entre 1945 y 1955, habían nutrido las filas de la oposición. El hallazgo presentado es que no se trató de un movimiento lineal ni unilateral: a partir del relevamiento epistolar, encuentra que la incorporación de estos sectores constituyó también un proyecto de Perón y sus colaboradores, quienes, además, realizaron análisis contemporáneos sobre el fenómeno. De este modo, se habría constituido como un proceso dialógico que involucraba cambios en sectores medios, pero también un proyecto de la conducción peronista. Sin embargo, no todos los intelectuales que intervendrían en la UNPBA fueron sujetos de este fenómeno. Como ejemplo de ello es presentada la trayectoria de su primer rector, Rodolfo Puiggrós, que puede ser entendida como un antecedente de ese proceso. Una segunda dimensión privilegiada para el análisis de la conformación de este espacio es el tiempo. En el capítulo quinto se analiza el rol de las nuevas generaciones de peronistas, con la aparición en la UNPBA del 73 de debates que se habían originado en el Mayo Francés del 68: los “hijos” reivindicando la novedad y desautorizando a los mayores y sus instituciones. Sin embargo, se propone otro matiz al respecto, mostrando que este fenómeno convivía con la autorización de otras figuras rescatadas de “lo viejo”: “quienes habían luchado contra lo establecido, quienes habían sido marginalizados, excluidos: los militantes de ‘la resistencia’, el peronismo proscripto, los intelectuales sin lugar en las aulas” (p. 126). La indagación sobre vínculos generacionales novedosos se constituye como otro punto fuerte del texto, al repasar las experiencias de padres e hijos involucrados de maneras diversas en esta experiencia. Por otro lado, el autor encuentra que previamente existieron experiencias en las que se comenzaban a delinear políticas y enfoques del mundo universitario que encontrarían continuidad durante la UNPBA: el Consejo Tecnológico, las Cátedras Nacionales, la Asociación Gremial de Abogados, entre otras, son bautizadas como “experiencias configuradoras de institucionalidad” que, posteriormente, enriquecieron la gestión universitaria. Es así que la UNPBA es abordada en “dos tiempos”: como experiencia eminentemente de ruptura con el pasado en materia de gestión, pero cuyos actores protagónicos deben ser abordados a partir de procesos ubicados en “los márgenes” de ese mismo pasado. El motivo por el cual la universidad es otorgada a los sectores de la izquierda peronista dentro de la coalición oficialista aparece, por un lado, impulsado por la capacidad de bloqueo juvenil en este ámbito, pero también como parte de una táctica de atracción para los sectores medios. Es una constante del texto la evasión de las simplificaciones. Por ello, sobre el mote de “universidad montonera”, se insiste en evitar la sinécdoque: si bien esta organización tuvo un lugar relevante, en especial a partir de la inserción de la Juventud Universitaria Peronista, es presentada como una parte – importante- de un todo heterogéneo y más complejo. Son entonces la gestión y la institución de la “nueva universidad” las dimensiones presentadas prioritariamente a partir de la ruptura con el pasado y la idea de refundación. La intervención de la institución, la pérdida de su tradicional nombre, la idea de “inauguración” de una nueva universidad, la transformación del lenguaje administrativo y las modificaciones de todos los planes de estudios son cambios abruptos producidos en pocos meses que se identifican como ejemplos de un “quiebre” con el pasado. De hecho, el autor encuentra que un elemento de ruptura fundamental, como el hincapié en la masividad a través del ingreso irrestricto y la eliminación a los límites de la gratuidad, generó tensiones respecto de su sostenibilidad en el tiempo. En cambio, en el sentido de la formación y las formas de vinculación de la universidad con la sociedad, el texto presenta continuidades claras con las propuestas de las experiencias configuradoras, que en el período previo se habían mantenido en los márgenes. En esa línea se inscriben los proyectos de investigación ligados inextricablemente con la producción; y la monumental escala de las políticas universitarias que apuntaban a la relación con el “exterior” de la misma, sobre la que se afirma que alcanzó niveles que desbordaban la idea misma de “extensión”. Friedemann sostiene que la idea rectora era que la educación superior debía estar orientada a la resolución de problemas nacionales y la satisfacción de necesidades populares, diferenciándose de la idea de “universidad isla” y un cientificismo extremo. Su materialización institucional fue la creación de nuevos institutos y organismos externos que reflejaban esas preocupaciones. El texto vuelve al análisis de la política nacional mediante el relato del proceso de sanción de la “Ley Taiana”, reguladora de la educación superior que recogía algunas de las propuestas de la izquierda peronista, y cuya aprobación por unanimidad en el Senado reflejó los consensos que suscitaba. De hecho, el límite a esta experiencia provino desde el propio peronismo, reflejando una vez más su heterogeneidad. Al igual que en el Poder Ejecutivo Nacional, el cargo de rector vio pasar diversos nombres en el período, pero el libro propone un recorte para la universidad de la izquierda peronista que se inicia con la asunción de Cámpora y Puiggrós en mayo de 1973, y se cierra en septiembre de 1974 con la designación de un peronista de otro tenor: el fascista confeso Alberto Ottalagano, que inicia una etapa calificada en el texto como de “contrarreforma” y “restauración” en la que se desandaron la mayoría de los cambios recientes en la universidad. En este recorrido, el autor deja abiertos posibles temas que, a futuro, merecen ser profundizados, como el rol de actores disidentes en la universidad por fuera del peronismo , y las experiencias particulares de las facultades, cuyas autoridades y disputas políticas son abordadas, pero resta continuar las indagaciones sobre la gestión académica interna de cada una de ellas. En definitiva, el libro recorre acabadamente los senderos que transitó la breve UNPBA, pero al mismo tiempo logra trascenderlos. De ese modo, podemos concluir que la experiencia de esta universidad funciona como un elemento estructurante para un libro que, en verdad, se sumerge en temas más amplios y reclama un lugar en la biblioteca sobre la compleja relación entre el campo intelectual y el movimiento peronista, y respecto de las tensiones y transformaciones en los últimos años de la década de 1960 y los primeros de la de 1970 al interior del peronismo. Leia Mais

La red de los espejos. Una historia del diario Excélsior/1916-1976 | Arno Burkholder

Los análisis históricos sobre la prensa como objeto de estudio han aumentado en los últimos años. La mayor parte se refiere a las actividades de los impresos y su peso específico en el espacio público, entre el período de la Independencia y los inicios del siglo XX. Sin embargo, los trabajos sobre los diarios modernos de distribución masiva aún son escasos, por lo que resulta de interés la obra de Arno Burkholder sobre Excélsior de México, que lo examina en tres ámbitos: como empresa, como periódico y como actor político. Leia Mais

Ética e Estética do Tempo Presente | Outras Fronteiras | 2021

ÉTICA E ESTÉTICA DO TEMPO PRESENTE Ou da subjetividade como afazer político

[…] a arte é considerada política porque mostra os estigmas da dominação, porque ridiculariza os ícones reinantes ou porque sai de seus lugares próprios para transformar-se em prática social

A política é a atividade que reconfigura os âmbitos sensíveis nos quais se definem objetos comuns. Ela rompe a evidência sensível da ordem “natural” que destina os indivíduos e os grupos ao comando ou à obediência, à vida pública ou à vida privada, votando-os sobretudo a certo tipo de espaço ou tempo, a certa maneira de ser, ver e dizer2. Leia Mais

Rachel Carson: la revolución entrañable | Carmen Velayos Castelo

Espera-se de um livro, primeiramente, que a sua leitura seja prazerosa. Ao tratar-se de uma obra fruto de um trabalho de pesquisa, soma-se a expectativa de reconhecer, entre as suas linhas, o rigor empregado em sua elaboração, desde as etapas iniciais da investigação científica até a redação final. Tudo isso encontrarão o leitor e a leitora na obra Rachel Carson: la revolución entrañable, de Carmen Velayos Castelo. A autora é professora de filosofia moral e política da Faculdade de Filosofia da Universidade de Salamanca (Espanha), e entre suas áreas de pesquisa estão a ética, a ecoética, a relação entre filosofia e felicidade, assim como questões de gênero. A obra, por sua vez, foi publicada na coleção Memoria de Mujer, da Editora da Universidade de Salamanca que, desde 2015, publica estudos sobre a mulher em todos os âmbitos científicos. Leia Mais

As ciências na história das relações Brasil-EUA | Magali Romero Sá, Dominichi Miranda de Sá, André Felipe Cândido da Silva

Os 17 artigos desta coletânea têm como tema o relacionamento entre Estados Unidos e Brasil na área técnico- -científica sobretudo a partir da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942. Desde 1933 os Estados Unidos vinham implementando a “política de boa vizinhança” com os países da América Latina, estabelecendo diferentes formas de colaboração diplomática, econômica e militar, para limitar a influência dos países do Eixo na região. A partir de 1940-1941, o governo americano estabeleceu o Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, dirigido pelo milionário Nelson Rockefeller, para conduzir essa política, sobretudo na área cultural. O Brasil vinha se mantendo neutro até então, mas, finalmente, não resistiu à pressão e entrou na guerra do lado americano. A partir daí o relacionamento entre os dois países se estreitou, com a instalação de duas bases militares norte-americanas em Natal; um esforço sistemático de produção de matérias-primas, sobretudo a borracha, mas também outros minerais e alimentos, para apoiar o esforço de guerra americano; o acordo para a construção da Usina de Volta Redonda e de reequipamento das forças armadas brasileiras; e a preparação da Força Expedicionária Brasileira para participar do teatro de guerra europeu. Leia Mais

El Partido Socialista (re)configurado: escalas y desafíos historiográficos para su estudio desde el interior |Silvana Ferreyra

Afortunadamente, hace tiempo que dejó de ser novedad destacar que los estudios sobre el Partido Socialista (PS) argentino concitan un creciente interés historiográfico. En los últimos quince años –la publicación de un señero volumen compilado por Hernán Camarero y Carlos Miguel Herrera en 2005 fue sin duda un claro punto de partida– la cantidad de trabajos se ha multiplicado, al tiempo que crece y se diversifica el número de investigadores e investigadoras que abordan la historia de esta fuerza política. La conformación de la Red de Estudios sobre el Socialismo Argentino (RESA), promovida por el propio Herrera y Ricardo Martínez Mazzola, es al mismo tiempo un resultado de este desarrollo y un factor de impulso del mismo. Una de las peculiaridades más notables de este fenómeno historiográfico es que ha mostrado una importante distribución regional, con colegas de muchos puntos del país que desarrollan ya desde hace años un trabajo sistemático en el tema. El volumen compilado por Silvana Ferreyra y Federico Martocci marca en este sentido un jalón importante en este proceso de revitalización.

El volumen reúne trabajos presentados originalmente en un taller realizado en Mar del Plata en noviembre de 2018, financiado por la Agencia Nacional de Promoción Científica y Tecnológica y avalado por el Centro de Estudios Históricos de la Universidad Nacional de Mar del Plata, el Instituto de Estudios Socio-Históricos de la Universidad Nacional de La Pampa y la Red de Estudios sobre el Socialismo Argentino – RESA–. Además cuenta con un prólogo de Camarero y Herrera y un epílogo de María Liliana Da Orden. En su «Introducción», Ferreyra y Martocci se esfuerzan por ubicar las contribuciones de la compilación en el contexto más general de la literatura sobre el socialismo en Argentina; el texto brinda en este sentido un preciso y detallado estado de la cuestión acerca de la historiografía del socialismo en el «interior» que servirá de referencia futura por un largo período. Los compiladores argumentan allí que tanto las interpretaciones «nativas» –es decir, elaboradas por los propios dirigentes y militantes del PS– como buena parte de las académicas compartieron durante mucho tiempo «una visión desde arriba, homogénea y urbana del PS» (p. 32). Según Ferreyra y Martocci, «los estudios sobre el socialismo en el “interior” contribuyen a reconfigurar el PS al debatir con esa matriz “capitalinocéntrica”» y, al mismo tiempo, pueden ayudar a examinar «las formas específicas de acción política del socialismo, alejándonos así del perfil más iluminista y pedagógico que prevaleció tanto en las interpretaciones críticas como en las partidarias» (p. 34). Esto hace referencia al hecho de que estudios precisos de experiencias locales pueden revelar con mayor exactitud aquellos casos en los cuales «la expansión del PS redundó en acceso efectivo a gobiernos comunales u otras instancias de poder» (p. 45). Leia Mais

No tan pequeños universos. Intelectuales/ cultura y política en Río Cuarto/ siglo XX | E. Escudero

No tan pequeños universos es un libro que da cuenta de la dinámica cultural de la ciudad de Río Cuarto de la primera mitad del siglo XX, de las intervenciones culturales y políticas que realizaron quienes pensaron, escribieron y crearon mundos desde, y en muchos casos para, esa localidad del interior de la provincia de Córdoba. Leia Mais

Poesía popular minera en el periódico El siglo (1952-1958) | Héctor Uribe

El trabajo del profesor e investigador Héctor Uribe, Poesía popular minera en el periódico El siglo (1952-1958,) compila 115 poemas o “versos” escritos en décimas y cuartetas, publicados originalmente en el diario El Siglo durante la década de 1950; cada uno de estos textos recrea la historia de los mineros de la llamada “zona del carbón” en la región del Bío Bío. Localidades como Coronel, Lota y Curanilahue se fijan como escenarios de historias personales y colectivas que remiten a la lucha por la sobrevivencia y por derechos básicos como salud, salarios justos y dignidad. El texto no solo consiste en los poemas antologados, sino que también incluye una acuciosa investigación sobre la poética minera y sobre la sección de la Lira Popular incluida en el periódico El Siglo. Me parece un trabajo valioso que otorga una contextualización teórico-musical, histórica, cultural y poética al material seleccionado. Poesía popular minera en el periódico El siglo (1952-1958) nos conduce a una realidad concreta en el espacio y el tiempo, el Chile de la primera mitad del siglo XX, en el marco de la cual resaltan tres grandes aspectos: el primero es la historia de La Lira Popular, y con ello, la memoria de la poesía popular chilena: su tradición, su métrica, sus temas, sus propósitos; el segundo, es la trayectoria de la izquierda política en Chile, de sus medios de difusión de ideas y de su vinculación con La Lira Popular; y el tercero, consiste en la reunión de las historias tanto personales como colectivas de mineros y de campesinos: anécdotas, rutinas y tragedias. Estos tres aspectos se entretejen en las décimas recopiladas. En cuanto al primer aspecto, se debe señalar que en sus orígenes a fines del siglo XIX, la Lira Popular se presentaba como pliegos sueltos; a diferencia de ello, los textos compilados por Uribe corresponden a poemas de la Lira que originalmente fueron publicados en un soporte mayor, El Siglo, periódico de izquierda vinculado al Partido Comunista de Chile, en el que las clases populares encontraron información, pero también ideas que cuestionaban el orden establecido. En su estudio preliminar, Uribe documenta el anhelo de los poetas populares por ser publicados en este periódico, pues percibían que los propósitos de la Lira y de El Siglo coincidían: denunciar injusticias, llamar a la lucha por los derechos del ser humano, organizar al pueblo e informar sin censura. De este modo, nos acercamos al segundo aspecto de los mencionados, esto es, la historia de la izquierda y su relación con la Lira Popular. Para los poetas antologados, El Siglo constituía el periódico que realmente publicaba la situación del país, como se puede apreciar en algunas décimas: “Con infinita emoción / te felicito y saludo, /por ser del pueblo su escudo, / y valiente defensor; / No te soborna el bribón/ que a Chile vende y parcela, / ni pudo el traidor Videla / tu recta línea torcer, / tu pueblo sabe querer / a quien por él se desvela.” (Uribe, 2020, p.193). Esta es la primera estrofa del poema o “verso” titulado “A El Siglo”, del poeta popular Victaliano Nova, en la que se aprecian los atributos del diario para los poetas populares: era un medio que defendía al pueblo, que no aceptaba sobornos, y que sufrió el cese de sus publicaciones debido a la llamada Ley de Defensa de la Democracia” (1948) del gobierno de Gabriel González Videla, que los sectores populares denominaban “Ley maldita”, pero que el diario consiguió eludir durante un periodo al desvincular la publicación del Partido Comunista. Las décimas de esta antología testimonian las ideas de izquierda y el desarrollo de la organización popular; se elogia a figuras como Luis Emilio Recabarren y Pablo Neruda; se celebra la formación de la Central Única de Trabajadores y se homenajea a sus dirigentes; se poetiza el proceso y consecuencias de las huelgas; se erige como un modelo a seguir a la Unión Soviética. Es por ello que la lectura de estas páginas nos introduce en un recorrido por la historia de Chile, en el que se ponen de relieve diversos acontecimientos no siempre circunscritos a la zona del carbón; algunos textos remiten a la crisis de las salitreras en el norte de Chile y a las matanzas de obreros; también se lamenta un incendio en el Zanjón de la Aguada. Es así como los poetas de La Lira Popular servían al pueblo, a sus sufrimientos y sus luchas, por lo que no es de extrañar que campesinos, mineros e indígenas aparezcan hermanados por un mismo clamor de justicia, aunque pertenezcan a regiones de Chile disímiles entre sí; el imaginario poético de estos versos nos presenta un mundo dividido entre opresores y oprimidos: la oligarquía chilena, los patrones y los inversionistas extranjeros, por un lado, y los trabajadores, sus mujeres e hijos por el otro. A mi juicio, uno de los efectos más significativos de las publicaciones de la Lira en El Siglo fue el establecimiento de vínculos entre los poetas, lo que tuvo como consecuencia la conformación de la Sociedad de Poetas y Cantores Populares de Chile, la primera de su tipo en el continente; gracias a esta agrupación se materializaron diversos proyectos relacionados con la poesía popular: recopilaciones, difusión del arte popular chileno y escuelas de canto a lo poeta. En otras palabras, la historia de Chile poetizada en estos versos, permitió el desarrollo de la poesía popular y la organización de un gremio de estos poetas, hito que fue testimoniado en décimas; por ejemplo, en el texto “Un llamado a los poetas y cantores populares”, el poeta de Coronel Juan Segundo Placencia insta a integrar la sociedad: “Yo invito a cualquier obrero / que tenga una cualidad / que escriba aquí en esta Lira / y venga a la Sociedad. / Aquí en la zona minera / hay puetas muy distanciados / vengan todos hacia mí / y serán organizados. / En la unión de los cantores / le abrimos la puerta a todos / si alguno la hierra un poco / lo arreglamos de algún modo. / Viejos, jóvenes y niñas / que tengan uso ‘e razón / yo invito a todo chileno / venga a nuestra asociación.” (Uribe, 2020, p.197). Ajenos al estereotipo del poeta solitario y encerrado en una torre, los poetas populares celebran la idea de comunidad; sin egoísmo ni discriminaciones llaman a compartir el proceso creativo, a enseñarse y corregirse unos con otros. Este plan de armar comunidad es congruente con la ideología de izquierda de la época y con la necesidad que ellos percibían de agruparse en sindicatos y de apoyar a la CUT para luchar contra las injusticias. Es así como percibo en estos y otros textos de la antología, que, para sus integrantes, la Sociedad de poetas populares es un bastión de lucha, al igual que las agrupaciones políticas y sociales. Difundir, retener en la memoria y seguir creando, equivalía a acompañar y apoyar al pueblo en sus justas reivindicaciones. El tercer y último aspecto de los anunciados al inicio, constituye para mí el verdadero corazón de estos textos de la Lira popular; me refiero a las historias de los trabajadores, en especial, de los mineros. Las décimas poetizan la vida del minero en sus aspectos cotidianos, integrando sus sueños y esperanzas. Los versos se detienen en el sufrimiento, evidenciado en el cuerpo del trabajador. En la décima llamada “Todos los chilenos quieren a los mineros del carbón”, el poeta campesino Raimundo Navarro, enuncia: “Han pasado muchos casos / por descuido que se advierte / muchos hallaron la muerte / otros perdieron los brazos; / quedaron hechos pedazos / el corazón sin latir / después de tanto sufrir / explotaciones y males / de chico en los minerales / trabajan hasta morir.” (Uribe, 2020, p. 113). Los versos discurren sobre el riegoso trabajo desde la infancia que se prolongaba hasta la muerte; los cuerpos de los trabajadores son susceptibles de salir destrozados o inertes en cualquier momento. En otra décima llamada “Canto a los mineros del carbón”, Victaliano Nova poetiza: “Recuerdo horrorizao / cuando bajo de un planchón, / lo mismo que un vil ratón, / quedó un minero aplastao; / completamente tapao / con el tremendo toscón, / conteniendo su dolor, / —no miento y aquí repito— / que pedía a todo grito/ que lo mataran mejor.” (Uribe, 2020, p.148). Si bien en los poemas las piedras y minerales maltratan el cuerpo del minero, no logran doblegar su espíritu; el hablante de este texto recién citado ha descrito anteriormente al minero accidentado como “esforzado” y “fuerte como una roca”. Mineros y rocas fusionan sus características, en tanto la dureza y oscuridad del entorno que rodea al trabajador se traspasan al color de su piel y a su capacidad de resistir los sinsabores de su labor. Además del peligroso trabajo, la vida del minero poetizada en las décimas contempla la lucha social, y en esta área de su vida adquieren relevancia las familias; por ejemplo, un poeta de Curanilahue recuerda un episodio de una huelga, en que las mujeres de los trabajadores detienen un tren en señal de protesta; de esta manera, los poetas populares celebran la unidad de los trabajadores y sus familias, descubriendo heroísmo y valentía en estas acciones de lucha, sobre todo porque muchas veces, quienes participan de las movilizaciones sociales, son viudas o huérfanos, debido a accidentes ocurridos en las minas. A pesar de todos los dolores que se encierran en estos poemas, no calificaría estos versos como trágicos o lúgubres, porque ante todo los motiva la esperanza de revertir la situación de precariedad en que se encuentran los trabajadores y sus familias: aun cuando son motivos centrales el hambre, los elevados precios de la mercadería, los bajos salarios, los peligros en los medios de transporte del pueblo -la micro y el ferrocarril- junto con ello se testimonian los triunfos de las huelgas, como la celebración de la reducción del extenuante horario laboral a ocho horas diarias, aunque luego se constata que las ocho horas son muchas para el esfuerzo que implica la extracción del carbón. Con todo, el trabajador minero no se victimiza, pues para estos poetas, es valiente y aguerrido; al respecto, uno de los versos lo describe “con su traje de cordero, pero es un león indomable”; tampoco carece de entretenimiento y humor; numerosas décimas poetizan alegres farras, los chistes, los brindis, celebraciones de bautizos, la afición por el fútbol, el deseo de aventuras y viajes, la sabiduría popular contenida en el conocimiento de las hierbas medicinales, las tradiciones, la galantería con las mujeres, peticiones de matrimonio, o la afirmación de su soltería y su deseo de conquista de varias damas. Es así como en estas décimas, los poetas descubren, a través de los ojos del minero, sus dolores, pero también la belleza de la vida y del entorno del trabajador. Para ilustrar esta última idea, cito unas décimas de Jorge Obrero del Carbón, uno de los autores con más presencia en la antología: “Curiosos de este lugar / me han pedido algunos datos / con todos estos aparatos / pa la Lira Popular / sin hacerme yo el rogar / lo escribí de esta manera: / aunque parezcan leseras / son cosas de producción / que hey mirado en el carbón / desde l’otra primavera. / Aquí en Maule y Coronel, / los Rojas y el Corcovado / se produce el trite ahumado / mangarrial con torrantel; / cholgas y pibre a granel / también congrio y pescá seca / bailes corridos y cuecas / con paseos en la playa / y otras cosas hasta malaya / canastos, charras y decas. / Cerro Obligado y Puchoco / producen cabras tan lindas / que al mirarlas como guindas / es capaz volverse loco / no dirán que me equivoco / de estos barrios y poblaciones /hay que ver las producciones / hasta en la población Berta / que si no hay cerdo, ave o huerta / hay lombriz y camarones. / Todo el barrio en Villa Mora / la Colonia y Villa Alegre / se ven cosas na muy chegres / que entretienen sin demora / como las bellas cantoras / que en sus cantos 50, agosto 2021: 1-4 dicen sí / con todo lo que hay aquí / ya estarán bien informados; / como hay chutes bien chantados / hay picantes como ají.” (Uribe, 2020, p.151). Como se puede comprender, no solamente está contenida la alegría de los barrios en estas décimas, sino también el humor del cantor popular, que en medio de la precariedad, descubre la belleza de las mujeres, el canto, y la alegría, aunque no siempre se pueda comer cerdo, ave o huerta. Leia Mais

Cuerpos de la memoria. Sobre los monumentos a Schneider y Allende | Luis Montes

El presente libro, surgido del trabajo del Núcleo de Investigación Escultura y Contemporaneidad de la Facultad de Artes de la Universidad de Chile, aborda problemas que trascienden los procesos de gestación y construcción de los monumentos a Schneider y Allende, de hecho -me parece- esos procesos, y sus problemas asociados, se pueden despejar, con una aceptable claridad, con el método historiográfico convencional: buscando documentos y testimonios, reconstruyendo discusiones, tenciones, lucha de intereses y, en fin, restituyendo hasta donde nos sea posible el sentido del pasado. En efecto, el problema más vasto que cruza este libro es el de la distancia que media entre esos dos momentos -que son en verdad dos mundos distintos- en que fueron erigidos uno y otro monumento. Es como si cada uno de ellos fuera una hebra, aparentemente la menos importante, de la que tirando emergen dimensiones completas de dos visiones de mundo casi inconmensurables: el Chile de la Unidad Popular y el país neoliberal de la transición, que en este libro quedan caracterizados como un mundo de significación histórica y política, el primero, y de despolitización, espectáculo y temporalidad dislocada, el segundo. Tanto en el texto de Luis Montes, como en el de Verónica Figueroa, se abordan preferentemente los procesos de construcción de los dos monumentos, no obstante sus hallazgos y observaciones no se quedan aquí y dan paso a la interpretación. A partir del estudio del contexto político, de los documentos que sirvieron como bases de los concursos y de las discusiones asociadas, quedan claras y fundadas las distancias entre uno y otro caso, pero acá la interpretación se basa en los monumentos mismos, que es lo que hace interesante al libro completo, sobre todo para quienes no provenimos del campo de las artes visuales sino de la historiografía en su versión más clásica. Un aspecto altamente interpretable, y desarrollado aquí, es el del carácter abstracto del monumento al General Schneider frente al carácter figurativo del monumento a Salvador Allende, lo que lejos de ser anecdótico, o fruto de cierto azar, a partir de los antecedentes recopilados se puede concluir que fue un interés perseguido y reafirmado en múltiples ocasiones por los agentes que los promovieron. ¿Qué puede dar a pensar esto? Puede que no esté así formulado en los planteamientos del libro, pero llevado a los códigos de la teoría historiográfica contemporánea se podría decir que mientras el monumento a Schneider pertenece a un régimen de historicidad futurista, el de Allende está anclado a uno presentista. El primero fue concebido como pura proyección hacia un tiempo “otro”, y de aquí su carácter abstracto (“el monumento a Schneider dirige un mensaje hacia el futuro” señala Sergio Rojas en su capítulo) (p.33), mientras que el segundo se encuentra cerrado en su literalidad, es decir, en sus limitadas posibilidades de interpretación, más aún en el normado espacio en donde se encuentra emplazado (la Plaza de la Constitución). Al monumento a Allende la gente suele dejarle flores como se hace con las tumbas. Por su parte los capítulos a cargo de Sergio Rojas, Mauricio Bravo y Claudia Páez indagan preferentemente en esos problemas más vastos indicado al inicio, el de la distancia que media entre esos dos momentos para preguntarse por ese “ahora” en que todos habitamos. En el texto de Sergio Rojas la cuestión da cuerpo a una hipótesis: “Mi hipótesis en este escrito es que en esta diferencia temporal encontramos una clave para reflexionar el sentido de aquello que, desde el presente, se denomina la historia contemporánea de Chile”. (p. 26), en efecto, sostiene, en el tiempo que media entre los dos monumentos “el sentido de qué sea un monumento cambió” (p. 26), el de antes era el tiempo de la historia, el de hoy no puede siquiera ser designado como tiempo, se podría decir que es más bien un estado: “aparentemente al individualismo neoliberal, combinando escepticismo y emprendimiento, le resultaría del todo ajena la idea de un juicio de la historia y hasta de pasado histórico”, sostiene (p. 27). En este sentido creo que resulta interesante intercalar dos citas que pueden explicitar mejor esa distancia entre los sentidos (moderno y posmoderno) de los que es un monumento y el patrimonio en general. Heródoto describe, en el Libro I, de este modo el motivo por el cual erigir un monumento, cuando describe el diálogo entre Solón y Creso. Ante la pregunta de este último acerca de quién es el hombre más feliz, Solón responde: “… fue Telo. Telo tuvo, en una polís próspera, hijos que eran hermosos y buenos, y llegó a ver que a todos les nacían hijos y que en su totalidad llegaban a mayores; además, después de haber gozado, en la medida de nuestras posibilidades, de una vida afortunada, tuvo para ella el fin más brillante. En efecto, prestó su concurso en una batalla librada en Eleusis entre los atenienses y sus vecinos, puso en fuga a sus enemigos y murió gloriosamente; los atenienses, por su parte, le dieron pública sepultura en el lugar en que había caído, le tributaron grandes honores y levantaron un monumento”.1 Esa función clásica del monumento descrita en Heródoto, como se sabe, fue recuperada por los modernos: es el monumento “en” la historia, es decir en donde la memoria se presenta como garantía de un futuro, mas bien del sentido deseado, el modo de asegurar que en el futuro se guardarán los altos valores del presente. Pero el destino de los monumentos hoy sería otro. De hecho, hoy se extinguen los monumentos para dar paso al patrimonio: “El mapa del turismo mundial hace malabarismos tanto con el tiempo como con el espacio, y de Luxor a Palenque, de Angkor a Tikal, o de la Acrópolis a la Isla de Pascua, la idea de un patrimonio cultural de la humanidad va tomando cuerpo, pese a que este patrimonio, al relativizar el tiempo y el espacio, se presente antes que nada como un objeto de vista intelectual”.2 Por su parte lo descrito por Augé es el destino de los monumentos sin la historia. Pero ¿dónde están estos hoy entonces? En la globalización. Se podría formular del siguiente modo: la historia tiene monumentos, la globalización patrimonio (pasado mercancía), y los monumentos duran hoy en la medida que puedan devenir patrimonio, que es la forma que adquiere el pasado en un régimen de historicidad presentista. Pero ¿Cómo es posible que en un mismo país se constituyan momentos tan distintos sin una distancia cronológica tan significativa? La respuesta parece automática: porque hubo un Golpe de Estado, porque el terrorismo de Estado funcionó como una aplanadora social para instalar el neoliberalismo. El asunto, a nuestro juicio, es que -como todo automatismo- estas verdades ya no dejan lugar al pensamiento, se asumen como un dato cerrado para seguir sacando cuentas. Otro tanto lo hace el cierre identitario de quienes, de buena fe incluso, quieren seguir siendo de izquierda, es decir, la negativa a admitir elementos de novedad en el análisis por el riesgo de dejar de ser quien se es orgullosamente, a salvo del extravío y, por sobre todo, “con esperanza” (o utopía), elemento sin el que no sabemos soportar el dolor (Nietzsche). De hecho esa esperanza necesita también de la fe de que no todo se perdió, requiere de la evidencia de una cierta dosis de continuidad para que algo de lo bueno del pasado retorne: el pueblo por ejemplo. Es cierto, como sostiene LaCapra que “sin memoria no hay inteligibilidad”, pero acá no se trataría de memoria, sino de un aferrarse a lo conocido del pasado por miedo a que lo inédito haga estallar el sentido, incluida nuestra identidad. Este libro, gestado mucho antes de la reciente destrucción (global) de monumentos, ayuda a salir de los juicios fáciles y autoevidentes, de esa ya tan difundida lectura que hace de la iconoclasia el síntoma que confirma que vivimos una verdadera revolución, que de esa forma nos deshacemos del pasado para abrir el futuro. Pero no. Porque la sociedad del espectáculo se ha deshecho ya del pasado, y de la historia, volviéndolos mercancía. No, porque el sentido de los monumentos ya no es el sentido que tenían en el pasado, extraído de la historia o de una memoria pública, leído en los códigos de la actualidad aquel monumento abstracto (Schneider) agota su sentido en la ideología neoliberal y el figurativo (Allende) en lo meramente literal. Mauricio Bravo, sobre el monumento a Schneider, sostiene: “Este monumento tiende a perder su significación original de lealtad y rectitud moral para reflejar, en su carácter ascendente, vertical, el deseo neoliberal de un crecimiento económico sin fin. Paradójicamente, esta lectura es reforzada por el carácter no figurativo de una escultura que anteayer recurrió a la abstracción para enaltecer, más que a la persona en sí, la trascendencia valórica de su gesto”. (p. 54) Mientras tanto el monumento a Allende, de clara voluntad figurativa, es lo que parece ser y nada más: un presidente del pasado, que pertenece al pasado, pues incluso el futuro que anunciaba ya ha sido archivado. Con suerte “inspira” o alimenta la melancolía, esa “felicidad de estar triste”. Leia Mais

Saberes jurídicos y experiencias políticas en la Europa de entreguerras: la transformación del Estado en la era de la socialización | Sebastián Martín, Federico Fernández-Crehuet e Alfons Aragoneses

O texto organizado por Sebastián Martín, Federico Fernández-Crehuet e Alfons Aragoneses, a partir do Grupo de Investigação “Edouard Lambert” de História Jurídica Comparada, publicado pela Athenaica (Sevilha) no ano de 2021, apresenta um preciso recorte espacial e temporal, quais sejam, a Europa dos anos 1920-1930 (com as devidas elasticidades próprias à historiografia). O objeto que está no centro do apurado debate é o movimento jurídico-político desse espaço-tempo, mediante análise dos aspectos sobre democracia, totalitarismo, teoria do Estado, teoria do Direito, constitucionalismo, direito público, direito privado, cultura jurídica (ciência do direito), e algo em filosofia do Direito2.

Pietro Costa abre o livro com um “capítulo preliminar”, à guisa de prefácio, intitulado Democracia e totalitarismo na Europa de entreguerras: uma introdução. O texto funciona como epígrafe a tudo o que virá, como inspiração ao conjunto ordenado de capítulos posteriores, trazendo o Zeitgeist do objeto da obra toda. E o “espírito do tempo” pode ser sumulado, de acordo com o autor, numa única palavra: guerra. Eis a atmosfera do tempo, do espaço e do livro que aqui estamos a observar. Leia Mais

Entre assistências e conflitos: políticas empresariais nas comunidades operárias da América Latina no século XX | Mundos do Trabalho | 2021

Durante muitos anos, as interpretações sobre a industrialização na América Latina enfatizaram seu caráter tardio, a relativa fraqueza (ou mesmo ausência) do empresariado local, a dependência do capital e das tecnologias estrangeiras.O incontestável desenvolvimento de estudos sobre os mundos do trabalho a partir das perspectivas da história social em nossa região, com os avanços no conhecimento das experiências dos trabalhadores, suas formas de protesto e envolvimento político, estimulou revisões sobre esse universo empresarial, suas características, maneiras de organização e associação, suas estratégias e identidades. Nesse percurso, este dossiê aborda uma dimensão desse universo: aquela referente ao assistencialismo empresarial na Argentina, no Chile e no Brasil. Seu objetivo é reconsiderar sua complexidade e relevância, com base em investigações cuja riqueza empírica estimula o debate sobre as categorias com as quais esse tema foi conceitualizado: paternalismo, “company welfare” assistencialismo empresarial, entre outros. Trata-se, portanto, de reconstruir alguns dos capítulos da complexa relação entre capital e trabalho nessas nações, em que conflitos e harmonias convergem em espaços de trabalho heterogêneos e diversos atores sociais. Leia Mais

La resistencia de las mujeres en gobiernos autoritarios: Argentina y Brasil/1955-1968 | Paula Lenguita

No hace tanto que las ciencias sociales comenzaron a otorgarles voz a los trabajadores que resistieron a las dictaduras militares en Latinoamérica. Menos aún, que la mirada transaccional de género permitió correr el velo a esa historia en masculino para comenzar, trabajosamente, a recuperar del silencio las voces de las mujeres que fueron parte ineludible de aquellas resistencias. “La resistencia de las mujeres en gobiernos autoritarios” es, en este sentido, un coro de mujeres que ahora son parte de esta otra historia de las resistencias a los gobiernos autoritarios en Argentina y Brasil. Porque esta es una historia “en paralelo”, fragmentaria y atrapante: “una historia poco conocida, en plural y en femenino, que condice pocas veces con otras más ampliamente desplegadas, pero que sin dudas es necesario reivindicar para no continuar acallando la voz de las mujeres que se opusieron a las dictaduras latinoamericanas.” (Lenguita, 2020). Este libro tiene un antecedente en otra obra colectiva editada por el Centro de Estudios e Investigaciones Laborales (Lenguita, 2018) y es el resultado de la Reunión Científica: “Seminario Internacional Tradiciones Obreras Latinoamericanas”, producto del patrocinio del Subsidio para la Organización de Eventos en Ciencia y Tecnología del Concejo Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnicas de Argentina (2019-2020). En sus páginas se recuperan biografías, voces y trayectorias de mujeres que ocuparon roles y posiciones de relevancia para comprender en todo su espesor las resistencias a las dictaduras en Argentina y Brasil. Este objetivo ordena la temporalidad de la obra: “no será la ruptura del orden democrático sino los períodos establecidos por la experiencia opositora de las mujeres los que ordenan la estructura argumental del libro”. Este abordaje comprometido y con una temporalidad propia permite un análisis enriquecido de la represión sexista en contextos de gobiernos autoritarios donde la dimensión represiva adquiere una saña, profundidad y crueldad específica hacia las mujeres. Pero, además, estos testimonios emergen del trabajo sobre un doble silenciamiento: el impuesto por el régimen dictatorial y el impuesto por el orden patriarcal. El saldo, doloroso y necesario, es una historia de la represión sexista que tiene como protagonistas tanto a los regímenes autoritarios como a los propios compañeros de militancia. El libro se divide en cuatro secciones que agrupan los siete capítulos que lo componen. La sección “Obreras metalúrgicas ante el golpismo” contiene los dos primeros capítulos. El primero, “Trabajadoras metalúrgicas en la resistencia peronista. Una mirada a partir de una fábrica: Philips Argentina, 1955-1958” de Darío Dawyd aborda las relaciones de género en la resistencia peronista desde el mundo fabril, realizando un primer recorrido desde el caso de la Fabrica Philips Argentina con el objetivo de incluir a mujeres de una fábrica metalúrgica y la cuestión de género en los relatos de la resistencia peronista desde espacios fabriles. Aborda la problemática de la equiparación del salario entre hombres y mujeres; la participación de mujeres en acciones violentas; la calificación de las obreras y la división de género en la fábrica. A través del análisis de estas dimensiones en el lugar de trabajo se describe de qué forma las mujeres participaron, cuando la represión arreciaba y los riesgos también, poniendo el cuerpo en ese tiempo de rebeldías. El segundo capítulo, “Operárias e comunistas: memórias da militância política e da resistência contra a ditadura militar” de Carolina Dellamore analiza el desempeño de un grupo de trabajadoras del sector metalúrgico en la Ciudad Industrial de Contagem / MG, entre el golpe cívico-militar de 1964 y la huelgas metalúrgicas de 1968, un acontecimiento importante que aún hoy moviliza memorias locales. A través de entrevistas de historia oral a dos trabajadoras metalúrgicas, Efigênia Maria de Oliveira y Conceição Immaculada de Oliveira (integrantes del Partido Comunista Brasileño y de la Corriente Revolucionaria que se desprende de aquél en 1967) examina el movimiento obrero en el contexto de la dictadura militar desde el análisis de los significados que dan a esta experiencia las trabajadoras. La segunda sección “Misoginia de la violencia represiva”, la inaugura el tercer capítulo “Las mujeres de la resistencia peronista bajo la mirada represiva (1955-1966)” de Anabella Gorza. Con el objetivo de reconstruir una historia de las mujeres en la resistencia peronista en las décadas de 1950 y 1960 centra la mirada en un tipo de fuente específica: los documentos que fueron producidos por los aparatos represivos: los archivos de la Dirección de Inteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires (DIPPBA) y las sentencias del Consejo Supremo de las Fuerzas Armadas (CONSUFA), dictadas en el marco del plan CONINTES. Las fuentes de la represión evidencian diferentes formas de apropiación y ejercicio de la política por parte de las mujeres, así como ciertas transgresiones a los roles de género prescriptos a mediados del siglo XX. Concluye que la represión convierte las acciones documentadas en los archivos en “actos de rebeldía” en cuanto su presencia evidencia un desafío el orden anhelado por las fuerzas de vigilancia. Leia Mais

Militantes de la izquierda latinoamericana en México/1920-1934. Prácticas políticas/redes y conspiraciones | Sebastián Rivera Mir

El libro de Sebastián Rivera Mir que ahora presentamos tiene la virtud de abordar el papel desempeñado por México como centro de atracción de diversos militantes de izquierda latinoamericanos desde una óptica novedosa que aglutina una gama de facciones y grupos de exiliados que conformaron redes de acción política, de cooperación, pero también de confrontación. Impresiona la pluralidad de actores y de organizaciones que el autor presenta de manera fluida e interesante a lo largo de los seis capítulos que se incluyen en la obra. Como todo buen historiador, Rivera Mir se dio a la tarea de revisar una multiplicidad de fuentes primarias resguardadas en archivos nacionales y extranjeros: documentos, periódicos y revistas provenientes de España, México, Chile, Perú, Cuba, Argentina, Colombia, Uruguay y Estados Unidos. Además, todo este esfuerzo investigativo también se sustenta en una amplia bibliografía que recorre la problemática desde diferentes frentes teóricos y metodológicos: el estudio de las sociabilidades, el análisis de redes y la perspectiva transfronteriza. Así, el lector encontrará un dialogo recurrentemente con la historiografía especializada, con autores y escuelas fundamentales para el análisis de los militantes de izquierda latinoamericanos en el periodo de estudio. Desde el inicio reconocí la dificultad inherente de la empresa emprendida por el autor: desentrañar y explicar las labores intelectuales, político-partidistas, e ideológicas de hombres y mujeres que por asares del destino, como se suele decir, coincidieron en México. Particularmente, considero sumamente complicado lograr un equilibrio entre la multiplicidad de experiencias de vida que aparecen en el estudio. Dicho de otra manera, Rivera Mir logra analizar las labores de asociaciones como las del Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA), el Partido Revolucionario Venezolano, el Partido Socialista Peruano, la Liga Antiimperialista de las Américas, entre muchas más, sin privilegiar a una sobre las otras. Por supuesto, es también cierto que personajes de la talla del peruano Víctor Raúl Haya de la Torre, del cubano Julio Antonio Mella, del boliviano Tristan Marof, del venezolano Carlos León, del peruano José Carlos Mariátegui (desde fuera de México) y del nicaragüense Augusto C. Sandino, aparecen a lo largo del texto como ejes que articulan la indagación. Sin embargo, insisto, el autor logra configurar una visión global del fenómeno estudiado. Es fundamental en el planteamiento la reconstrucción del escenario o “territorio” del exilio. En este sentido, más allá de los “marcos ideológicos estáticos”, el abordaje de la vida cotidiana de los militantes extranjeros que llegaron a México permite entender el desenvolvimiento político de estos emigrados: ¿quiénes fueron el soporte emocional y material de los recién llegados? ¿Quiénes fungieron como mediadores en la articulación de estas redes? ¿qué papel desempeñaron los gobiernos y las instancias de inteligencia en estas circunstancias? Son algunas de las preguntas que guían el análisis de los diferentes apartados. Un militante, nos advierte Sebastián, no sólo podía cambiar de un partido a otro, “de aprista a comunista (por ejemplo), sino que además podía generar conexiones con miembros de otras organizaciones que comúnmente se enfrentaban en el ámbito internacional. Así, el énfasis de la investigación se encuentra en las “estrategias de supervivencia, en los intercambios culturales y en las prácticas políticas” de las diferentes oleadas de exiliados, privilegiando los vínculos transfronterizos, evitando, de esta manera, las visiones limitadas que se concentran únicamente en la Nación como unidad de análisis. Además, queda claro, tras la lectura del libro, que detrás de los eventos y preocupaciones de estirpe latinoamericana, el escenario internacional determinó de manera importante las acciones de esos militantes: la Revolución Rusa, la crisis financiera del 29, y la irrupción del fascismo, son algunos ejemplos de esto. Leia Mais

Victoria Kent al frente de las prisiones españolas (1931- 1932). El sistema penitenciario en los inicios de la Segunda República | Ricardo M. Mata y Martín

Ricardo M. Mata y Martín es Catedrático de Derecho Penal de la Universidad de Valladolid, España y es uno de los mayores expertos españoles en Derecho Penitenciario, rama a la que ha dedicado una parte importante de su labor investigadora y docente, siendo actualmente Investigador Principal del Proyecto de Investigación “La reforma penitenciaria: necesidades del sistema y modelo de ejecución penal” (PGC2018-096093-B-100). Leia Mais

Garibaldi in South America. An exploration | Richard Bourne

Antes de ser conocido por su papel en el Risorgimento italiano, Giuseppe Garibaldi pasó aproximadamente trece años entre Río Grande do Sul y Montevideo. En estas latitudes, el luego llamado Héroe de dos mundos no solo participó en redes políticas locales y de distintas guerras internas, tomando partido por la Revolución Farroupilha y la Defensa de Montevideo, sino que también se casó con su primera esposa, Anita, y formó una familia. Asimismo, el recuerdo de ese paso permanece hasta la actualidad en ambos lugares, al punto que nos encontramos con museos, monumentos, calles y hasta pizzerías con su nombre. En torno a esos dos ejes está centrado el trabajo del investigador y escritor británico Richard Bourne Garibaldi in South America: An Exploration.

En la introducción del libro, Bourne plantea que el tiempo que Garibaldi pasó en el sur de América fue fundamental para sus logros posteriores en Europa. Es decir, durante sus años en la región Garibaldi pasó de ser un aventurero con cierto compromiso con la unificación italiana a un muy hábil y carismático comandante capaz de reunir un gran número de voluntarios poco formados y transformarlos en una importante fuerza militar. Sin embargo, este tema no había sido tenido en cuenta por investigadores desde hacía varias décadas y la gran mayoría de los trabajos al respecto, más allá de su aporte documental, estaban dominados por un tono apologético. Leia Mais

Guerra por las ideas en América Latina, 1959-1973. Presencia soviética en Cuba y Chile | RAfael Pedemonte

El autor, doctor en Historia por la Universidad de la Sorbona (Paris I) y Pontificia Universidad Católica de Chile, participó en un programa de posdoctorado en la Universidad de Gante (Bélgica) y se desempeñó como académico e investigador en la Universidad de Poitiers (Francia). Ha publicado trabajos sobre historia cultural en el siglo XIX chileno y artículos sobre temáticas referidas a las relaciones internacionales durante la Guerra Fría.

En primer lugar, se trata de una valiosa obra que establece en la cultura el prisma que le permite analizar los ejes de la relación política y diplomática entre la desaparecida Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) y América Latina durante los llamados largos años sesenta, signados por la irrupción de la Revolución Cubana, así como por el reformismo de Eduardo Frei y el proyecto de la Unidad Popular en Chile. Un intenso proceso temporal que tuvo como telón de fondo el establecimiento del marco de coexistencia pacífica definida entre las las superpotencias a partir de 1962. Leia Mais

Historia reciente de América Latina. Hechos, procesos y actores | Enrique Coraza de los Santos

La segunda mitad del siglo XX en América Latina estuvo atravesada por violencias políticas y sociales de diversa índole que superaron la especificidad de los relatos nacionales. Las dictaduras del cono sur, la guerra sucia en México y los conflictos armados de Centroamérica trastocaron la vida de miles de víctimas que mantuvieron vivos sus recuerdos para exigir justicia. Esta historia abierta, contemporánea, que demandaba justicia y se enunciaba desde la memoria trastocó las maneras de hacer historia y de pensar el pasado.

El libro Historia reciente de América Latina: hechos, procesos y actores, editado por Enrique Coraza y Silvia Dutrénit y publicado por el Instituto de Investigaciones Dr. José María Luis Mora en alianza con El Colegio de la Frontera Sur, presenta una de las más recientes contribuciones al respecto. Esta obra colectiva y comprometida es resultado del seminario con el mismo nombre (Historia Reciente de América Latina: Hechos, Procesos y Actores) organizado por el Instituto Mora, el Colegio de la Frontera Sur y la Universidad Autónoma de Guerrero. Leia Mais

“Manter sadia a criança sã”: as políticas públicas de saúde materno-infantil no Piauí de 1930 a 1945b| Joseanne Zingleara Soares Marinho

Joseanne Zingleara Soares Marinho é uma das mais notáveis historiadoras da historiografia piauiense recente. Realiza pesquisas em História da Saúde, das Doenças e das Ciências, Políticas Públicas, Gênero, História das Mulheres, Ensino de História e História da Educação. É professora Adjunta do Departamento de História da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) – Campus Poeta Torquato Neto, em Teresina – Piauí. É Professora Permanente do Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) UESPI/UFRJ. É uma das líderes do Grupo de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde no Piauí (SANA), vinculado à Universidade Estadual do Piauí – UESPI e à Universidade Federal do Piauí – UFPI, cujas ações têm contribuído para o desenvolvimento de pesquisas e para a sistematização da História da Saúde e das Doenças no Piauí. Dentre uma vasta produção de pesquisas da autora, uma obra que ganha muita projeção é “Manter sadia a criança sã”: as políticas públicas de saúde materno-infantil no Piauí de 1930 a 1945. O livro foi publicado no ano de 2018 pela Paco Editorial, trata-se do resultado da sua tese de Doutorado, realizado no Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal do Paraná – UFPR. A relevância da obra e a sua importância podem ser notadas pela produção do Prefácio, da Apresentação, da orelha do livro e da contracapa, todos produzidos por historiadores renomados como Ana Paula Vosne Martins, Maria Martha de Luna Freire, Pedro Pio Fontineles Filho e Antônia Valtéria Melo Alvarenga. Leia Mais

Los perímetros de lo local. Reflexiones teórico-metodologicas en torno a la historia argentina del siglo XX/Anuario del Instituto de Historia Argentina/2021

Las investigaciones en clave local vienen ganando terreno en la producción sobre la historia argentina del siglo XX. De manera sostenida, aunque sin la estridencia de otros desarrollos historiográficos, los ejercicios de análisis localizados fueron ensayados desde registros múltiples inscriptos en la historia social, política y económica. Esta naturaleza diversa desalienta los intentos por sistematizar una producción vasta y en expansión, aunque no impide reconocer algunos de sus trazos más fecundos. En ese reconocimiento es factible individualizar líneas de investigación que ofrecieron a las miradas localizadas un terreno fructífero para desplegar sus aportes conceptuales y metodológicos. Leia Mais

Universidades Populares y experiencias de extensión educativa en América Latina en la primera mitad del siglo XX/Historia Caribe/2021

Las Universidades Populares, destinadas a la formación de obreros y artesanos en ámbitos tan diversos como la alfabetización, la formación política y ciudadana, la prevención sanitaria, las enseñanzas prácticas y profesionales o la difusión cultural, fueron instituciones que surgieron por toda América Latina en el primer tercio del siglo XX. Aunque contamos ya con estudios relevantes sobre algunas de estas iniciativas, el tema ha sido aún escasamente abordado por la investigación histórica. Leia Mais

Con los vientos del Cordobazo. Los trabajadores clasistas en tiempos de violencia y represión | María Laura Ortiz

A cincuenta años del Cordobazo, María Laura Ortiz nos invita a reflexionar sobre el mundo obrero cordobés con esta exhaustiva investigación. Enmarcada en un análisis históricamente situado que vincula coyunturas con estructuras y acciones sociales con condiciones de posibilidad, la autora realiza una relectura de la emergencia y la trayectoria del clasismo cordobés entre 1969 y 1982. A partir del reconocimiento de otras propuestas interpretativas, este estudio profundiza en los vínculos entre la cultura obrera local y las prácticas sindicales clasistas poniendo en cuestión diversas perspectivas nacionales generalizadoras. La estructura del trabajo reposa en una (re)conceptualización del clasismo que supera definiciones estáticas y dicotómicas en torno a la identidad clasista y las tradiciones políticas con las que se identifican.

A los efectos de ampliar las pesquisas y superar ciertos esquemas y barreras historiográficas, Ortiz recupera memorias del pasado reciente y objetiva los sentidos que subyacen en las tradiciones obreras, indagando en fuentes inéditas – como los “archivos de la represión” – mediante el uso de una pertinente metodología científica propuesta por la historia oral y cultural que dota de originalidad al texto. Dos partes organizan la investigación, siendo la primera la que por un lado refuerza aquella conceptualización a partir de los aportes culturalistas de algunos autores como Raymond Williams, Eric Hobsbawm, Richard Hoggart y James Petras. Por otro lado, y al mismo tiempo, la noción de clasismo es reinterpretada a partir de la caracterización del modelo industrial cordobés, la lógica de funcionamiento entre lo industrial y lo territorial en la ciudad y las transformaciones económicas, sociales y culturales ocurridas con el Cordobazo, el Navarrazo y el golpe de Estado de 1976; acontecimientos que incidieron sobre las posibilidades de expresión de las organizaciones clasistas. Leia Mais

Oposición de Izquierda y los albores del trotskismo en América Latina | Archivos de Historia del Movimiento Obrero y la Izquierda | 2020

La aparición de este dossier se produce a ochenta años del asesinato de León Trotsky, uno de los referentes centrales en la historia de la política y de la teoría marxista del siglo XX. La relevancia de esta figura histórica adquiere sentido por múltiples elementos, los cuales han sido destacados con motivo de este aniversario. Por un lado, por su papel, junto a Lenin, tanto en el proceso revolucionario en Rusia, que tuvo su hecho cúlmine en la insurrección de octubre de 1917, como en la fundación de la Internacional Comunista en 1919. Años más tarde, tras el ascenso de Stalin al poder, su protagonismo se ubicó en el enfrentamiento a la burocratización del régimen soviético, en función de lo cual impulsó la Oposición de Izquierda. Asimismo, pueden señalarse sus aportes al pensamiento socialista, vinculados al análisis de lo político (en sus múltiples temporalidades y dimensiones), en especial a la exploración de las tácticas y las estrategias revolucionarias, y que también se extendieron al ensayo histórico, económico, filosófico y hasta la crítica literaria.

Tras algunos años de debates e intercambios entre diversos cuadros y dirigentes opositores al estalinismo, en septiembre de 1938 se creó en Francia la Cuarta Internacional, bajo la inspiración de Trotsky, quien no pudo asistir a dicho encuentro dada su condición de exiliado en México. El homicidio del propio revolucionario ruso, tan solo dos años después del lanzamiento de aquella organización, en el difícil contexto del auge del fascismo, el estalinismo, la Segunda Guerra Mundial y, luego, de un mundo rearticulado tras el fin de la gran conflagración, privó a la Cuarta Internacional de su dirigente más experimentado. Tras ello, afloraron disidencias entre diversos grupos y se entorpeció la consolidación y el desarrollo de esta corriente política en el mundo, la cual, no obstante, mantuvo un hilo de continuidad histórica, fue ganando personalidad y cobró ciertos niveles de incidencia en varios países. Leia Mais

Estrategias de la clase obrera en los orígenes del peronismo | Nicolás Carrera

Estrategias de la clase obrera en los orígenes del peronismo, último libro de Nicolás Iñigo Carrera, es el séptimo volumen de la colección “La Argentina peronista: política, sindicalismo, cultura” dirigida por Gustavo Contreras. La colección condensa el triple objetivo de congeniar el trabajo de especialistas académicos, proporcionar los avances historiográficos sobre uno de los nudos problemáticos centrales del siglo XX argentino y armonizar un relato orientado, también, al público no especialista, sin por ello perder la densidad analítica.

La obra consuma una trilogía iniciada por Iñigo Carrera con La estrategia de la clase obrera, 1936, publicada en el año 2000, y La otra estrategia. La voluntad revolucionaria (1930-1935), editada en 2016, que, de conjunto, sintetizan décadas de investigación de uno de los más importantes especialistas en el estudio de la clase obrera argentina. Estructurado en nueve capítulos cortos y de lectura ágil, el libro concentra su análisis en los años que van de 1943 a 1946 aunque la dinámica explicativa hunde sus raíces y tiende lazos hacia el período que se abre a partir del golpe de Estado de 1930, repasando múltiples aristas y hechos como huelgas generales, enfrentamientos callejeros, participación electoral, panorama gremial, la construcción del enemigo de clase, entre otros. Leia Mais

Mujeres que trabajan. Labores femeninas/ Estado y sindicatos (Buenos Aires/ 1910-1960) | Graciela Queirolo

“Las mujeres siempre trabajamos”: con esa afirmación-fuerza Graciela Queirolo presenta el tomo 6 de la colección “La Argentina Peronista” que dirige Gustavo Contreras. La autora propone vislumbrar un abanico de espacios remunerados (sin desatender los no remunerados) que ocuparon las mujeres en la ciudad de Buenos Aires entre 1910 y 1960. Demuestra que las trabajadoras fueron parte constitutiva del proceso de modernización capitalista que se intensificó durante los dos primeros gobiernos de Perón.

La afirmación inicial contiene varias hipótesis. Por un lado, propone una mirada crítica a las investigaciones que desatendieron la presencia femenina en ámbitos remunerados durante la primera mitad del siglo XX. Así como aquellas que concibieron la etapa de modernización capitalista como un momento en el que las mujeres retornaron al hogar (p. 54). Por otra parte, aunque la propuesta del libro se concentra en las trabajadoras asalariadas, logra hilvanar la trama social que constituye la doble jornada laboral para el género femenino: aquella que conjuga las tareas reproductivas, no pagas y naturalizadas, con la expansión del trabajo femenino asalariado. Este fenómeno de feminización del mercado de trabajo se presentaba como un atentado a la “moral” constituida. La formulación “mujeres que trabajan” nominaba ese problema social. Pero también contenía la negación de las tareas de cuidado como “trabajo”. Frente a ello la autora reafirma que “las mujeres siempre trabajamos” y reconoce aquellas labores remuneradas y no remuneradas como elementos constitutivos del sistema capitalista. Leia Mais

En vísperas del diluvio: el gremialismo socialista ante la irrupción del peronismo | Carlos Miguel Herrera

Las preguntas sobre los orígenes del peronismo siempre trajeron a cuestas un sinnúmero de definiciones y debates en torno a los cambios que presentó la escena nacional tras su aparición. Como fenómeno multidimensional, su abordaje se ha convertido, con el correr de los años, en tierra fértil para el desarrollo de nuevas investigaciones que intentan desentrañar las particularidades de este movimiento político y social.

Conforme a este campo, En vísperas del diluvio retoma la experiencia del gremialismo socialista, el Partido Socialista (PS) y sus históricos dirigentes, en los albores del peronismo. Y al hacerlo, pone sobre la mesa las tensiones que fue experimentando el movimiento obrero ante la aparición de una figura como la de Perón que obligó a revisar estrategias, acciones e identidades. Diversos estudios, desde los clásicos de Torre, Di Tella o Del Campo hasta trabajos más recientes, han dejado latentes preguntas referidas a la importancia del socialismo dentro del sindicalismo y el gremialismo en el marco de la irrupción del fenómeno peronista. Esos puntos suspensivos y las incógnitas que quedaron irresueltas en esos trabajos precursores comienzan a ser saldados por Herrera. Leia Mais

La desmesura revolucionaria. Cultura y política en los orígenes del APRA | Martín Bergel

El libro de Martín Bergel La desmesura revolucionaria es un hito fundamental en la historiografía sobre el APRA y un aporte ineludible para la historia latinoamericana del período de entreguerras.

La obra, conformada por once ensayos, redescubre el movimiento político asociado al liderazgo de Víctor Raúl Haya de la Torre a partir de algunos desplazamientos respecto de abordajes anteriores sobre el tema. Las preocupaciones que lo recorren no buscan saldar discusiones sobre la “verdadera expresión del APRA”, o dictaminar sobre sus contribuciones a la política peruana, tal el registro predominante en numerosas obras previas, sino indagar en experiencias vinculadas con la construcción de una cultura política. El libro de Bergel aporta nuevas preguntas, hipótesis, fuentes, protagonistas y escenarios para indagar en las características singulares del aprismo. La originalidad del enfoque radica en las posibilidades que ofrece para revisitar la historia latinoamericana del período de entreguerras a través de los aportes de la historia intelectual y de la cultura impresa. Leia Mais

Althusser y Sacristán. Itinerarios de dos comunistas críticos | Juan Dal Maso e Ariel Petruccelli

Althusser y Sacristán. Itinerario de dos comunistas críticos es un estudio profundo que constituye una recuperación justa y a la vez crítica de la obra de ambos intelectuales. Justa porque recupera la obra de un filósofo muy poco conocido como Manuel Sacristán, que ha tenido una elaboración muy lúcida y original en torno a problemas de interés y debate contemporáneo. También porque presenta una lectura alternativa a las canónicas sobre Althusser, que repara en su propia visión autocrítica de madurez y que no cae en el reduccionismo de limitar su pensamiento a la etapa “estructuralista”, o la visión que de él presenta E.P. Thompson en Miseria de la teoría. Por otro lado, es una recuperación crítica porque intenta leer las producciones de ambos autores en sus propios términos, encontrando sus nudos y contradicciones, las posibles soluciones que le quisieron dar a los problemas políticos de su tiempo y las lagunas que inherentemente todo pensamiento tiene. Desde esta perspectiva, la obra es tanto una muy buena introducción general al pensamiento de ambos autores como un aporte a la historia intelectual de los marxismos de la posguerra.

La obra está divida en tres apartados generales. El primero, “Las batallas de Althusser” y el segundo “El realismo revolucionario de Manuel Sacristán”, están dedicados a las trayectorias de ambos filósofos, sus obras e intervenciones políticas. Por último, “Teoría y praxis en dos filósofos marxistas de la segunda posguerra” aborda comparativamente algunos aspectos específicos de sus producciones intelectuales: la noción de ciencia en el marxismo, sus lecturas de Antonio Gramsci y las bases desde las cuales propusieron repensar el marxismo y la política de los PC en Europa. Leia Mais

Decentering History: Local Stories and Cultural Crossings in a Global World | Natalie Zemon Davies

O presente trabalho é uma resenha sobre o ensaio intitulado Decentering History: Local Stories and Cultural Crossings in a Global World2, de autoria de Natalie Zemon Davis, e que foi primeiramente apresentado, no ano de 2010, durante o Ludwig Holberg Prize Sumposium, em Bergen, na Noruega.

Natalie Zemon Davis é uma historiadora estadunidense e canadense, nascida na cidade de Detroit, no estado de Michigan, Estados Unidos. Após ter realizado a sua graduação no Smith College e o seu mestrado no Radcliffe College, no ano de 1959 ela conclui seu doutoramento na Universidade de Michigan. Foi professora em diferentes universidades como a Universidade de Princeton, a Universidade Brown, a Universidade da Califórnia e a Universidade de Toronto. Suas pesquisas, enquanto historiadora, incluem trabalhos importantes como Trickster Travels3, The Gift in Sixteenth-Century France4, The Return of Martin Guerre5 e Women on the Margins: Three Seventeenth-Century Lives6. Davis recebeu diversos prêmios e reconhecimentos como o grau honorário da Universidade de St. Andrews e a National Humanities Medal. Ambas as condecorações lhe foram entregues no ano de 2013. Leia Mais

1968: Eles só queriam mudar o mundo | Regina Zappa e Ernesto Soto

Em um mundo onde movimentos sociais ainda engatinham precariamente, posto que são sufocados por regimes autoritários, exclusão das minorias e opressão exercida pela classe dominante, os jornalistas Regina Zappa e Ernesto Soto, em sua obra “1968: Eles só queriam mudar o mundo”, discorrem sobre os elementos artísticos, culturais e sociais que marcaram o referido ano no Brasil e no mundo. Buscando resgatar experiências e relatos no período, os autores ressaltam memórias e fatos que influenciaram os desencadeamentos dos movimentos sociais no final da década de ‘60 e a busca pela liberdade coletiva.

Dividido em 12 capítulos nomeados seguidamente conforme os meses do ano, o livro busca, através de uma série de imagens, depoimentos, composições artísticas e relatos de pessoas que estiveram presentes em 1968, discutir as consequências (in)diretas de vários acontecimentos históricos, como a Guerra do Vietnã, os Panteras Negras, os desdobramentos dos AI-5 no Brasil, as agitações na França e as mortes de Martin Luther King e John Kennedy, problematizando, assim, tais eventos e recuperando as lutas travadas a partir das insatisfações populares, desprezos e preconceitos. Leia Mais

Sociabilidades e territorialidade: A construção de sociedades de afrodescendentes no sul de Santa Catarina (1903/1950) | Júlio César da Rosa

O passado de Santa Catarina, cunhado nos discursos oficiais e acadêmicos do século XX, foi atrelado a uma memória, pautada, exclusivamente no imigrante europeu. Memórias formuladas e manuseadas, através de coordenadas ideológicas hegemônicas da sociedade moderna ao longo do tempo, fixaram a imagem de uma Santa Catarina branca e civilizada, incipiente ou quase inexistente da presença outros sujeitos, experiências e culturas que enfrentavam o quotidiano das cidades e das zonas rurais, marcadamente por diversos modos de vida.

Ocorre que, apesar dos territórios da região sul do Brasil e em vários países da América, receberem um contingente significativo de africanos, suas memórias e dinâmicas sociais angariadas no mundo diaspórico, não foram levadas em conta nas narrativas das fundações e desenvolvimento de cidades catarinense, relegando-as uma invisibilidade histórica. Leia Mais

A Batalha do Atlântico na costa do Brasil | Navigator | 2020

De que maneira a Segunda Guerra Mundial se descortinou no horizonte oceânico dos brasileiros? Com o intuito de responder a esta e outras problemáticas, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), por meio da revista Navigator, abriu a chamada de artigos para o dossiê temático “A Batalha do Atlântico na Costa do Brasil”. Os organizadores desta edição da Navigator estão vinculados ao Programa de Pós- -Graduação em História, da Universidade Federal da Bahia, onde desenvolvem pesquisas acadêmicas sobre a referida temática.

Convém assinalar que este trabalho começou a ganhar corpo, alma e sangue em meio ao sofrimento pandêmico de 2020 e diante das sequelas do confinamento impostas pelas medidas sanitárias do governo. Esta situação de anormalidade exigiu a prorrogação do prazo das submissões ao dossiê, visto que os pesquisadores tiveram o acesso interrompido aos arquivos, bibliotecas, memoriais, museus e universidades. Leia Mais

Libertação animal, libertação humana: veganismo, política e conexões no Brasil | Ana Gabriea Mota e Kauan William dos Santos

Desde seu início, o veganismo adotou uma ideologia abolicionista, revolucionária e interseccional. Porém, a lógica do capitalismo fez com ele o que sempre fez com qualquer movimento social: se apropriou, retirou sua base revolucionária, elitizou através dos altos preços de produtos veganos industrializados (criados pela própria indústria de alimentos com origem animal), e o vendeu como uma dieta sofisticada que só pode ser comprada por uma classe social com alto poder aquisitivo, restando para as classes menos abastadas os resíduos de alimentos de origem animal danosos à saúde dos indivíduos e à do planeta.

Não há como falar de libertação animal sem falar também de libertação humana. Não há como falar em antiespecismo sem falar de feminismo, de lutas por direito a terra, de inacessibilidade às classes marginalizadas e do movimento negro. É isso que o livro organizado por Ana Gabriela Mota e Kauan William dos Santos se propõe a (re)colocar em discussão. Através de oito textos escritos por diversos autores, representantes das causas acima citadas, o livro faz as conexões entre especismo e feminismo, racismo e exclusão social e de terras, conexões essas que muitas vezes passam desapercebidas ao olhar menos atento de quem vê por fora o movimento vegano. Leia Mais

Revolucionário e gay: a vida extraordinária de Herbert Daniel – pioneiro na luta pela democracia/ diversidade e inclusão | James N. Green

James N. Green nasceu no ano de 1951 em Baltimore nos EUA e é atualmente professor de História Latino-Americana na Brown University, além de ativista de causas políticas e LGBTQ+. Green é diretor de um dos mais importantes centros de estudos sobre o Brasil no exterior, e está à frente do Projeto Opening Archives, programa que tem milhares de documentos sobre o período da ditadura militar brasileira. Green é homossexual e um dos maiores brasilianistas dos EUA, características que se refletem em suas obras.

O livro “Revolucionário e Gay: A vida extraordinária de Herbert Daniel – Pioneiro na luta pela democracia, diversidade e inclusão”, lançado no ano de 2018, é uma obra biográfica sobre Herbert Eustáquio de Carvalho, mais conhecido como Herbert Daniel (Daniel era um de seus codinomes) – um complexo personagem da esquerda revolucionária no contexto político da década de 1960, falecido em 1992. Intelectual e guerrilheiro, Daniel fez parte de diversos grupos políticos, como Colina, VAR-Palmares, e VPR. Leia Mais

Celso Furtado | Intellèctus | 2020

Este Dossiê, composto por nove artigos que abordam o pensamento furtadiano, insere-se no projeto Celso Furtado 100 Anos. Um projeto iniciado em 2019 pelo Núcleo de Identidade Brasileira e História Contemporânea (NIBRAHC) com a realização de uma série de seminários sobre Celso Furtado em razão do seu centenário de nascimento que viria a ser comemorado neste ano de 2020. Os seminários, chamados de “PréCelso”, foram realizados através da parceria do NIBRAHC com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com o Centro Internacional Celso Furtado (CICEF), com o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UERJ (IFCH), com o Programa de Pós-graduação em História (PPGH) e com o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Estado do Rio de Janeiro (SINTUPERJ).

A publicação do Dossiê Celso Furtado pela Revista Intellèctus se apresenta como o coroamento do centenário deste pensador, cujas justas homenagens foram realizadas com o Congresso Internacional Celso Furtado 100 Anos, organizado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UERJ (PR3), UERJ, NIBRAHC, IFCH, PPGH e SINTUPERJ. Foram cinco dias de conferências, abordando o pensamento furtadiano e proporcionando reflexões intelectuais sobre a atual situação econômica e social. Reflexões que prosseguirão através da leitura dos artigos deste Dossiê. Leia Mais

Flávio Koutzii: Biografia de um militante revolucionário. De 1943 a 1984 | Bento B. Schmidt

Com o estudo a respeito da trajetória do militante revolucionário gaúcho Flávio Koutzii, o historiador e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Benito Schmidt consagra-se como uma referência importante na historiografia especializada no campo biográfico. Após 10 anos de pesquisas com consultas a sete arquivos, (além do acervo pessoal do biografado), a 20 periódicos e cerca de 60 entrevistas, Schmidt constrói a história de vida do seu personagem, até o seu quadragésimo primeiro ano de vida, quando Koutzii retornou definitivamente para o Brasil e reconstruiu sua vida pessoal e política na sua terra natal, Porto Alegre. Em 20 de março de 2020 Flávio Koutzii completou 77 anos e eventualmente opina sobre os grandes temas nacionais, a partir de um ponto de vista marxista que consolidou ao longo de sua vida.

O texto de Schmidt é dividido em cinco partes, contando ainda com uma introdução – onde faz uma discussão teórica sobre o gênero biográfico – uma conclusão e um posfácio escrito pelo próprio Koutzii. O livro traz, ainda, uma contribuição de Guilherme Cassel (ministro do Governo Lula e companheiro de partido de Koutzii) e uma lista das fontes consultadas e entrevistas realizadas, bem como a bibliografia. Todo o projeto de pesquisa foi financiado pela CNPQ-CAPES, FAPERGS e foi desenvolvido com apoio de bolsistas ligados à graduação e à pós-graduação do Departamento de história da UFRGS. Leia Mais

Por dentro do III Reich. Os anos de glória | Albert Speer

Creio ser a quarta vez que leio esse catatau em letras miúdas, intitulado Por dentro do III Reich, de Albert Speer, o arquiteto e depois ministro do armamento de Hitler. Não se pode confiar nesse livro que, mesmo sem exagero, procura dar uma visão positiva do autor. Esconde, por exemplo, que Speer expulsou 75000 judeus e que sabia do Holocausto.  O que me interessa, porém, não é a imagem que Speer constrói de si mesmo, imagem de um tecnocrata apolítico, ou do “bom nazista”, já que assim foi chamado, mas o modo como ele narra suas relações na ascensão de Hitler, e as intrigas internas da corte em volta do Fuhrer.

“Talvez ainda apareça alguém que pense de um modo simples. Atualmente, o pensamento está muito complicado. Um homem inculto, sem base, solucionaria esta situação de uma maneira muito mais fácil, justamente por não estar ainda corrompido. Esse homem disporia também da energia suficiente para concretizar suas concepções simples.” Essa observação, pragmática em seu fundo, parecia-nos poder ser aplicável, precisamente, a Hitler”. Leia Mais

La cuestión agraria y los gobiernos de izquierda en América Latina. Campesinos/ agronegocio y neodesarrollismo | Cristóbal Kay e Leandro Vergara-Camus

Resenhista

Elisa Botella – Departamento de Economía e Historia Económica e Instituto de Iberoamérica. Universidad de Salamanca.


Referências desta Resenha

KAY, Cristóbal; VERGARA-CAMUS, Leandro (Compiladores). La cuestión agraria y los gobiernos de izquierda en América Latina. Campesinos, agronegocio y neodesarrollismo. Buenos Aires: CLACSO, 2018. Resenha de: BOTELLA, Elisa. Historia Agraria De América Latina, v.1, n.2, p. 134-137, nov. 2020. Acesso apenas pelo link original [DR]

El Programa Indigenista Andino/1951-1973. Las mujeres en los ensambles estatales del desarrollo | Mercedes Prieto

 

Resenhista

Rosa Huayre Cochachin – FLASCO. Sede Ecuardor.


Referências desta Resenha

PRIETO, Mercedes (Comp.). El Programa Indigenista Andino, 1951-1973. Las mujeres en los ensambles estatales del desarrollo. Quito: FLACSO Ecuador-IEP, 2017. Resenha de: HUAYRE COCHACHIN, Rosa. Historia Agraria De América Latina, v.1, n.2, p. 142-145, nov. 2020. Acesso apenas pelo link original

Agrarian Revolt in the Sierra of Chihuahua/ 1959-1964 | Elizabeth Henson

 

Resenhista

Sara Kozameh – Postdoctoral Research Fellow. Shelby Cullom Davis Center for Historical Studies Princeton University.


Referências desta Resenha

HENSON, Elizabeth. Agrarian Revolt in the Sierra of Chihuahua, 1959-1964. Tucson: University of Arizona Press, 2019. Resenha de: KOZAMEH, Sara. Historia Agraria De América Latina, v.1, n.2, p. 146-148, nov. 2020. Acesso apenas pelo link original [DR]

Intellectuals In The Latin Space During The Era Of Fascism: Crossing Borders | Valeria GAlimi e Annarita Gori

Na década de 2010, especialmente após a onda internacional de protestos que teve início com a Primavera Árabe em 2011, tornou-se clara uma ascensão de movimentos, ideologias, culturas políticas, partidos e governos de extrema-direita, alguns abertamente (neo)fascistas, com um poder de influência sobre a política europeia que não era visto desde os anos 1930 (Löwy 2015, 653). Nos Estados Unidos, o cenário das eleições presidenciais de 2016, em que foi eleito o candidato republicano Donald Trump, também se caracterizou pela emergência de grupos de direita radicais que vão desde a direita institucionalizada com o Tea Party do Partido Republicano, até discursos mais radicais na alternative right e nos movimentos neofascistas/neonazistas, que se tornaram atores da mais alta relevância sob o governo Trump (Alexander 2018, 1009). No Brasil, a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 demarcou essa guinada à direita radical, armamentista, evangélica e tecnológica que se difunde rapidamente pela internet.

Entre hoje e o século passado, as direitas radicais, e especialmente os fascismos e neofascismos, guardam em comum o nacionalismo chauvinista e xenófobo, articulado para a exploração dos “pânicos de identidade” que surgem nos campos conservadores, com a violência cultural com que o capitalismo transforma estruturas socioeconômicas e formas de vida, gerando sentimentos “antissistema”, “anti-cosmopolitas”, “antidemocráticos”, “anti-pluralistas”, “anticomunistas”, “anti-globalistas”, etc. Majoritariamente, são favoráveis a políticas autoritárias de segurança pública, como a introdução ou reabilitação da pena de morte. (Löwy 2015, 654). Em resumo, para utilizarmos uma expressão de Francisco Carlos Teixeira da Silva (2000, 179) inspirada na interpretação de Zeev Sternhell (Cf.: Sternhell 1995, 3-35) do fascismo como cultura política, a “negação do outro” continua a ser a tônica dos discursos e práticas fascistas ao longo do tempo. Leia Mais

Genealogías de la reforma sanitaria en España | José Martínez-Pérez e Enrique Perdiguero-Gil

La reforma del sector de la salud hay que entenderla, en sus principios programáticos generales, como un proceso cuyo objetivo es mejorar la equidad, la calidad y la eficiencia mediante cambios en la organización y financiación de los servicios de salud. El análisis histórico de los sistemas sanitarios contemporáneos nos permite valorar y entender el modo como los distintos países se enfrentaron a los formidables retos planteados para hacer frente a la salud y enfermedad de las poblaciones. Este es el núcleo en torno al cual se articula el libro Genealogías de la reforma sanitaria en España, intentando responder a las preguntas del por qué, el cuándo y el cómo tuvo lugar ese proceso en el Estado español de la segunda mitad del siglo XX. El interés de una obra de estas características, coordinada por dos historiadores de reconocida valía y dilatada trayectoria investigadora, reside, en gran medida, en la singularidad de su enfoque, en la potencialidad de las fuentes utilizadas, en la novedad de muchos de sus contenidos, que hacen que su lectura rebase con mucho las fronteras de un estudio país para transformarse en un modelo de trabajo que sin duda va a ser de utilidad a nivel internacional. Examinemos brevemente el contexto político y social en el que el libro se desenvuelve. Leia Mais

Cuerpos al límite: tortura, subjetividad y memoria en Colombia (1977-1982) | Juan Pablo Aranguren Romero

La tortura pretende desdibujar al sujeto, anhela escindirle de su cuerpo y reducirle a un objeto de represión que muestre su implacabilidad. Sin embargo, aun en condiciones de sufrimiento, el lazo social que conforma su identidad corporal, muchas veces, le permite resistir e incluso vencer. Este es el principal postulado que expone el psicólogo e historiador Juan Pablo Aranguren en Cuerpos al límite, un libro sobre la disposición de los cuerpos ante las prácticas de tortura en Colombia a finales de los años setenta y principios de los ochenta. Para su estudio el autor utiliza diversas fuentes entre las cuales incluye leyes, decretos, periódicos, revistas militares, manuales de contrainsurgencia, informes de Amnistía Internacional y entrevistas con personas que fueron torturadas. La publicación no se concentra únicamente en el cuerpo torturado y doliente, pues Aranguren profundiza en la experiencia corporal y subjetiva. Por tanto, analiza de forma paralela el cuerpo social y político, el cuerpo militante y el cuerpo militar. Así, Cuerpos al límite muestra cómo el gobierno de la época concibió a la sociedad a partir de una lógica inmunológica que pretendía defender al país del virus del comunismo, lo cual provocó la criminalización de la protesta, la represión de los movimientos sociales y la militarización de la vida cotidiana.

Aranguren se plantea tres objetivos principales por desarrollar en su trabajo. El primero, y más evidente, es indagar por la relación entre cuerpo, subjetividad y memoria, estableciendo una conexión entre estos conceptos. El segundo, es analizar la constitución del marco en el que se inscribió la práctica de la tortura, estudiando cómo se conformó un aparato que propendía por la escisión entre cuerpo y sujeto. El tercero, y quizá el más importante, es rescatar al sujeto, pues para el autor la separación entre análisis de tipo macro y micro, en los estudios sobre violencia política, ha llevado a que este sea desdibujado y borrado de las investigaciones. De esta forma, el autor, siguiendo la línea investigativa propuesta por Michel de Certeau en La invención de cotidiano1, considera que no solo basta con analizar el marco o el aparato en el que se inscribe el sujeto, sino que también es necesario rescatar sus prácticas cotidianas, pues la estructura no siempre ha sido exitosa; es decir, los sujetos han escapado a los marcos en que estaban inscritos a partir de formas particulares de actuar. Por ende, los “modos de hacer” presentados por Aranguren en Cuerpos al límite, bien sea desde la resistencia o desde la duda y el desamparo, son la evidencia de “un sujeto que no se narra aquí como cuerpo sufriente ni se reduce a los actos infligidos contra su ser”2. En ese sentido, el autor analiza la constitución de un sujeto que se enuncia más allá de la lógica determinada por la maquinaria y emprende un recorrido por los cuerpos en el que pretende revelar la forma en que la tortura se inscribió en ellos. Leia Mais

Pan-americanismo: novos olhares sobre as relações continentais | Estudos Ibero-Americanos | 2020

A criação da União Internacional das Repúblicas Americanas (1889), depois renomeada União Pan-americana (1910), e a realização das chamadas Conferências Internacionais Americanas, que acabaram ficando muito mais conhecidas simplesmente como Conferências Pan-americanas – Washington (1889-1890), Cidade do México (1901-1902), Rio de Janeiro (1906), Buenos Aires (1910), Santiago de Chile (1923), Havana (1928), Montevidéu (1933), Lima (1938), Bogotá (1948) e Caracas (1954) – marcou de forma profunda o estabelecimento de novos canais e formas de relacionamento econômico, político, diplomático e cultural dos Estados Americanos, entre si e com as nações de outros continentes.

Ainda que muitos estudos remontem suas origens ao Congresso do Panamá, convocado por Simon Bolívar, em 1826, é certo que o Pan-americanismo da União Pan-americana (UPA) em nada lembra o ideal bolivarista de formação de uma Confederação dos novos Estados americanos recém independentes. Ao contrário, remete muito mais às ideias esboçadas pelo Presidente James Monroe na sua célebre mensagem ao Congresso dos Estados Unidos em 1923 e que se tornaram os pilares da chamada Doutrina Monroe. Leia Mais

Las relaciones transnacionales de solidaridad con los movimientos revolucionarios latinoamericanos durante la guerra fría | Secuencia | 2020

Silvio Rodríguez publicó en el año 1982 el disco Unicornio, entre sus poemas se hallaba Canción urgente para Nicaragua:

Se partió en Nicaragua

otro hierro caliente [se repite]

Con que el águila daba

su señal a la gente [se repite]

Se partió en Nicaragua

otra soga con cebo [se repite]

Con que el águila ataba

por el cuello al obrero [se repite]

[…]

Ahora el águila tiene

Su dolencia mayor

Nicaragua le duele

Pues le duele el amor

[…]

Andará Nicaragua

su camino en la gloria [se repite]

Porque fue sangre sabia

la que hizo su historia [se repite]

Te lo dice un hermano

que ha sangrado contigo [se repite]

Te lo dice un cubano te lo dice un amigo [se repite]

[…]

Un año más tarde, en abril de 1983, pudo interpretarla en la propia Managua dentro del marco del festival de música sobre la nueva canción latinoamericana.1 Junto con otros artistas, como los hermanos nicaragüenses Luis Enrique y Carlos Mejía Godoy o Mercedes Sosa, publicaron un disco en directo que fue distribuido por todo el mundo. El concierto fue grabado gracias a la participación de la solidaridad con Nicaragua en Holanda. Hans Langenberg, miembro del comité, acordó con tres productoras holandesas su grabación y distribución. Además, se tenía apalabrada la emisión en la televisión griega y se estaba pendiente del acuerdo con la alemana.2 Leia Mais

El final del silencio. Dictadura, sociedad y derechos humanos en la transición (Argentina, 1979- 1983) | Marina Franco

Acostumbrados/as a textos problematizadores, otra vez más, la historiadora Marina Franco nos acerca una nueva contribución que complejiza el conocimiento de diferentes aspectos de la sociedad argentina reciente. En esta oportunidad, con un estudio que se centra en la emergencia, configuración y visibilización del accionar de la represión y de la violación a los derechos humanos en el último tramo de la dictadura militar de 1976-1983.

La propuesta analiza un lapso que ha concitado el interés de las ciencias sociales en las últimas décadas. A decir verdad, la periodización del libro reconoce su inicio en la emergencia política del problema represivo, que toma como hito la visita de la Comisión Interamericana de Derechos Humanos a Argentina en 1979 y señala como corte la autoamnistía militar y las elecciones de 1983. En ese marco temporal, la investigación aborda la trayectoria de los principales actores que participaron, de algún modo visible, en la cuestión represiva. Si bien el acento principal está puesto en la Junta Militar y las Fuerzas Armadas, también la mirada se detiene en los partidos políticos, los medios de prensa, la iglesia católica, el Poder Judicial y las organizaciones de derechos humanos. Leia Mais

Martín Balza. Un general argentino. Entre la república y la democracia | Germán Soprano

Escribir una biografía, que merezca ser leída o al menos consultada, supone no solo el dominio de los datos personales y las trayectorias de vida del protagonista, sino un claro sentido sobre el propósito de la obra y las implicancias que contextualizan y explican los escenarios donde los hechos ocurrieron. No menos importante es la condición de contemporaneidad y pervivencia del personaje, ya que la distancia cronológica y la muerte -que no es este el caso- otorgarían mayor libertad de expresión y tornarían admisibles ciertos juicios críticos que la figura de un hombre público como Martín Antonio Balza siempre alientan. Ambas circunstancias son ampliamente superadas por Germán Soprano en este libro, ya que logra dar cuenta de un hombre y su tiempo sin caer en la vulgaridad apologética, además de desplegar los hechos con objetividad, más allá de la asumida admiración del autor por su biografiado.

Lo anterior es posible porque Soprano establece en forma clara, ya en la introducción, la multiplicidad de fines que persigue con este texto y que dan forma a través de la vida de Balza a una manifestación sobre las relaciones entre el Ejército y la sociedad, pero también cuál ha sido y podría ser el rol del instrumento militar terrestre en el marco de la Defensa Nacional. Para ello, el autor recurre a un infatigable trabajo de archivo y relevamiento documental que deja clara la dimensión heurística que apoya el relato metódico que estos dos tomos –por cierto bien justificados– entregan al lector. Leia Mais

A formação da coleção latino-americana do MoMA: Arte, cultura e política (1931- 1943) | Eustáquio Ornelas Cota Junior

Publicada pela Paco Editorial em 2019, a obra Formação da Coleção Latino-Americana do MoMA: Arte, cultura e política (1931-1943), propõe historicizar os primeiros anos de funcionamento do Museu de Arte Moderna de Nova York, refletindo sobre a criação e trajetória do acervo de obras latino-americanas da instituição. O livro em questão é uma versão revisada da dissertação de Eustáquio Ornelas Cota Jr., defendida no Programa de Pós-graduação em História da Universidade de São Paulo em 2016. Mobilizando um grande levantamento de documentos institucionais do MoMA, o historiador problematiza a constituição da coleção latino-americana do museu, entrecruzando esse processo às dimensões culturais e políticas das relações entre Estados Unidos e América Latina.

Eustáquio Ornelas Cota Jr. defende a articulação da instituição com a política da Boa Vizinhança, especialmente pela atuação da família Rockfeller, tendo Nelson Rockfeller sido presidente do MoMA. Além da relação política e consonância com um projeto de imperialismo estadunidense instaurado na gestão de Franklin D. Roosevelt, o historiador também aborda a problemática das identidades latino-americanas ao considerar que a formação dessa coleção de arte foi fundamental para a construção de discursos e representações sobre as culturas latinas sob a perspectiva dos Estados Unidos. Como tese central, a obra defende “a confluência entre as diretrizes da chamada política da Boa Vizinhança vigente nos Estados Unidos desde 1933 e a decisão de ampliar a inicial coleção de arte moderna mexicana, transformando-a em latino-americana”. (p. 215).

Estruturada em três capítulos, para além de introdução e conclusão, a obra se insere no campo da História da Arte nas Américas, em interface com a História Cultural e a nova História Política. A partir dos estudos de Peter Burke, Eustáquio Ornelas Cota Jr. considera que a arte não pode ser “desconectada do contexto e dos conflitos culturais do momento histórico, nem tampouco ela se configure apenas como um mero reflexo do contexto social. A arte atua para a construção de sentidos e se torna um importante testemunho do processo histórico” (p. 19). Neste sentido, sua abordagem parte de um estudo ampliado da arte, considerando-a como uma produção humana e um produto de seu tempo, mas que é constantemente ressignificada sob o olhar e a ação do “presente” dos sujeitos que a mobilizam. Essa perspectiva, parte de leituras contemporâneas do historiador da arte Georges Didi-Huberman, influenciada pelas teorias da montagem de Aby Warburg, compreendendo a existência de múltiplas relações entre imagem e tempo.1 Como destaca Maria Bernardete Ramos Flores, essa abordagem considera que “as imagens têm uma história, mas o que elas são, seu movimento próprio, seu poder específico, só aparecem na história como ‘sintoma’ de durações heterogêneas: a abertura repentina para um tempo pretérito e a aparição de uma latência ou de uma sobrevivência; da estranha conjugação entre diferença e repetição”. 2

O primeiro capítulo da obra, “O MoMA e a formação de sua coleção latino-americana”, aborda a criação do projeto do Museu de Arte Moderna de Nova York a partir de documentos institucionais disponíveis no próprio acervo da instituição, como press releases e publicações oficiais. Ao analisar o início do projeto do museu, Cota Jr. defende o protagonismo feminino na fundação, com destaque para três mulheres da elite estadunidense: Lillie P. Bliss, Mary Quinn Sullivan, Abby Aldrich Rockefeller. O MoMA, que abriu as portas oficialmente em 07 de novembro de 1929, tinha como pretensão ser uma das instituições de referência mundiais sobre arte moderna, projeto que foi capitaneado pelo historiador da arte Alfred Barr Jr., convidado a ser o primeiro diretor do museu. Segundo o autor, Alfred Barr Jr. possuía uma visão bastante ampla sobre o que seria a arte moderna, defendendo que as características desta classificação só poderiam ser percebidas pelas próprias obras.

Alfred Barr foi central para o estabelecimento do projeto do MoMA como um espaço aberto a experimentações artísticas, o que afastou o museu de outras instituições já consolidadas na mesma cidade como o Metropolitan Museum of Art. Apesar desse perfil, isso não significou que o MoMA estivesse fora de seu contexto social e político. Mesmo com o financiamento de elites locais e o apoio da família Rockfeller, o museu foi criado em um período de recessão econômica e da crise de 1929, o que contribuiu para que se criassem projetos de exposições temporárias e circulares em diferentes regiões do país e do continente americano. A ideia das exposições de circulação foi fundamental, segundo o historiador, não apenas para a manutenção financeira da instituição, mas também para a divulgação do MoMA e, principalmente, para constituição de seu acervo criado a partir de dois perfis de aquisição de obras: doações e compras.

Neste primeiro capítulo, Eustáquio Ornelas aborda os primeiros passos da constituição da coleção latino-americana do MoMA, iniciada em 1935 com a doação da obra Subway de Orozco pela Sra. John D. Rockefeller. Destacando a aquisição de obras de países como México e Brasil, o historiador aponta para o alinhamento da formação da coleção com as diretrizes da política externa estadunidense para o continente latino-americano. Uma das contribuições principais do autor neste capítulo é a observação da tentativa de construção de representações sobre a América Latina visando a trabalhar um imaginário sobre as culturas latino-americanas pela população (em especial a elite) estadunidense. Além disso, o acervo do museu (que continha também obras de artistas estadunidenses) foi utilizado na criação de exposições itinerantes específicas para a América Latina, integrando os projetos do Office of the Coordinator of Inter-American Affairs.

O segundo capítulo da obra, intitulado “O catálogo da coleção e a história da arte latinoamericana contada por Lincoln Kirstein” analisa a principal fonte na qual se baseia o estudo: o catálogo da exposição “The Latin-American Collection of the Museum of Modern Art” (1943). A partir da publicação, o historiador problematiza a narrativa e o projeto cultural de criação da coleção latino-americana no MoMA, com destaque para o ensaio sobre a história da arte latina publicado por Lincoln Kirstein, consultor de arte latino-americana, no catálogo. Reflete-se sobre a construção do próprio acervo, e da equipe que dirigia o museu em 1943, defendendo que tal formação não pode ser vista como um empreendimento individual ou excluído de seu contexto, para em seguida se pensar quais eram os principais países representados no MoMA.

Países como México e Brasil seguiram ocupando as primeiras posições na nacionalidade das obras presentes na coleção, mas foi registrado um crescimento no número de obras argentinas e cubanas. Ao analisar os países de origem das obras, Cota Jr. considera que a coleção em 1943 estava “longe de ser um conjunto amplamente representativo no que se refere à arte produzida nos países da América Latina” (p. 104). Esse aspecto problemático é um dos pontos de tensão entre o acervo existente e o discurso que o próprio museu procurava elaborar, no qual se defendia um “empreendimento pioneiro” da instituição e do qual a instituição seria referência global.

Com relação à análise do texto de Lincoln Kirstein, intitulado “Latin-American Art”, o historiador afirma que sua publicação no catálogo “possui grande importância para os nossos estudos, pois as ideias nele contidas colaboraram substancialmente para embasar as visões da instituição sobre o tema, afinal, o editor era o consultor de arte latino-americana do MoMA na época”. (p. 106). Dividido em nove partes e em dois recortes temporais (antes e após as independências latino-americanas), o texto de Kirstein abordaria as produções de artistas latino-americanos, juntamente aos norte-americanos e europeus. Essa aproximação com artistas estadunidenses e europeus ocorria, principalmente, como forma de comparação e relação visando a explicar a arte latino-americana, produzindo uma representação sobre as identidades culturais e artísticas do continente. Um dos principais aspectos a esse respeito é a construção de uma visão dicotômica, apesar de por vezes aproximadas, entre latinos e estadunidenses, referenciados muitas vezes como “nós” e “eles” ou “os daqui” e “os de lá”.

Em “A arte moderna na América Latina”, terceiro e último capítulo, o autor prossegue com a análise do catálogo The Latin American Collection of The Museum of Modern Art, com foco nas análises de Lincoln Kerstein sobre a arte moderna na América Latina. O texto de Kerstein, que parte das próprias obras do acervo, é analisado por Cota Jr. juntamente as imagens presentes no catálogo, em articulação com outras fontes institucionais como relatórios e comunicados. Como questão central, o autor problematiza as “escolhas realizadas para compor a coleção, preferencialmente as indicações de artistas e obras ressaltadas nos textos e imagens no documento e que justificaram artisticamente o empreendimento do MoMA”. (p. 159). O historiador observa também a construção de textos específicos para definir a arte moderna em cada país da América Latina, que foram construídos a partir de biografias, comparações e relações de influência entre a arte latino-americana e o que seria definido como uma arte “mundial”, visando a orientar o leitor do catálogo e o visitante das exposições que usaram dessa coleção nos debates.

Segundo Cota Jr., os escritos de Lincoln Kerstein sobre a arte moderna na América Latina procuraram pontuar aspectos gerais e datas marcantes dos movimentos em cada país, como no caso do muralismo mexicano. Sobre as obras de artistas como Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros, o responsável pelo departamento de arte latinoamericana do MoMA construiu uma narrativa que “demonstra a preocupação do autor em indicar a relação entre a produção artística mexicana e o processo histórico ocorrido a partir de 1910”. (p. 166). Ainda sobre o México, o autor destaca que, na perspectiva do catálogo produzido pelo MoMA, os Estados Unidos seriam os principais colecionadores e consumidores de arte mexicana, conferindo ao país um lugar de patrono e principal divulgador desse gênero.

Tais aspectos, problemáticas e contradições sobre a representação da arte latinoamericana são observados também nas análises sobre outros países como Brasil, Argentina e Cuba. Neste sentido, Cota Jr. percebe a dimensão não apenas discursiva presente na constituição da coleção, mas também a centralidade da curadoria no processo de seleção e aquisição de obras que foram “guiadas pela avaliação do MoMA sobre a relação entre os países e seus respectivos estágios de desenvolvimento e produção da arte moderna local, considerando as opiniões dos principais especialistas representantes do museu, que definiam o que deveria ou não ser valorizado na arte moderna de cada país”. (p. 178). A respeito dos processos de curadoria e da própria coleção, o autor encerra o capítulo analisando três conjuntos do acervo: o muralismo mexicano, as obras de Candido Portinari e as “novas” perspectivas para a arte moderna.

O livro de Eustáquio Ornelas Cota Jr. contribuiu diretamente para os estudos sobre a História das Américas e da Arte Latino-americana. Ao tematizar a formação de uma coleção do MoMA a obra possibilita perceber as relações entre arte, política e construção das representações de identidades latino-americanas nos Estados Unidos como forma de problematizar as relações entre o país e o restante do continente. Destaca-se, em especial, o esforço do autor em demonstrar que, como um projeto das elites que integrou as políticas da Boa Vizinhança e do imperialismo estadunidense, o MoMA contribuiu diretamente para formação de imaginários sobre as Américas a partir da arte, sendo a função da curadoria e a reflexão sobre a arte moderna elementos centrais de reflexão.

Notas

1 Cf.: DIDI-HUBERMAN, Georges. Ante el tiempo: historia del arte y anacronismo de las imágenes. Buenos Aires: Adriana Hidalgo, 2015.

FLORES, Maria Bernardete Ramos. Olhar para as imagens como arquivos de histórias. Territórios e Fronteiras (Online), v. 8, p. 239-255, 2015, p. 250.

Igor Lemos Moreira – Doutorando no Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Mestre e Licenciado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: igorlemoreira@gmail.com  https://orcid.org/0000-0001-6353-7540 http://lattes.cnpq.br/2889830742673964  O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Brasil. Código de Financiamento 001.


COTA JUNIOR, Eustáquio Ornelas. A formação da coleção latino-americana do MoMA: Arte, cultura e política (1931- 1943). Jundiaí, SP: Paco, 2019. Resenha de: MOREIRA, Igor Lemos. Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n. 25, p. 397-401, set./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]

O Brasil na Guerra Fria Cultural: o pós-guerra em releitura | Elizabeth Cancelli

Brasil na Guerra Fria Cultural: o pós-guerra em releitura, da historiadora do Departamento de História da Universidade de São Paulo, Elizabeth Cancelli, é realização de uma década de sólida pesquisa de documentos inéditos em arquivos do Brasil e dos Estados Unidos. Esforço que já resultou, entre trabalhos publicados no país e no exterior, no livro O Brasil e os outros: o poder das ideias (CANCELLI, 2012).

Neste novo lançamento, a autora aprofunda um tópico de investigação persistente na sua obra recente. Mais amiúde, as finalidades e o percurso de construção, durante a Guerra Fria, de três lugares-comuns da historiografia sobre o Brasil República, que são, além disso, também temas duradouros de nossa tradição de pensamento político: primeiramente, o exotismo brasileiro no interior da modernidade ocidental, tema através do qual vem sendo preenchidas de conteúdos as noções de “falta”, de “atraso” e de “subdesenvolvimento” nacional; em segundo, a defesa, para sanar essa condição de “minoridade” internacional do Brasil, de um ideal de missão intelectual cuja tarefa seja a adequação do país e do brasileiro a padrões hegemônicos de vida social e econômica; em terceiro, o destaque, nessas propostas de alinhamento, à acelerada transformação do Homem, equilibrada através da estabilidade da vida política e das esferas de poder. Leia Mais

Los deseos imaginarios del peronismo | Juan José Sebreli

O livro Los deseos imaginarios del peronismo do filósofo e historiador argentino Juan José Sebreli, publicado originalmente em 1983, no contexto da última ditadura militar (1976-1983), tornou-se uma referência clássica para os estudos acerca do peronismo e para a compreensão tanto de suas raízes ideológicas quanto de suas vinculações, semelhanças e diferenças em relação, principalmente, ao fascismo e o populismo. Em decorrência de seu sucesso, o livro foi reeditado em 1992. Em 2019 passou por outra revisão/atualização, na qual Sebreli inseriu dois elementos de análise e discussão substanciais para a compreensão do cenário político argentino no tempo presente: o menemismo e o kirchnerismo. A atualização da obra fundamental de Sebreli é justificada pelo intento de contribuir para compreensão da “batalha cultural” entre os binômios democracia/liberdade e populismo/autoritarismo que, desde o século passado, atingem algumas regiões da América Latina até os dias atuais.

Composto por sete capítulos e quatro apêndices, o objetivo norteador do livro é discutir o caráter fascista do peronismo, identificado na atuação e influência de Perón em determinadas áreas da sociedade, como a classe obrera, grupos da sociedade civil e a classe média. Para isso, Sebreli antes se dedica à análise de movimentos anteriores ao peronismo, como o bonapartismo e o próprio fascismo. Questiona-se, todavia, se a comparação entre o peronismo e outros movimentos surgidos em lugares e períodos diferentes seria válida para a História. Leia Mais

Éramos iglesia… en medio del Pueblo: El legado de los Cristianos por el Socialismo en Chile 1971 – 1973 | Michael Ramminger

Próximo de completar 50 anos em setembro de 2020, o processo de transição do capitalismo ao socialismo no Chile, proposto pela Unidad Popular (UP) de Salvador Allende Gossens, recebe mais uma contribuição teórica. A obra de Michael Ramminger – publicada originalmente em alemão sob o título “…Wir waren Kirche … inmitten der Armen: Das Vermächtnis der Christen für den Sozialismus in Chile von 1971-1973” – oferece um aporte significativo para a compreensão do desenvolvimento do catolicismo de esquerda chileno nos anos 1960 e 1970.

O autor busca reconstituir a experiência histórica dos Cristianos por el Socialismo (CpS) por meio de diversos temas que permearam seu curto período de atuação, oficialmente entre setembro de 1971 a setembro de 1973. Seu propósito é o de “devolver a atualidade da história dos Cristãos pelo Socialismo” (2019, p. 13), pois em sua interpretação, ao retomarem o tema, os pesquisadores à direita do espectro político e a Igreja Católica escrevem uma história a partir de seu próprio interesse, em geral, de deslegitimação do movimento. O empreendimento do autor vai na contramão dessa perspectiva: além de examinar as cartas circulares e as declarações públicas, Ramminger, utiliza a metodologia da História Oral, para retomar a história dos CpS com a análise das narrativas da base, a partir da entrevista com ex-membros e simpatizantes do movimento. Leia Mais

Dicionário Gramsciano (1926‐1937) | Guido Liguori e Pasquale Voza

Organizado pelos italianos Guido Liguori e Pasquale Voza, o Dicionário Gramsciano se inscreve, sem demora, entre as obras de referência para os pesquisadores, do campo marxista ou fora dele, mas também como um incentivo para os iniciantes das obras do autor, a partir das expressões de Antonio Gramsci.

Publicado na Itália em 2009 e no Brasil em 2017, no octogésimo aniversário da morte do pensador marxista, conta com mais de 600 verbetes dispostos em 831 páginas. Com a colaboração de estudiosos de Gramsci, a produção é prova do vigor dos estudos desenvolvidos e pesquisas especializadas no autor1 e revela a importância do seu pensamento para compreender o nosso tempo, o momento extremamente complicado, em termos de contexto político regional e mundial. O seu léxico produziu fascínio por décadas e os adeptos das idéias desse importante intelectual e político do século XX comemoram a vinda desse importante manual. Leia Mais

Modelando Condutas: Educação católica em escolas masculinas | Roseli Boschilia

O livro Modelando Condutas: educação católica em escolas masculinas de Roseli Boschilia, publicada pelo museu Paranaense em 2018, é resultado de sua tese de doutoramento, defendida em 2002, na qual a autora analisa os modelos educacionais propostos por instituições católicas masculinas do Paraná, para perceber as formas e estratégias por elas utilizadas para educar jovens e crianças, conforme a tradição e moral cristã. A autora doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também professora desta mesma universidade, tem focado suas pesquisas nos temas imigração, memória, autobiografia e relações de gênero.

Na obra composta por quatro capítulos, mais introdução e reflexões finais, a autora coloca em debate “os mecanismos utilizados pela Congregação Marista para a construção de um dispositivo organizacional, social e simbólico que possibilitasse a formação de uma elite modelada por um sistema único de pensamento” (BOSCHILIA, 2018, p.272). Apoiando-se em uma ampla lista de autores, tais como Michel Foucault, Roger Chartier, Eric Hobsbawm, Pierre Bourdieu, Norbert Elias, etc. Roseli Boschilia analisa por meio de dispositivos de memória de ex-alunos do colégio marista Santa Maria, localizado no Paraná no período de 1920 a 1960. Boschilia analisa ainda as relações do colégio com a política e sociedade e propõe perceber as formas de controle e poder utilizados pela instituição católica para modelar as condutas dos alunos, e assim efetivar o projeto pedagógico religioso, além de conciliar as inovações da modernidade, com os valores tradicionais Católicos ultramontanos. Para destacar tais questões, o livro possui duas apresentações, a primeira escrita por Etelvina Trindade e a segunda pela própria Boschilia na qual apresenta o processo de produção da pesquisa, motivações e apoio bibliográfico. Leia Mais

Grande Hotel Abismo: a Escola de Frankfurt e seus personagens | Stuart Jefries

Talvez só um jornalista experimentado como Stuart Jeffries – colunista do The Guardian – poderia fazer uma síntese tão completa de um objeto complexo como é o caso da Escola de Frankfurt. A experiência de traduzir assuntos ásperos para um público mais amplo foi decisiva para que Jeffries produzisse um livro com profundidade suficiente para atrair leitores mais exigentes e acessível o bastante para leitores iniciantes.

O título do livro, embora instigante, não descreve muito bem as intenções do autor em relação ao seu objeto. Ele foi inspirado numa crítica de Georg Lukács à ausência de um comprometimento efetivo dos criadores da teoria crítica com a práxis revolucionária, o que os tornavam comparáveis aos hóspedes de um fictício hotel situado à beira de um abismo, de onde se podia contemplar, de modo seguro e confortável, o mundo desabando. Portanto, a expressão “Grande Hotel Abismo” ironiza a sinceridade das ácidas críticas da Escola de Frankfurt ao mundo contemporâneo. Mas será que Stuart Jeffries enxergava os autores da escola como oportunistas e hipócritas que criticavam o sistema que sustentava o seu conforto apenas para marcar posição? Parece que não. Se um Adorno e um Horkheimer apenas se lamentavam à beira do abismo é porque eles se sentiam impotentes para interromper a catástrofe que visualizavam, tal qual o anjo da história evocado por Walter Benjamim. E mais: só o fato de mostrar um abismo onde a maioria das pessoas só enxergava diversão, por si só, já é um mérito suficiente. Leia Mais

Renato Kehl e a eugenia no Brasil: ciência, raça e nação no período entreguerras

O autor da obra é o historiador Vanderlei Sebastião de Souza, professor adjunto do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), do Programa de Pós-Graduação em História pela mesma instituição e do Programa de Pós-Graduação em História Pública da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). É graduado em História (2002), com mestrado (2006), e doutorado (2011) em História das Ciências pela Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz.

Assim, o livro denominado Renato Kehl e a eugenia no Brasil: ciência, raça e nação no período entreguerras (2019), é dividido em quatro capítulos, sendo o prefácio da obra assinado pelo sociólogo Robert Wegner, professor do Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/FIOCRUZ). Fazendo uma análise do processo metodológico instrumentalizado pelo autor, Robert Wegner afirma que “além de ser um livro bem escrito e embora denso, de agradável leitura, atinge uma técnica exemplo na articulação entre o desenvolvimento do argumento e a utilização das fontes” (p. 24-25). Leia Mais

Un leviatán tropical: las redes clientelares de Trujillo en América Latina y el Caribe | Eliades Acosta Matos

El libro Un leviatán tropical: las redes clientelares de Trujillo en América Latina y el Caribe constituye un desdoblamiento de La telaraña cubana de Trujillo publicada por el historiador Eliades Acosta Matos en 2012.1 En ambos casos se destaca el interés por problematizar el estudio de las dictaduras con un enfoque de redes: una apuesta bastante productiva que permite comprender de manera más compleja las relaciones internacionales en el continente. En efecto, en Un leviatán tropical Acosta extiende su análisis a los conflictos, cooperación y relaciones del régimen con otras dictaduras y gobiernos democráticos de la región.

En la historiografía iberoamericana analizar las relaciones internacionales de los regímenes dictatoriales no es una propuesta nueva. Una revisión no exhaustiva permite localizar un interés creciente desde los años ochenta, posterior a la fundación de la revista Relations Internationales (1974) de Jean-Baptiste Duroselle y Jacques Freymond. En este sentido, se puede destacar el análisis sobre los conflictos y cooperación entre Argentina y Brasil o las alianzas entre Franco y Perón.2 En la misma línea, sobresalen las reflexiones sobre la propaganda y la acción o las relaciones exteriores del franquismo.3 Leia Mais

El ABC de una paz olvidada. Tiempo de mediación en Canadá/1914

A diez años de la publicación en inglés de The Forgoten Peace. Mediation in Niagara Falls, 1914, del embajador Michael Small aplaudimos el lanzamiento de su versión en español. Los editores de Huitzils para su tiraje en castellano acertadamente recuperan en el título el acrónimo del ABC, (Argentina, Brasil y Chile) y juegan con el estribillo usado en el mundo editorial para señalar un texto que introduce a un tema. Considero que el trabajo de Small cumple sobradamente el propósito de presentar una narración esclarecedora, al tiempo que encuentra un nuevo acercamiento a las conferencias de Niagara Falls.

Se trata de un libro que viene a contribuir a la historia diplomática de la Revolución Mexicana en uno de sus acontecimientos menos atendidos. Niagara Falls fue un pretendido espacio de diálogo, impulsado por Argentina, Brasil y Chile y avalado desde Washington, en un esfuerzo de mediar en el “conflicto internacional” entre México y Estados Unidos, que había desembocado en la ocupación del puerto de Veracruz por parte de la flota estadounidense la primavera de 1914. Leia Mais

La Guerra Civil Española: estudios y reflexiones desde Chile | Juan Luis Carrellán Ruiz

La Guerra Civil Española fue uno de los acontecimientos políticos más relevantes del siglo XX, no solo para España y los bandos que se enfrentaron, nacionales y republicanos, o para el escenario europeo en momentos en que experimentaba una confrontación ideológica sin tregua en el periodo de entreguerras, y que de algún modo anunciaría la Segunda Guerra Mundial. Los ecos y resonancias de la Guerra Civil Española llegaron de modo directo a distintas regiones y países del mundo, especialmente a aquellos que han compartido con España una historia común. Este fue el caso de Chile, país lejano, ubicado en el extremo sur de América Latina, pero cuya elite política tenía como referencia la realidad política española. Este es el tema principal del libro La Guerra Civil Española: estudios y reflexiones desde Chile, editado por Juan Luis Carrellán y que reúne estudios de historiadores de los dos lados del Atlántico dedicados al alcance transnacional del conflicto armado español. Como otros países que habían sido parte de la América española, la referencia a la política europea, especialmente de España, fue uno de los rasgos de la cultura política chilena especialmente en el siglo XX. De distintos modos, la fractura sufrida por la sociedad española durante la década de 1930 se proyectó más allá del territorio europeo, encendiendo el debate político en Chile.

Si bien al territorio americano no llegaron las balas de la península, sí llegaron sus ecos, a través de las diversas formas que asumió el conflicto. Una de estas dimensiones fue la batalla ideológica, expresada en el conflicto a través de la prensa, la propaganda, así como la disputa entre los españoles residentes en Chile, a quienes el conflicto no dejó indiferente y rápidamente se identificaron con el bando republicano o el bando nacional. El conflicto también se proyectó a través de la memoria, que corría paralelo a la experiencia de los hechos y al propio trabajo historiográfico. Leia Mais

Comunismo y clase obrera hasta los orígenes del peronismo | Hernán Camarero, Diego Ceruso

La publicación de un nuevo libro de la colección La Argentina Peronista reúne, de modo sintético y accesible, las principales tesis desarrolladas por Hernán Camarero y Diego Ceruso durante largos años, referidas a la experiencia histórica de las izquierdas y la clase trabajadora en la primera mitad del siglo XX argentino. Se trata de un trabajo en clave de difusión, centrado en el análisis del proceso de ascenso y ocaso de la influencia del Partido Comunista en la clase trabajadora, cuyo recorte se ubica entre el nacimiento de la organización y los orígenes del peronismo. Leia Mais

Un horizonte vertical. Paisaje urbano de Buenos Aires (1910-1936) | Catalina Fara

A principios del siglo XX, la ciudad de Buenos Aires atravesó vertiginosas transformaciones. No resulta casual que, frente a estos avatares, la historia política y cultural le haya prestado particular atención. Estas mutaciones fueron asociadas a la idea de progreso, marcado por un crecimiento urbano que produjo bienestar, pero que no dejó de suscitar vaivenes. Justamente, Catalina Fara, doctora en Historia del Arte (UBA), analiza estos procesos en su obra. Leia Mais

La cuestión Malvinas en la Argentina del siglo XX. Una historia social y cultural | María Inés Tato, Luis Dalla Fontana

Esta obra, dirigida por Ma. Inés Tato y Luis Dalla Fontana, visibiliza la complejidad de la disputa soberana británico-argentina por las Islas Malvinas, a partir de una perspectiva social y cultural basada en conceptos como “cultura de guerra” -propuesto por S. Audion-Rouzeau y A. Becker- y “movilización”, de J. Horne. Leia Mais

Renato Kehl e a eugenia no Brasil: ciência, raça e nação no período entreguerras | Vanderlei Sebastião de Souza

O livro de Vanderlei Sebastião de Souza, professor adjunto da Universidade Estadual do Centro-oeste (Unicentro-PR), consiste em um estudo sobre a atuação do médico Renato Kehl (1889-1974) como organizador do movimento eugênico brasileiro, entre 1917 e 1932. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a pesquisa se baseou em amplo repertório de fontes bibliográficas e do arquivo pessoal de Kehl, incluindo atas e anais de congressos, artigos de periódicos e correspondências, contido no acervo do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.

Souza analisa os fatores que levaram a mudança nas concepções eugênicas de Kehl, a partir de finais da década de 1920. Conforme o argumento desenvolvido no livro, tal mudança se traduz pela passagem de um conceito amplo de eugenia e que esteve muito próximo dos ideais de reforma do ambiente social do movimento médico-sanitarista, para uma eugenia com fronteiras mais bem delimitadas e caracterizada por medidas radicais como o exame médico pré-nupcial obrigatório, a esterilização compulsória e a seleção dos imigrantes segundo critérios raciais. Leia Mais

Entre la política y el discurso: Uruguay turístico (1960-1986) | Rossana Campodónico

El libro de Rossana Campodónico Entre la política y el discurso: Uruguay turístico (1960-1986) es una adaptación de su tesis de Maestría en Desarrollo y Gestión del Turismo defendida en el 2017 en la Universidad Nacional de Quilmes (Argentina). Campodónico es una de las principales especialistas de la historia del turismo en el Uruguay y la aparición de esta obra viene a sumarse a su larga lista de publicaciones sobre la temática. En un campo de estudio que se encuentra en construcción y atravesando un crecimiento acelerado desde los últimos años, este es sin dudas un aporte por demás significativo.

En el libro se estudia la evolución del turismo en Uruguay entre 1960 y 1986 mediante el abordaje de dos aspectos: por un lado, la política turística del país expresada mediante documentos gubernamentales y privados; y por el otro, la promoción publicitaria de atractivos y modalidades turísticas. Leia Mais

Victoria Kent al frente de las prisiones españolas (1931- 1932). El sistema penitenciario en los inicios de la Segunda República | Ricardo M. Mata y Martín

Históricamente, las instituciones penitenciarias han sido víctimas de un olvido casi excluyente dentro de las políticas públicas de gobierno, no sólo en cuanto a los pocos recursos económicos, sino también en el escaso tiempo, dedicación y supervisión para su estudio y análisis. Asimismo, dentro de la misma línea de desatención que se repite en la mayor parte de los gobiernos del mundo, se señala a la sociedad, que de manera directa y espontánea la destierra. Leia Mais

Zé Dirceu Memórias. Vol.1 | José Dirceu

José Dirceu de Oliveira e Silva, nascido em 16 de março de 1946, na cidade mineira de Passa Quatro, graduado em Direito pela PUC-SP, ex-ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, é o autor da obra aqui resenhada, intitulada: Zé Dirceu memórias Volume I, que fora escrita ao longo de 2018, enquanto estivera preso no Complexo Médico-Penal, de Pinhais, em Região Metropolitana de Curitiba. Com efeito, por si só, seu nome atrai olhares curiosos e atenções midiáticas, sejam de simpatizantes à sua trajetória de vida, sejam de críticos.

José Dirceu, como um político e personagem social recente da vida política brasileira, atinge sua significância ao relatar em sua obra momentos marcantes de atuação, de particular relevância para compreensão de seu trajeto em momentos chave da história do Brasil, como por exemplo, sua luta no movimento estudantil no enfrentamento à ditadura civil-militar (1964 – 1985), seu exílio em Cuba (1969-1974) com direito a relatos dos encontros com Fidel Castro, a criação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, a elaboração da Constituição entre os anos 1987 e 1988, o movimento “Fora Collor” em 1991, e a queda por impeachment do ex-presidente em 1992, a chegada do PT ao poder com Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) na presidência (2002-2010), o escândalo do mensalão em 2005 e a recepção do mesmo pela mídia. Leia Mais

Del Instituto de Criminología al Instituto de Clasificación. Origen/funciones e informes criminológicos (1907-1960) | Carmen Graciela Rodríguez López

La discusión acerca de la influencia del discurso criminológico positivista en la gestión penitenciaria argentina es de larga data y plena de matices. Más allá de ciertas –y discutibles- generalizaciones, sin dudas uno de los ámbitos en donde más se puede percibir esta presencia es en los institutos o gabinetes criminológicos creados en algunas unidades de jurisdicción nacional. Pero incluso en este ámbito específico –lejos de los pantanos punitivos provinciales (Caimari, 2004)- 1 podríamos preguntarnos por la existencia de una impronta puramente local, con claras muestras de originalidad e innovación. Es precisamente en este ámbito donde se detiene el libro de Carmen Rodríguez López, ocupándose con rigor de un tema poco abordado en la tradición historiográfica local. También es infrecuente ver semejante despliegue de fuentes bibliográficas y documentales, y para quienes nos dedicamos a estos temas, se trata de un hallazgo sumamente valioso. Leia Mais

Los radicalismos en la democratización política | Bernardo Carrizo

Este libro de Bernardo Carrizo es el fruto de la metamorfosis de su tesis de maestría, defendida en la Universidad Nacional del Litoral en 2012 y que en 2014 fuera distinguida como la mejor tesis del área de Ciencias Humanas elaborada en universidades nacionales con sede en la provincia, en el marco del programa de Fortalecimiento del sistema de investigación y desarrollo impulsado por la Secretaría de Estado de Ciencia, Tecnología e Innovación de la provincia de Santa Fe. De acuerdo a lo planteado por el historiador, los años que transcurrieron desde aquel momento hasta la efectiva publicación de la obra implicaron un proceso de maduración intelectual que posibilitó poner en diálogo el escrito inicial con nuevas producciones historiográficas gestándose así nuevos matices y reflexiones.

El autor se propuso indagar sobre el radicalismo en un espacio subnacional, la provincia de Santa Fe, en un marco temporal que abarca desde 1910 hasta 1916, aproximadamente. El abordaje del objeto desde una variación de las escalas de análisis (local, provincial, regional y nacional) le permitió captar particularidades en ciertos fenómenos que desde una perspectiva nacional —cuasisinónimo de bonaerense habían adquirido un cariz homogéneo. Desde esta óptica, la experiencia de la temprana democracia electoral santafesina estuvo signada por la yuxtaposición de novedosos instrumentos prescriptivos y prácticas cimentadas en un mundo conservador que se mostraban resistentes. Al poner el foco en la Unión Cívica Radical de Santa Fe (UCRSF), nos posibilita adentrarnos en el vínculo nación-provincia en clave electoral y en la relación entre dos organizaciones partidarias que se encontraban, en principio, comprimidas bajo un mismo sello. Leia Mais

Universidad, revolución y dólares | Vania Markarian

Desde hace ya algunos lustros, la llamada historia reciente no solo ha proliferado en obras sino que, además, transitó una fuerte renovación historiográfica. En ese movimiento, merece enmarcarse el libro recientemente publicado de Vania Markarián. El texto trata de dos polémicas universitarias de mediados de los sesenta en torno a las implicancias de financiar la investigación científica con fondos provenientes de Estados Unidos. En este contexto, evidencia cómo los procesos de modernización académica pueden ser conducidos bajo diferentes signos político-ideológicos, incluso —aunque pueda parecer contraintuitivo— durante momentos de fuerte radicalización política, signada por el antimperialismo.

El libro puede ubicarse, como refiere su propia autora, en la intersección entre una historia de la educación superior, fuertemente influenciada por la historia intelectual, con los estudios del pasado reciente, con énfasis en el campo de los estudios de la Guerra Fría. Leia Mais

Trabalhadores e trabalhadoras rurais boias frias: exclusão/ imprensa e poder | Antonio Alvez Bezerra

Antonio Alves Bezerra é graduado em História pela UNESP, mestrado pela PUC/SP e doutorado em História pela mesma universidade. É professor do curso de graduação e pós-graduação em História pela UFAL, como também, coordenador do laboratório de Ensino de História e líder do Grupo de Estudos: História, Ensino de História e Docência.

A obra intitulada Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Boias Frias: exclusão, imprensa e poder é um estudo sobre o avanço do processo de modernização do setor sucroalcooleiro com o resultante aumento da exclusão social e econômica dos trabalhadores rurais. O prof. Rodrigo Costa escreve um breve prefácio sobre a obra e observa que ela “oferece uma visão sob um grupo social cuja presença se faz notar e sentir no cotidiano das grandes áreas rurais do país, os trabalhadores rurais boias-frias”, que também, estão presentes no agreste alagoano e no sertão pernambucano. Existência historicamente negada nos discursos do poder público, da mídia e do poder econômico. Leia Mais

Estratégias de uma esquerda armada: militância, assaltos e finanças do PCBR na década de 1980 | Lucas Porto Marchesini Torres

Lançado pela EDUFBA, em 2017, o livro estratégias de uma esquerda armada: militância, assaltos e finanças do PCBR na década de 1980 é resultado de dissertação de mestrado defendida em 2013 no Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (UFBA), por Lucas Porto Marchesini Torres. Este é bacharel e licenciado em História por esta mesma instituição e atualmente cursa o doutorado em História Social na Unicamp, se empenhando-se no estudo sobre comunismo e movimentos sociais na Bahia entre os anos de 1945 e 1964.

O livro apresenta uma pesquisa histórica e inédita sobre a tentativa frustrada de assalto ao Banco do Brasil, no Bairro do Canela, na capital baiana, Salvador, por cinco militantes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em 1986 (TORRES, 2017. p. 21). Após serem presos os cinco homens, com medo de ser confundidos e tratados como bandidos comuns, assumiram que eram petistas e que desejavam com o assalto levantar fundos em ajuda à Nicarágua Sandista (p. 21). Leia Mais

História e Literatura | Contraponto | 2020

As relações entre a História e a Literatura permaneceram durante muito tempo influenciadas pelo conceito aristotélico que preconizava o caráter universal da Poesia, em oposição ao caráter particular da História. Segundo essa concepção, a História ocupar-se-ia essencialmente do real, dando testemunho da sociedade e fazendo referência a uma trama complexa e efetiva de fatos e acontecimentos. A Literatura, por sua vez, teria a liberdade de narrar considerando não apenas a mimetização dos fatos inscritos na própria história, mas até mesmo o irrealizável, além de todo um repertório de possibilidades e virtualidades que, escapando ao mundo concreto e referenciado do historiador, poderia ganhar vida e significado no universo imaginário do poeta ou do ficcionista.

Hoje, tendo em vista sobretudo a multiplicidade de tendências historiográficas e o vigor dos estudos que têm como centro as linguagens, multiplicam-se as perspectivas do repensar e repropor as relações entre História e Literatura, em bases mais convergentes, uma vez que, a partir desses novos paradigmas, o discurso historiográfico passa a privilegiar objetos não focalizados por óticas objetivistas e estruturais que predominaram por muitas décadas do século XX, voltando-se cada vez mais para o registro da vida cotidiana, das diferentes modalidades de crenças, dos costumes, das sociabilidades literárias, das relações familiares, da infância e outras idades da vida e para as dimensões imaginárias da sociedade. Esses novos interesses favoreceram, entre os historiadores, a redescoberta do discurso literário como um registro de alternativas ou virtualidades que, embora não necessariamente desenvolvidas no processo real dos acontecimentos, tornam-se testemunhos daquele meio social, expressão legítima de sua historicidade.

Tanto a Literatura como a História vêm colocando em plano secundário abordagens que apenas punham em relevo autores e obras, destacando as ideias por essas veiculadas, em abordagens ligadas à tradição da história das ideias, ainda de padrão iluminista, que se instaurou, ganhou corpo nos últimos dois séculos e cujas “origens” podem ser localizadas no século XVIII. Em que pese a força dessas práticas escriturísticas canonizadas, os estudos historiográficos e as perspectivas do campo das linguagens passaram a incorporar, para além da vida e da obra dos autores, outras variáveis analíticas, ancoradas no social, que podem não apenas explicar a especificidade intrínseca dessas obras, mas também evidenciar articulações mais consistentes entre História e Literatura, vista na sua complexidade de registro rico, tenso e criativo, que associa apreensões de vidas contadas e de mundos inventados. Desse modo, História e Literatura partilham cada vez mais o interesse por aquilo que diz respeito à vida cotidiana, às dimensões da subjetividade humana e às aproximações entre a vida social no seu sentido mais amplo e a vida literária.

Para além da obra em si, e das biografias realistas e imaginárias de seus produtores enquanto sujeitos da criação literária, interessa cada vez mais o estudo da História, não apenas para dar ênfase às conexões vida-obra, para realçar a vida pessoal na composição de biografias intelectuais, porém igualmente para definir (ou para lançar conjecturas) articulações entre essas vidas que têm (ou poderiam ter) uma marca singular e todo o universo social mais amplo que as configura, com graus variáveis de complexidade.

Embora o historiador tenha consciência de que a literatura, enquanto produto estético, resulta de procedimentos linguísticos e retóricos específicos, sendo dotada de plurissignificações, não se pode perder de vista a noção de que tanto o criador quanto a obra estão imersos em contexto social que também confere sentidos particulares ao produto ficcional. Daí a relevância de estudos integrados entre os pesquisadores dos diferentes campos das Letras e da História, em encontros que favoreçam a expansão e a criatividade nos usos de antigos e novos suportes de escrita, divulgação e leitura de fontes capazes de tornar a compreensão da Literatura cada vez mais como registro compreendido em sua historicidade. Nessa perspectiva, não apenas conjugando esforços, mas divulgando os resultados de pesquisas, críticos literários, estudiosos das linguagens nas suas mais distintas expressões, teóricos da Literatura e historiadores podem descobrir novas formas de utilização de diferentes acervos, gerando novos diálogos, enriquecer as respectivas áreas de saber construindo ou incorporando novas modalidades de interpretação.

Realçamos esses aspectos consensuais e de aproximação também para remarcar que eles não correspondem à riqueza dessas relações. Na longa continuidade das relações entre História e Literatura, essas relações guardam especificidades próprias em que cruzamentos interdisciplinares (ou sua recusa), interlocuções conflituosas e problemáticas, distanciamentos e deslocamentos maiores ou menores entre os dois campos, convergências, divergências e afinidades têm ocorrido, propiciando e favorecendo os enriquecimentos disciplinares, seja por meio de diálogos criativos e abertos, seja pelos conflitos mais intensos e de posturas mais agressivas. A emergência e o indiscutível vigor da História Cultural ao tempo em que pôs a nu esse cenário de disputas interdisciplinares, de âmbito global, terminou por criar as bases para novas relações que se estabeleceram entre as duas áreas do conhecimento.

Enquanto as décadas de 1960 a 1990 podem ser, de um modo muito geral, reconhecíveis pelas intensas disputas, criadores de novas divisões disciplinares e de novas relações de poder no âmbito das Ciências Humanas, se constituem como um tempo de vigor do pensamento social e das dimensões estabelecidas e então reconfigurados no espaço-tempo da cultura escrita. O desejo do voltar-se para as produções intelectuais desses tempos recentes nos induz a insinuar, de forma breve, as notáveis transformações, reconfigurações, disputas e partilhas instituídas e favorecidas por obras seminais, como as de Foucault (1986 [publicado originalmente em 1969]; 2019 [1970]), Certeau (2015 [1995]; 1985 [1993]), Veyne (1983 [1976]; 1987 [1983]), Ginzburg (1987 [1976]; 1989 [1986]), Chartier (2002 [1985]; 1996 [1985]; 2002 [2002], Darnton (1987 [1982]; 1992 [1991]), White (2001; 2019 [1985]) e Williams (1989[1973]), para relembrar apenas historiadores, filósofos e críticos literários implicados nessas mudanças e influentes, não apenas na cultura historiográfica, mas na cultura brasileira. Remissão no campo das Letras e das Linguagens não poderia ignorar os impactos continuados de Saussure (2012 [1916]), as leituras de Bakhtin (1990 [1975]), Barthes (1988 [1984]), Hutcheon (1991) e do já citado Hayden White.

No Brasil, a virada historiográfica dos anos 1980 repercutiu essa ebulição no campo das Ciências Humanas de maneira seletiva, enfatizando as interlocuções com a História Social – especialmente a de matriz inglesa. A partir sobretudo dos autores franceses e de seus sugestivos estudos centrados na Linguagem (o enraizamento social dos discursos, as práticas discursivas e suas tônicas, a atenção às retóricas constitutivas das diferentes formas de expressão escrita, o discurso como representação), atentou-se para a necessidade de problematizar as velhas epistemologias. Apesar das reconhecíveis disputas disciplinares na historiografia brasileira dessa época, uma leitura das obras de maior impacto entre os historiadores sugere que estávamos longe de experimentar as batalhas discursivas e as guerras por distinção que em certos momentos pôs em campo o paradigma estabelecido dos Annales, a História Social (marxista), os teóricos da Linguística e da Teoria Literária em suas versões mais críticas ao discurso do historiador e as sugestões de elisão de fronteiras em benefício da Teoria Literária. Essa movimentação do conhecimento e a emersão de suas novas formas, ao vergastar o estabelecido, sugeriu uma leitura metafórica do campo (de disputas): os inimigos batem à porta da História, a cidade historiográfica organiza a defesa e ocorre, seguramente, renovação da disciplina e alargamento que alcança não apenas o aspecto temático como igualmente suas epistemologias. Essa interpelação avassaladora vinda tanto do campo filosófico quanto do linguístico e literário alimentou fantasmas que, em certo momento, aterrorizaram os historiadores – o retorno visto como terrificante das narrativas do político e do sujeito – vistos como um flerte com o passado (e as compreensões dele) caricaturado nas influências e continuidades do modelo Langlois/Seignobos. No Brasil desses anos não tão distantes, essa inquietação foi nomeada como “crise dos paradigmas”.

Dessa “Era dos Conflitos” passou-se à “Era das Negociações”, na qual as fronteiras da Ciência, da História e da Arte vão se tornando mais maleáveis e transponíveis, remarcando a convivência e, para alguns, a passagem mesmo de um paradigma do social ao domínio do cultural, cujas porosidades indicam talvez a força de uma maior alteração na produção/difusão dos saberes e uma compreensão mais difundida das pluralidades das práticas sociais e de seu permanente devir. Não que essas passagens sejam necessariamente validadas. Durante a década de 1990 essas aproximações, bem como o emprego recorrente da noção de discurso como representação e também como prática, tornou ainda mais complexas e interligadas as insurgências e as acomodações nos diversos campos do conhecimento. Um dos resultados desses encontros e conflitos instáveis talvez seja o recuo daquelas fórmulas milenares vindas dos tempos de Aristóteles, mostradas no início desta apresentação.

Neste Dossiê é possível ter acesso a faces das relações entre História e Literatura, que guardam sintonia com algumas das cristalizações da tradição, bem como com os novos aportes que vêm sendo introduzidos – modificando, questionando, recusando ou simplesmente reelaborando as tradições anteriores e canonizadas. Percebe-se certo recuo da intensidade das interlocuções e dos desafios que tomavam a feição de retórica de antagonistas. Mesmo que pareça sutil esse deslocamento, já aparece como consolidação de uma tendência na produção das duas áreas. Evidentemente, sugerimos uma hipótese.

Colaboradores de quase todo o Brasil foram sensíveis à chamada, propiciando ao Dossiê a consecução do objetivo proposto pelos coordenadores:

[…] reunir artigos acerca das relações entre História e Literatura, através de reflexões sobre experiências de grupos ou sujeitos históricos inseridos em diferentes espaços e períodos. A partir de perspectivas interdisciplinares, busca-se coligir estudos que problematizem as historicidades dos autores e/ou suas obras – contos, poesias, crônicas, romances, dramaturgias, etc. Nessa proposta, a literatura, para além de seu caráter social, interligado a uma complexa rede de fatores enraizados nas experiências históricas de seus produtores e receptores, bem como um testemunho sobre determinadas realidades, sujeitos, sensibilidades, valores, ideologias, representações e códigos culturais. Dessas múltiplas relações e testemunhos, surge um amplo e diversificado horizonte de pesquisa a ser explorado, no qual podem ser contempladas diferentes temáticas, tais como história das mulheres, imprensa, escravidão, manifestações culturais, política, religião, saúde, entre outras (QUEIROZ, ELGEBALY, FERREIRA, 2020).

As respostas não poderiam ter sido mais animadoras e o número de artigos recebidos para avaliação (56) mostra o interesse pela temática, a vitalidade de ambos os campos, além de uma aparente tranquilidade na convivência interdisciplinar, que apontam não só para relações relativamente pacificadas, o que não significa elidir as notáveis diferenças, como pode ser observado na visível influência norte-americana entre os estudiosos da Literatura em virtude da riqueza e diversidade assumidas pela Teoria Literária e um modo recente de adentrar na seara historiográfica, especialmente com os recursos teóricos e conceituais nomeados “metaficção” e “metaficção historiográfica”. Os estudos metaficcionais, como é sabido, tomam como referência teorias principalmente de origem anglo americana, entre os quais pontifica Hayden White. Entre os pesquisadores atuais, como Linda Hutcheon e Julia Kristeva, a pretensão de ampliar os estudos historiográficos sugere uma revisitação das narrativas construídas pelos historiadores, para nelas apor as virtualidades, os possíveis e, sobretudo, indicar os silêncios e fazer ecoar novas vozes. Evidentemente, há variações no campo e este Dossiê permite a observação de algumas. Os estudos metaficcionais afirmam outras modalidades de encontro/desencontro entre a História e a Literatura e apresentam as renovações na esfera dos Estudos Literários, bem como sinalizam para as multiplicidades de apropriação e reinvenção do passado. Com isso, a História e a Historiografia se tornam objeto da Literatura. A História (escrita) se torna fonte. Os empréstimos e trocas são cada vez mais perceptíveis e apontam para horizontes que aparecem associando os dois interesses.

Verificamos também a apropriação cada vez mais consistente da Literatura, em todos os gêneros, pelos pesquisadores da área de Educação. Identificamos igualmente o cuidado dos colaboradores com as múltiplas historicidades dos produtos, ou seja, cada vez mais uma expressiva consciência do tempo como o solo fecundo e incontornável das diferentes formas da escrita e das características de seus suportes materiais e imateriais.

Esse esforço colaborativo e essas permeabilidades de fronteiras não elidem as especificidades disciplinares e as diferenças nessas duas antigas tradições do conhecimento ocidental. O que se esvaiu, parcialmente, foi o polemismo que marcou as décadas finais do século XX no Brasil, o que pode ser bem exemplificado pelas disputas diretas ou sub-reptícias nas abordagens dessas relações em Nicolau Sevcenko (1992, 2003) e em Sidney Chalhoub (2003), historiadores muito representativos desses trânsitos disciplinares. Ao tempo em que a obra Nicolau Sevcenko é incorporadora das novas vertentes culturais [1] e interdisciplinar, flertando com o linguistic turn e inserindo a historiografia nas perspectivas ditas pós-modernas, Sidney Chalhoub professa continuada e reivindicada adesão à História Social (inglesa). Sob um substrato de diferenças, os autores compartilham a posição que foi bem expressa por Sevcenko: “Fora de qualquer dúvida; a literatura é antes de mais nada um produto artístico, destinado a agradar e a comover; mas não se pode imaginar uma árvore sem raízes, ou como pode a qualidade de seus frutos não depender das características do solo, da natureza do clima e das condições ambientais?” (SEVCENKO, 2003, p. 29).

No Brasil, especialmente no que diz respeito aos Estudos Literários, por muitas décadas tem prevalecido o cânone, tanto no sentido da continuidade de aportes teóricos fundados nas obras seminais de Antonio Candido, Luís Costa Lima e Alfredo Bosi – destacando-se a força da Escola Paulista e o domínio do conceito de formação do sistema literário –, como do ponto de vista da seleção dos autores/obras como objeto de interesse. Neste Dossiê, isso pode ser observado nas escolhas feitas – e oriundas em sua maioria dos cursos de pós-graduação em Letras – dos escritores renomados na literatura brasileira, como Machado de Assis e Aluísio Azevedo, cujas produções atravessam séculos sem mostrar sinais de esgotamento e sem redução das edições e das vendas [2]. Destaques para Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Alcântara Machado, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Júlia Lopes de Almeida [3]. Para o que nos interessa, queremos reforçar que o gosto pelo cânone não se expressa apenas na escolha dos autores-obras que suportam dezenas de análises, como igualmente nas interlocuções teórico-conceituais envolvendo os mais reconhecidos críticos literários brasileiros.

Para além do aspecto acima apontado, constata-se a ampliação do interesse pelas literaturas de várias origens e que são, seguramente, referências da cultura mundial, hoje. Os colaboradores trouxeram à cena literatos latino-americanos (Jorge Luís Borges), africanos (Mia Couto), europeus (Marcel Proust) e asiáticos (Xue Xinran). Nas escolhas realizadas pelos colaboradores, os destaques, considerando as clássicas periodizações da Literatura Brasileira, contemplaram o Romantismo e o Realismo, mas, sobretudo o Modernismo e a Literatura Contemporânea com suas variadas experimentações estéticas e retóricas. Entre as diversas correntes assumidas pelo Modernismo no Brasil realce para os autores nordestinos dos anos 30 e 40 do século XX, constituidores do nomeado Romance de 30, que se configura como uma das mais expressivas literaturas brasileiras do período, ao lado dos reconhecidos autores paulistas.

Também foram analisadas as literaturas de consumo regional, corroborando o esforço de levar ao proscênio outras possibilidades de expressão histórico-literárias, outrora silenciadas ou pouco conhecidas em recortes espaciais mais amplos. Nesse sentido, autores reconhecidos pela crítica especializada, porém, situados nas periferias da produção da cultura escrita nacional, ganham importância no Dossiê. Tomemos como casos exemplares Assis Brasil, Fontes Ibiapina, Ademar Vidal e Luiz Renato, através dos quais a historiografia e a crítica literária foram levadas a dar mais visibilidade a temas como a cidade, a pobreza, a modernização, os costumes, as práticas masculinas e femininas, a prostituição, as políticas urbanas, bem como a problematizar e colocar sob suspeição diferentes formas de exercício do poder.

As abordagens desenvolvidas em torno de livros, autores, editores, circulação de livros e formas de leitura sinalizam na direção do relevo conferido às expressões da censura promovida por regimes de exceção, marcadores de muitas décadas de gestão política especialmente na América Latina. Argentina e Brasil vivenciam as mesmas dificuldades e seus intelectuais se apoiam no sentido do usufruto mínimo do exercício da liberdade – experimentam uma liberdade restrita, mas possível, conforme aponta Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio, ao se referir à prática literária da “autoria coletiva” e às inventividades dos autores e editores para escapar às censuras de seus respectivos países.

Pesquisadores de diferentes vinculações acadêmicas – História, Educação e Letras – nas suas muitas modalidades e nomeações (Literatura, Estudos Literários, Estudos Culturais, Estudos de Linguagens, Estudos Ortográficos, Linguística) conjugam-se neste Dossiê e apresentam suas descobertas e suas interlocuções principais, com o que podemos perceber o vasto espectro de leituras e as modalidades de apropriação, seja de teóricos reconhecidos em suas respectivas áreas de saber, seja das escolhas que guardam uma especificidade mais local. Esses panoramas de autores de referência podem ser vistos também no recurso a historiadores, teóricos da literatura e críticos brasileiros.

A surpreendente procura por este Dossiê é um indício da continuidade e quiçá do fortalecimento do interesse pelas duas áreas, da aproximação buscada entre a História e a Literatura e, de maneira tendencial, da vinda da Educação e do Direito, para a composição de novos estudos interessantes e instigadores são também os modos criativos e inumeráveis de apropriação das fontes e construção das narrativas, hibridizando autores e tendências que nos pareceriam inconciliáveis em décadas passadas.

Este Dossiê, inicialmente um projeto dos organizadores e dos editores da revista Contraponto, somente se viabilizou por ter se tornado um esforço coletivo, por ter encontrado boa recepção nos membros da comunidade acadêmica, que aceitaram o convite ao diálogo e disponibilizaram seus trabalhos ao escrutínio de um público mais amplo. Ao todo, foram mais de duzentos pesquisadores envolvidos na construção desta edição, profissionais que atuaram como autores, avaliadores, editores e secretários executivos, aos quais agradecemos o esforço e esmero empregados. Por fim, mas não menos importante, agradecemos ao professor Roger Chartier, que gentilmente aceitou o convite e disponibilizou um artigo para tradução, inédito em língua portuguesa e que, certamente, contribui para o constante repensar das relações entre História e Literatura.

Boa leitura!

Notas

  1. No Brasil, propor a cultura como tema, em épocas de governos autoritários, constituía, per se, uma insurgência e atraía um certo desprezo na própria universidade. O “literatura como omissão”, epíteto atribuído ao livro de Nicolau Sevcenko pelas esquerdas “uspianas” é sintomático da força desses preconceitos dos anos 1980 no que se refere à cultura como objeto de estudo e fornece a marca de um lugar, nos termos de Michel de Certeau (SEVCENKO, 2002; CERTEAU, 2015).
  2. Sobre a leitura, esse é um aspecto que deveria ser mais aprofundado, tendo em vista serem incompreensíveis essas continuidades sem um cuidadoso estudo de como funcionam o mercado editorial e as políticas públicas relacionadas aos livros escolares.
  3. As escolhas dos colaboradores recaíram sobre obras e autores que compõem o cânone brasileiro e que podem ser situados como atuantes desde os meados do século XIX até as décadas recentes. No caso, os autores contemporâneos podem ser representados por Carolina Maria de Jesus, Ana Miranda, Jomard Muniz de Brito e Luiz Renato.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 2. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1990.

BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 183-191.

CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995.

CERTEAU, Michel de. A escrita da História. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis, historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a História entre certezas e inquietudes. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Lisboa: Difusão Editorial, 2002.

CHARTIER, Roger (Org.). Práticas da leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.

DARNTON, Robert. Boemia literária e revolução: o submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

DARNTON, Robert. Edição e sedição: o universo da literatura clandestina no século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1986.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2019.

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-Modernismo: história, teoria, ficção. Tradução de Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

MOURA, Lucas Lima; LOPES, Maria Suely de Oliveira; LOPES, Sebastião Alves Teixeira. A escrita no espelho: ensaios de metaficção. Teresina: EDUFPI; Cancioneiro, 2020.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

SEVCENKO, Nicolau. Entrevista. In: MORAES, José Geraldo Vinci de; REGO, José Marcio (Org.). Conversas com historiadores brasileiros. São Paulo: Ed. 34, 2002. p. 335-362.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira república. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1992.

VEYNE, Paul. Acreditaram os gregos nos seus mitos? Lisboa: Edições 70, 1983.

VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982.

VEYNE, Paul. O inventário das diferenças: história e sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1983.

WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019.

WHITE, Hayden. Tópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.

WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na História e na Literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Teresinha Queiroz –  Doutora em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí.

Maged Elgebaly –  Coordenador do curso de Letras (Língua portuguesa e suas literaturas) em Aswan University (Egito). Pós- doutorando no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal).

Ronyere Ferreira –  Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí.

 


QUEIROZ, Teresinha; ELGEBALY, Maged; FERREIRA, Ronyere. Apresentação. Contraponto. Teresina, v. 9, n. 2, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê [DR]

 

 

De brava a dura. Policía de la provincia de Buenos Aires. Una Historia (1930-1973) | Osvaldo Barreneche

Esta obra condensa la investigación de Osvaldo Barreneche en, por lo menos, los últimos diez años de su trabajo. Tal y como él lo manifiesta en la introducción, el libro fue de a poco anticipado en artículos publicados a lo largo de esta década. Sin embargo, la intención y objetivos del autor sólo se revelan en la reunión de los capítulos que conforman este libro. Efectivamente, el esfuerzo de la obra está orientado a entender lo que su título nos propone: una transición entre diferentes formas de concebir la policía bonaerense. Este énfasis en el proceso busca historizar, a contrapelo tanto del sentido común como de algunas reflexiones académicas, una institución que se percibe “siempre igual?, a la vez que apunta al rol ausente y en deuda de la disciplina histórica respecto de otras ciencias sociales y humanas que desde los años ochentas han venido estudiando a las fuerzas de seguridad. Leia Mais

As últimas testemunhas: crianças na Segunda Guerra Mundial | Svetlana Aleksiévitch

Introdução

A obra intitulada “As Últimas Testemunhas: crianças na Segunda Guerra Mundial” trata-se de um livro traduzido do russo em sua 1° edição no ano de 2018, pela editora Schwarcz S.A, São Paulo e publicado pela Companhia das Letras. A autora, Svetla Aleksivitch, jornalista, nasceu em 1948, na Ucrânia, dedicando a sua vida literária/profissional de forma única à observação, escuta e transcrição de relatos a respeito de momentos factuais da história. Momentos dos quais teve forte vínculo afetivo: após a desmobilização de seu pai do exército, a família retornou à sua cidade natal, na Bielorrússia. Aleksievich, estudou na Universidade de Minsk, entre 1967 e 1972. Por causa de sua crítica ao regime, viveu periodicamente no exterior. Em 2015, recebeu o prêmio Nobel de literatura, mesmo escrevendo originalmente em língua russa. Desde então, algumas de suas obras emblemáticas: “Vozes de Tchernóbil (2016)”, “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher (2016)”, “Fim do Homem Soviético (2016)” e o mais atual “Meninos de Zinco (2020)” passaram a ser traduzidas para diversas línguas, dentre elas o português (THE NOBEL PRIZE, 2015).

A obra em questão é o resultado de um trabalho com cerca de cem entrevistas realizadas entre os anos de 1978 e 2004. O que esses adultos tinham em comum? Sobreviventes, com memórias do horror da Segunda Guerra Mundial, afinal, eram “apenas crianças”. Particularmente, crianças são afetadas de maneiras diferentes na Guerra. Fisicamente: quando há falta de comida ou água. Psicologicamente: quando expostas a grandes cenas de horror da guerra, como bombardeios, brigas e deixar suas próprias casas. Emocionalmente: quando pode estar diretamente na guerra, como membro servindo, ou tendo outra ocupação nas forças (MOCHMANN, 2008). Leia Mais

Juntos pero separados. Estado y organizaciones sociales en la provincia de Buenos Aires (fines del siglo XIX-Primera mitad del XX)/PolHis/2020

Los vínculos entre el mundo asociativo y el Estado en la provincia de Buenos Aires desde las últimas décadas del siglo XIX y durante la primera mitad del XX han concitado la atención de algunos investigadores, tanto de la historia política como de la socio-cultural, que encontraron en este cruce un terreno fecundo para explorar la politicidad de lo cotidiano y la experiencia de lo político en el interior del país (Pasolini, 2007; Bisso, 2009; Cernadas, Bracamonte, Agesta y de Paz Trueba, 2016; Cernadas, Agesta y López Pascual, 2018). Leia Mais

A Escrita da História. Lisboa: Temas e Debates | José Mattoso

A escrita da História é um livro que compila conferências e palestras várias do historiador português José Mattoso, proferidas entre 1986 e 2000, em diversos lugares do globo. Como o próprio afirma, com elas não procura “o sentido da História” (p.8), antes aí encontra uma forma de “juntar-[se] à sinfonia da História” (p.11).

Esses textos reunidos no exemplar em análise abordam temáticas que o autor deseja particularmente úteis para quem lê, nomeadamente, a construção crítica do texto historiográfico, o ensino da História, os arquivos e a sua ligação à construção histórica e temas outros, vastos, como o nacionalismo ou as iluminuras. Principiando pelo capítulo um – A escrita, contam-se cinco textos sobre, na perspetiva daquele estudioso, as especificidades da História e da Historiografia (e seus rumos). Leia Mais

A construção da memória da Revolução Cubana: a legitimação do poder nas tribunas políticas e nos tribunais revolucionários | Giliard da Silva Prado

“Vá pra Cuba! Vá estudar História!”, assim que o Prof. Dr. Jaime de Almeida inicia seu Prefácio para a obra do historiador Giliard da Silva Prado, A construção da memória da Revolução Cubana: a legitimação do poder nas tribunas políticas e nos tribunais revolucionários. Tal comentário e o tema do trabalho de Prado são profundamente atuais no contexto político em que vivemos. Numa intensa e fixa polarização da esquerda e da direita políticas os brasileiros estão cada vez mais sujeitos a optarem por um desses parâmetros. Uma das funções da historiografia, nesse debate, é apresentar que necessitamos avaliar cuidadosamente os elementos históricos que estão a nossa frente, construindo nosso pensamento crítico. A Revolução Cubana é um caso emblemático nesse debate, primeiro por conta do que sugere o comentário de Almeida no início, muito utilizado pelos que se reconhecem à direita ao clamarem o imperativo a qualquer indivíduo identificado como de “esquerda”. Segundo, pelo fato de que alguns historiadores julgarem que não podemos olhar criticamente os feitos da Revolução e do regime socialista que se implementou posteriormente a 1961, defendendo a ferro e fogo o governo e fazendo vista grossa para seus erros e tensões. Leia Mais

Ney Matogrosso…para além do bustiê: performances da contraviolência na obra de Bandido (1976 – 1977) | Robson Pereira da Silva

As sensibilidades se apresentam, portanto, como operações imaginárias de sentido e de representação do mundo, que conseguem tornar presente uma ausência e produzir, pela força do pensamento, uma experiência sensível do acontecido. O sentimento faz perdurar a sensação e reproduz esta interação com a realidade. A força da imaginação, em sua capacidade tanto mimética como criativa, está presente no processo de tradução da experiência humana.

SANDRA JATAHY PESAVENTO.

Tão importante quanto analisar as letras dos compositores da Música Popular Brasileira (MPB) e contextualizá-las historicamente, se faz extremamente necessário não perder de vista o trabalho dos intérpretes que além de ressignificar as canções, ainda possuem um árduo trabalho criativo e corporal que corrobora para que essas canções ganhem sentidos que são intrínsecos as questões do seu próprio tempo. Leia Mais

La educación superior entre el reclamo localista y la ofensiva derechista. El movimiento pro-Universidad del Norte de Salto (1968-1973) | María Eugenia Jung GAribaldi

Los trabajos académicos son productivos cuando se apartan de los lugares comunes. En este aspecto, la investigación de María Eugenia Jung Garibaldi no es la excepción. El libro aborda el itinerario del Movimiento pro-Universidad del Norte (MUN), entre fines de los 60 y principios de los 70, e indaga su proyecto de instalar en el interior de Uruguay una casa de estudio que acabara con el monopolio de la Universidad de la República (Udelar). El objetivo es sintomático, dado que prescinde de dos perspectivas recurrentes en la bibliografía sobre la historia reciente de las universidades, los movimientos estudiantiles y los intelectuales en América Latina. La primera es la que asocia generalmente estas experiencias con vertientes políticas de izquierda. A lo que se suma el tradicional sesgo de los estudios de caso que muchas veces quedan anclados en las ciudades capitales y en las universidades más grandes de cada nación. De esta manera, frente al reduccionismo político y geográfico, Jung propone un relato historiográfico de un movimiento complejo que surge a fines de 1968 en la ciudad de Salto, lejos de Montevideo, y que termina asumiendo posiciones de las derechas más radicalizadas en el transcurso del período. Leia Mais

Brasília, leitores e leituras. Arquitetura, história e política 1957-1973 | Luiz Gustavo Sobral Fernandes

Este livro sobre Brasília traz uma ampla visão da cidade, apresentando manifestações, relatos e materiais relativos à difusão de seu projeto, de sua construção e das narrativas de 1957 a 1973.

Todos os capítulos repousam sobre o fenômeno Brasília, apoiados em uma extensa investigação bibliográfica do citado recorte temporal. Embora na época e desde então muito se tenha publicado sobre a nova capital, várias manifestações e publicações acabaram não sendo organizadas – ou até foram esquecidas –, e este texto se propõe retomá-las. Leia Mais

No fim da infância | Arrigo Barnabé

Cinzeiros arrancados dos braços das poltronas, voando pelo teatro até o palco, objetos diversos arremessados nas vocalistas, vaias, muitas vaias mesmo. E então Itamar Assumpção, o baixista, pergunta no microfone: “Sabor de quê?”. Só para ouvir a resposta segura da plateia que exclama nervosa: “Mer-da!”.

Se o fim da infância tem a ver com frustrar as expectativas dos outros, se a juventude é marcada pela afirmação de algo particular e genuíno, distante dos projetos concebidos por aqueles que podem conduzir a vida alheia, então podemos dizer que esse episódio dos cinzeiros arremessados foi um dos que assinalaram o fim da infância de Arrigo Barnabé. A recepção agressiva no Festival da MPB da TV Tupi, em 1979, o fez conhecido por uma audiência maior e tornou pública uma escolha sem volta: a de ser uma figura dissonante, destoante, um criador avesso às expectativas. “Estava destinando a ser um novo Chico Buarque de Holanda – um compositor querido das famílias. Mas algo nele fracassa” (1). Leia Mais